Você está na página 1de 75

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

SISTEMAS ÓPTICOS COM MULTIPLEXAGEM DENSA EM COMPRIMENTO DE ONDA

Didier Moreira Júnior


Diego Eduardo Ferreira da Silva
Mariana Bauler Kondo

Santa Rita do Sapucaí/MG


2010
INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Didier Moreira Júnior


Diego Eduardo Ferreira da Silva
Mariana Bauler Kondo

SISTEMAS ÓPTICOS COM MULTIPLEXAGEM DENSA EM COMPRIMENTO DE ONDA

Trabalho apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica do Instituto Nacional
de Telecomunicações como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. José Antônio Justino Ribeiro

Santa Rita do Sapucaí/MG

2010
ii
Kondo, Mariana Bauler
K821s

Sistemas ópticos com multiplexagem densa em comprimento de


onda / Didier Moreira Júnior; Diego Eduardo Ferreira da Silva; Mariana Bauler
Kondo. – Santa Rita do Sapucaí, 2010.
59 p.

Orientador: Prof. Dr. José Antônio Justino Ribeiro


Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Elétrica
modalidade em Eletrônica – Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL.
Inclui bibliografia.

1. Comunicações ópticas 2. Multiplexação 3. Dispositivos fotônicos


4. Amplificadores 5. Acopladores 6. Engenharia Elétrica I. Ribeiro, José Antônio
Justino. II. Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL. III. Título.

CDU 621.31

iii
Didier Moreira Júnior
Diego Eduardo Ferreira da Silva
Mariana Bauler Kondo

Sistemas ópticos com multiplexagem densa em comprimento de onda

Trabalho de conclusão de curso submetido ao corpo docente do Instituto Nacional de


Telecomunicações, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Data da aprovação: ____/____/____

Comissão Examinadora:

___________________________________________________________
Prof. José Antônio Justino Ribeiro (orientador)

___________________________________________________________
Prof. Antônio Alves Ferreira Júnior

___________________________________________________________
Prof. Navantino Dionísio Barbosa

iv
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, que foi nosso maior porto seguro. Com a ajuda
Dele tivemos forças para chegar ao final desta jornada.
Ao professor José Antônio Justino Ribeiro, nosso orientador, com quem pudemos ter o
prazer de conviver mais de perto durante este período de conclusão de curso e com quem
partilhamos pontos de vista, obtivemos soluções nos momentos mais difíceis, nos
beneficiando de grande disponibilidade, paciência, encorajamento e confiança.
Ao incentivo constante de todos os participantes, não deixando desanimar nos
momentos difíceis que surgiam ao longo da pesquisa.
As nossas famílias, amigos e namorado(as) pela colaboração, compreensão com os
nossos deveres, por vibrarem com as nossas conquistas, pela saudade que sentiram enquanto
estivemos longe.

v
RESUMO

Este trabalho apresenta diversos dispositivos, componentes e subsistemas empregados


em comunicações ópticas de elevadas taxas de transmissão. Descrevem-se os elementos
integrantes de transmissores, de receptores, acopladores, divisores de feixes, filtros, entre
outros. Descrevem-se suas aplicações em redes ópticas que utilizam a tecnologia de
multiplexação em comprimento de onda, em particular as que adotam a multiplexação densa,
em que os diferentes comprimentos de onda estão separados de valores muito próximos
(DWDM), permitindo grande aumento na capacidade dos sistemas. Por necessidade de
discussão sobre algumas etapas da evolução, o trabalho trata dos sistemas básicos e passa pelo
processo subseqüente de multiplexagem esparsa (CWDM). Abordam-se as aplicações mais
relevantes, as vantagens de utilização e algumas limitações que exigem cuidados especiais
para o projeto e a seleção dos componentes.

vi
ABSTRACT

This work presents various devices, components and subsystems used in optical
communications for high transmission rates. Describes the integral elements of transmitters,
receivers, couplers, beam splitters, filters, among others. It describes their applications in
optical networks that use the technology in wavelength multiplexing, in particular those who
adopt the dense multiplexing, where different wavelengths are separated from values very
close (DWDM), allowing large increase in systems capacity. On the need for discussion on
some steps of evolution, the work deals with the basic systems and through the subsequent
process of coarse wavelength division multiplexing (CWDM). It addresses the most relevant
applications, advantages and limitations of use which require special care for the design and
selection of components.

vii
ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS XI
LISTA DE SIGLAS, ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES XV
1. MULTIPLEXAGEM EM COMPRIMENTO DE ONDA 1
1.1. INTRODUÇÃO 1
1.2. VISÃO SISTÊMICA 2
1.3. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 2
2. FONTES ÓPTICAS PARA SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES 3
2.1. INTRODUÇÃO 3
2.2. PROPRIEDADES GERAIS DOS DIODOS LASERES 3
2.3. MODELOS COMUNS DE DIODOS LASERES PARA COMUNICAÇÕES ÓPTICAS 5
a. Diodo laser com cavidade de Fabry-Perot 5
b. Diodo laser com cavidade externa 6
c. Diodo laser com realimentação distribuída 6
2.4. CARACTERÍSTICAS DE DIODOS LASERES DE REALIMENTAÇÃO DISTRIBUÍDA 8
a. Diodo laser DFB convencional 8
b. Diodo laser PAR-DFB 8
c. Diodo laser MPS-DFB 8
d. Diodo laser DCC-DFB e laser MPS-DCC-DFB 9
e. Diodos laseres CPM-DFB e CPM-DCC-DFB 9
f. Diodos laseres GLTG-DFB e CG-DFB 10
2.5. COMPARAÇÃO ENTRE DIODOS LASERES 10
3. AMPLIFICADORES ÓPTICOS 11
3.1. GENERALIDADES SOBRE OS AMPLIFICADORES ÓPTICOS 11
3.2. ESPALHAMENTO DE RAMAN 12
a. Geração das ondas de Stokes e anti-Stokes 12
b. Descrição do espalhamento de Raman 14
3.3. AMPLIFICAÇÃO POR EFEITO RAMAN 15
a. Descrição do processo 15
b. Métodos de bombeamento 16
3.4. TOPOLOGIAS UTILIZADAS NO AMPLIFICADOR DE RAMAN 17
a. Amplificador de Raman distribuído 17
b. Amplificador discreto de Raman 19
viii
c. Topologias básicas do amplificador discreto de Raman 21
3.5. AMPLIFICADOR A FIBRA ÓPTICA DOPADA COM ÉRBIO 23
a. Considerações gerais 23
b. Funcionamento e diagrama básico 23
c. Características de amplificação do EDFA 25
d. Montagens usuais 25
3.6. AMPLIFICADORES ÓPTICOS DE SEMICONDUTOR 27
a. Descrição geral 27
b. Modos de operação 27
3.7. COMPARAÇÕES 28
4. DISPOSITIVOS PARA ACOPLAMENTO ÓPTICO 30
4. 1. ACOPLADORES ÓPTICOS 30
a. Características gerais dos dispositivos 30
b. Acoplador WDM empregando prismas 30
4.2. DIVISÃO DO FEIXE ÓPTICO GUIADO 31
a. Divisão de comprimento de onda utilizando grades de difração 31
b. Divisão em comprimento de onda utilizando fibras bicônicas 32
c. Acopladores com rede de guias de onda 34
4.3. FILTROS UTILIZADOS EM DIVISÃO DE COMPRIMENTO DE ONDA 35
a. Filtros Dielétricos 35
b. Alguns procedimentos para seleção do comprimento de onda 36
c. Seleção por grade de Bragg 37
5. RECEPTORES PARA SISTEMAS MULTICANAIS 39
5.1. DESCRIÇÃO GERAL 39
a. Esquema básico do receptor óptico 39
b. Função do fotodetector 39
c. Mecanismo básico da geração da fotocorrente 40
5.2. FOTODIODO P-N 40
5.3. FOTODIODO P-I-N 41
5.4. FOTODIODO DE AVALANCHE 41
5.5. OUTROS FOTODETECTORES 42
5.6. CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO DOS FOTODETECTORES 42
a. Sensibilidade 42

ix
b. Resposta em freqüência 43
c. Limitação pelos ruídos 43
d. Esquema básico da fotodetecção 43
6. MULTIPLEXAÇÃO DENSA EM COMPRIMENTO DE ONDA 45
6.1. EVOLUÇÕES DA TÉCNICA DE MULTIPLEXAÇÃO POR COMPRIMENTO DE ONDA 45
6.2. MULTIPLEXAÇÃO ESPARSA POR DIVISÃO DE COMPRIMENTO DE ONDA 45
6.3. MULTIPLEXAÇÃO DENSA POR DIVISÃO DE COMPRIMENTO DE ONDA 46
7. COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES 48
7.1. RESUMO DO TRABALHO 48
7.2. CONCLUSÕES 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
ANEXO 53

x
Lista de figuras

Figura 1.1: Diagrama de um enlace utilizando a técnica de multiplexação densa em


comprimentos de onda para 64 comprimentos de onda em uma freqüência de 100Ghz, refere-
se a espaçamentos de 0,8nm 2
Figura 2.1: Diagrama espectral típico de um diodo laser para comunicações ópticas 4
Figura 2.2: Esquema básico de um diodo laser de Fabry-Perot 5
Figura 2.3: Esquema básico de um diodo laser com realimentação distribuída, destacando-se
as corrugações para a seleção do comprimento de onda 7
Figura 2.4: (a) Esquema de um laser DFB; (b) Esquema de um laser DBR 7
Figura 2.5: (a) Comportamento típico do laser DFB convencional, mostrando a emissão de
dois modos simétricos. (b) Situação ideal para o laser monomodo, indicado para sistemas de
elevada capacidade 8
Figura 2.6: Esquema simplificado da estrutura PAR-DFB 8
Figura 2.7: Esquema simplificado da estrutura DFB com uma mudança de fase 9
Figura 2.8: Esquema simplificado de uma estrutura DCC-DFB 9
Figura 2.9: Esquema simplificado de uma estrutura CPM-DFB 10
Figura 2.10: Esquema simplificado de uma estrutura GLTG-DFB 10
Figura 2.11: Esquema simplificado de uma estrutura CG-DFB 10
Figura 3.1: (a) Representação de um amplificador óptico atuando como amplificador de
potência na saída de um equipamento de processamento óptico-elétrico. (b) Representação de
uma instalação de sistema de comunicações ópticas, incluído as atuações do amplificador
óptico como elementos para aumentar os níveis de potência na saída de um equipamento e na
entrada de um receptor. (c) Instalação de um sistema óptico que inclua os amplificadores nas
três funções descritas como amplificador de potência, amplificador de linha e pré-
amplificador 13
Figura 3.2: Distribuições de energia relativas às formações das ondas de Stokes e de anti-
Stokes. (a) Distribuição relativa à onda de Stokes. (b) Distribuição correspondente à formação
da onda anti-Stokes 14
Figura 3.3: Representação da curva típica da variação do coeficiente de ganho em um
amplificador de Raman 16
Figura 3.4: Diagrama em blocos básico de um amplificador óptico, destacando suas partes
mais relevantes 16

xi
Figura 3.5: (a) Esquema básico da amplificação distribuída de Raman (DRA). (b) Esquema
básico do amplificador discreto de Raman. (LRA) 17
Figura 3.6: Representativo do comportamento do amplificador de Raman distribuído 18
Figura 3.7: Atuação do amplificador de Raman. (a) Esquema tradicional de um enlace óptico
com um amplificador de linha que recupera o sinal óptico guiado em pontos específicos. (b)
Proposta para recuperação do feixe óptico em pontos estratégicos do enlace. (c) Esquema que
demonstra a possibilidade de recuperação do feixe óptico entre os limites de ruído e de não-
linearidade da fibra 19
Figura 3.8: Configuração básica de um amplificador discreto de Raman (LRA). Neste
esquema, optou-se por ilustrar o bombeamento contradirecional 20
Figura 3.9: Curva 1 (pontilhada) ilustra uma fonte de bombeamento único, a curva
2(tracejada) ilustra uma fonte de bombeamento duplo e a curva 3 (continua) ilustra uma fonte
de bombeamento triplo 20
Figura 3.10: Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento contra
direcional, onde o laser de bombeamento é colocado no final da fibra óptica onde deseja
amplificar 21
Figura 3.11: Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento co-
direcional, onde o laser de bombeamento é colocado no começo da fibra óptica onde deseja
amplificar 22
Figura 3.12: Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento combinado,
onde é colocado dois laseres de bombeamento, um no inicio e um no fim da fibra óptica onde
se deseja amplificar, fazendo a combinação das configurações citadas anteriormente 22
Figura 3.13: Esquema básico de um amplificador a fibra dopada com érbio, para amplificação
na terceira janela de baixa atenuação da fibra óptica à base de sílica 23
Figura 3.14: Níveis de energia (E1, E2 e E3) dos íons de érbio representados em uma fibra de
sílica, esquematizando o processo de amplificação na terceira janela de baixa perda na fibra
óptica 24
Figura 3.15: Gráfico representativo do crescimento da potência óptica de saída de um EDFA,
com destaque para a condição de saturação 25
Figura 3.16: Um EDFA usado como amplificador de potência instalado na saída de um
transmissor óptico 26
Figura 3.17: Um EDFA usado como pré-amplificador na entrada de um receptor óptico, com
objetivo de recuperar o nível do sinal que sai na extremidade da fibra óptica 26

xii
Figura 3.18: Um EDFA usado como amplificador de linha, solução útil para sistemas que
incorporam vários pontos de acesso em um enlace óptico 26
Figura 3.19: Esquema do SOA, com a amplificação realizada em uma heterojunção de
semicondutores 27
Figura 3.20: Esquema básico do SOA na operação em forma de Fabry-Perot (FPA), onde o
sinal passa várias vezes através do amplificador 28
Figura 3.21: Esquema básico do SOA na operação em forma de onda caminhante (TWA),
onde o sinal passa apenas uma vez através do amplificador desprezando as reflexões 28
Figura 4.1: Desmutiplexador utilizando prisma. Os comprimentos de onda são separados pela
modificação no índice de refração 31
Figura 4.2: Montagem típica de uma grade de difração. Seu comportamento está associado à
incidência do feixe óptico em relação ao ângulo de inclinação 32
Figura 4.3: Montagem de um acoplador para sistemas de multiplexação em comprimento de
onda utilizando grade de difração 32
Figura 4.4: Ilustração da fibra fundida com redistribuição do sinal de entrada para a saída do
dispositivo 33
Figura 4.5: Ilustração de um sinal modulado em oito comprimentos de onda, com o efeito
intercalação de canais pares e impares 34
Figura 4.6: Ilustração de um desmutiplexador de comprimentos de onda projetado a partir de
interferômetros de Mach-Zehnder em um sistema DWDM 34
Figura 4.7: Acoplador AWG, divide os diferentes comprimentos de onda e os encaminha para
diferentes fibras de saída 35
Figura 4.8: Os feixe ópticos I1 e I2 são refletidos em ângulos idênticos e o correspondente a I3
é transmitido em um ângulo que depende das propriedades dos materiais envolvidos 36
Figura 4.9: Um arranjo de filtros configurado para desmutiplexar diferentes comprimentos de
onda 36
Figura 4.10: Mostra como um arranjo de filtros pode ser projetado com comprimentos de
onda estrategicamente agrupados para separar quarenta comprimentos de onda 37
Figura 4.11: Mostra como uma grade de Bragg pode ser utilizada para se obter uma porta
Drop que seleciona um especifico comprimento de onda 38
Figura 5.1: Diagrama em blocos de um receptor óptico. A etapa do amplificador óptico na
entrada pode ser necessária para sistemas de grandes extensões, quando o feixe óptico chegar
muito atenuado 39

xiii
Figura 5.2: Esquema básico de um fotodetector, com a representação do sinal elétrico em sua
saída a partir da incidência do feixe óptico modulado 39
Figura 5.3: Funcionamento de um fotodetector utilizando um semicondutor 40
Figura 5.4: Constituição básica de um fotodetector do tipo p-n 41
Figura 5.5: Esquema de construção de um fotodiodo p-i-n 41
Figura 5.6: Esquema de um fotodetector de avalanche, destacando-se as principais regiões que
atuam em seu funcionamento 42
Figura 5.7: Esquema básico de um amplificador de transimpedância para primeiro
processamento do sinal fotodetectado 44
Figura 6.1: Configuração básica de um sistema CWDM, em que as portadoras ópticas são
agrupadas em até 16 canais, separados em torno de 20nm, tipicamente 46

xiv
Lista de siglas, acrônimos e abreviações

APD Fotodiodo de Avalanche (Avalanche Photodiodes)


ASE Amplificação por Emissão Espontânea (Amplified Spontaneous
Emission)
ATM Modo de Transferência Assíncrono (Asynchronous Transfer Mode)
AWG Rede de Guias de Onda (Array Waveguide Gratings)
CG Grades Moduladas (Chirped Grating)
CPM Passo de Corrugação Modulado (Corrugation Pitch Modulated)
CWDM Multiplexação Esparsa por Divisão de Comprimento de Onda (Course
Wavelenght Division Multiplexing)
DBR Refletor de Bragg Distribuído (Distributed Bragg Reflector)
DCC Coeficiente de Acoplamento Distribuído (Distributed Coupling
Coefficient)
DCF Fibra de Compensão de Dispersão (Dispersion Compensation Fiber)
DEMUX Desmultiplexador (Demultiplexer)
DFB Realimentação Distribuída (Distributed Feedback)
DR Refletor Distribuído (Distributed-reflector)
DRA Amplificação Distribuída (Distributed Raman Amplifier)
DWDM Multiplexação Densa por Divisão de Comprimento de Onda
(Wavelenght Division Multiplexing)
EDFA Amplificador a Fibra Dopada com Érbio (Erbium Doped Fiber
Amplification)
FBG Grade de Bragg (Fiber Bragg Gratings)
FBT Fibras Bicônicas Fundidas (Fused Biconic Tapered)
FPA Amplificador Fabry-Perot (Fabry-Perot Amplification)
GLTG Grade de Variação Gradual Gaussiana (Gaussian-like tappered grating)
IP Protocolo de Internet (Internet Protocol)
ITU União Internacional de Telecomunicações (International
Telecommunication Union)
LED Diodo Emissor de Luz (Light Emissor Diode)
LRA Amplificação Discreta de Raman (Light Raman Amplification)
MPS Múltiplos Deslocamentos de Fase (Multiple Phase-Shift)
MUX Multiplexador (Multiplexer)
xv
OADM Multiplexador Óptico de Inserção e Remoção (Optical Add-Drop
Multiplexer)
OSNR Relação Sinal-Ruído Óptica (Optical Signal Noise Rate)
PAR Região de Ajuste de Fase (Phase Adjustment Region)
PDG Ganho em Relação à Polarização (Polarization Dependent Gain)
PMD Dispersão de Modo de Polarização (Polarization Mode Dispersion)
QWS Deslocamento de Quarto de Onda (Quarterly Wavelength Shift)
SDH Hirearquia Digital Síncrona (Synchronous Digital Hierarchy)
SMF Fibra Óptica Monomodo (Single Mode Fiber)
SOA Amplificador Óptico de Semicondutor (Semiconductor Optical
Amplifier)
TE Modo Transversal Elétrico (Transversal Electric)
TM Modo Transversal Magnético (Transversal Magnetic)
TWA Amplificador de Onda Progressiva ou Caminhante (Wavelenght
Amplification Traveling)
WDM Multiplexação por Divisão de Comprimento de Onda (Wavelenght
Division Multiplexing)

xvi
1

CAPÍTULO 1

MULTIPLEXAGEM EM COMPRIMENTO DE ONDA

1.1. Introdução
Multiplexagem por comprimentos de onda (WDM) é uma tecnologia usada para
transmitir vários comprimentos de onda, simultaneamente, em uma mesma fibra óptica. Os
diversos feixes de luz são obtidos a partir de diodos laseres de elevada estabilidade em
freqüência e nos respectivos níveis de potência. Cada um desses feixes ópticos representa uma
portadora que pode ser modulada com elevadas taxas de transmissão, todos acoplados a uma
única fibra óptica. Para se garantir a elevada qualidade de transmissão, deve ser empregada a
fibra do tipo monomodo, operando em comprimentos de onda nos quais apresenta baixa
dispersão. A fibra óptica monomodo (SMF) tem apenas um modo sendo transmitido pelo
núcleo, sendo conhecido como modo dominante. Por elas possuírem uma dimensão reduzida,
são mais complexas para serem fabricadas. Para o caso da transmissão usando a técnica
WDM a fibra monomodo apresenta características superiores às fibras multimodo, como
possuir uma banda passante mais larga possibilitando uma maior capacidade de transmissão.
O processo exige o emprego de técnicas especiais que garantam o acoplamento
eficiente das várias portadoras ópticas no mesmo meio de transmissão. Alguns desses
procedimentos serão apresentados e discutidos ao longo deste trabalho. Cada comprimento de
onda é identificado como um canal óptico, transportando muitas informações contidas em
canais processados no domínio elétrico. Com esta técnica, pode-se empregar de forma mais
eficaz a faixa em que as fibras padronizadas apresentam elevada qualidade de transmissão,
possibilitando taxas de transmissão de centenas de gigabits por segundo (Gb/s) até terabits por
segundo (Tb/s). A faixa usada do espectro óptico situa-se entre 1.310nm ou 1.550nm. Nesta
faixa de comprimentos de onda, a atenuação do sinal é mais baixa e é possível operar em
condições de baixa dispersão.
Cada seqüência de bits de modulação, em caso de sistemas digitais, ou diferentes
formatos de sinais analógicos, podem ter fontes diversas das informações, como voz, vídeo,
texto, ou qualquer outro dado que deva ser transmitido. Modernamente, os sistemas que
operam com sinais digitalizados têm uma preponderância marcante sobre os tradicionais
sistemas analógicos. Essas informações modulam um comprimento de onda específico,
ocupando uma faixa dedicada da região de infravermelho do espectro óptico. Para a
implementação deste procedimento, exigem-se muitos dispositivos, subsistemas e
2

componentes especializados, como filtros ópticos de precisão, amplificadores ópticos para


operação em diferentes comprimentos de onda, acopladores de baixa perda, entre outros.

