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Rentabilidade da cultura do pimentão em cultivo solteiro e consorciado

com repolho, rúcula, alface e rabanete.


Bráulio Luciano Alves Rezende1; Caciana Cavalcanti Costa1; Arthur Bernardes
Cecílio Filho2; Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins4; Anderson Luiz Feltrim1;
Gilson Silverio da Silva3.
Pós-graduandos do Programa Agronomia (Produção Vegetal), blrezende@ig.com.br; 2Prof. Dr., Depto.
Produção Vegetal, Bolsista do CNPq, Produtividade em Pesquisa, rutra@fcav.unesp.br; 3
Aluno de
graduação em Agronomia. Profa. Dra., Depto. Economia Rural, minezesp@fcav.unesp.br. UNESP. Via de
4

acesso Prof. Paulo D. Castellane, s/n, 14.884-900 Jaboticabal, SP.

RESUMO
Este trabalho foi conduzido na UNESP-FCAV, Jaboticabal, SP, com objetivo de
avaliar a rentabilidade da cultura do pimentão em cultivo solteiro e consorciado com
repolho, rúcula, alface e rabanete. A determinação do custo de produção do cultivo
consorciado foi realizado com base na metodologia do custo operacional de produção, no
mês de março de 2005. A receita líquida do pimentão consorciado com repolho, rúcula,
alface e rabanete foi de R$ 32.334,46, R$ 38.440,32, R$ 38.435,47 e R$ 42.594,70/ha,
com um incremento de 9,84, 30,59, 30,57 e 44,70%, respectivamente, em relação ao
cultivo solteiro. A maior taxa de retorno econômica observada foi de 9,93 para o cultivo
consorciado de pimentão com rabanete.
PALAVRAS-CHAVE: Capsicum annuum, hortaliças, viabilidade econômica, custo de
produção.

ABSTRACT – Profitability of the culture sweet pepper in single and intercropping


system with cabbage, roquette, lettuce and radish.
This work was carried out at UNESP, Jaboticabal, SP, with objective to evaluate
the profitability of the sweet pepper in single and intercropping system with cabbage,
roquette, lettuce and radish. The determination of the production cost of the intercropping
system was accomplished with base in the methodology of the operational cost of
production, March 2005. The net revenue of the sweet pepper intercropping with cabbage,
roquette, lettuce and radish was of R$ 32.334,46, R$ 38.440,32, R$ 38.435,47 and R$
42.594,70/ha, with an increment of 9.84, 30.59, 30.57 and 44.70%, respectively, in
relation to single system. The largest economic rate of return observed it was 9.93 to the
intercropping systems of sweet pepper with radish.
KEYWORDS: Capsicum annuum, vegetables, economic feasibility, production cost.
INTRODUÇÃO

O cultivo consorciado constitui-se no cultivo simultâneo de duas ou mais espécies


em uma mesma área, por um determinado período de tempo, que não necessariamente
precisam ser semeadas na mesma data (Chagas e Vieira, 1984). Dentre vários outros
fatores importante a serem avaliados em um sistema de cultivo consorciado, a análise
econômica torna-se uma ferramenta que complementa a avaliação do consórcio feita por
índices que avaliam quantitativamente a produção, e leva em consideração o preço dos
produtos segundo sua classificação qualitativa e época do ano (sazonalidade) (Rezende
et al., 2005); além de auxiliar os agricultores na tomada de decisões, sobretudo no que se
refere ao que plantar e como plantar (Zanatta et al., 1993).
Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a rentabilidade da cultura do
pimentão em cultivo solteiro e consorciado com repolho, rúcula, alface e rabanete.

MATERIAL E MÉTODOS
As informações sobre as produtividades e os coeficientes técnicos para a cultura
do pimentão, em cultivo solteiro e em consorciação, foram obtidas de Rezende (2004),
com período experimental de setembro de 2003 a janeiro de 2004, na UNESP, campus
de Jaboticabal, SP.

Para a determinação do custo de produção da cultura do pimentão foi utilizada a


metodologia proposta por Matsunaga (1976), a qual é utilizada pelo Instituto de Economia
Agrícola - IEA. Os valores dos itens do custo operacional total (COT), tais como: custo de
mão-de-obra, custo hora de máquinas e de implementos, preço de insumos e
depreciação, são referentes ao mês de março de 2005, obtidos na região de Jaboticabal,
SP.

As mudas de pimentão, híbrido Magali R, foram transplantadas em espaçamento


de 1,50 x 0,60 m em cultivo solteiro e 0,60m entre planta na linha central do canteiro
cultivado com alface, repolho, rabanete ou rúcula, representando uma população de
11.111 plantas ha-1 (Figura 1). As colheitas foram realizadas semanalmente a partir dos
66 DAT, completanto um ciclo de 140 dias após o transplantio. Os frutos foram
classificados segundo seu tamanho em: classe 10 (10 a 12 cm de comprimento), 12 (12 a
15 cm) e 15 (15 a 18 cm) (CEAGESP, 1998).

