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Gênero textual: TIRINHAS (Aula 01)

Na primeira aula, apresentamos os elementos mais comuns presentes nas tirinhas, os balões,
tipos de letras, enfatizando a representação da oralidade, expondo a questão dos níveis de fala
como recurso que possibilita a identidade verbal do personagem e assim o torna mais crível.

O hipergênero quadrinhos foi criado para englobar os gêneros história em quadrinhos, charges,
tirinhas, entre outros, visto que esses possuem algumas características similares. Logo, tirinhas
é classificada como uma ramificação ou subtipo dos quadrinhos.

Quando estudamos as tirinhas percebemos que na maioria das vezes é composta de até três
quadrinhos, mas há casos também em que encontramos até quatro quadrinhos.
Entre os recursos característicos da linguagem dos quadrinhos, os balões são os responsáveis
pela interação, pelos diálogos. No formato arredondado sinaliza uma conversa normal. O balão
de pensamento é representado na forma de uma nuvem, uso mais comum, e com bolhas na
direção de quem está pensando. Há ainda outros tipos de balões simulando os diferentes
modos de expressão, diferindo apenas no desenho: balões que possuem contornos tracejados
conotam voz baixa; quando representados em formato de explosão, os balões representam a
fala em tom elevado, grito; balões pontiagudos sinalizam para os sons oriundos de algum
objeto eletrônico.

Exemplos de balões

Um estudo realizado por Robert Benayoun, em 1968, apontava 72 tipos diferentes de balão. A
escolha do (s) tipo (s) de balões varia de autor para autor. Há autores que não utilizam balões,
apenas o apêndice – linha, seta, pontiaguda que indica quem está falando/pensando.

Os balões contribuem para a representação da fala, mas há outros recursos e estratégias


disponíveis para a reprodução das marcas presentes na oralidade. As variadas formas e
tamanhos da letra, dependendo da intenção do autor e do contexto, podem assumir diversos
sentidos, destacamos: Letra tradicional - Indica fala usual considerada o “grau zero” do qual os
outros derivarão. Negrito - Pode indicar tom de voz alto ou ênfase a alguma palavra ou
expressão, nesse caso o contexto contribui para a compreensão do sentido. Itálico - Indica
palavras ou expressões estrangeiras. Letra em tamanho menor - Indica fala sussurrada ou em
tonalidade mais baixa.

Esses recursos foram criados para poder se aproximar o máximo possível de elementos
presentes na realidade, assim, as histórias ficam mais verossímeis, mais “acreditáveis”. O autor
de história em quadrinhos, conta com a estratégia de repetição – seja de palavras, sílabas,
frases – que pode conotar desde gagueiras, surpresas, má incompreensão, ou intensificar
emoções/afirmações.

Dito sobre a aproximação com o “mundo real”, as variantes linguísticas são importantes para a
crença no personagem, possibilitando a identidade verbal dele. Sabemos que Chico Bento não
pertence ao ambiente urbano, pois, entre outras características, seu modo de falar é oriundo do
meio rural, no caso, o interior paulista.

Outra semelhança da linguagem dos quadrinhos com a oralidade é a de variar com o tempo.
Comparando uma mesma história publicada em diferentes momentos, nota-se o uso de
expressões, gírias pertencentes a época em que foi lançada.

Como a crença na história é algo significativo, assim como tudo o que já foi dito até aqui
contribui para isso, é importante ressaltar também o papel dos sons. A representação sonora
de elementos presentes no ambiente enriquece a assimilação do que está sendo contado. São
responsáveis por isso: os recursos paralinguísticos – utilizados para representar os sons que
acompanham a fala como choro, suspiros e risos. E as onomatopeias – representantes dos
sons em geral. Porém, há autores que, por uma questão de estilo, preferem não utilizar desse
artifício.
Onomatopeia representando o som de um objeto.

Recurso paralinguístico representando o som do choro

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