1.2. Visão sistêmica

Um enlace utilizando a técnica de multiplexagem densa em comprimentos de onda


(DWDM) emprega muitos componentes e dispositivos especiais, como diodos laseres de
elevada confiabilidade, acopladores de vários comprimentos de onda com diferentes
tecnologias de fabricação, amplificadores ópticos, desmutiplexadores, filtros dielétricos para
separação dos comprimentos de onda, fotodetectores com elevada largura de faixa, etc. Um
modelo básico de sistema que emprega a multiplexação em comprimento de onda é ilustrado
na Figura 1.1. Um mesmo equipamento WDM pode ser usado como um multiplexador
(MUX) ou um desmultiplexador (DEMUX), invertendo-se o sentido do fluxo óptico. Trata-se
de uma tecnologia de grande relevância, em função da demanda sempre crescente por maior
capacidade dos sistemas instalados.

Diodos laseres Fotodetectores


λ1 λ1
T1 Fibra óptica D R1

λ2 M E λ2
T2 U M R2
.. λ1, λ2, .., λ64 U ..
λ64 X λ64
T.64 X R64
64:1 1:64

Figura 1.1. Diagrama de um enlace utilizando a técnica de multiplexação em comprimentos de onda para 64
comprimentos de onda em uma freqüência de 100GHz, refere-se a espaçamentos de 0,8nm.

1.3. Apresentação do trabalho


No Capítulo 2 será mostrado o emprego de diodos laseres de alta estabilidade nos
transmissores ópticos, formando os feixes de luz aplicados nas diversas entradas do
multiplexador. Este multiplexador pode ser construído de diferentes formas, estudadas no
Capítulo 4. Sua função é combinar os diferentes comprimentos de onda em uma única fibra
óptica, que devem ter seus níveis amplificados para ser possível um longo alcance do enlace.
Os procedimentos para esta recuperação de potência envolve as formas de amplificação
descritas no Capítulo 3. O sinal óptico que chega até o desmutiplexador é separado em
diferentes comprimentos onda que são encaminhados para as correspondentes partes do
receptor óptico, tema do Capítulo 5.
3

CAPÍTULO 2

FONTES ÓPTICAS PARA SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES

2.1. Introdução
Têm sido propostas várias alternativas a serem utilizadas para emissão de luz,
apropriadas para os sistemas de comunicações ópticas, em particular os que permitem altas
taxas de modulação, exigidas pelos sistemas que empregam múltiplos canais ópticos.
Inicialmente, pelo fato de apresentarem custo reduzido, considerou-se a aplicação de diodos
emissores de luz (LED) que apresentam algumas vantagens como linearidade de resposta à
corrente de excitação e a possibilidade de reduzir o custo dos equipamentos. Trata-se de um
dispositivo que opera em condições de emissão espontânea, sem um processo de seleção do
comprimento de onda desejado. Isto resulta em uma elevada largura espectral, o que
implicaria em possível aumento na dispersão do feixe óptico no meio de transmissão,
limitando o seu uso a sistemas de baixa capacidade. Além disto, apresenta pequena potência
óptica de saída, por conseqüência de sua baixa eficiência. Isto exige que sejam incluídos
sistemas de recuperação do nível e da forma das transmissões em pequenas separações. Estas
limitações levaram à aplicação dos diodos laseres, que operam com o processo de emissão
estimulada, com mecanismos de seleção do comprimento de onda. Com tecnologias modernas
de fabricação, garantem feixes ópticos de largura espectral centenas de vezes menor e um
nível de potência milhares de vezes maior do que em diodos emissores de luz.

2.2. Propriedades gerais dos diodos laseres

O diodo laser (light amplification by stimulated emission of radiation) é o dispositivo


responsável pela geração de luz mais utilizado em sistemas de comunicações ópticas de
elevada capacidade e para longo alcance. A luz é gerada através da emissão estimulada de
fótons, que permite produzir feixe de luz coerente. Do ponto de vista ideal, esse feixe deveria
ser constituído por uma única freqüência. Na prática, são emitidos outros comprimentos de
onda com amplitudes muito pequenas se comparadas com a encontrada no comprimento de
onda dominante. Além disto, com os níveis de potência típicos da emissão estimulada, que
atinge a ordem de miliwatts, garante-se o seu emprego em enlaces de grandes distâncias, sem
necessidade de repetidores intermediários.
Um diodo laser aproxima-se de uma fonte de luz ideal pelo fato de as componentes de
freqüência em torno da fundamental possuírem amplitudes pouco significativas. Esta
característica garante menor dispersão cromática na fibra óptica, o que possibilita a
4

modulação do feixe de luz em elevadas taxas de transmissão. A Figura 2.1 ilustra o nível de
potência emitida em função do comprimento de onda (λ). Neste caso, especificam-se o
comprimento de onda dominante que apresenta maior potência emitida, e as demais emissões
de nível menor. Os valores de λ para os quais o nível de potência cai para a metade do valor
máximo identificam a largura espectral da fonte óptica (∆λ). Quanto menor este parâmetro
maior será o grau de coerência do laser utilizado. Diodos laseres fabricados com tecnologias
modernas, que operam em 1,31µm e 1,55µm, podem apresentar larguras espectrais inferiores
a 0,5nm. [1] Como exemplo, cita-se o modelo NDL7912P produzido pela NEC que na janela
de 1,55µm apresenta largura de linha em torno de 4GHz especificada em termos de
freqüência. Portanto, fazendo a devida conversão para valores em comprimentos de onda
central, acha-se uma largura espectral de 0,032nm. [2] Algumas das tecnologias disponíveis
para garantir estas características serão discutidas mais adiante.

P(λ)
Pmáx

0,5Pmáx
Figura 2.1. Diagrama espectral típico de um
λ diodo laser para comunicações ópticas.

∆λ

As características físicas dos laseres que afetam o desempenho de um sistema óptico


são a largura de linha, a sua estabilidade em freqüência e o número de modos de oscilação. A
largura de linha é a largura espectral da luz gerada medida entre os pontos de meia potência
do feixe óptico emitido. A denominação origina do fato de os laseres modernos apresentarem
pequena diferença entre os comprimentos de onda que definem a largura espectral. O
conhecimento deste parâmetro é importante porque influencia no espaçamento entre os canais
ópticos a serem transmitidos na fibra. Alem disto, tem grande efeito sobre a dispersão que
ocorre quando a luz se propaga ao longo da fibra. Quando a dispersão for muito elevada
introduz grande limitação na taxa máxima de transmissão.
A instabilidade nos laseres representa variações no comprimento de onda da luz
emitida, quando analisada no domínio da freqüência. Sua presença impede a fixação exata da
posição e do espaçamento entre canais nos sistemas que empregam múltiplos comprimentos
de onda. A instabilidade pode ocorrer em função de flutuações na temperatura e tolerâncias
em outros parâmetros que determinam as características de oscilação do diodo laser. Para se
5

evitarem grandes deslocamentos em freqüência são utilizados métodos de compensação dos


efeitos da temperatura e da influência da corrente injetada na junção.
O número de modos de oscilação produzidos por um laser pode resultar numa
dispersão significativa no processo de transmissão via fibra óptica. Portanto, para todos os
sistemas de elevada capacidade ou que vão operar em múltiplos comprimentos de onda, como
é o caso dos que envolvem a tecnologia de multiplexagem em comprimento de onda (WDM)
é desejável a utilização de diodos laseres com apenas um modo de oscilação, genericamente
designados como laseres monomodo. Nestes casos, seleciona-se o modo em que ocorre a
maior potência de emissão, denominado modo dominante. Os demais, quando existirem, têm
níveis de potência muito pequenos comparados com a do modo dominante.
Em busca dos objetivos principais para a fonte óptica de elevada estabilidade, alta
potência de saída e com um modo de operação bem definido, foram desenvolvidas diferentes
tecnologias de fabricação desses dispositivos. Entre eles, destacam-se o diodo laser com
cavidade de Fabry-Perot, o diodo laser de cavidade enterrada, o laser de realimentação
distribuída, entre outros.

2.3. Modelos comuns de diodos laseres para comunicações ópticas

a. Diodo laser com cavidade de Fabry-Perot. Um dos primeiros diodos laseres desenvolvidos
emprega o elemento ativo, responsável pela geração da luz, entre duas superfícies espelhadas
semitransparentes que se baseiam na tradicional cavidade de Fabry-Perot (Figura 2.2). Por
causa de sua fabricação, passou a ser conhecido como laser de Fabry-Perot e representou um
avanço em relação ao LED por garantir operação com emissão estimulada de muito maior
potência, e um processo de seleção capaz de limitar o seu espectro de emissão. Todavia,
permitem a coexistência de vários modos ressonantes na cavidade do laser, resultando em um
espectro multimodal.
Meio ativo
(diodo semicondutor)
Emissão Emissão

d
Figura 2.2. Esquema básico de um diodo
Superfícies refletoras laser de Fabry-Perot.

Neste tipo de laser ocorre a interferência do feixe óptico por meio de reflexões
múltiplas dentro da cavidade composta por lâminas planas espelhadas e paralelas, como se
6

destaca na figura anterior. Ocorre uma passagem da luz através da cavidade, uma parte da luz
deixa a cavidade através da faceta direita e a outra parte é refletida. A parte da onda refletida
reflete-se, novamente, a partir da faceta esquerda, provocando uma propagação no sentido da
faceta direita. Com a escolha adequada da separação entre essas superfícies espelhadas, é
possível garantir que as ondas refletidas entrem em fase, reforçando a amplitude do feixe
emitido. Isto será possível quando a separação for múltipla inteira de meio comprimento de
onda relativo ao modo dominante. O processo contínuo dá origem ao ganho em relação ao
nível de sinal que seria obtido com a emissão espontânea.
Os laseres de Fabry-Perot, em função de sua largura espectral e possibilidade de
modos longitudinais de amplitudes não desprezíveis, não permitem taxas de modulação tão
elevadas quanto os que utilizam outras tecnologias. Por esta razão, são usados apenas em
sistemas para menores velocidades de transmissão e menores distâncias entre os repetidores.

b. Diodo laser com cavidade externa. Com o objetivo de suprimir a oscilação dos modos
longitudinais do laser de Fabry-Perot desenvolveram-se modelos que utilizam uma segunda
cavidade externa à original. A distribuição do campo é bem definida no plano longitudinal e
no plano transversal. [3] Esse tipo de laser apresenta grande estabilidade dos modos gerados.
Com o projeto apropriado das duas cavidades pode-se assegurar que apenas um comprimento
de onda satisfaça a condição de ressonância, obtendo-se uma emissão com pequena largura
espectral. Em sua constituição, utiliza-se um espelho seletivo para constituir o mecanismo das
reflexões, sendo que apenas determinados comprimentos de onda terão alta reflexão e serão
capazes de criar o efeito laser. Escolhendo-se o espelho seletivo apropriadamente, apenas em
determinado comprimento de onda ocorrerá ganho suficientemente elevado para compensar
as perdas no meio ativo e a correspondente potência emitida pelo dispositivo, constituindo,
assim, um laser monomodo. Sua principal desvantagem é o fato de não poderem ser
modulados diretamente a altas velocidades devido à grande extensão da cavidade.

c. Diodo laser com realimentação distribuída. O diodo laser de realimentação distribuída


(DFB, distributed feedback) possui uma grade de difração incorporada ao longo da região
ativa, onde se formará o feixe óptico. Esta grade é formada por alterações periódicas no índice
de refração do meio. Na face onde se desejar a emissão da luz gerada, inclui-se uma camada
que reduz a reflexão para se obter maior emissão. A realimentação positiva exigida para o
funcionamento do laser ocorre de forma predominante em um comprimento de onda
associado ao período da grade de difração. De um ponto de vista qualitativo, a grade tem um
comportamento semelhante a uma sucessão de cavidades interacopladas, com grande
7

capacidade de selecionar um comprimento de onda em comparação com os demais. Por


conseguinte, o processo de realimentação ocorre de forma distribuída, como se ilustra na
Figura 2.3.

Figura 2.3. Esquema básico de um diodo laser com


realimentação distribuída, destacando-se as
corrugações para a seleção do comprimento de
onda.

Esse dispositivo apresenta a largura de linha bastante reduzida e um modo dominante


bem definido, devido à supressão de modos indesejáveis que são fortemente atenuados. Uma
característica muito importante é que o valor do comprimento de onda selecionado é mais
independente da temperatura e da amplitude da corrente direta de polarização do que em
outros modelos de diodos laseres. Qualquer laser que utiliza uma grade corrugada para
selecionar um modo longitudinal pode ser designado como de realimentação distribuída. Do
ponto de vista da operação, os laseres semicondutores que utilizam este procedimento podem
ser classificados em duas categorias: os DFB e os DBR (distributed Bragg reflector). A
Figura 2.4 mostra os esquemas destes dois tipos de estruturas.

Região Região Região


Região ativa passiva ativa passiva
Refletores de Bragg
Camada de confinamento Camada de confinamento
Guia de ondas passivo Guia de ondas passivo
Camada do microguia de ondas
Camada ativa Camada ativa
Camada do microguia de ondas CamadaCamada
do microguia de ondas
do microguia
Camada de confinamento Camada de confinamento
Substrato SubstratoSubstrate
Substrate
(a) (b)

Figura 2.4. (a) Esquema de um laser DFB; (b) Esquema de um laser DBR.

Nos laseres DFB, a grade corrugada faz com que sejam suprimidos os modos laterais
de emissão. Pela variação do espaçamento periódico na largura da grade, podem ser obtidos
diferentes comprimentos de onda de operação. A fabricação desses laseres é muito mais
complexa do que a dos modelos que empregam a cavidade de Fabry-Perot e,
conseqüentemente, o custo é mais elevado. Entretanto, são utilizados em praticamente todos
os sistemas de comunicação óptica de alta velocidade, operando com taxas de dados até
superiores a 2,5Gb/s. No laser DBR, as grades estão localizadas nas extremidades da camada
ativa. Seu efeito é semelhante ao dos espelhos usados no laser de Fabry-Perot. A sua principal
vantagem é o fato das duas regiões de ganho estarem separadas, permitindo o controle
independente nas duas regiões.
8

Outro modelo é o laser DR (distributed-reflector), que possui uma grade metade ativa
e metade passiva. Esta estrutura melhora as propriedades de geração de luz em relação às dos
laseres DFB e DBR convencionais, tem maior eficiência e alta capacidade de modulação. [4]
Em vista da relevância destes diodos para os sistemas de comunicações de elevada
capacidade, eles terão suas características detalhadas em separado.

2.4. Características de diodos laseres de realimentação distribuída

a. Diodo laser DFB convencional. O laser DFB convencional corresponde à estrutura mais
simples deste modelo de fonte óptica, em que a corrugação é uniforme, introduzindo uma
variação periódica do índice de refração. A análise do desempenho deste dispositivo mostra a
possibilidade da emissão de dois modos simétricos, conforme ilustrado na representação
espectral da Figura 2.5(a). [5] Isto foge da situação ideal, que seria aquela em que haja um
único modo principal, conforme ilustrado na Figura 2.5(b).