Para o cálculo da receita bruta (RB), considerou-se o preço do setor atacadista,


CEAGESP, no mês de março de 2005. Para o pimentão classe 10, o preço médio foi de
R$ 0,69/kg e correspondeu à classificação comercial Extra. As classes 12 e 15 foram
correspondentes à classificação Extra A, com preço médio de R$ 0,99/kg. A receita
líquida (RL) foi obtida pela diferença entre a RB e o custo operacional total. A taxa de
retorno foi calculada mediante a relação entre a RB e o COT. O índice de lucratividade foi
obtido da razão entre a RL e RB e expresso em percentagem. Deve-se salientar que a
estimativa do custo de produção das culturas não levou em consideração os gastos com
a comercialização (transporte, embalagens e mão-de-obra) dos produtos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo consorciado do pimentão com repolho, rúcula, alface e rabanete,
apresentou redução de 24,9, 15,55, 15,69 e 15,55 no custo operacional total em relação
ao cultivo solteiro, respectivamente (Tabela 1). Deve-se ressaltar que os sistemas de
cultivo (consórcio e solteiro) não promoveram diferença significativa na produtividade do
pimentão e na classificação dos frutos (Rezende et al., 2005). No entanto, pode-se
verificar uma tendência de aumento de produtividade do pimentão em cultivos
consorciados em relação ao cultivo solteiro (Tabela 1).
A considerável economia no custo de produção conseguida no cultivo consorciado
em relação ao solteiro deve-se às operações relacionadas com a limpeza do terreno,
aração, gradagem, encanteiramento, que deixam de ser requeridas, e às reduções nas
operações referentes à capina manual, aplicação de defensivos e irrigação.
A receita líquida do pimentão consorciado com repolho, rúcula, alface e rabanete
foi de R$ 32.334,46, R$ 38.440,32, R$ 38.435,47 e R$ 42.594,70 ha-1, respectivamente
(Tabela 1). Isto representa um incremento na receita líquida de 9,84, 30,59, 30,57 e
44,70%, respectivamente, em relação ao pimentão em cultivo solteiro. Entretanto, a maior
receita líquida observada no consórcio de pimentão com rabanete deve-se a maior
produtividade de pimentão obtida nesse sistema de cultivo, o contrário ocorre com o
consórcio de pimentão com repolho (Tabela 1).
As taxas de retorno e os índices de lucratividade do pimentão nos diferentes
sistemas de cultivo consorciado foram superiores ao cultivo solteiro (Tabela 1). A maior
taxa de retorno observada foi de 9,93 para o cultivo consorciado de pimentão com
rabanete. Isto significa que para cada R$ 1,00 aplicado, o produtor tem retorno de R$
9,93.
De acordo com a receita líquida, taxa de retorno e índice de lucratividade, nota-se
que os cultivos consorciados de pimentão com repolho, rúcula, alface e rabanete foram
vantajosos em relação ao cultivo solteiro de pimentão.
LITERATURA CITADA
CEAGESP. Programa de Adesão Voluntária, elaborada pelo Ministério da Agricultura e
Abastecimento, Secretaria de Agricultura de São Paulo para Classificação do Pimentão.
1998. São Paulo.
CHAGAS, J. M.; VIEIRA, C. Consórcio de culturas e razões de sua utilização. Informe
Agropecuário. Belo Horizonte, v.10, n.18, p.10-12, 1984.
REZENDE, B.L.A. Análise de produtividade e rentabilidade das culturas de pimentão,
repolho, rúcula, alface e rabanete em cultivo consorciado. 2004. 60f. (Dissertação
Mestrado) – UNESP, Jaboticabal.
REZENDE, B.L.A.; CECÍLIO FILHO, A.B.; MARTINS, M.I.E.G.; COSTA, C.C.; FELTRIM,
A.L. Viabilidade econômica das culturas de pimentão, repolho, alface, rabanete e rúcula
em cultivo consorciado. Informações Econômicas, São Paulo , v. 35, n. 3, p.22-37, 2005.
MATSUNAGA, M. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA, Agricultura, São
Paulo, v.1, n.1, p. 123-140, 1976.
ZANATTA, J.C.; SCHIOCCHET, M.A; NADAL, R. Mandioca consorciada com milho, feijão
ou arroz de sequeira no Oeste Catarinense. Florianópolis: Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Difusão de Tecnologia de Santa Catarina. 1993. 36p. (Boletim Técnico).

Tabela 1 . Custo operacional total (COT), receita bruta (RB), receita líquida (RL), taxa de
retorno (TR) e índice de lucratividade da cultura de pimentão em cultivo solteiro e
consorciado com repolho, rúcula, alface, e rabanete pimentão. UNESP-FCAV,
Jaboticabal,SP, 2005.
Produtividades COT RB RL IL
Sistemas de cultivo TR
kg ha-1 -------------------- R$/ha ------------------- %
Pimentão com repolho 37.378 4.286,26 36.620,72 32.334,46 8,54 88,30
Pimentão com rúcula 44.043 4.768,51 43.208,83 38.440,32 9,06 88,96
Pimentão com alface 44.089 4.760,29 43.195,76 38.435,47 9,07 88,98
Pimentão com rabanete 48.198 4.768,51 47.363,21 42.594,70 9,93 89,93
Cultivo solteiro de Pimentão 35.698 5.646,25 35.082,92 29.436,67 6,21 83,91

********************** 0,25 m
0,25 m *******************
**
0,40 m
**
****
****
****
****
** 0,25 m
0,25 m *
0,60 m

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A
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Alface Pimentão Repolho
Rabanete ou rúcula

Figura 1. Representação gráfica e parcial de uma unidade experimental e disposição da


cultura do pimentão consorciado com alface, repolho, rabanete e rúcula. UNESP-FCAV,
Jaboticabal, SP, 2005.

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