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A Esperança de Joaquina

Eu não conheço Paris Uma estrela que não brilha Por isso eu quero já
Só sei que fica na França Assim posso me sentir Está dentro da Escola,
Eu não nasci na riqueza Meus amigos na Escola Quero tempo pra brincar
Sou uma pobre criança Eu ficando por aqui De dar um chute na bola
Eu me chamo Joaquina Vou vendo a vida passar Ou criar uma casinha
Sobrenome Esperança. Me contentando existir. E a boneca na sacola.
Para um Brasil que avança
As vezes tento mentir Não é viver de esmola
Minha história vai servir
Sobre minha profissão Apenas no pé do fogão
Como exemplo de vida
Se eu disser que trabalho Nem no trabalho da roça
Que ninguém deve seguir
Sou Criança que trabalha Passando pano no chão Se fizer calo na mão
Para poder existir. As vezes lavando roupa Que seja com a caneta
Vai ser uma gozação. Pra ter uma profissão.
Por isso, descrevo aqui
Os tristes anos de vida Peço a Deus em oração Minha mãe quer ter razão
Hoje, com doze anos, sei Pra ser tudo diferente Pôs já vem de minha vó
Tenho infância sofrida Uma boa Educação Que escola é pra rico
Eu tento mas não consigo Seria melhor presente Paciência é pra Jó
Encontrar uma saída. Que meu pai podia dar Para o pobre é trabalho
A esse pingo de gente. Que estudo vira pó.
Muitas noites mal dormidas
Simplesmente por não ter Mas em casa de parente Sempre eu me sinto só
O direito a Escola
Eu trabalho o mês inteiro Numa vida diferente
E a chance de crescer
Toda noite choro muito Eu não aprendi a ler
Só me dão o trabalho
Não me deixam aprender. Até molho o travesseiro Só escrevo dificilmente
Vou perdendo minha infância Pra fazer esse trabalho
Amigas que vêm me ver Por um pouco de dinheiro. Precisei de muita gente.
Me falam com tanto gosto
Como é bom ser criança Já O trabalho vem primeiro Quero aqui, humildemente
eu só tenho desgosto É o que mamãe me diz Um pouco de atenção
Em vez de ficar alegre Pra seguir o seu exemplo Através deste relato
Lagrimas caem no rosto. Na família que me quis Levantar a discussão
Se aprender trabalhar Pra o Trabalho infantil
Toda manhã ao Sol posto Eu vou ser muito feliz. Só devemos dizer. Não!
Não há tempo pra brincar
Minha boneca de pano Eu como não sou atriz Minha contribuição
Sempre guardada está
Pra fingir pra ninguém Aos pais do meu Brasil
Os meus pais sempre dizem
Achar que isso é certo É que a minha história
O futuro é trabalhar.
Que assim vai tudo bem Dentre tantas outras mil
Que eu preciso ajudar Eu sei que não é verdade Vamos juntos combater
No sustento da família Nem admito também. O Trabalho Infantil!
Pois as despesas da casa
Que cada um compartilha Pois toda criança tem
É o que meu pai me diz O dever de estudar
Porque sou a sua filha. O lazer e amizade
E um tempo pra brincar
O Estatuto da criança
Esse direito nos dar.

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