(a) (b)

Figura 2.5. (a) Comportamento típico do laser DFB convencional, mostrando a emissão de dois modos
simétricos. (b) Situação ideal para o laser monomodo, indicado para sistemas de elevada capacidade.

b. Diodo laser PAR-DFB. A supressão do modo indesejável do laser DFB convencional foi
conseguida com alterações em uma região na cavidade do laser. A idéia é introduzir uma
mudança de fase por meio da modificação da largura da zona ativa, estrutura conhecida como
região de ajuste de fase (PAR, phase adjustment region). Este configuração da cavidade está
esquematizada na Figura 2.6, onde a zona central é mais larga que as zonas laterais. [5]

b1 b2
Figura 2.6. Esquema simplificado da
estrutura PAR-DFB.

c. Diodo laser MPS-DFB. Quando se introduzem mudanças de fase na corrugação (Figura


2.7), surgem estruturas designadas como de múltiplos deslocamentos de fase (MPS, multiple
phase-shift). Entre as várias combinações possíveis, a mais popular é a conhecida como
estrutura de deslocamento de quarto de onda (QWS, quarterly wavelength shift), que introduz
uma mudança de fase de 90o na corrugação, como se representa na Figura 2.7. O espectro
9

obtido, neste caso, é sempre simétrico em torno de um modo dominante. Podem ser obtidas
variações acentuadas na seletividade pela escolha da posição onde ocorre a mudança de fase.
A capacidade de seleção será máxima quando esta se encontrar a meio caminho da estrutura
de seleção, constituindo um dispositivo simétrico. Verifica-se uma diminuição da seletividade
com a assimetria, perdendo-se a possibilidade de geração de modo único se a alteração na fase
aproximar-se das extremidades, tendendo para a situação do laser DFB convencional. [5]

Ponto em que se introduz a mudança de fase

Figura 2.7. Esquema simplificado da estrutura DFB com uma mudança de fase.

d. Diodo laser DCC-DFB e laser MPS-DCC-DFB. Quando uma corrugação tem coeficiente
de acoplamento variável (Figura 2.8), obtém-se uma estrutura com coeficiente de
acoplamento distribuído (DCC, distributed coupling coefficient). Tem como principal
vantagem o aumento da seletividade de um laser. Algumas estruturas, como a combinação das
tecnologias QWS-DCC-DFB, têm a capacidade de tornar a distribuição do campo mais
uniforme. Geralmente, estas estruturas nunca surgem apenas como DCC-DFB, pois
apresentam menos vantagens na operação. No entanto, podem-se alcançar bons resultados
com a combinação entre tecnologias de fabricação, como a MPS-DCC-DFB. [5]

Figura 2.8. Esquema simplificado de uma estrutura DCC-DFB.

e. Diodos laseres CPM-DFB e CPM-DCC-DFB. Ao introduzir variações no período da


corrugação surgem as estruturas com passo de corrugação modulado (CPM, corrugation pitch
modulated), mostrado na Figura 2.9. A existência de uma subseção com um período diferente
na corrugação funciona como um deslocamento distribuído de fase, segundo o princípio
adotado no diodo laser MPS-DFB. Com este processo, é possível manter boa seletividade e
não introduzir descontinuidade acentuada na distribuição do campo elétrico do feixe gerado.
Por isto, a estrutura CPM-DCC-DFB apresenta desempenho superior ao da tecnologia CPM-
DFB. [5]
10

Figura 2.9. Esquema simplificado de uma estrutura CPM-DFB.

f. Diodos laseres GLTG-DFB e CG-DFB. Ao invés de utilizar variações discretas de


amplitude das corrugações, existem modelos que propõem uma mudança gradual, obedecendo
determinada lei de formação. Uma sugestão foi obedecer aproximadamente a curva de Gauss
e desenvolveu-se o modelo com grade de variação gradual gaussiana (GLTG, gaussian-like
tappered grating), ilustrado na Figura 2.10. Seria possível, ainda, uma alteração controlada no
período das corrugações, segundo determinada lei de formação. Foram desenvolvidas as
estruturas denominadas de grades moduladas (CG, chirped grating) e na Figura 2.11 tem-se
um esquema possível desta proposta. [5]

Figura 2.10. Esquema simplificado de uma


estrutura GLTG-DFB.

Figura 2.11. Esquema simplificado de uma


estrutura CG-DFB.

2.5. Comparação entre diodos laseres

Os diodos laseres DFB e DBR têm características estáticas e dinâmicas semelhantes.


No entanto, dado que nos laseres DBR as regiões da cavidade óptica responsáveis pelo ganho
e pela seletividade na freqüência são distintas, torna-se possível controlar os seus processos de
fabricação de forma independente. Assim, pode-se otimizar as características do laser em
termos de seletividade em freqüência, obtendo-se excelente pureza espectral, superior às dos
laseres DFB. Por outro lado, exige-se nos laseres DBR um acoplamento quase perfeito entre
os guias de ondas formados pela região ativa e a rugosidade na região passiva. Isto torna sua
fabricação complexa e com o custo elevado em relação ao dos modelos com realimentação
distribuída. Esta é uma das razões pela quais estes últimos são mais utilizados em termos
comerciais.
11

CAPÍTULO 3

AMPLIFICADORES ÓPTICOS

3.1. Generalidades sobre os amplificadores ópticos


Nos sistemas de transmissão de comunicações ópticas a longas distâncias, o sinal
transmitido sofrerá certa degradação em sua amplitude (atenuação) e em sua forma
(dispersão). Freqüentemente, são necessários alguns mecanismos que façam a recuperação
desse sinal. Os sistemas pioneiros utilizavam exclusivamente os repetidores-regeneradores.
Esses equipamentos recuperam o sinal elétrico, corrigem sua formatação, submetem novo
feixe óptico à modulação com o sinal restaurado e o reenviam através de novo lance de fibra
óptica. O tratamento do sinal de informação é realizado eletronicamente com circuitos
capazes de operar em elevadíssimas taxas de transmissão. Alguns inconvenientes são a
exigência de projetos muito sofisticados para a resposta a elevadas taxas e as degradações dos
componentes eletrônicos envolvidos. Esses desgastes são decorrentes do uso prolongado e
sistemático, de variações na temperatura e de outras condições ambientais. Além desses fatos,
quando os repetidores-regeneradores operam em elevadas taxas de transmissão podem
introduzir distorções no sinal de modulação e aumentar a interferência entre canais próximos.
Para reduzir esses problemas, agravados com a exigência de aumento da quantidade de
informação a ser transmitida, esses regeneradores passaram a ter um custo muito elevado.
Com objetivo de superar alguns dos inconvenientes do sistema de repetidor-
regenerador, desenvolveram-se os amplificadores ópticos. Neste caso, o sinal não precisa
mais ser convertido para o domínio elétrico e pode ter seu nível recuperado no domínio
óptico. Os amplificadores ópticos fazem a amplificação dos sinais de excitação, independente
do tipo de modulação ou dos protocolos utilizados, garantindo o envio do feixe modulado a
longas distâncias. Uma de suas vantagens em relação aos regeneradores é o fato de não serem
sensíveis às elevadas taxas de bits e poderem amplificar vários comprimentos de onda
simultaneamente, dentro de sua faixa de atuação.
Os amplificadores ópticos usam uma fonte de energia de bombeamento em
determinado comprimento de onda, excitando elétrons de certos materiais. Em alguns
modelos, esses materiais são introduzidos para dopagem do núcleo de uma fibra óptica. Sob a
excitação da fonte de bombeamento, os elétrons são transferidos para níveis de energia mais
elevados, acumulando-se em um deles. Quando retornam para o estado inicial, liberam
energia no comprimento de onda determinado pela diferença entre o nível em que houve o
12

armazenamento de elétrons e o do estado de repouso (lei de Planck). Nestes modelos,


empregam-se fibras dopadas com determinadas terras raras, como o érbio e o praseodímio,
capazes de amplificar nas janelas de 1,55µm e 1,3µm, respectivamente. [1] Existem outros
que se baseiam em efeitos não-lineares e espalhamentos estimulados na fibra, como os
amplificadores de Raman e de Brillouin.
Nos sistemas de comunicações ópticas, os amplificadores ópticos podem executar
funções de amplificadores de potência, atuarem como amplificadores de linha ou como pré-
amplificadores na entrada de um receptor instalado em longa distância. Na Figura 3.1.(a), o
amplificador é instalado na saída de um enlace para garantir uma potência mais elevada na
entrada da fibra que efetua a conexão nessa parte do enlace. Na Figura 3.1.(b), inclui-se
também a atuação como pré-amplificador na entrada de uma etapa de recepção. A Figura
3.1.(c) mostra a sua instalação ao longo de um enlace óptico, com objetivo de recuperar o
nível de potência a um valor conveniente para garantir a atuação confiável do sistema.
Os parâmetros que normalmente caracterizam um amplificador óptico e devem ser
especificados na avaliação de seu desempenho são os seguintes:
• Faixa de comprimentos de onda de operação, em nanometros;
• Faixa dinâmica de potência de excitação, em dBm;
• Variação do ganho de potência na faixa de atuação, em decibels;
• Figura de ruído, em decibels;
• Potência de saída, normalmente expressa em dBm;
• Eficiência da conversão de potência elétrica em potência óptica, em
porcentagem;
• PDG (dependência do ganho em relação à polarização – polarization
dependent gain), em decibels;
• PMD (dispersão de modo de polarização – polarization mode
dispersion), em picossegundos;
• Compressão de ganho.

3.2. Espalhamento de Raman

a. Geração das ondas de Stokes e anti-Stokes. Este fenômeno ocorre quando as radiações
luminosas interagem com as vibrações dos átomos no núcleo da fibra óptica. Esses átomos
vão absorver parte das radiações luminosas e emiti-las novamente na forma de fótons. A
energia oriunda da vibração dos átomos pode proporcionar aumento ou redução na energia
dos fótons incidentes.
13

λ1 T T λ1
Mux
λ2 R Demux R λ2
A A λ3
λ3 N
Amplificador
N
λ4 S
de potência
S λ4
P λ1 λ2 λ3 λ4 ... λn P
O Fibra óptica O
N N
D D
λn E E λn
R R
(a)

λ1 T Mux
Demux T λ1
λ2 R R λ2
Pré-Amplificador
A A λ3
λ3 N Amplificador
N
λ4 S
de potência
S λ4
P λ1 λ2 λ3 λ4 ... λn P
O Fibra óptica O
N N
D D
λn E E λn
R R
(b)

Pré-Amplificador
λ1 T Mux
Demux T λ1
λ2 R Amplificador R λ2
A A λ3
λ3 N
de potência
N
λ4 S
λ1 λ2 λ3 λ4 ... λn S λ4
P P
O O
N N
D Amplificadores D
λn E de linha E λn
R Fibra óptica R
(c)
Figura 3.1. (a) Representação de um amplificador óptico atuando como amplificador de potência na saída de
um equipamento de processamento óptico-elétrico. (b) Representação de uma instalação de sistema de
comunicações ópticas, incluído as atuações do amplificador óptico como elementos para aumentar os níveis de
potência na saída de um equipamento e na entrada de um receptor. (c) Instalação de um sistema óptico que
inclua os amplificadores nas três funções descritas como amplificador de potência, amplificador de linha e pré-
amplificador.

A Figura 3.2 é uma ilustração do efeito Raman, explicado através de níveis de energia
dos estados de vibração da molécula. O estado E0 significa uma situação de energia mínima
resultante dos movimentos de vibração de partículas subatômicas. O estado E1 é a energia em
um dos modos de vibração. Se um fóton com energia EF = E1 se chocar com uma molécula, ela
pode absorver a energia desse fóton passando do estado E0 para o estado E1. Isto ocorre
quando a energia EF for maior que a energia necessária para excitar a molécula até o estado E1.
14

Se a energia do fóton for suficientemente elevada para a molécula ficar excitada até um nível
superior Ev = EF, permanecerá nesse nível por um curto intervalo de tempo, pois se trata de
um estado instável. Em seguida, a molécula pode retornar até o nível mínimo de energia E0 ou
até um dos níveis correspondentes aos modos de vibração E1. Caso ela volte para o nível E0, o
fóton liberado vai ter a mesma energia do incidente, mas se a molécula voltar ao nível E1,
parte da energia do fóton incidente vai ficar armazenada na molécula em forma de vibração.
O fóton liberado terá uma energia igual a EF – E1, menor do que a energia inicial EF e,
conseqüentemente, de menor freqüência, de acordo com a lei de Planck. Se o fóton liberado
apresentar energia menor que a da onda incidente, tem-se a onda de Stokes, como apresentado
na parte (a) da figura.

V EV = EF V´ EV´ = EF

EF – E1 EF + E1

1 1
E1 E1

0 0
E0 E0
(a) (b)

Figura 3.2 Distribuições de energia relativas às formações das ondas de Stokes e de anti-Stokes. (a)
Distribuição relativa à onda de Stokes. (b) Distribuição correspondente à formação da onda anti-Stokes.

Se ocorrer de o fóton liberado ter energia maior do que a do fóton incidente, sua
freqüência também será maior e caracteriza a onda anti-Stokes. Isto pode acontecer quando a
molécula já estiver previamente excitada no estado E1 e, depois da incidência do fóton, ela
retornará para o estado E0. Portanto, haverá a liberação simultânea da energia inicial do fóton
adicionada à que estava armazenada na condição de manter a molécula no nível E1. Ou seja, o
fóton emitido agora possuirá energia EF + E1. O processo está ilustrado na parte (b) da Figura
3.2. Estes processos auxiliam na explicação do denominado espalhamento de Raman.

b. Descrição do espalhamento de Raman. O espalhamento de Raman é baseado nas trocas de


energia entre fótons da luz incidente com moléculas do meio, nos moldes descritos. Pode ser
entendido com a utilização do princípio da conservação de energia. Se um fóton chocar-se
com uma molécula e ela, após o choque, não alterar sua condição de movimento, o fóton
muda seu caminho original, mas continua com a energia e a mesma freqüência que possuía
antes do choque, de acordo com a lei de Planck. Esse efeito é conhecido como espalhamento
elástico. Se o fóton causar alguma vibração ao se chocar com a molécula, ele transferirá parte
15

de sua energia para ela. Conseqüentemente, ao mudar sua trajetória, sua energia será menor
do que a inicial. Este efeito é conhecido como choque inelástico e como exemplo desse efeito
pode-se citar o espalhamento de Raman.
O espalhamento de Raman espontâneo é, portanto, um fenômeno que gera fótons
espalhados em diferentes freqüências comparadas com a inicial, identificada como freqüência
de bombeamento. Cada nível de energia corresponde a uma freqüência diferente e o fenômeno
mostra a possibilidade de transferência de energia para outros sinais. Para ser possível esta
transferência entre diferentes sinais propagantes em um meio como a fibra óptica, injeta-se
um sinal oriundo de uma fonte de energia, denominada fonte de bombeamento, com
freqüência mais alta e quantidade de fótons emitidos por unidade de tempo que garanta nível
de potência mais alto do que a potência do sinal a ser transmitido. Assim, tem-se a
transferência de fótons dessa fonte de bombeamento para o sinal, com possível aumento de
sua potência, permitindo que haja amplificação de luz. Esse efeito é conhecido como
espalhamento estimulado de Raman, [6] que deu origem aos amplificadores ópticos de
Raman. A máxima eficiência na transferência de energia ocorre quando houver uma diferença
de aproximadamente 100nm entre os comprimentos de onda do sinal de bombeamento e o
feixe óptico espalhado. [7]

3.3. Amplificação por efeito Raman


a. Descrição do processo. Os amplificadores de Raman têm como base o espalhamento
estimulado de Raman. A amplificação acontece quando uma fonte de bombeamento coloca na
fibra óptica um sinal com uma freqüência mais elevada e um nível de potência mais alto do
que o do feixe óptico que será amplificado. O sinal de bombeamento de maior energia
transfere fótons para estados excitados mais elevados e naturalmente mais instáveis. Os fótons
do sinal misturam-se com as vibrações dos átomos da fibra óptica e, ao se encontrarem, parte
da energia do sinal de bombeamento transmitido junto com o feixe a ser amplificado vai ser
transferida para os fótons do desse feixe, resultando em amplificação do sinal óptico.
Em vista das características do efeito Raman, há uma significativa influência da
diferença entre as freqüências do sinal de bombeamento e o sinal a ser amplificador. O
máximo coeficiente de ganho ocorre quando a diferença entre estes dois comprimentos de
onda estão próximos de 12THz para a fibra à base de sílica, como se ilustra na Figura 3.3.
Assim, o sinal a ser amplificado fica próximo da freqüência de Stokes. Outros materiais
compostos permitem valores diferentes entre estas freqüências, de maneira que associações
em cascata de diferentes estruturas permitem operação em uma grande faixa de freqüências.
16

[8] O ganho do amplificador é obtido em função do comprimento de onda e da potência do


sinal de entrada. Sendo assim para regular o ganho do amplificador, ajusta-se o comprimento
de onda do sinal que foi introduzido pela fonte de bombeamento. Na teoria, os amplificadores
de Raman podem chegar a uma resposta em regiões lineares de ganho em comprimento de
onda de 300nm até 2000nm. [9]

gR

×10-14m/W

∆λ
100nm
Figura 3.3. Representação da curva típica da variação do coeficiente de ganho em um amplificador de Raman

b. Métodos de bombeamento. Os amplificadores que utilizam o efeito por espalhamento de


Raman podem ser bombeados tanto no começo como no fim da fibra óptica onde estiver
ocorrendo a amplificação, pois o efeito pode acontecer quase uniformemente em toda
extensão do meio. A Figura 3.4 apresenta a vantagem de poder ser obtida em qualquer fibra
óptica, mesmo se estiver em funcionamento em um sistema instalado.

Meio de propagação

Entrada Saída

Figura 3.4. Diagrama em blocos básico de um


Bombeamento amplificador óptico, destacando suas partes
mais relevantes

O amplificador pode ser construído empregando o bombeamento de três formas:


bombeamento codirecional, bombeamento contradirecional ou bombeamento combinado.
Além disto, existem duas configurações para o amplificador de Raman, conforme ilustra a
Figura 3.5. Na primeira, observa-se que o sinal de bombeamento acompanha o feixe óptico a
ser amplificado em toda extensão da fibra, transferindo-lhe parte de sua energia de forma
quase contínua no interesse de se compensar as perdas durante todo o processo de
transmissão. Esta é a idéia de um amplificador distribuído (DRA, distributed Raman
amplifier) O segundo modelo, tem o mesmo objetivo, porém concentra o aumento no nível do
sinal em um pequeno trecho do meio de transmissão. Neste caso, tem-se a amplificação
discreta de Raman (LRA, lumped Raman amplifier). Para máxima amplificação, a diferença
17

entre as freqüências de bombeamento e a do sinal a ser amplificado deve coincidir com os


valores associados à freqüência de Stokes. Ou seja, dada a freqüência do sinal a ser
amplificado, esta será interpretada como o valor de Stokes e o feixe de bombeamento deve
apresentar freqüência superior com uma diferença igual à determinada pelos mecanismos de
interação entre os dois feixes ópticos. Cada um destes modelos será discutido
individualmente.

Sinal óptico Fibra óptica Sinal óptico de saída


Acoplador amplificado
de entrada

Laser de (a)
Bombeamento

Fibra compensadora
Sinal óptico Fibra óptica de dispersão Sinal óptico de saída
de entrada Acoplador amplificado

Laser de
Bombeamento
(b)

Figura 3.5. (a) Esquema básico da amplificação distribuída de Raman (DRA). (b) Esquema básico do
amplificador discreto de Raman. (LRA).

3.4. Topologias utilizadas no amplificador de Raman


a. Amplificador de Raman distribuído. O amplificador Raman distribuído usa um diodo laser
de bombeamento de alta potência cujo feixe óptico é injetado no inicio da fibra, meio no qual
se efetuará a amplificação, como se destacou na parte (a) da Figura 3.5. Seus fótons
percorrerão e estarão associados ao espalhamento de Raman em toda a extensão, gerando
transferência de parte de sua energia para o sinal que, também é aplicado no início do
dispositivo. Isso permite que parte das perdas do sinal vá sendo parcialmente compensada em
todos os pontos ao longo da transmissão até que seja alcançada a potência original ou mesmo
maior. O bombeamento é escolhido de maneira a garantir que o sinal a ser amplificado não
caia abaixo do nível de ruído e, no extremo oposto, não alcance os valores capazes de levar a
fibra a um comportamento não-linear (Figura 3.6).
Em vista desta descrição, conclui-se que as interações ocorrem ao longo do processo
de transmissão e não apenas em um trecho isolado de fibra. O resultado desta atuação é um
sistema que apresenta ganho elevado com boa relação sinal/ruído. Esse amplificador
distribuído de Raman é um dos modelos aplicados em sistemas DWDM que operam com
muitos canais ópticos separados por pequenas diferenças em comprimento de onda. Por causa
18

da transmissão de muitos comprimentos de onda ópticos com pequeno espaçamento, é


possível desenvolver um sistema para elevadíssimas taxas de transmissão. Em resumo,
algumas das vantagens dos DRAs:
• Podem ser usados em sistemas DWDM, com menor espaçamento entre
canais, permitindo elevadas taxas de transmissão;
• Operam com níveis menores de sinais e garante-se que não alcancem
níveis de não-linearidade que comprometeriam o desempenho global do sistema;
• Melhor figura de ruído, se comparados aos amplificadores discretos,
uma vez que não permitem que o sinal alcance valores muito próximos dos níveis de
ruído;
• Permitem a recuperação do sinal com maiores separações entre os
locais de aplicação do feixe de bombeamento;
• Têm uma amplificação mais distribuída ao longo do enlace óptico.

