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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CURSO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LITERATURA
DISCIPLINA DE LITERATURA PORTUGUESA II
PROF. DRA. ELIZABETH DIAS MARTINS

Discente: Beatriz Barbosa

O Realismo (1865-1890)

O Romantismo já estava desgastado e sofrendo muitas críticas de Coimbra; os estudantes, movidos pelas
vanguardas, unem-se em uma associação chamada ​Sociedade do Raio​, criada por Antero de Quental. Os
participantes começaram a publicar, e Teófilo Braga publicou em 1864 dois volumes de versos. De um outro lado,
Castilho criticou os jovens de Coimbra, comentando que faltava talento aos autores, em especial Antero e Teófilo,
que revidam num opúsculo intitulado Bom Senso e Bom Gosto. Desta maneira, surgiu uma polêmica que foi
chamada de Questão Coimbrã, que dividiu as pessoas em dois partidos, pró Castilho e pró Antero. U, tempo
após, em 18658, os anti românticos se reuniram em Lisboa no grupo do Cenáculo. Em 1871, os rapazes do
Cenáculo organizaram conferências públicas para discutir questões ideológicas. O documento contava com 12
assinaturas. E seis conferências ministradas respectivamente por Antero de Quental, Augusto Seromenho, Eça de
Queirós, Adolfo Coelho e Salomão Sáraga. As conferências foram canceladas antes de seu término, mas o
espírito revolucionário permaneceu, Eça de Queirós publica O Crime do Padre Amado e em seguida vêm
publicações de obras teóricas. De toda forma. a geração realista se dispersou, ainda que as ideias filosóficas e
científicas que Darwin, Spencer, Hegel e outros tenham se mantido.
Sobre as origens do Realismo, sabe-se que é de origem francesa contando com manifestações anti
românticas desde 1850, com Gustave Coubert. Agora, sobre suas características, os Realistas eram
extremamente anti românticos, eram anti subjetivistas, racionalistas, deterministas, não tinham motivações
teológicas, eram republicanos e não raro socialistas. Usavam suas obras como um instrumento de luta e de
reforma social, procurando denunciar as hipocrisias e a verdadeira face da sociedade, fazendo com que suas
obras se tornassem como um espelho da sociedade burguesa.

A poesia do cotidiano. Cesário Verde.

Cesário Verde é o nome que representa a poesia de cotidiano portuguesa, que veio junto do realismo, mas
não tinha o mesmo cunho político e social, e se aproxima do movimento artístico impressionista.
José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa, em 1855, teve uma existência curta e anônima, com obra
póstuma, sendo mais reconhecido apenas depois de sua morte, quando a crítica lhe voltou os olhos. Sua poesia
serviu de trânsito para o Romantismo e o Realismo, mas continha aspectos que viriam a ser presentes apenas no
Simbolismo e no Modernismo.
Na poesia de Cesário se encontra algo inédito, a inversão da relação Poeta x Mundo, pois ao invés de retratar
apenas o exterior do objeto, como uma visão fotográfica, ele o identifica sentimentalmente, usa da sensibilidade e
do seu mundo interior.
Sendo também um poeta de fases, a sua primeira conta com influências de João Penha, cultiva um cinismo
de fachada, mascarando o despontar de uma certa sensibilidade. Sua segunda fase foi a descoberta da cidade e
seu cotidiano, e na terceira, ele se volta mais ao campo.

A poesia metafísica. Antero de Quental.

Antero de Quental se ocupou da poesia que foca no eu, por que eu sou, de onde vim, para onde vou, a
poesia metafísica, poesia a tal nasceu como uma válvula de escape à angústia do homem português. Quental
nasceu em Açores e foi destaque no meio da Questão Coimbrã e na orientação das conferências, homem muito
inteligente que sempre questionou a sociedade, a academia e a literatura, sempre vendo as contradições
envolvidas. Sua poesia inicial tinha um caráter revolucionário e um entusiasmo juvenil, mas passou a uma
segunda fase, mais pessimista e introvertida, onde, tocado pelo desalento, suicidou-se a tiros em 11 de setembro
de 1891.
Suas obras foram, na sua primeira fase: Odes Modernas (1865), Primaveras Românticas. Versos dos Vinte
Anos (1871) , Sonetos Completos (1886), Raios de Extinta Lux (1892); na sua segunda fase,Prosas (1923, 1926,
1931), três volumes. O valor da poesia filosófica de Antero ficou patenteado em suas obras, as quais foram feitas
para sentir e compreender Antero, considerado um dos mais ricos organismos poéticos de Portugal, logo ao lado
de Camões, Bocage e Fernando Pessoa.

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