P(x) Nível de potência para não-linearidade

Nível de ruído x

Figura 3.6. Esquema representativo do comportamento do amplificador de Raman distribuído.

Para ilustrar o desempenho do amplificador distribuído, consideram-se as montagens


da Figura 3.7. Na primeira parte, tem-se um sistema tradicional que emprega um amplificador
de linha, em um ponto previamente determinado do enlace, onde ocorrerá a recuperação do
nível do feixe óptico transmitido. Freqüentemente, o sinal pode chegar ao nível do ruído e,
com a amplificação concentrada no ponto determinado, seu valor poderá alcançar a região de
não-linearidade da fibra. Na parte (b) mostram-se as instalações do amplificador de Raman
com os locais onde ocorrerão as recuperações dos sinais. Na parte (c), destacam-se os níveis
alcançados pelos dois feixes e, em linha mais espessa o que está ocorrendo com o feixe óptico
nos diferentes comprimentos de onda emitidos. O esquema ilustra o cuidado para se garantir
que os níveis fiquem entre os valores de ruído e de não-linearidade da fibra óptica.
19

Amplificador de Pré-
Booster
Linha Amplificador
D D
W W
D D
Fibra Fibra
M M

P(x) Região da fibra com efeitos não-lineares

Região de ruído x
(a)

Pré-
Acoplador Amplificador Acoplador amplificador
D
Booster de linha D
W W
D D
M Fibra Fibra M

Bombeamento Bombeamento
P(x) Região da fibra com efeitos não-lineares

Região de ruído

(b) x

Pré-
Acoplador Amplificador Acoplador amplificador
D
Booster de linha D
W W
D D
M Fibra Fibra M

Bombeamento Bombeamento
Região da fibra com efeitos não-lineares
P(x)

Região de ruído x
(c)
Figura 3.7. Atuação do amplificador de Raman. (a) Esquema tradicional de um enlace óptico com um
amplificador de linha que recupera o sinal óptico guiado em pontos específicos. (b) Proposta para recuperação
do feixe óptico em pontos estratégicos do enlace. (c) Esquema que demonstra a possibilidade de recuperação do
feixe óptico entre os limites de ruído e de não-linearidade da fibra.

b. Amplificador discreto de Raman. O amplificador discreto de Raman concentra a potência


de bombeamento em uma parte bem determinada da fibra óptica, obtendo-se, assim, uma
amplificação em um trecho isolado do enlace. É possível escolher o trecho do enlace em que
será efetuada a amplificação. Por exemplo, existem fibras ópticas capazes de compensar os
efeitos de dispersão, as chamadas fibras de compensação de dispersão (DCF, dispersion
20

compensating fiber).[9] São modelos que introduzem uma dispersão contrária à da fibra
própria do enlace, recuperando o formato original do sinal transmitido. É possível concentrar
a amplificação de Raman nesse trecho do enlace.[8] Desta análise, ressalta-se que o
comprimento de onda do laser de bombeamento determinará a faixa de comprimento de onda
em que o amplificador vai operar. Ao analisar a parte (c) da Figura 3.7, na amplificação
discreta o sinal apresenta, durante sua transmissão, valores baixos e altos de potência,
sofrendo maior influência de ruído e de efeitos não-lineares. Uma de suas vantagens é
apresentar conversão de potência mais eficiente do que na amplificação distribuída. Outra
vantagem é que ao utilizar a fibra de compensação de dispersão em cascata com a fibra de
transmissão, além do ganho proporcionado, é possível ajustar esse trecho da fibra para
conseguir total compensação de dispersão do sinal. A Figura 3.8 ilustra a configuração básica
de um amplificador discreto de Raman.
Fibra DCF onde
Fibra óptica que acontece o efeito Conector de
pertence ao enlace Conector de Raman saída
entrada Sinal
Isolador Acoplador Isolador amplificado
óptico óptico óptico
Sinal atenuado

Sistema Emendas por


Sinal Óptico fusão Emendas por
(DWDM) Fonte de fusão
Original Comprimento de onda do bombeamento
laser de bombeamento

Figura 3.8. Configuração básica de um amplificador discreto de Raman (LRA). Neste esquema, optou-se por
ilustrar o bombeamento contradirecional.

A Figura 3.9 ilustra as curvas de resposta de um amplificador Raman discreto que


utiliza diferentes fontes de bombeamento, cada uma com seu próprio comprimento de onda
obtido de diodo laser de elevada estabilidade. Com a escolha adequada da fonte de
bombeamento, é possível ampliar a faixa de comprimentos de onda de atuação do
amplificador. A fonte de bombeamento deve ser selecionada com base no comportamento
ilustrado na Figura 3.3, aproveitando as faixas de valores que garantam elevado coeficiente de
ganho. Este fato é de grande relevância para seu emprego em sistemas que utilizam múltiplos
comprimentos de onda em uma mesma fibra óptica, como nos sistemas que empregam a
multiplexagem óptica.
Po

1 2 3
λ (nm)
21

Figura 3.9. Curva 1 (pontilhada) ilustra uma fonte de bombeamento único, a curva 2(tracejada) ilustra uma
fonte de bombeamento duplo e a curva 3 (continua) ilustra uma fonte de bombeamento triplo.

c. Topologias básicas do amplificador discreto de Raman. Conforme o posicionamento do


laser de bombeamento pode-se dividir os amplificadores de Raman em três tipos. No
bombeamento codirecional, o sinal a ser amplificado e o feixe de bombeamento propagam-se
no mesmo sentido dentro da fibra óptica. Na técnica de bombeamento contradirecional os
dois feixes propagam-se em sentidos opostos. Ou seja, o acoplamento do laser que vai atuar
como fonte de energia é feito a partir do lado oposto ao da excitação do feixe a ser
amplificado. Uma terceira opção é o bombeamento bidirecional, que consiste na combinação
dos dois procedimentos anteriores.
Os amplificadores de Raman por bombeamento contradirecional têm o esquema
básico na Figura 3.10, com o laser de bombeamento conectado na extremidade da fibra óptica
onde deseja obter o feixe amplificado. Suas principais características são:
• As variações indesejadas de ruído serão atenuadas devido ao efeito de
bombeamento;
• Os sinais ópticos podem ser inseridos na fibra com menores níveis de
potência, conseguindo assim evitar os efeitos não lineares;
• Não depende do ganho de polarização;
• A amplificação vai acontecer somente depois da segunda metade do
enlace.
Fibra Óptica onde ocorrerá a Amplificação
pelo Efeito Raman
Sinal de saída
Sinal de entrada Acoplador Amplificado

   
Isolador Emendas por Isolador
Fusão
Laser de
Bombeamento

Figura 3.10. Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento contra direcional, onde o
laser de bombeamento é colocado no final da fibra óptica onde deseja amplificar.

No bombeamento codirecional tem-se o esquema na Figura 3.11, com o laser de


bombeamento colocado no começo da fibra. Seu feixe acompanha a direção de propagação do
feixe óptico a ser amplificado. Suas características principais são:
• Elevado ganho;
• Aumento das variações indesejáveis de ruído, ocorrido pelo efeito de
bombeamento;
22

• A amplificação vai caindo, ao longo do enlace;


• Os sinais ópticos inseridos na fibra com elevados níveis de potência,
podem gerar efeitos não-lineares.
Fibra Óptica onde ocorrerá a
Amplificação pelo Efeito Raman
Sinal de saída
Sinal de entrada Acoplador Amplificado

   
Isolador Emendas por Isolador
Fusão

Laser de
Bombeamento

Figura 3.11. Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento co-direcional, onde o laser de
bombeamento é colocado no começo da fibra óptica onde deseja amplificar.

Os amplificadores de Raman por bombeamento combinado seguem o esquema da


Figura 3.12, que utiliza dois laseres de bombeamento, um no começo e o outro na
extremidade da fibra óptica, com sentidos opostos de propagação. Trata-se, portanto, de uma
combinação dos amplificadores codirecional e contradirecional, na tentativa de aproveitar as
características vantajosas de cada um. Destacam-se entre suas propriedades mais relevantes:
• Um maior ganho, comparado à amplificação contradirecional;
• Com relação à amplificação codirecional, o ruído é menor e inerente ao
acoplamento com a fonte de bombeamento;
• A amplificação ocorre em todo o enlace óptico, diminuindo a influência
do ruído por amplificação da emissão espontânea (ASE) e aumentando a relação sinal-
ruído óptica (OSNR).
Fibra Óptica onde ocorrerá a
Amplificação pelo Efeito Raman
Sinal de saída
Sinal de entrada Acoplador Acoplador Amplificado

   
Isolador Emendas por Isolador
Fusão

Laser de Laser de
Bombeamento Bombeamento

Figura 3.12. Ilustra a configuração do amplificador de Raman por bombeamento combinado, onde é colocado
dois laseres de bombeamento, um no inicio e um no fim da fibra óptica onde se deseja amplificar, fazendo a
combinação das configurações citadas anteriormente.

Ao comparar os amplificadores Raman discreto e distribuídos, pode-se dizer que o


amplificador distribuído apresenta melhor relação sinal-ruído. Já o amplificador discreto tem
boa eficiência na transferência de energia para o feixe óptico que se deseja amplificar. Além
23

disto, este último modelo permite montagens mais compactas, compatíveis com as exigências
de sistemas que ocupem menores espaços dentro dos equipamentos.

3.5. Amplificador a fibra óptica dopada com érbio


a. Considerações gerais. O amplificador a fibra dopada com érbio (EDFA, erbium-doped
fiber amplifier) é um dos mais conhecidos e utilizados uma vez que garante amplificação de
feixe óptico na região do espectro eletromagnético em que se tem mínima atenuação na fibra à
base de sílica. Sua atuação ocorre em torno de 1.550nm, comprimento de onda
correspondente à terceira janela de comunicação óptica. Nessa região, tem-se a atenuação da
fibra óptica de aproximadamente 0,25dB/km. [10] O EDFA é constituído de um pequeno
comprimento de fibra de sílica com o núcleo dopado por átomos ionizados do elemento
químico érbio. Seu comprimento depende de alguns fatores construtivos e de algumas
características especificadas. Tipicamente, a extensão da fibra dopada é em torno de 10m a
20m. O érbio é um elemento classificado como terra rara, que quando excitado em
determinados comprimentos de onda, é capaz de emitir feixe de luz de aproximadamente
1.540nm, valor importante para as aplicações em sistemas que envolvam a tecnologia
DWDM.

b. Funcionamento e diagrama básico. O amplificador a fibra dopada recebe, junto com o


feixe óptico a ser amplificado, outro sinal vindo de um laser de bombeamento com um
comprimento de onda menor. (Figura 3.13). O valor é associado a níveis de energia próprios
da impureza introduzida no núcleo. No caso do érbio, os valores usuais são de 980nm e
1.480nm, como esquematizado na Figura 3.14. O feixe a ser amplificado e o sinal de
bombeamento são introduzidos na fibra dopada por meio de um acoplador WDM. Em sua
saída, emprega-se um filtro para supressão de feixes ópticos indesejáveis, pois é conveniente
que na nova etapa se tenha apenas o sinal que transporte a informação. Além disto, nas várias
etapas podem surgir reflexões que prejudicariam o desempenho global do sistema. Assim, é
conveniente o emprego de um isolador óptico que impeça o retorno de sinais refletidos na
saída do amplificador.
Feixe a ser Acoplador
amplificado WDM Isolador Filtro

Fibra dopada
Feixe
amplificado
Bombeamento

Figura 3.13. Esquema básico de um amplificador a fibra dopada com érbio, para amplificação na terceira
janela de baixa atenuação da fibra óptica à base de sílica.
24

Com esta excitação, há transferência de elétrons para um nível superior de energia de


baixa estabilidade, por exemplo, relativo ao comprimento de onda de bombeamento de 980nm
(nível E1 da Figura 3.14). Como ordem de grandeza, pode-se afirmar que nesse novo nível os
elétrons ficam durante um intervalo de tempo de 1µs. Em seguida, decaem para um nível
inferior, por ação de emissão espontânea, sendo que este novo nível é separado do original de
uma energia correspondente ao comprimento de onda de 1.540nm. Nesse nível intermediário,
indicado como E3 na figura, os elétrons adquirem maior estabilidade e permanecem por um
intervalo de tempo superior a alguns milissegundos. Com isto, há um acúmulo de elétrons
nessa região. Com o feixe óptico de 1.550nm propagando-se, os elétrons são excitados e
decaem para o nível original. Logo, emitem a energia perdida nessa transição, que é
transferida para o feixe a ser amplificado, em processo de emissão estimulada.
Como vantagem ele aumenta o alcance dos enlaces, pois recupera os níveis de
potência que se perderam durante a transmissão. Como no caso de outros modelos de
amplificadores, dispensa o sistema que empregam repetidores eletro-ópticos, facilitando a
migração dos sistemas para uma tecnologia totalmente óptica. Uma de suas desvantagens é a
presença de emissões espontâneas, responsáveis pela geração de ruídos que se associam ao
feixe óptico processado. Esse amplificador EDFA é utilizado em sistemas de multiplexação
densa em comprimentos de onda (DWDM) que operem nessa região do espectro óptico. A
opção pelo bombeamento em 980nm ou em 1.480nm depende de onde o amplificador será
empregado. O bombeamento em 980nm geralmente é usado em amplificadores de baixo ruído
e o de 1.480nm é empregado em amplificadores para gerar elevadas potências de saída. [11]
Neste comprimento de onda, é possível conseguir o bombeamento necessário em uma faixa
maior do espectro, com uma diferença de até 20nm. No comprimento de onda de 980nm, é
necessário laseres de espectro mais reduzido, uma vez que a tolerância no comprimento de
onda é inferior a 2nm. Na Tabela 3.1, apresentam-se características típicas de amplificadores
a fibra dopada com érbio, conforme o comprimento de onda de bombeamento. [12]
≅ 1µ
Nível de energia de pequena estabilidade (≅ µs)
E1
980nm
E2
E3
≅10ms)
Nível de maior estabilidade (≅
1540nm 1480nm

E4

Figura 3.14. Níveis de energia (E1, E2, E3 e E4) dos íons de érbio representados em uma fibra de sílica,
esquematizando o processo de amplificação na terceira janela de baixa perda na fibra óptica.
25

Tabela 3.1. Comparação entre os feixes de bombeamento 980nm e 1480nm.

Comprimento de onda 1,48 µm 0,98 µm


Fonte óptica InGaAsP/InP FP-LD InGaAs - LD
Eficiência de ganho 5 dB/mW 10 dB/mW
Figura de ruído ~ 5,5 dB ~ 4,5 dB
Nível de potência de saída na saturação + 20 dBm + 5 dBm
Comprimento de onda de bombeamento Entre 1,47µm e 1,49µm Entre 0,979µm e 0,981µm
Separação dos feixes ópticos Difícil Fácil
Potência de bombeamento de saída 50 ~ 200 mW 10 ~ 20 mW

c. Características de amplificação do EDFA. O comportamento descrito para este


amplificador supõe que a potência de bombeamento seja igual ou superior a um limite
mínimo que garanta que a emissão estimulada supere as perdas de potência. A partir deste
valor, há um crescimento rápido na potência do sinal de saída, por conta do acúmulo de
cargas no nível de energia intermediário e a grande transição para o nível inferior por unidade
de tempo. A partir de determinado nível de bombeamento, a quantidade de elétrons no
processo de decaimento para o nível inferior cresce muito pouco e a potência de saída tende a
se estabilizar, alcançando um valor de saturação. (Figura 3.15). De acordo com este
comportamento, na condição de potência de saturação tem-se pouca alteração no nível de
saída e o amplificador fica menos sensível ás variações decorrentes da fonte de bombeamento
e de eventuais degradações com o tempo de uso.
Popt
Saturação

Figura 3.15. Gráfico representativo do


crescimento da potência óptica de saída de um
Pbomb EDFA, com destaque para a condição de
saturação.
Pmin Pexc

É importante destacar que na janela em torno de 1.550nm o EDFA é capaz de


amplificar diferentes comprimentos de onda, mantendo ganhos com pequenas variações. Por
exemplo, são relatados modelos comerciais que operam entre 1.530nm e 1.570nm com
pequenas variações no ganho. Essas variações estão relacionadas ao valor final do ganho e aos
níveis das potências de bombeamento e de excitação. Observar que nesta faixa é possível a
amplificação de muitos canais ópticos, tornando este amplificador muito útil para diversas
aplicações, incluindo os sistemas que operam em WDM. [1]

d. Montagens usuais. O EDFA pode ser utilizado como amplificador de potência, instalado
após o transmissor óptico para prover um aumento no sinal óptico a ser introduzido na fibra.
Com isso, garante-se uma potência no receptor maior, tornando menos crítica a sua
26

sensibilidade mínima necessária. Para essa configuração, projeta-se o amplificador para


máxima potência de saturação de saída. A Figura 3.16 mostra a disposição deste amplificador
na montagem de um enlace.
Amplificador de potência

Transmissor Atenuador Receptor

Figura 3.16. Um EDFA usado como amplificador de potência instalado na saída de um transmissor óptico.

O EDFA pode ser utilizado também na configuração de pré-amplificador, instalado


antes do receptor. O objetivo é aumentar a capacidade dessa parte do sistema em processar
níveis menores de potência de chegada. Assim, atua na recuperação de um sinal atenuado ao
longo do enlace óptico. É importante considerar que os ruídos gerados no processo de
amplificação óptica podem comprometer parcialmente o desempenho global do sistema. Isto
será muito crítico se o nível do sinal recebido antes do amplificador for muito pequeno. Há,
portanto, necessidade de uma análise de cada caso, uma vez que pode ser mais conveniente
recuperar o nível no domínio elétrico, com o uso de sistemas eletrônicos confiáveis. Nesta
aplicação, deve-se fazer um levantamento da melhor opção no sistema de bombeamento,
verificando a conveniência de adotar o modo contrapropagante, copropagante ou bidirecional,
para se chegar á menor figura de ruído. A Figura 3.17 ilustra o amplificador a fibra dopada
com érbio configurado como um pré-amplificador.
Pré-amplificador

Transmissor Atenuador Receptor

Figura 3.17. Um EDFA usado como pré-amplificador na entrada de um receptor óptico, com objetivo de
recuperar o nível do sinal que sai na extremidade da fibra óptica.
Amplificador de linha

Transmissor Atenuador Receptor

Figura 3.18. Um EDFA usado como amplificador de linha, solução útil para sistemas que incorporam vários
pontos de acesso em um enlace óptico.

O amplificador óptico instalado entre o transmissor e o receptor trabalhará como


amplificador de linha. Pode ser formado por mais de um estágio onde a saída de um excitará a
entrada de uma nova etapa para se alcançar o nível óptico desejado. Entre as etapas muitas
vezes necessita-se utilizar filtros e isoladores para evitar os problemas oriundos de reflexões e
de amplificações de sinais indesejáveis. Esta aplicação é particularmente útil quando houver
27

necessidade de o sistema interligar vários pontos de acesso. A Figura 3.18 ilustra o EDFA
trabalhando como amplificador de linha.

3.6. Amplificadores ópticos de semicondutor


a. Descrição geral. O amplificador óptico de semicondutor (SOA, semiconductor optical
amplifier) modifica a intensidade da onda que se propaga através de um dispositivo
semicondutor ativo, sob regime de emissão estimulada. É constituído por uma junção p-n de
materiais semicondutores, em uma configuração similar à dos diodos laseres. [13]
Fundamentalmente, o SOA é um diodo laser sem o processo de realimentação capaz de levá-
lo à oscilação necessária para a geração do feixe óptico. A junção, geralmente com
semicondutores diferentes constituindo a chamada heterojunção, é polarizada diretamente
com um valor menor que o limiar do laser. Quando um sinal for inserido na região
responsável pelo ganho, seus fótons causam a emissão estimulada, [13]-[15] amplificando o
sinal de saída em relação ao aplicado em sua entrada. [14] O processo de amplificação
necessita de uma inversão de população com maior concentração de portadores nos níveis
mais elevados de energia do material semicondutor. A transição para a banda de valência
implica na emissão de fótons que são incorporados ao sinal óptico original. Na Figura 3.19
tem-se o esquema básico de um amplificador óptico a semicondutor.
Região
Corrente de injeção
ativa

Figura 3.19. Esquema do SOA, com a


Feixe de Fibra Feixe de
entrada
Fibra amplificação realizada em uma
óptica óptica saída heterojunção de semicondutores.

b. Modos de operação. O SOA pode operar de duas formas, como amplificador Fabry-Perot
(FPA) ou como amplificador de onda progressiva ou caminhante (TWA). Na operação como
amplificador de Fabry-Perot, é polarizado abaixo da corrente de limiar que daria origem à
emissão estimulada. Nas superfícies espelhadas em suas extremidades acontecem reflexões
parciais da luz para dentro do componente. A interação destas múltiplas reflexões levam ao
aumento no nível do feixe óptico de saída. Quando operar como amplificador de onda
progressiva (TWA), a luz atravessa apenas uma vez o dispositivo, amplificando-a durante
esse processo. Para tanto, as superfícies espelhadas em suas extremidades devem ter pequeno
coeficiente de reflexão. Isto é alcançado com a incorporação de camadas anti-refletoras ou
com o corte inclinado do material em relação ao eixo longitudinal do componente. Os
esquemas dos dois modelos estão apresentados nas Figuras 3.20 e 3.21.
28

Entrada

Saída
Figura 3.20. Esquema básico do SOA na operação
Saída em forma de Fabry-Perot (FPA), onde o sinal passa
várias vezes através do amplificador.
Faces refletoras

Entrada Saída
Figura 3.21. Esquema básico do SOA na operação
em forma de onda caminhante (TWA), onde o sinal
passa apenas uma vez através do amplificador
Coberturas anti-refletoras desprezando as reflexões.

Na operação em forma de TWA, o SOA é recomendado quando se transmitir sinais


modulados com elevadas taxas de transmissão. Têm sido relatados sistemas capazes de
processar feixes modulados com pulsos de larguras temporais inferiores a 1ps. Como ponto
negativo, tem-se sua sensibilidade à polarização do feixe óptico processado, pois o ganho será
diferente para os modos transversais elétricos (TE) e transversais magnéticos (TM). O fato
ocorre pela diferença entre os fatores de confinamento conforme a polarização da onda e pode
levar a alterações entre 5dB e 8dB para os respectivos ganhos. Foram feitas experiências
visando diminuir essa sensibilidade à polarização e em uma delas projetaram os
amplificadores para que a largura e espessura da região ativa fossem de mesma ordem de
grandeza. Com isso, a diferença entre as duas condições foi reduzida para um valor menor que
1,3dB. Outra forma de reduzir a diferença entre as polarizações foi criar uma estrutura com
maior cavidade óptica, com o que se conseguiram variações de ganho inferiores a 1dB.[16]
No modo de operação FPA, o feixe de luz passa por múltiplos caminhos devido a
reflexão nos semi-espelhos que ficam em suas extremidades. [17] Seu ganho é muito sensível
à variações na temperatura e ao comprimento de onda de entrada. [2],[18] Possui uma largura
de banda de amplificação muito pequena, em torno de 100GHz, [14] significando uma
tolerância da ordem de 0,8nm no comprimento de onda, na terceira janela de comunicações
ópticas. Quando se utilizar sinais de banda larga é necessária uma resposta em maior largura
de faixa com um ganho aproximadamente plano. Assim, essa configuração de amplificador
fica ultrapassada, substituída pelos de ondas progressivas.

3.7. Comparações

Ao se comparar os amplificadores ópticos, destaca-se o amplificador de Raman que,


ao contrário dos modelos EDFA e SOA, consegue ter seu efeito de amplificação com uma
interação não-linear entre o sinal transmitido e o do laser de bombeamento em uma fibra
29

óptica convencional. Lembrar que o EDFA exige uma fibra dopada com uma terra rara, não
permitindo que a amplificação possa ocorrer em fibras monomodo comuns. Além disto, a
amplificação ocorre em uma faixa limitada de comprimento de onda, próximos da terceira
janela de baixa atenuação das fibras à base de sílica. Todavia, na situação atual, os
amplificadores a fibra dopada garantem maiores ganhos de potência.
A faixa de atuação dos amplificadores de Raman é definida pelos comprimentos de
ondas gerados pelas fontes de bombeamento. Assim, a amplificação pode ocorrer em
diferentes comprimentos de onda. É possível prover etapas sucessivas em que se consigam
ganhos em uma faixa razoável do espectro óptico, facilitando sua aplicação em sistemas de
multiplexagem em comprimento de onda.
30

CAPÍTULO 4

DISPOSITIVOS PARA ACOPLAMENTO ÓPTICO

4.1. Acopladores ópticos


a. Características gerais dos dispositivos. São levados em conta diversos fatores para a seleção
do tipo e do modelo do acoplador óptico, como o número de acessos, capacidade de seleção
do comprimento de onda, atenuação tolerada para o sinal, custo, exigências para instalação, e
etc.[1] Diversos modelos de acopladores foram desenvolvidos empregando várias tecnologias.
Acopladores WDM são dispositivos especializados que permitem acoplar feixes
ópticos de duas ou mais fontes, com diferentes comprimentos de onda de máxima emissão,
em uma única fibra óptica. Para esta finalidade, utilizam-se acopladores seletivos em
comprimento de onda, como os desenvolvidos com dispositivos angularmente dispersivos.
Essas montagens podem ser feitas com microprismas, grades de difração, fibras bicônicas
fundidas (FBT - fused biconic tapered), interferômetros de Mach-Zehnder, redes de difração
(AWG - array waveguide gratings), filtros dielétricos, grades de Bragg, etc. Em sua maioria
são componentes passivos que encaminham o sinal de entrada para duas ou mais saídas, e
vice-versa. Podem ser utilizados como multiplexadores ou desmutiplexadores, com o
tratamento em separado de diferentes comprimentos de onda.
Os parâmetros relacionados ao acoplador WDM são a atenuação da luz em
determinada faixa de comprimentos de onda e a separação especificada entre os canais. O
dispositivo ideal deveria ter uma janela de transmissão de baixa perda para cada comprimento
de onda, garantindo baixa perda por inserção, que inclui eventuais perdas por reflexão e a
resultante da absorção de energia no material empregado. [19] Em acopladores WDM, estas
perdas são especificadas para as diferentes faixas de comprimentos de onda. Além disso, cada
um desses dispostivos deve possuir um isolamento eficiente entre as portadoras ópticas,
minimizando a interferência mútua (crosstalk). Na prática, necessita-se garantir que esse
isolamento seja o melhor possível no lado do receptor (desmultiplexador), em terminações
dos enlaces ou em ambas as extremidades quando for o caso de um sistema bidirecional.
Finalmente, a separação entre um canal e outro deve ser a menor possível, de acordo com a
disponibilidade de fonte de luz utilizada no sistema e de sua estabilidade.

b. Acoplador WDM empregando prismas. Nesta abordagem, será mostrado como uma
montagem utilizando um prisma pode separar ou acoplar diferentes comprimentos de onda.
Baseia-se no fato de o material apresentar índice de refração variável com o comprimento de
31

onda do feixe incidente. Portanto, de acordo com a lei de Snell, o ângulo de refração
modifica-se conforme os diferentes valores de comprimento de onda. No interior do prisma,
os diferentes comprimentos de onda percorrem trajetórias em ângulos diferentes e ficam
separados na interface de saída, onde são focalizados por uma lente em diferentes fibras
ópticas. Esta propriedade pode ser utilizada para a construção de um dispositivo que atue
como um multiplexador ou desmutiplexador. Um esquema básico desta aplicação está na
Figura 4.1. Este modelo não é muito utilizado, em vista de estruturas mais eficientes.

N1>N2

λ1
λ2
λ3

Lentes Lentes
λn
Fibra

Figura 4.1. Desmutiplexador utilizando prisma. Os comprimentos de onda são separados pela modificação no
índice de refração.

4.2. Divisão do feixe óptico guiado


a. Divisão de comprimento de onda utilizando grades de difração. Apesar de um prisma de
vidro poder ser utilizado como um elemento angularmente dispersivo para a
multiplexação/desmutiplexação em comprimentos de onda, o principal elemento
angularmente dispersivo para este fim é a grade de difração. É definida como um arranjo
equivalente a uma série de fendas paralelas, igualmente espaçadas, da mesma largura em
forma de múltiplos sulcos em uma superfície. Geralmente, forma-se em uma camada de resina
epoxy depositada em um substrato de vidro.
Há dois métodos principais de formação da grade de difração. A primeira técnica é
mecânica e a segunda consiste em se efetuar a corrosão anisotrópica em uma lâmina de silício
monocristalino. Este último modelo é conhecido como grade de silício e é a mais utilizada por
possuir um desempenho superior ao do dispositivo mecânico. O comportamento dessas grades
é determinado pelo ângulo de inclinação em relação à incidência do feixe óptico, como
ilustrado na Figura 4.2. A grade de silício proporciona maior liberdade de projeto na escolha
deste ângulo. Além disto, permite um controle mais eficaz no número de linhas por unidade
de comprimento, com efeitos muito significativos na seleção dos comprimentos de onda
envolvidos no processo. Por fim, é menos sujeita às influências do ambiente, como variações
de temperatura e outros agentes agressivos. [19]
32

Figura 4.2. Montagem típica de uma grade de


θB
difração. Seu comportamento está associado à
incidência do feixe óptico em relação ao
ângulo de inclinação.

Esta montagem produz um efeito interferométrico óptico, com resultantes de máxima


intensidade óptica em locais definidos pelo comprimento de onda. Portanto, causam um efeito
similar ao de um prisma, espalhando a luz incidente de acordo com o comprimento de onda.
Na Figura 4.3 tem-se uma montagem que utiliza lentes para focalizar a entrada da luz na
grade de difração. Conforme o comprimento de onda, a interferência construtiva ocorrerá em
diferentes locais da região. Nesses pontos, incluem-se fibras ópticas que acoplam esses
comprimentos de onda para o percurso desejado de cada um. Esta montagem permite a
separação de uma quantidade reduzida de canais ópticos e com espaçamentos significativos
entre eles. Há necessidade de superar estas dificuldades para aplicações em sistemas
modernos que operam nas tecnologias de CWDM e DWDM.
Lentes
Fibras de saída
λ1
λ2
λ3

λ1,λ2,λ3
Fibra de entrada
Grade de difração
Figura 4.3. Montagem de um acoplador para sistemas de multiplexação em comprimento de onda utilizando
grade de difração

b. Divisão em comprimento de onda utilizando fibras bicônicas. Em sua forma mais simples,
o acoplador bicônico é composto de um par de fibras ópticas monomodo que são fundidas
longitudinalmente, sendo conhecido como dispositivo FBT (fused biconic tappered). Nesse
modelo de componente, um sinal de luz transmitido no núcleo da fibra chega à região fundida
de uma das fibras e é redistribuído em diversos modos que se propagam nos respectivos
revestimentos. Como as fibras são separadas, os modos que se propagam pela casca
33

reconvertem em modos guiados pelo núcleo em cada uma das saídas. O resultado é uma
divisão de potência semelhante à que se obtém nos outros modelos de acopladores. A
redistribuição da energia não será necessariamente homogênea. As interferências ao longo do
comprimento da região fundida determinarão a entrada de energia em dado comprimento de
onda que será redistribuído para a saída. As características de divisão de acordo com o
comprimento de onda dependem de propriedades geométricas definidas no processo de
fabricação, que, entre outras informações, incluem a extensão do trecho em que ocorrem as
interferências. [20]
Se pelo menos dois dispositivos estiverem conectados em cascata, a diferença do canal
óptico entre os dois pontos de conexão central faz com que a combinação possa agir como um
interferômetro de Mach-Zehnder, como ilustrado na Figura 4.4. O interferômetro de Mach-
Zehnder, também chamado de embaralhador (interleaver), separa canais ímpares de canais
pares, na forma apresentada na Figura 4.5. A energia de entrada é dividida entre as duas
saídas, dependendo do comprimento de onda, com uma periodicidade definida durante a
fabricação do dispositivo. Desta maneira, duas freqüências presentes nas fibras da entrada
podem deixar os canais do dispositivo em fibras separadas. Em aplicações de múltiplas
freqüências, uniformemente espaçadas na fibra de entrada, aparecerá como dois conjuntos de
freqüências na saída, cada uma espaçada de duas vezes a separação do canal original. [20]
Estágios posteriores podem ser utilizados para reduzir o número de canais por fibra de
saída. Um arranjo desses dispositivos associado com grades de Bragg pode ser usado para
separar comprimentos de onda especificados em sistemas de multiplexagem em comprimento
de onda (WDM), mesmo em tecnologias que processem grande quantidade de canais (como
CWDM e DWDM). Também pode ser utilizado para adicionar novos canais em sistemas já
instalados. Esta possibilidade é importante para expansões de redes ópticas ou a anexação de
novos serviços ou novos pontos de acesso.

Entrada Configuração Mach-Zehnder Saída 1

Acoplador Acoplador Saída 2

Figura 4.4. Fibra fundida com redistribuição do sinal de entrada para a saída do dispositivo
34

λ1 λ2 λ3 λ4 λ5 λ6 λ7 λ8 [nm]

Figura 4.5. Ilustração de um sinal modulado em oito comprimentos de onda, com o efeito intercalação de
canais pares e impares.

Embaralhadores de diferentes extensões podem ser combinados para formarem o


multiplexador/desmultiplexador desejado. Para exemplificar, será considerado um sistema de
oito canais na tecnologia DWDM com espaçamentos de 100GHz. Corresponde a diferenças
de 0,8nm na terceira janela de comunicações ópticas. Um primeiro multiplexador com
espaçamento 100GHz separaria os canais um, três, cinco e sete dos canais dois, quatro, seis e
oito. O segundo estágio, com dois embaralhadores espaçados de 200GHz, separa os canais um
e cinco dos canais três e sete, etc. Um último estágio com quatro embaralhadores separaria os
canais individualmente, como na Figura 4.6.

λ 1, λ 5
λ1
λ1, λ3, λ5, λ7
λ5
λ 3, λ 7
λ3
λ1~λ8 λ7

λ 2, λ 4
λ2
λ2, λ4, λ6, λ8
λ4
λ 6, λ 8
λ6
λ8

Figura 4.6. Ilustração de um desmutiplexador de comprimentos de onda projetado a partir de interferômetros


de Mach-Zehnder em um sistema DWDM.

c. Acopladores com rede de guias de onda Além do emprego de fibra fundida, podem ser
construídos interferômetros usando guias de onda planos, normalmente identificados como
AWG (de arrayed waveguide gratings). Embora guias de onda planos sejam normalmente
construídos em forma de canais com um único segmento, é possível construí-los com dois ou
mais ramos, para utilização análoga à dos acopladores de fibra fundida. O seu princípio de
operação é similar ao do interferômetro de Mach-Zehnder. O acoplador na entrada divide a
35

luz nos diferentes guias de onda, como na figura 4.7. Os guias de onda planos curvos fazem
com que a luz caminhe distâncias diferentes e no acoplador de saída sofrem interferência
construtiva ou destrutiva, dependendo do comprimento de onda. O acoplador de saída é um
dispositivo óptico que focaliza os diferentes comprimentos de onda dos pontos onde sofreram
interferência construtiva, até a fibra de saída.

w1

wn
Guias de onda

λ1
λ2
λ1, λ2,.., λn Fibras
ópticas λn

Figura 4.7. Acoplador AWG, divide os diferentes comprimentos de onda e os encaminha para diferentes fibras
de saída.
Os dispositivos AWGs têm preços elevados em relação a outros modelos, como os de
fibra fundida. Além disto, possuem perda considerável, superior a alguns dos descritos
anteriormente. Todavia, são de grande relevância, pois podem multiplexar ou desmutiplexar
muitos canais em um só dispositivo compacto, compatível com os novos procedimentos para
se chegar a equipamentos de elevada capacidade em montagens reduzidas.

4.3. Filtros utilizados em divisão de comprimento de onda

a. Filtros Dielétricos. Em geral, a palavra filtro refere-se a um dispositivo que absorve certas
freqüências e transmite outras. Os filtros interferométricos são constituídos por finas camadas
de materiais dielétricos que possuem índices de refração diferentes. As ondas transmitidas são
as que não sofrem interferência destrutiva nessas películas, o que depende das respectivas
espessuras, dos índices de refração dos materiais e do ângulo de incidência da luz. Quanto
mais camadas, maior a resolução alcançada. Os comprimentos de onda que não são
transmitidos são refletidos, como ilustra a Figura 4.8. Eventualmente, estes sistemas podem
ser chamados também de filtros dicróicos. [20]
36

Figura 4.8. Os feixe ópticos I1 e I2 são refletidos em


I1 ângulos idênticos e o correspondente a I3 é transmitido
em um ângulo que depende das propriedades dos
materiais envolvidos.

θ1

θ2 θ3

I3
I2

b. Alguns procedimentos para seleção do comprimento de onda. Recentemente, foram


desenvolvidos filtros com faixas de transmissão bem estreitas para aplicações em sistemas
DWDM. Devem ser empregados apenas onde se desejar absorver a luz, como em atenuadores
ou isoladores. Nas faixas de comprimento de onda ópticos, pode-se optar pela reflexão das
freqüências não transmitidas. Os filtros mostrados na figura anterior funcionam como
espelhos unilaterais, que refletem a maior parte da luz. Esta aplicação é esquematizada na
Figura 4.9. Empregando filtros dielétricos como demutiplexadores, é necessário um para cada
comprimento de onda a ser separado. Filtros interferométricos são baratos e não apresentam
muita perda individualmente. Todavia, esta perda é acumulativa com a quantidade de filtros
em cascata, que cresce conforme a quantidade de canais ópticos processados.

λ 1, λ 2, λ 3, λ 4, λ 5, λ 6
λ1

λ 2, λ 3, λ 4, λ 5, λ 6

λ2 λ 3, λ 4, λ 5, λ 6
λ3
,
λ 4, λ 5, λ 6

λ 5, λ 6
λ4 λ5

λ6
Figura 4.9. Um arranjo de filtros configurado para desmutiplexar diferentes comprimentos de onda.
37

Quando for empregado um número grande de canais, pode-se agrupar de oito em oito
comprimentos de onda, com filtros passa-baixas e passa-altas, antes de separar cada canal
individualmente. Com esta estratégia, representada na Figura 4.10, é possível evitar grandes
perdas acumulativas. Um arranjo como este possui a vantagem de adicionar canais conforme
a demanda, deixando reservas para futuras expansões. Assim, evita-se grande investimento
em curto prazo, exigido pelo uso de laseres de alto custo, fotodetectores de grande
sensibilidade e grande largura de faixa, que encareceriam muito o sistema. Por serem
componentes discretos, exigem alinhamento espacial e apresentam certa desvantagem em
relação às outras técnicas. Sua instalação é trabalhosa e necessitam de acoplamentos muito
bem feitos a fim de evitar perdas exageradas de potência óptica.

λ1~λ40

Demux λ1~λ8 λ1~λ16


λ1~λ8

λ9~λ16 λ17~λ40

λ25~λ40 λ33~λ40 Demux


λ33~λ40
Demux
λ9~λ16 λ17~λ24 λ25~λ32

Demux Demux
λ17~λ24 λ25~λ32

Figura 4.10. Mostra como um arranjo de filtros pode ser projetado com comprimentos de onda
estrategicamente agrupados para separar quarenta comprimentos de onda.

c. Seleção por grade de Bragg. A grade de Bragg (FBG, fiber Bragg gratings) funciona de
forma contrária aos filtros de camadas dielétricas superpostas. Refletem determinado
comprimento de onda e transmitem o restante. Com o auxílio de dispositivos ópticos
chamados circuladores é possível selecionar comprimentos de onda específicos que trafegam
na fibra óptica. Uma montagem de grande aplicação utilizando grades de Bragg é o
dispositivo de inserção e remoção de feixe óptico, identificado pela sigla OADM, de optical
add-drop multiplexer (Figura 4.11).
Uma grande vantagem das grades de Bragg sobre os filtros interferométricos é que não
há necessidade de alinhamento de componentes discretos. Contudo, dispositivos que
empregam elementos discretos são mais sensíveis a fatores ambientais como temperatura,
38

umidade, etc. As grades de Bragg podem ser formadas na própria fibra e apresentarem baixa
perda por inserção. Quase sempre, essas perdas ficam restritas aos circuladores ópticos.
Possuem excelente seletividade em comprimentos de onda em torno de 1.550nm. Poderiam
integrar uma solução de baixo custo, já que a fabricação da rede de Bragg em fibra é simples.
No entanto a necessidade de circuladores ópticos encarece sensivelmente o seu uso.

1546, 1548, 1550, 1552, 1554,


1556, 1558, 1560[nm]
1546, 1548, 1550, 1554,
Grade 1556, 1558, 1560[nm]

1552[nm]

Figura 4.11. Mostra como uma grade de Bragg pode ser utilizada para se obter uma porta Drop que seleciona
um especifico comprimento de onda.
39

CAPÍTULO 5

RECEPTORES PARA SISTEMAS MULTICANAIS

5.1. Descrição geral


a. Esquema básico do receptor óptico. A função de um receptor óptico é recuperar o sinal
elétrico enviado pelo transmissor, a partir do feixe óptico modulado que chega na sua entrada.
Um componente fundamental do receptor é o fotodetector que fornece o sinal elétrico de saída
a partir de aplicações do efeito fotoelétrico. A Figura 5.1 apresenta um diagrama em blocos e
alguns componentes de um receptor óptico. Eventualmente, pode ser necessária a inclusão de
um amplificador óptico antes do fotodetector com a função de pré-amplificador. Isto é comum
em sistemas de longa distância, se o nível do sinal modulado chegar muito atenuando. [1]

Sinal Amplificador Circuito de Dados


Fotodetector Amplificador
óptico óptico decisão estimados

Figura 5.1. Diagrama em blocos de um receptor óptico. A etapa do amplificador óptico na entrada pode ser
necessária para sistemas de grandes extensões, quando o feixe óptico chegar muito atenuado.

b. Função do fotodetector. Fornece uma corrente elétrica proporcional à potência óptica


incidente. Este sinal elétrico é conhecido como fotocorrente ou corrente fotogerada. O
esquema básico é mostrado na Figura 5.2, onde a tensão do sinal fotodetectado é desenvolvida
na resistência de carga. Após o fotodetector, utiliza-se um amplificador que aumenta o nível
do sinal elétrico para um valor utilizável pelo circuito de decisão. O projeto do circuito de
decisão depende do esquema de modulação utilizado para transmitir os dados.

Feixe óptico
RL Eo Figura 5.2. Esquema básico de um fotodetector, com
a representação do sinal elétrico em sua saída a
partir da incidência do feixe óptico modulado.

Para a escolha do fotodetector mais conveniente devem ser considerados alguns


parâmetros críticos. Apesar de a fibra óptica, as emendas e os conectores apresentarem baixas
perdas, a potência de luz que atinge o final da transmissão é sempre muito pequena. O
dispositivo deve apresentar elevada sensibilidade no comprimento de onda da luz guiada na
fibra. Levando em conta que se empregam modulações a taxas cada vez maiores, o
componente para a detecção deve ter grande velocidade de resposta, permitindo a recuperação
confiável do sinal transmitido. [1] Além disto, para não comprometer o desempenho final, o
40

detector deve variar o mínimo suas características originais com o uso prolongado e sob as
condições normais de operação. Isso se deve ao fato de que o equipamento estará sujeito a
diversas variações das condições de trabalho, incluindo flutuações na tensão de alimentação e
mudanças nas condições ambientais.

c. Mecanismo básico da geração da fotocorrente. Os fotodetectores são componentes feitos


com materiais semicondutores onde fótons incidentes são absorvidos em sua banda de
valência. Os elétrons absorvem essa energia e são transferidos para a banda de condução,
deixando uma lacuna na banda de valência. Isto é possível se a energia do fóton for igual ou
superior à diferença entre a banda de condução e a banda de valência, ou seja, a diferença de
energia correspondente à banda proibida do material. De acordo com a lei de Planck, isto
ocorre se o comprimento de onda do feixe óptico incidente for menor ou no máximo igual a
um valor crítico, que determina o limite de sensibilidade do material empregado. Por
exemplo, para dispositivos de silício o feixe deve ter comprimento de onda igual ou inferior a
1.100nm, para o arsenieto de gálio deve ser menor ou igual a 870nm. Quando uma tensão
externa for aplicada, os elétrons livres da banda de condução e lacunas da banda de valência
deslocam-se formando a corrente fotogerada. A Figura 5.3 ilustra a idéia apresentada e, a
seguir, faz-se uma breve descrição de modelos comuns de detectores ópticos à base de
semicondutores. [1]
Banda de condução
Elétron

Banda
proibida

Fótons Lacuna
Figura 5.3. Funcionamento de um
Banda de valência fotodetector utilizando um semicondutor.

5.2. Fotodiodo p-n

Nos diodos do tipo p-n tem-se a junção de semicondutores dos tipos p com n. [21] A
incidência de luz é feita sobre o cristal p ou n, cuja espessura deve ser bem pequena. Assim,
garante-se boa eficiência na liberação de elétrons sob efeito do feixe óptico, principalmente
quando incidirem comprimentos de onda maiores, próximos do limite de sensibilidade do
componente. A Figura 5.4 mostra a estrutura de um fotodiodo p-n. [1]
41

Região de
Tipo-p depleção Tipo-n
Figura 5.4. Constituição básica de um
fotodetector do tipo p-n.

Os pares elétron-lacuna gerados na região de depleção movimentam-se rapidamente


em direção do lado p ou n, dependendo de sua carga elétrica. A corrente resultante constitui a
resposta do fotodiodo à potência óptica incidente. Este componente, apesar de importante no
desenvolvimento dos sistemas, apresentou limitações do ponto de vista de sua eficiência na
formação da fotocorrente e na resposta a sinais modulados com elevadas taxas de transmissão.

5.3. Fotodiodo p-i-n

Com o objetivo de aumentar a largura da região de depleção, é intercalado entre as


camadas p e n um cristal semicondutor intrínseco, isto é, sem dopagem de impurezas, sendo
esta estrutura denominada fotodiodo p-i-n. A Figura 5.5 é um esquema representativo deste
modelo de componente. A região intrínseca é bem maior do que as regiões p e n e a região de
depleção estende-se completamente ao longo do semicondutor intrínseco. Grande parte da
absorção da luz deve acontecer nessa região intermediária, desde que se tenha o comprimento
de onda incidente menor ou igual ao seu valor crítico. Com a tensão reversa aplicada ao
componente e a liberação de cargas forma-se a fotocorrente. [1]

p i n
Figura 5.5. Esquema de construção de
um fotodiodo p-i-n

5.4. Fotodiodo de avalanche

O fotodiodo de avalanche (APD, avalanche photodiode) é um detector que apresenta


ganho interno de corrente, pois trabalha na condição de ruptura por avalanche na junção com
polarização reversa. O fenômeno é resultante da ionização por impacto originada pela grande
aceleração dos portadores livres iniciais, sob a ação do elevado campo elétrico na junção.
Assim, ocorre uma multiplicação na quantidade desses portadores livres, aumentando-se a
fotocorrente primária e, conseqüentemente, o sinal sobre a carga do dispositivo. Logo, tem-se
maior nível de sinal detectado antes de ele ser aplicado no elemento amplificador. Isto
42

melhora a sensibilidade do receptor, pois a fotocorrente é multiplicada antes de incorporar o


ruído térmico da entrada do receptor.
Uma diferença importante entre um diodo avalanche e um diodo p-i-n é que no
primeiro o semicondutor i é levemente dopado com material do tipo p. Este novo
semicondutor foi nomeado de camada π e é projetado para garantir um campo elétrico
uniforme em toda sua extensão. A multiplicação por avalanche ocorre predominantemente na
região de alto campo elétrico, nas proximidades da junção entre os semicondutores n e p,
conforme a Figura 5.6. [1]

Campo
elétrico Região de avalanche

Região de depleção

n p π p
Figura 5.6. Esquema de um fotodetector de
avalanche, destacando-se as principais
V regiões que atuam em seu funcionamento.

5.5. Outros fotodetectores

Existem outros dispositivos empregados nos processos de fotodetecção, como os


fototransistores de junção, os fototransistores de efeito de campo com porta isolada e junção
Schottky, dispositivos integrados que combinam o fotodiodo p-i-n com transistores de efeito
de campo que agem como pré-amplificador (dispositivo pin-fet), entre outros. Esses
componentes estão em contínuo desenvolvimento, melhorando seu desempenho do ponto de
vista da largura de faixa para o sinal fotodetectado, redução nos níveis de ruído, aumento na
potência de saída, garantindo seu uso em sinais de amplitudes reduzidas e melhorando a
sensibilidade do receptor. [1]

5.6. Características de desempenho dos fotodetectores


a. Sensibilidade. Entende-se por sensibilidade do dispositivo fotossensível a resposta que
apresentará se um fluxo luminoso com determinada freqüência incidir sobre ele. Nos
dispositivos normalmente empregados em sistemas de comunicações ópticas, este parâmetro
está associado à eficiência quântica e à sua responsividade. Esta característica especifica a
fotocorrente gerada em função da potência óptica incidente. Normalmente, é um valor
constante para o comprimento de onda dado, de maneira que a fotocorrente fica diretamente
43

proporcional à intensidade do feixe óptico incidente. Em conseqüência, um sinal modulado


transfere para a corrente de saída as mesmas variações que existem no feixe de incidência.

b. Resposta em freqüência. A fotocorrente gerada tem a mesma variação que o sinal de


modulação introduziu no feixe óptico de entrada. Essa corrente ao passar pela resistência de
carga produz uma tensão de mesmo formato que excitará o restante do circuito de recepção.
Existem elementos reativos parasitas associados ao fotodetector e ao circuito externo. Em
conseqüência, à medida que a freqüência aumenta, a tensão recuperada vai diminuindo,
existindo uma freqüência em que seu valor cai 3dB comparado com baixas freqüências,
chamada de freqüência de corte do dispositivo. Portanto, desejando-se efetuar modulações do
feixe óptico com taxas muito elevadas, é necessário selecionar o fotodetector com freqüência
de corte muito elevada, compatível com a velocidade de transmissão.

c. Limitação pelos ruídos. O fotodetector deve detectar sinais ópticos de baixa intensidade,
sendo necessária que sua atuação junto ao circuito de amplificação seja otimizada para
garantir uma elevada relação sinal-ruído. Somente assim, possibilita a demodulação correta
destes sinais com pequena taxa de erro de bit. Os sinais espúrios mais comuns nos
fotodetectores são os ruídos quântico, térmico, de disparo, de avalanche, entre outros.
O ruído quântico é gerado pela natureza quântica de emissão da luz. A corrente
produzida pela incidência de fótons não é contínua e leva a um movimento aleatório em torno
de um valor médio. Ou seja, a corrente elétrica apresenta flutuações de natureza estatística
que se manifesta como ruído. Os fotodetectores de avalanche apresentam níveis mais
elevados, por causa da natureza aleatória do fenômeno de ionização por impacto.
Além da fotocorrente gerada, o fotodetector apresenta também a corrente de escuro,
resultante da absorção de outras formas de energia do ambiente. Logo, estará presente mesmo
quando não houver luz incidente. Este fenômeno também apresenta uma natureza aleatória, de
maneira que identifica-se novo ruído associado á corrente de escuro.

O ruído térmico é gerado pelo movimento aleatório dos elétrons em um condutor


submetido a uma temperatura acima do zero absoluto. Esse ruído se adiciona à corrente do
sinal, degrada o desempenho dos receptores ópticos e está presente em todas as resistências
elétricas associadas ao fotodetector. [1]

d. Esquema básico da fotodetecção. Um exemplo de circuito empregado na recepção de


sinais ópticos é o amplificador de transimpedância ilustado na Figura 5.7. O fotodetector em
sua entrada fornece a fotocorrente a partir da incidência do feixe de luz modulado. O
amplificador deve apresentar elevada impedância de entrada. No caso ideal, ter-se-ia Ri
44

infinita e a fotocorrente passaria pela resistência de realimentação Rf. Como se tem uma
realimentação negativa de tensão em paralelo através deste elo, para a tensão o circuito de
entrada comporta-se como tendo baixa impedância. Por conseguinte, a tensão de saída fica
dependendo somente da corrente fotogerada e da resistência de realimentação. A capacitância
parasita CT terá pouca influência e só se manifesta em freqüências muito elevadas. [1]

Polarização do
fotodetector
Elo de realimentação
negativa de tensão
Luz modulada
Ip Rf

Eo
Ri
CT
Amplificador

Figura 5.7. Esquema básico de um amplificador de transimpedância para primeiro processamento do sinal
fotodetectado.

No caso de sistemas de multiplexação densa por divisão de comprimento de onda


(DWDM) é necessário que os sinais transmitidos sejam recuperados em todos os diferentes
comprimentos de ondas enviados via fibra óptica. Assim, os sinais ópticos são separados
(desmultiplexados) e cada um excitará um circuito semelhante ao indicado. Como se discutiu,
os fotodetectores mais utilizados são o p-i-n e o APD, com as características de desempenho
já apresentadas.
45

CAPÍTULO 6

MULTIPLEXAÇÃO DENSA EM COMPRIMENTO DE ONDA

6.1. Evoluções da técnica de multiplexação por comprimento de onda


No sistema original em WDM eram possíveis poucos canais ópticos por uma mesma
fibra. Ainda assim, implicava em aumento significativo na capacidade do sistema. Na
extremidade oposta à transmissão, o receptor dispõe de um filtro óptico que seleciona apenas
um dos comprimentos de onda completando a ligação entre o envio e o processamento dos
canais de informação. Esta capacidade tem sido superada com os aperfeiçoamentos da
tecnologia, incluindo as sucessivas etapas de CWDM e DWDM. Fundamentalmente, diferem
na separação entre os comprimentos de onda adjacentes e todas envolvem aplicações já
padronizadas pelos órgãos que estabelecem as normas para telecomunicações.

6.2. Multiplexação esparsa por divisão de comprimento de onda


Como a necessidade de transmissão de serviços cresce a cada dia, a rede de
comunicações tem aumentado significativamente com uma demanda por aumento constante
na largura de banda. A necessidade de novas implantações exigiu freqüente aperfeiçoamento
na técnica multiplexagem em comprimento de onda. Houve demanda por novos modelos que
permitissem menores espaçamentos entre os comprimentos de onda e capacitassem os
sistemas para maiores taxas de transmissão. A multiplexação esparsa em comprimento de
onda (CWDM, coarse wavelength division multiplexing) tem mesmo princípio de atuação da
tecnologia WDM básica e de outros modelos posteriores. Pode agrupar até 16 canais com os
comprimentos de onda na faixa de 1.310nm a 1.610nm, conforme as características da fibra
G652C, com afastamento entre canais da ordem de 20nm ou uma diferença de freqüências da
ordem de 2,5THz na janela de 1,55µm e de 3,5THz na de 1,3mm. [22] Normalmente, na
aplicação desta tecnologia empregam-se as faixas ópticas destacadas na Tabela 6.1.

Tabela 6.1. Faixas normalmente empregadas do espectro óptico na tecnologia de multiplexação esparsa em
comprimento de onda.
Designação oficial Significado original Tradução Limites em nm
Banda O Ordinary band Faixa comum 1260 − 1360
Banda E Extended band Faixa estendida 1360 – 1460
Banda C Convencional band Faixa convencional 1530 − 1570

A técnica CWDM tem como vantagem o custo acessível e o fato de utilizar laseres
sem a necessidade de possuírem estabilidades tão críticas quanto as necessárias em sistemas
mais sofisticados. Portanto, o controle sobre as fontes ópticas é mais flexível, o que se reflete
46

no custo final do sistema. Ainda assim, tem sido empregado para modulações até 1,25Gb/s
para enlaces de até 80km e até 2,5Gb/s para extensões de 40km. A Figura 6.1 ilustra a
configuração do CWDM com várias informações injetadas no multiplexador óptico e guiadas
até o desmultiplexador, a partir do qual se recuperam as informações.

λ1 Multiplexador Desmultiplexador λ1

Transmissores C C Receptores
ópticos λ2 W W λ2 ópticos
D D
M Fibra óptica
M

λΝ λΝ

Figura 6.1. Configuração básica de um sistema CWDM, em que as portadoras ópticas são agrupadas em até 16
canais, separados em torno de 20nm, tipicamente.

6.3. Multiplexação densa por divisão de comprimento de onda


A multiplexação densa em comprimento de onda (DWDM, dense wavelength division
multiplexing) surgiu no final da década de 90. Essa técnica é uma das evoluções do WDM,
onde se transporta vários comprimentos de onda simultaneamente em uma única fibra óptica,
conseguindo obter uma alta capacidade de transmissão. Tem uma capacidade muito maior que
os sistemas CWDM. Segundo a união internacional de telecomunicações (ITU, International
Telecommunications Union ) os sistemas DWDM podem combinar até 64 canais ópticos em
uma mesma fibra. [23] Dependendo da estabilidade dos laseres e da capacidade de separação
na entrada e na saída, existe multiplexação densa em comprimento de onda de até 128 canais
ópticos. Já existem testes que comprovam ser possível multiplexar uma quantidade superior a
200 canais. [24]
A tecnologia trabalha basicamente apenas nas janelas C e L, na faixa de 1.470nm a
1.630nm e o espaçamento entre os canais pode ser de 200GHz (1,6nm), 100GHz (0,8nm),
50GHz (0,4nm), podendo chegar a 25GHz (0,2nm). Normalmente, os comprimentos de onda
ocupam o espectro óptico entre 1.500nm e 1.600nm. Apresentam elevada capacidade de
transmissão por canal, com taxas de modulação superiores a 10Gb/s, chegando a 1Tb/s, por
uma única fibra óptica. Pode transmitir vários protocolos, com taxas de transmissão
diferentes, com canais ópticos tendo espaçamento até inferior a 1nm. Neste caso, há
necessidade de cuidados especiais para garantir que um canal não interfira no outro.
Tem sido aplicado na fibra padronizada G.652 de tipo monomodo. É possível
transmitir sinais com taxas ou formatos diferentes, com praticamente o mesmo grau de
desempenho, confiabilidade e robustez. Uma desvantagem é sua maior complexidade, pois
47

com o aumento dos canais poderá ocorrer maior interferência entre as mensagens em
portadoras adjacentes (interferência co-canal) e intermodulação dos diferentes feixes, quando
houver alguma não-linearidade no meio de transmissão. Sendo assim, componentes como
filtros e outras partes do sistema devem ter uma resposta ao módulo da função de
transferência a mais plana possível e a resposta relativa ao deslocamento de fase
obrigatoriamente quase linear com a freqüência. As potências das fontes ópticas utilizadas
necessitam ser elevadas, exigindo controles automáticos para garantir a estabilidade dos
valores de saída e aplicados ao meio de transmissão.
A tecnologia DWDM é transparente ao formato modulação e aos protocolos de
transmissão, como os envolvidos nas tecnologias de SDH, IP, ATM, Frame Relay etc. Taxas
de transmissão diferentes, como 622Mb/s, 2,5Gb/s e 10Gb/s, podem ser multiplexadas numa
mesma fibra. Isto torna possível agrupar usuários ou serviços dentro de uma banda-passante
maior sem multiplexadores temporais, o que facilita o gerenciamento, a provisão de serviços e
reduz os custos da rede de alta capacidade.
A diferença entre eles é, fundamentalmente, o menor espaçamento dos comprimentos
de onda nos sistemas DWDM, resultando em uma maior capacidade total. A Tabela 6.2
apresenta algumas diferenças básicas entre alguns sistemas analisados. Comparando as
tecnologias, conclui-se que a opção para o CWDM normalmente é feita para reduzir os
custos, pois fica em até 30% dos sistemas que empregam a tecnologia DWDM. Esta última é
selecionada para aplicações onde a densidade dos canais ou a largura de banda tenham maior
relevância. Normalmente, na aplicação desta tecnologia empregam-se as faixas ópticas
destacadas na Tabela 6.3.
Tabela 6.2. Características e comparação entre os sistemas que empregam CWDM e DWDM.
Características CWDM DWDM
Número de λ que podem ser combinados em
16 64
uma única fibra
Faixa de comprimento de onda 1.310nm a 1.610nm 1.492,25nm a 1.611,79nm
Espaçamento entre canais 20nm 0,8nm(100GHz)
Bandas ópticas utilizadas O, E e C S, C e L
Áreas de aplicações Redes Metropolitanas Aplicações ponto a ponto
Densidade pelo espaçamento entre canais Baixa Alta

Tabela 6.3. Faixas normalmente empregadas do espectro óptico na tecnologia de multiplexação densa em
comprimento de onda.
Designação oficial Significado original Tradução Limites em nm
Banda S Short band Faixa curta 1450 – 1500
Banda C Convencional band Faixa convencional 1530 – 1570
Banda L Long Band Faixa longa 1570 – 1625
48

CAPÍTULO 7

COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES

7.1. Resumo do trabalho


No Capítulo 1 foi feito uma breve introdução sobre a tecnologia de multiplexagem em
comprimento de onda, explicando as características e o funcionamento de um sistema de
comunicação óptica capacitado para modulações com elevadas taxas de transmissão. No
Capítulo 2, abordaram-se diversos tipos de diodos laseres para transmissão em sistemas
ópticos, como o diodo laser com cavidade de Fabry-Perot, com cavidade externa e alguns
tipos com realimentação distribuída. Demonstraram-se suas características e seu princípio de
funcionamento, destacando-se a necessidade de um conjunto de propriedades que os habilite
para o emprego em sistemas que empregam multiplexagem densa em comprimento de onda.
No Capítulo 3 foram abordados alguns modelos de amplificadores ópticos e feito um
estudo comparativos de sua atuação com a dos regeneradores que processam os sinais no
domínio elétrico. Destacaram-se algumas vantagens, demonstrando que não são sensíveis às
altas taxas de bits e podem amplificar diferentes comprimentos de onda simultaneamente
dentro de sua faixa de operação. Assim, é possível alcançar resultados positivos em relação a
aumentos na capacidade dos sistemas de comunicações ópticas, empregando a técnica de
multiplexagem em comprimento de onda.
No Capítulo 4 foram abordadas as características gerais dos dispositivos para
acoplamento óptico, destacando-se alguns dispositivos para introdução e retirada de múltiplos
comprimentos de onda em um enlace óptico. Dentre os modelos estudados, foram discutidos
os acopladores empregando prismas, os sistemas utilizando grades de difração, os acopladores
empregando fibras bicônicas e os que integram redes de difração em guias de onda ópticos.
Apresentaram-se filtros utilizados em sistemas WDM, incluindo os que processam grande
quantidade de canais ópticos, como filtros dielétricos e grades de Bragg. Demonstraram-se
seus funcionamentos, suas características mais relevantes e os procedimentos para seleção dos
comprimentos de onda desejados.
No Capítulo 5 estudaram-se vários modelos de receptores e seus componentes
fundamentais, como os fotodetectores p-n, p-i-n e o fotodiodo de avalanche. Apresentaram- se
os esquemas básicos de alguns circuitos utilizados, suas funções, os mecanismos para geração
da fotocorrente e algumas características de desempenho como a sensibilidade, a resposta em
freqüência e suas limitações por ruídos. No Capítulo 6 foram apresentadas as características
49

dos sistemas CWDM e DWDM, suas principais diferenças, vantagens e desvantagens e


algumas aplicações mais relevantes.

7.2. Conclusões
Na transmissão há uma variedade de dispositivos que funcionam como fontes ópticas
em sistemas comunicações. Os diodos laseres com realimentação distribuída são os mais
utilizados para enlaces de grandes distâncias e elevada capacidade de modulação, devido à
grande estabilidade que apresentam, maior potência óptica e menor largura espectral. Em
lances de grandes extensões, freqüentemente as atenuações podem comprometer o
desempenho final. Contorna-se o problema por meio da recuperação dos níveis de potência
para valores mais adequados. Isto é possível no domínio óptico por meio dos amplificadores
especiais, onde se destacam o amplificador de Raman, o amplificador a fibra dopada com
érbio, o amplificador óptico a semicondutor, entre outros.
Na análise do amplificador de Raman, é dada uma explicação sobre a geração das
ondas de Stokes e anti-Stokes, com objetivo de auxiliar no entendimento do espalhamento de
Raman, mecanismo fundamental do amplificador. Destaca-se a necessidade e a atuação da
fonte de bombeamento, com freqüência mais alta e uma quantidade de fótons emitidos por
unidade de tempo suficientes para garantir uma potência maior do que a do sinal aplicado. O
desempenho deste tipo de amplificador é destacado em uma das secções desse capítulo,
comparando algumas configurações normalmente utilizadas e suas aplicações. Chama-se a
atenção para alguns requisitos que conduzem à escolha do modelo mais conveniente. Por
exemplo, em uma configuração onde a qualidade do sinal recebido não seja muito crítica,
seria possível utilizar a configuração discreta, com a qual se obtém um ganho mais alto,
permitindo transmissão em distâncias maiores. Se a necessidade for amplificar o sinal sem
perder a qualidade com os efeitos de ruído, seria mais viável a configuração distribuída.
Discutiram-se os amplificadores a fibra dopada com érbio que garante amplificação de
feixe óptico na região do espectro eletromagnético em que se tem mínima atenuação na fibra à
base de sílica. Mostra-se como o érbio é um elemento que, quando excitado em determinados
comprimentos de onda, é capaz de emitir luz em torno de 1.540nm, valor importante para as
aplicações em sistemas que envolvam a tecnologia DWDM. Discute-se, também, o
amplificador óptico a semicondutor que modifica a intensidade da onda que se propaga
através de um dispositivo semicondutor ativo sob regime de emissão estimulada. Mostrou-se
que ele pode operar como amplificador envolvendo a cavidade de Fabry-Perot (FPA) ou como
amplificador de onda progressiva ou caminhante (TWA).
50

Em diferentes fases dos sistemas de multiplexagem em comprimento de onda,


empregam-se vários modelos de acopladores cujos desempenhos são muito importantes para
garantir a eficácia e a qualidade da transmissão. O acoplador empregando prismas não é mais
muito utilizado em vista do aperfeiçoamento de estruturas mais eficientes. A montagem para
divisão de comprimento de onda utilizando redes de difração permite a separação de uma
quantidade reduzida de canais ópticos e com maiores espaçamentos entre eles. Há necessidade
de superar estas dificuldades para aplicações em sistemas modernos que operam nas
tecnologias de CWDM e DWDM. Um arranjo de dispositivos interferométricos de Mach-
Zehnder associados com grades de Bragg pode ser usado também para separar comprimentos
de onda especificados. São empregados mesmo em tecnologias que processem grande
quantidade de canais, como o CWDM e o DWDM. Estruturas que combinam diferentes
procedimentos, como a associação mencionada, podem ser utilizados para adicionar novos
canais em sistemas já instalados. Esta possibilidade é importante para expansões de redes
ópticas ou a anexação de novos serviços ou novos pontos de acesso.
As grades de Bragg apresentam vantagem sobre os filtros interferométricos por não
necessitarem de alinhamento entre componentes discretos. Podem ser formadas na própria
fibra e apresentarem baixa perda por inserção. Poderiam integrar uma solução de baixo custo,
já que a sua fabricação em fibra é simples. No entanto, a necessidade de circuladores ópticos
encarece sensivelmente sua aplicação. Outros dispositivos, como os AWGs, têm preços
elevados em relação a outros modelos também empregados nas tecnologias WDM, como as
que utilizam fibras fundidas. Além disto, possuem perda considerável, superior a alguns dos
descritos anteriormente. Todos são de relevância, pois podem multiplexar ou desmutiplexar
grande número de canais em um só dispositivo compacto, compatível com os novos
procedimentos para se chegar a equipamentos de elevada capacidade em montagens
reduzidas.
Na recepção, existe uma grande variedade de receptores, de acordo com a necessidade
do enlace. Detalhes como a sensibilidade e o nível de potência de entrada, diretamente
vinculados aos tipos de detectores empregados, foram discutidos para destacar as respectivas
importâncias. Concluiu-se que os detectores utilizados na maioria de sistemas ópticos são o
fotodiodo p-i-n e o APD. Outro item de grande importância foi o estudo de um circuito de
recuperação do sinal nos domínios óptico e elétrico, relevantes para garantir a confiabilidade
das mensagens recebidas.
51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] RIBEIRO, J. A. J. Comunicações ópticas. São Paulo: Érica, 2003.

[2] NIPPON ELECTRIC CORPORATION. Laser diode. Disponível em:


<http://category.alldatasheet.com/index.jsp?ssearchword=laser%20diode>. Acesso em: 01
jun. 2010.

[3] GIOZZA, W.F.; CONFORTI, E.; WALDMAN, H. Fibras ópticas: tecnologia e projeto
de sistemas. São Paulo: Makron Books, 1991.

[4] KEISER, G., Optical fiber communications. 3rd. Ed. New York: McGraw-Hill, 2000.

[5] BOAVIDA, J. M. B. de M., Modelação e caracterização de um diodo laser de


retroação distribuída (DFB). Dissertação (Mestrado em Engenharia Eletrônica).
Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa,2009.

[6] AGRAWAL, G. P. Nonlinear fiber optics. 2nd. Ed. New York: Academic Press, 1995.

[7] CASTELLANI, C. E. S.; CANI, S. P. N.; PONTES, M. J.; SEGATTO, M. E. V. Análise


de desempenho de sistemas ópticos com amplificador de Raman. Disponível em:
<http://recitec.cefetes.br/artigo/documentos/>. Acesso em 17 de maio de 2010.

[8] BASTOS FILHO, C. J. A. Amplificadores ópticos para sistemas de comunicação


multicanais de alta capacidade. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Pernambuco,
2005.

[9] McCARTHY, D. Growing by design, Photonics Spectra, Jul., 2001.

[10] DESURVIRE, E. Erbium-doped fiber amplifiers – principles and applications. New


York: John Wiley & Sons, Inc., USA, 1994.

[11] RAMASWAMI, R.; SIVARAJAN, K. N. Optical networks: A practical perspective.


San Francisco: Morgan Kaufmann, 1998.

[12] SHIMADA, S.; ISHIO, H. Ed. Optical amplifiers and their applications. Transl. by F.
R. Apps and F. R. D. Apps. Chichester: John Wiley, 1994.

[13] CONNELLY, M. J., Semiconductor optical amplifiers. Boston: Kluwer Academic


Publishers, 2002.

[14] AGRAWAL, G. P., Fiber optic communications systems, 3rd. Ed. New York: Wiley-
Interscience, 2002.

[15] AGRAWAL, G. P.; DUTTA, N. K., Long-wavelength semiconductor lasers. New


York: Van Nostrand Reinhold, 1986.

[16] KAZOVSKY, L.; BENEDETTO, S.; WILLNER, A. Optical fiber communication


systems. Norwood: Artech House, 1996.
52

[17] SINGH, J. Semiconductor optoeletronics: Physics and technologies. New York:


McGraw-Hill, 1995.

[18] O’MAHONY, M. J., Semiconductor laser optical amplifiers for use in future fiber
systems, J. Lightwave Technol., v. 6, n. 4, p. 531-544, Apr.,1988.

[19] SENIOR, J. M., Optical fiber communications principles and practice. Londres:
Prentice Hall, 1985.

[20] GIRARD, A. Ed. Guide to WDM technology testing. Quebec City: EXFO
Electrooptical Engineering, 2000.

[21] MILLMAN, J.; HALKIAS, C.C. Integrated electronics. New York: McGraw-Hill,
1972.

[22] INTERNACIONAL TELECOMMUNICATIONS UNION. ITU-T Recommendations -


Series G - Transmission systems and media, digital systems and networks. Disponível
em: <http://www.itu.int/rec/recommendation.asp?type=products&lang=e&parent=T-REC-
G>. Acesso em 15 jun. 2010.

[23] INTERNACIONAL TELECOMMUNICATIONS UNION. DWDM. Disponível em:


<http://www.itu.int/rec/T-REC-G/es>. Acesso em 11 jun. 2010.

[24] KITAGAWA, M. M. S., WDM e suas tecnologias. Disponível em:


<http://www.gta.ufrj.br/grad/04_1/wdm/dwdm.html>. Acesso em 11 jun. 2010.
53

ANEXO
SISTEMAS ÓPTICOS EMPREGANDO MULTIPLEXAGEM DENSA EM
COMPRIMENTO DE ONDA

Didier Moreira Júnior, Diego Eduardo Ferreira da Silva & Mariana Bauler Kondo
Orientador: Prof. José Antônio Justino Ribeiro

Resumo - Este trabalho aborda os principais capacidade de transmissão.


procedimentos de multiplexação densa em com-
O processo exige o emprego de técnicas especi-
primento de onda (DWDM), mostra as aplicações
e possibilidades do aumento dos recursos de ais que garantam o acoplamento eficiente das várias
transmissão. Descrevem-se, também, técnicas e
portadoras ópticas no mesmo meio de transmissão.
dispositivos empregados nesses sistemas.
Cada portadora é identificada como um canal óptico,
Palavras-chave – multiplexação em comprimento
de onda, dispositivos para WDM. transportando muitas informações contidas em ca-
Abstract - This paper discusses the main proce- nais processados no domínio elétrico. Com esta
dures of dense wavelength multiplexing and
técnica, pode-se empregar de forma mais eficaz a
shows the applications and possibilities in in-
creasing transmission capacity. Also presents faixa em que as fibras padronizadas apresentam
current techniques and devices in these applica-
elevada qualidade de transmissão. Conseguem-se,
tions.
assim, taxas de transmissão de centenas de gigabits
Keywords – wavelength multiplexing, WDM de-
vices. por segundo até terabits por segundo (Tb/s). A faixa
usada do espectro óptico situa-se entre 1.310nm e
I. INTRODUÇÃO
1.550nm. Nesta faixa de comprimentos de onda, a
Multiplexagem por comprimentos de onda
atenuação do sinal é mais baixa e é possível operar
(WDM) é uma tecnologia usada para transmitir
em condições de baixa dispersão.
vários comprimentos de onda, simultaneamente, em
Cada seqüência de bits de modulação pode ser
uma mesma fibra óptica. Os diversos feixes de luz
composta por sinais de diferentes fontes de dados,
são obtidos a partir de diodos laseres de elevada
como voz, vídeo, texto, ou qualquer outra informa-
estabilidade em freqüência e nos respectivos níveis
ção que deva ser transmitida. Essas seqüências mo-
de potência. Cada um desses feixes ópticos represen-
dulam um comprimento de onda específico. Para a
ta uma portadora que pode ser modulada com eleva-
implementação, exigem-se muitos dispositivos,
das taxas de transmissão. Para se garantir a elevada
subsistemas e componentes especializados, como
qualidade de transmissão, deve ser empregada a
filtros ópticos de precisão, amplificadores ópticos
fibra do tipo monomodo, operando em comprimen-
para operação em diferentes comprimentos de onda,
tos de onda nos quais apresenta pequena dispersão.
acopladores de baixa perda, entre outros.
A fibra monomodo (SMF) satisfaz esta condição,
Um enlace utilizando a técnica de multiplexagem
operando no modo dominante. Por possuírem um
densa em comprimentos de onda (DWDM) emprega
diâmetro de núcleo muito pequeno (menor que
muitos desses componentes e dispositivos especiais,
10um), exigem técnicas para serem fabricadas. Para
como diodos laseres de elevada confiabilidade no
a transmissão usando WDM, a fibra monomodo
lado do transmissor, acopladores de vários compri-
apresenta características superiores às fibras multi-
mentos de onda com diferentes tecnologias de fabri-
modo, como o fato de possibilitarem uma maior
54

cação, amplificadores ópticos, desmutiplexadores, Diodos laseres fabricados com tecnologias mo-
filtros para separação dos comprimentos de onda, dernas, que operam em torno de 1,31µm e 1,55µm,
fotodetectores com elevada largura de faixa, etc. podem apresentar larguras espectrais inferiores a
0,5nm. [1] Como exemplo, pode-se citar o modelo
II. PROPRIEDADES GERAIS DOS DIODOS
NDL7912P produzido pela NEC que na janela de
LASERES
1,55µm apresenta largura de linha em torno de
O diodo laser (Light Amplification by Stimulated 4GHz, especificada em termos de freqüência. Por-
Emission of Radiation) é o componente responsável tanto, fazendo a devida conversão para valores em
pela geração de luz mais utilizado em sistemas de comprimentos de onda central, acha-se uma largura
comunicações ópticas de elevada capacidade e para espectral de 0,032nm. [2] Algumas das tecnologias
longo alcance. A luz é gerada através da emissão disponíveis para garantir estas características serão
estimulada de fótons, que permite produzir feixe de discutidas mais adiante.
luz mais coerente do que outras fontes. Do ponto de
P(λ)
vista ideal, esse feixe deveria ser constituído por
Pmáx
uma única freqüência. Na prática, são emitidos ou-
tros comprimentos de onda em torno do valor domi-
0,5Pmáx
nante, porém com amplitudes muito pequenas com-
paradas com a encontrada no comprimento de onda
λ
dominante. Além disto, a emissão estimulada garan-
te níveis de potência suficientemente elevados para ∆λ
garantir o seu emprego em enlaces de grandes dis-
Figura 1. Diagrama espectral típico de um diodo laser
tâncias, sem necessidade de repetidores intermediá- para comunicações ópticas.

rios. As características físicas dos laseres que afetam


Como as componentes de freqüência em torno da o desempenho de um sistema óptico são: a largura
fundamental possuem amplitudes pouco significati- de linha, sua estabilidade em freqüência e o número
vas o diodo laser aproxima-se de uma fonte ideal. de modos de oscilação. A largura de linha é a largura
Esta característica garante menor dispersão cromáti- espectral da luz gerada medida entre os pontos de
ca na fibra óptica, o que possibilita a modulação do meia potência do feixe óptico emitido. A denomina-
feixe de luz em elevadas taxas de transmissão. Um ção é originada do fato de os laseres modernos apre-
diagrama ilustrando o nível de potência emitida em sentarem pequeníssima diferença entre os compri-
função do comprimento de onda (λ) é ilustrado na mentos de onda que definem a largura espectral. O
Figura 1. Neste caso, especificam-se o comprimento conhecimento deste parâmetro é importante porque
de onda dominante, que apresenta maior potência influencia no espaçamento entre os canais ópticos a
emitida, e as demais emissões de nível menor. Os serem transmitidos na fibra. Além disto, tem grande
valores de λ para os quais o nível de potência cai efeito sobre a dispersão que ocorre quando a luz
para a metade do valor máximo identificam a largu- propaga-se ao longo da fibra. Quando a dispersão for
ra espectral da fonte óptica (∆λ). Quanto menor este muito elevada introduz uma severa limitação na taxa
parâmetro maior será o grau de coerência do laser máxima de transmissão de bits.
utilizado. A instabilidade nos laseres representa variações
no comprimento de onda da luz emitida, quando
55

analisada no domínio da freqüência. Sua presença Os sistemas pioneiros utilizavam exclusivamente os


impede a fixação exata da posição e do espaçamento repetidores-regeneradores. Esses equipamentos
entre canais, nos sistemas que empregam múltiplos recuperam o sinal elétrico, corrigem sua formatação,
comprimentos de onda. A instabilidade pode ocorrer submetem novo feixe óptico à modulação com o
em função de flutuações na temperatura e tolerâncias sinal restaurado e o reenviam através de novo lance
em outros parâmetros que determinam as caracterís- de fibra óptica. O tratamento do sinal de informação
ticas de oscilação do diodo laser. Para se evitarem é realizado eletronicamente com circuitos capazes de
grandes deslocamentos em freqüência, são utilizados operar em elevadíssimas taxas de bits. Alguns in-
métodos de compensação dos efeitos da temperatura convenientes são a exigência de projetos muito so-
e da corrente injetada na junção. fisticados para a resposta a elevadas taxas e as de-
O número de modos de oscilação produzidos por gradações dos componentes eletrônicos envolvidos.
um laser pode resultar numa dispersão significativa Esses desgastes são decorrentes do uso prolongado e
no processo de transmissão via fibra óptica. Portan- sistemático, de variações na temperatura e de outras
to, para todos os sistemas de elevada capacidade ou condições ambientais. Além desses fatos, quando os
que vão operar em múltiplos comprimentos de onda, repetidores-regeneradores operam em elevadas taxas
como é o caso dos que envolvem a tecnologia de de transmissão podem introduzir distorções no sinal
multiplexagem em comprimento de onda (WDM), é de modulação e aumentar a interferência entre canais
desejável a utilização de diodos laseres com apenas próximos. Para reduzir esses problemas, agravados
um modo de oscilação, genericamente designados com a exigência de aumento da quantidade de in-
como laseres monomodo. Nestes casos, seleciona-se formação a ser transmitida, esses regeneradores
o modo em que ocorre a maior potência de emissão, passaram a ter um custo muito elevado.
denominado modo dominante. Os demais, quando Com objetivo de superar alguns dos inconvenien-
existirem, têm níveis de potência muito pequenos tes desses sistemas, desenvolveram-se os amplifica-
comparados com a do modo dominante. dores ópticos, capazes de recuperar ou compensar os
Em busca dos objetivos principais para a fonte níveis de transmissão sem necessidade de detecção e
óptica de elevada estabilidade, grande potência de nova modulação. Portanto, o processamento ocorre
saída e com um modo de operação bem definido, no domínio óptico. Os amplificadores ópticos fazem
foram desenvolvidas diferentes tecnologias de fabri- a amplificação dos sinais de excitação, independente
cação desses dispositivos. Entre eles, destacam-se o do tipo de modulação ou dos protocolos utilizados,
diodo laser com cavidade de Fabry-Perot, o diodo garantindo o envio do feixe modulado a longas dis-
laser de cavidade enterrada, o laser de realimentação tâncias. Uma de suas vantagens em relação aos re-
distribuída, entre outros. generadores é o fato de não serem sensíveis às ele-
vadas taxas de bits e poderem amplificar vários
III. GENERALIDADES SOBRE AMPLIFICA-
comprimentos de onda simultaneamente, dentro de
DORES ÓPTICOS
sua faixa de atuação.
Nos sistemas de comunicações ópticas a longas
Os amplificadores ópticos usam uma fonte de
distâncias, o sinal transmitido, após propagar em
energia de bombeamento em determinado compri-
determinada distância, vai sofrer certa degradação
mento de onda, excitando elétrons de certos materi-
em sua amplitude (atenuação) e em sua forma (dis-
ais. Em alguns modelos, esses materiais são introdu-
persão). Freqüentemente, são necessários alguns
zidos para dopagem do núcleo de uma fibra óptica.
mecanismos que façam a recuperação desse sinal.
56

Sob a excitação da fonte de bombeamento, os elé- leção do tipo e do modelo do acoplador óptico, co-
trons são transferidos para níveis de energia mais mo o número de acessos, capacidade de seleção do
elevados, acumulando-se em um deles. Quando comprimento de onda, atenuação tolerada para o
retornam para o estado inicial, liberam energia no sinal, custo, exigências para instalação, etc. [1] Di-
comprimento de onda determinado pela diferença versos modelos de acopladores foram desenvolvidos
entre o nível em que houve o armazenamento de empregando várias tecnologias, com algumas carac-
elétrons e o do estado de repouso (lei de Planck). terísticas comuns.
Nestes modelos, empregam-se fibras dopadas Para aplicações em WDM são dispositivos que
com determinadas terras raras, como o érbio e o permitem acoplar feixes ópticos de duas ou mais
praseodímio, capazes de amplificar nas janelas de fontes, com diferentes comprimentos de onda de
1,55µm e 1,3µm, respectivamente. [1] Existem ou- máxima emissão, em uma única fibra óptica. Para
tros que se baseiam em efeitos não-lineares e espa- esta finalidade, têm comportamentos seletivos em
lhamentos estimulados na fibra, como os amplifica- comprimento de onda, como os desenvolvidos com
dores de Raman e de Brillouin. dispositivos angularmente dispersivos. Essas monta-
Os amplificadores ópticos podem executar fun- gens podem ser feitas com microprismas, grades de
ções de amplificadores de potência, atuarem como difração, fibras bicônicas fundidas (FBT - fused
amplificadores de linha ou como pré-amplificadores biconic tapered), interferômetros de Mach-Zehnder,
na entrada de um receptor instalado em ponto bem redes de difração (AWG - array waveguide gra-
afastado do transmissor. As figuras 2, 3 e 4 ilustram tings), filtros dielétricos, grades de Bragg, etc. Em
tais aplicações. sua maioria são componentes passivos que encami-
nham o sinal de entrada para duas ou mais saídas.
Amplificador de potência
Podem ser utilizados como multiplexadores ou des-
Transmissor Atenuador Receptor
mutiplexadores, com o tratamento em separado de
diferentes comprimentos de onda.
Figura 2. Um EDFA usado como amplificador de potên-
Os parâmetros relacionados ao acoplador WDM
cia instalado na saída de um transmissor óptico.
são a atenuação da luz em determinada faixa de
Pré-amplificador comprimentos de onda e a separação especificada
Transmissor Atenuador Receptor entre os canais. O dispositivo ideal deveria ter uma
janela de transmissão de baixa perda para cada com-
Figura 3. Um EDFA usado como pré-amplificador na primento de onda. Garantiria baixa perda por inser-
entrada de um receptor óptico, com objetivo de recuperar
o nível do sinal que sai na extremidade da fibra óptica. ção, que inclui eventuais perdas por reflexão e a
resultante da absorção de energia no material em-
Amplificador de linha
pregado. [3] Em acopladores WDM, estas perdas são
Transmissor Atenuador Receptor
especificadas para as diferentes faixas de compri-
mentos de onda. Além disso, cada um deve possuir
Figura 4. Um EDFA usado como amplificador de linha,
solução útil para sistemas que incorporam vários pontos um isolamento eficiente entre as portadoras ópticas,
de acesso em um enlace óptico. minimizando a interferência mútua (crosstalk). Na
IV. DISPOSITIVOS PARA ACOPLAMENTO prática, necessita-se que esse isolamento seja o me-
ÓPTICO lhor possível no lado do receptor (demultiplexador),
em terminações dos enlaces ou em ambas as extre-
São levados em conta diversos fatores para a se-
57

midades, quando for o caso de um sistema bidirecio-


Feixe óptico
nal. Finalmente, a separação entre um canal e outro
RL Eo
deve ser a menor possível, de acordo com a disponi-
bilidade de fonte de luz utilizada no sistema e de sua
Figura 6. Esquema básico de um fotodetector, com a
estabilidade. representação do sinal elétrico em sua saída a partir da
incidência do feixe óptico modulado.
V. DESCRIÇÃO GERAL DOS RECEPTORES
Para a escolha do fotodetector mais conveniente,
PARA SISTEMAS MULTICANAIS
devem ser considerados alguns parâmetros críticos.
a. Esquema básico do receptor óptico. A função de
Apesar de a fibra óptica, as emendas e os conectores
um receptor óptico é recuperar o sinal elétrico, re-
apresentarem baixas perdas, a potência de luz que
presentativo da mensagem enviada pelo transmissor,
atinge o final da transmissão é sempre muito peque-
a partir do feixe óptico modulado que chega em sua
na. Assim, em primeiro lugar, o dispositivo deve
entrada. Um componente fundamental do receptor é
apresentar elevada sensibilidade no comprimento de
o fotodetector, que fornece o sinal elétrico de saída a
onda da luz guiada na fibra.
partir de aplicações do efeito fotoelétrico. A Figura 5
Levando em conta que se empregam modulações
apresenta um diagrama em blocos e alguns compo-
a taxas cada vez maiores, o componente para a de-
nentes de um receptor óptico. Eventualmente, pode
tecção deve ter grande velocidade de resposta, per-
ser necessária a inclusão de um pré-amplificador
mitindo a recuperação confiável do sinal transmiti-
óptico antes do fotodetector. Isto é comum em sis-
do. [1] Além disto, para não comprometer o desem-
temas de longa distância, quando o nível do sinal
penho final, o detector deve variar o mínimo suas
modulado chegar muito atenuado. [1]
características originais com o uso prolongado e sob

Circuito
as condições normais de operação. Isto é necessário
Sinal Amplifi- Fotode- Ampli- Dados
óptico cador de devido ao fato de que o equipamento estará sujeito a
tector ficador estimados
óptico decisão
diversas variações das condições de trabalho, inclu-
Figura 5. Diagrama em blocos de um receptor óptico. A indo flutuações na tensão de alimentação e mudan-
etapa do amplificador óptico na entrada pode ser neces-
sária para sistemas de grandes extensões, quando o feixe ças nas condições ambientais.
óptico chegar muito atenuado.
b. Função do fotodetector. O próximo bloco é o c. Geração da fotocorrente. Os fotodetectores são

fotodetector que fornece uma corrente elétrica pro- componentes feitos com materiais semicondutores

porcional à potência óptica incidente. Este sinal onde fótons incidentes são absorvidos em sua banda

elétrico é conhecido como fotocorrente ou corrente de valência. Os elétrons que absorvem essa energia

fotogerada. O esquema básico é mostrado na Figura são transferidos para a banda de condução, deixando

6, onde a tensão do sinal fotodetectado é desenvol- uma lacuna na banda de valência. Isto é possível se a

vida na resistência de carga. Após o fotodetector, energia do fóton for igual ou superior à diferença

utiliza-se um amplificador que aumenta o nível do entre a banda de condução e a banda de valência,

sinal elétrico para um valor utilizável pelo circuito isto é, a diferença de energia correspondente à banda

de decisão, que estima os dados recebidos na saída proibida do material. De acordo com a lei de Planck,

do amplificador. O projeto do circuito de decisão isto é possível se o comprimento de onda do feixe

depende do esquema de modulação utilizado para óptico incidente for menor ou no máximo igual a um

transmitir os dados. valor crítico, que determina o limite de sensibilidade


do material empregado. Por exemplo, para dispositi-
58

vos de silício, o feixe deve ter comprimento de onda 25GHz (0,2nm). Normalmente, os comprimentos de
igual ou inferior a 1.100nm, para o arsenieto de gálio onda ocupam o espectro óptico entre 1.500nm e
deve ser menor ou igual a 870nm, etc.. Quando uma 1.600nm. Apresentam elevada capacidade de trans-
tensão externa for aplicada, os elétrons livres da missão por canal, com taxas de modulação superio-
banda de condução e lacunas da banda de valência res a 10Gb/s, chegando a 1Tb/s, por uma única fibra
deslocam-se formando a corrente fotogerada. [1] A óptica. Pode transmitir vários protocolos, com taxas
Figura 7 ilustra a idéia apresentada. de transmissão diferentes, com canais ópticos tendo
espaçamento até inferior a 1nm. Neste caso, há ne-
Banda de condução
cessidade de cuidados especiais para garantir que um
Elétron
canal não interfira no outro.
Banda O DWDM permite transmitir dados, voz e vídeo
proibida
simultaneamente com elevadíssimas taxas de trans-
Fótons Lacuna missão. Tem sido aplicado na fibra padronizada
Banda de valência G.652, de tipo monomodo, utilizada em enlaces

Figura 7. Funcionamento de um fotodetector utilizando um principais de fibra óptica. É possível transmitir si-
semicondutor. nais com taxas ou formatos diferentes, com pratica-
VI. MULTIPLEXAÇÃO DENSA EM COM- mente o mesmo grau de desempenho, confiabilidade
PRIMENTOS DE ONDA e robustez.
Uma desvantagem é sua maior complexidade,
A multiplexação densa em comprimento de onda
pois, com o aumento dos canais, poderá ocorrer
(DWDM de Dense Wavelength Division Multiple-
maior interferência entre as mensagens em portado-
xing) surgiu no final da década de 1990. Essa técnica
ras adjacentes (interferência de co-canal) e intermo-
é uma das evoluções do WDM, onde se transportam
dulação dos diferentes feixes, quando houver alguma
vários comprimentos de onda simultaneamente atra-
não-linearidade no meio de transmissão. Sendo as-
vés de uma única fibra óptica, conseguindo obter
sim, componentes como filtros e outras partes do
uma elevada capacidade de transmissão. Tem uma
sistema devem ter uma resposta ao módulo da fun-
capacidade muito maior que alguns outros sistemas
ção de transferência a mais plana possível e a res-
que o antecederam, como no CWDM. Segundo a
posta relativa ao deslocamento de fase obrigatoria-
União Internacional de Telecomunicações (ITU, de
mente quase linear com a freqüência. As potências
International Telecommunications Union) os siste-
das fontes ópticas necessitam ser elevadas, exigindo
mas DWDM podem combinar até 64 canais ópticos
controles automáticos para garantir a estabilidade
em uma mesma fibra. [4] Dependendo da estabilida-
dos valores de saída.
de dos laseres e da capacidade de separação na en-
A tecnologia DWDM é transparente ao formato
trada e na saída, existe multiplexação densa em
modulação e aos protocolos de transmissão, como os
comprimento de onda de até 128 canais ópticos. Já
envolvidos nas tecnologias de SDH, IP, ATM, Fra-
há testes que comprovam ser possível multiplexar
me Relay etc. Taxas de transmissão diferentes, como
uma quantidade superior a 200 canais. [5]
622Mb/s, 2.5Gb/s, 10Gb/s, podem ser multiplexadas
A tecnologia trabalha basicamente nas janelas C
numa mesma fibra. Isto torna possível agrupar usuá-
e L, na faixa de 1.470nm a 1.630nm e o espaçamen-
rios ou serviços dentro de uma banda passante maior
to entre os canais pode ser de 200GHz (1,6nm),
sem multiplexadores temporais, o que facilita o
100GHz (0,8nm), 50GHz (0,4nm), podendo chegar a
59

gerenciamento, a provisão de serviços e reduz os de valores muito próximos, permitindo grande au-
custos da rede de alta capacidade. mento na capacidade dos sistemas.
Sistemas DWDM operam com menor espaça-
VIII. REFERÊNCIAS
mento dos comprimentos de onda, resultando, por-
tanto, em uma maior capacidade total. A Tabela 1 [1] RIBEIRO, J. A. J. Comunicações Ópticas.
apresenta algumas diferenças básicas entre alguns São Paulo: Érica, 2003.
sistemas analisados. Comparando as tecnologias, [2] NIPPON ELECTRIC CORPORATION.
conclui-se que a opção para o CWDM normalmente Laser diode. Disponível em:
é feita para reduzir os custos, pois fica em até 30% <http://category.alldatasheet.com/index.jsp?sse
dos sistemas que empregam a tecnologia DWDM. archword=laser%20diode>. Acesso em: 01
Esta última é selecionada para aplicações onde a jun. 2010.
densidade dos canais ou a largura de banda tenham [3] SENIOR, J. M., Optical Fiber Communica-
maior relevância. tions Principles and Practice. Londres: Pren-

Tabela 1. Comparação entre sistemas CWDM e DWDM. tice Hall, 1985.


[4] INTERNACIONAL TELECOMMUNICA-
Características CWDM DWDM
TIONS UNION. DWDM. Disponível em:
Número de λ que <http://www.itu.int/rec/T-REC-G/es>. Acesso
podem ser combi-
16 64 em 11 jun. 2010.
nados em uma única
fibra [5] KITAGAWA, M. M. S., WDM e suas Tec-
1.492,25nm
Faixa de compri- 1.310nm a nologias. Disponível em:
a
mento de onda 1.610nm
1.611,79nm <http://www.gta.ufrj.br/grad/04_1/wdm/dwdm
Espaçamento en-
20 nm 0.8 nm .html>. Acesso em 11 jun. 2010.
tre canais
Bandas ópticas
O, E e C S, C e L
utilizadas
Redes Aplicações
Áreas de aplica-
Metropoli- ponto a
ções
tanas ponto
Densidade, devido
ao espaçamento Baixa Alta
entre os canais

VII. CONCLUSÃO
Foram estudados diversos dispositivos, compo-
nentes e subsistemas empregados em comunicações
ópticas de elevadas taxas de transmissão. Descreve-
ram-se os integrantes dos transmissores, dos recepto-
res, acopladores, divisores de feixes, filtros, entre
outros. Foram feitos estudos de suas aplicações em
redes ópticas que utilizam a tecnologia de multiple-
xação em comprimento de onda, em particular as
que adotam a multiplexação densa. Nesta aplicação,
os diferentes comprimentos de onda estão separados

Você também pode gostar