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COMUNIDADES TRADICIONAIS E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

ESTUDOS A PARTIR DO TERRITÓRIO DA BAÍA DA ILHA GRANDE

(TÓPICOS ESPECIAIS EM MEIO AMBIENTE – DED 00296)

EMENTA
Este curso tem como proposta organizar um ambiente de debate e reflexão sobre as relações existentes
entre a política de Unidades de Conservação (UCs) e as comunidades tradicionais. Embora este tema
envolva uma série de nuances, a questão central é que a demarcação das UCs (também conhecidas como
“áreas protegidas”) vem sendo realizada quase sempre de maneira sobreposta aos territórios de
comunidades tradicionais. Desde meados da década de 1970, a política pública de meio ambiente
delimita parques, reservas, áreas de proteção ambiental, estações ecológicas, dentre outros tipos de UCs.
A implementação de unidades de conservação é uma estratégia de política ambiental adotada no mundo
inteiro e que possibilitou uma enorme contribuição em frear os processos de expropriação e degradação
da natureza, relacionados sobretudo à expansão das atividades urbano-industriais e da fronteira
agropecuária.
Por outro lado, as unidades de conservação, da forma como vêm sendo concebidas e geridas, acarretam
em sérias restrições aos costumes das comunidades tradicionais, em particular no que tange à prática
agrícola, pesqueira e extrativista. Tal conflito advém particularmente do referencial preservacionista que
permeou a concepção originária de política ambiental, o qual desconsidera o importante papel que
cumprem as comunidades tradicionais no tocante a conservação da natureza. De todo modo, dentre os
técnicos e gestores das unidades de conservação, vem ganhando também escala uma visão
socioambientalista, que entende as comunidades tradicionais também como responsáveis pela
manutenção das “florestas em pé” e pela construção da agrobiodiversidade.
Tomando essa questão como um fio condutor, o curso iniciará os encontros a partir do debate
aprofundado sobre as categorias “comunidades tradicionais” e “unidades de conservação”,
particularmente a partir da contribuição de um conjunto importante de estudos antropológicos. Na
sequência, as aulas versarão sobre temas diversificados, como, por exemplo, agrobiodiversidade,
agroecologia, conhecimentos tradicionais, direitos e bens comuns, bem-viver e conflitos por terra e
território, dentre outros. Cabe ressaltar que, como o próprio nome indica, o curso terá o território da Baía
da Ilha Grande como objeto de discussão e as aulas contarão com a participação de representantes das
comunidades tradicionais, das unidades de conservação e de outros órgãos públicos e movimentos
sociais, no intuito de apresentar os casos de conflito e as experiências de diálogo e construção coletiva
que vem sendo desenvolvidas na região.
INFORMAÇÕES GERAIS

Nome da Disciplina: TÓPICOS ESPECIAIS EM MEIO AMBIENTE “COMUNIDADES TRADICIONAIS E

CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – ESTUDOS A PARTIR DO TERRITÓRIO DA BAÍA DA ILHA GRANDE”

Carga Horária: 60 HORAS (TEÓRICA)

Professor responsável: JOSÉ RENATO SANT’ANNA PORTO

Contato e Informações adicionais: JOSERSPORTO@GMAIL.COM

Horário: QUARTAS-FEIRAS, DAS 14:00 AS 18H00

Departamento/Coordenação de Execução: DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

Curso(s): POLÍTICAS PÚBLICAS, GEOGRAFIA E PEDAGOGIA


ABERTA TAMBÉM PARA PÚBLICO EXTERNO, MEDIANTE INSCRIÇÃO POR E-MAIL

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

AULA 1
APRESENTAÇÃO DO CURSO, DOS PARTICIPANTES E DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(23/08)

O QUE SÃO COMUNIDADES TRADICIONAIS? - I

Texto indicado:

ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Terras tradicionalmente ocupadas: processos de


territorialização, movimentos sociais e uso comum. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e
AULA 2 Regionais V.6; Nº1. Maio, 2004. p 9 – 32
(30/08)
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Terras de preto, terras de santo, terras de índio: uso
comum e conflito. Brasil Rural em Debate. Brasília: CONDRAF-MDA, 2010, p. 104-136.
(leitura complementar)

Debate com Representantes de comunidades tradicionais

O QUE SÃO COMUNIDADES TRADICIONAIS? - II


AULA 3
DIEGUES, Antonio Carlos Sant'ana. A Mudança como modelo cultural: o caso da cultura
(06/09) caiçara e a urbanização. In: Antonio Carlos Diegues. (Org.). Enciclopédia Caiçara - V 1 - O
Olhar do Pesquisador. 1ed.São Paulo: Hucitec, NUPAUB e CEC, 2004, v. 1, p. 21-48.
PRADO, Rosane Manhães. Viagem pelo conceito de populações tradicionais, com aspas. In:
Carlos Alberto Steil ; Isabel Cristina de Moura Carvalho. (Org.). Cultura, percepção e
ambiente. Diálogos com Tim Ingold. 1ed.São Paulo: Terceiro Nome, 2012, p. 183-189 (leitura
complementar I)
ARRUTI, José Maurício. A emergência dos remanescentes: notas para o diálogo entre
indígenas e quilombolas. Mana (Rio de Janeiro), Rio de Janeiro, v. 3, n.2, p. 7-38, 1997.
(leitura complementar II)
Há caiçaras, sim, na Ilha Grande – RJ. Texto produzido pelo Fórum Contra a Privatização da
Baía da Ilha Grande. Janeiro, 2017. (leitura complementar III)

Filmes: Narrativas Caiçaras + Vento Contra

O QUE SÃO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO/ÁREAS PROTEGIDAS? - I

Texto indicado:

AULA 4 BENSUSAN, Nurit. Diversidade e Unidade: um dilema constante. Uma breve história da ideia
de conservar a natureza em áreas protegidas e seus dilemas. In: Nurit Bensusan; Ana Paula
(13/09) Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade? Áreas Protegidas no Brasil. 1ed.Brasilia:
IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 30-81.

Atividade prática: Mosaico de áreas protegidas na Baía da Ilha Grande

O QUE SÃO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO/ÁREAS PROTEGIDAS? - II

Texto indicado:

SANTILLI, J. F. R.. Áreas protegidas e direitos de povos e comunidades tradicionais. In: Nurit
Bensusan; Ana Paula Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade? Áreas Protegidas no
Brasil. 1ed.Brasilia: IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 398-434.
AULA 5
(27/09)
Debate:
Representante do Ministério Público Federal (MPF), representante da Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC Tamoios) e representante da comunidade de Tarituba (Paraty – RJ).
TERRITÓRIO, BENS COMUNS E BEM VIVER

Texto indicado:

LEROY, Jean Pierre. Mercado ou Bens Comuns? O papel dos povos indígenas, comunidades
tradicionais e setores do campesinato diante da crise ambiental. Rio de Janeiro: FASE –
Federação de Órgãos para Assessoria Social e Educacional, 2016, 44p.

ACOSTA, Alberto. O bem viver. Uma oportunidade para imaginar outros mundos. São
Paulo: Autonomia Literária. Elefante. 2016. 264p. (leitura complementar I)
AULA 6
MACAS, Luis. El Sumak Kawsay. Revista Yachaykuna. Instituto Científico de Culturas
(04/10) Indígenas. N. 13. 2010. p. 13 – 39 (leitura complementar II)
QUIJANO, Anibal. Bien Vivir para redistribuir el poder: los pueblos indígenas y su propuesta
alternativa en tiempos de dominación global. Revista Yachaykuna. Instituto Científico de
Culturas Indígenas. N. 13. 2010. p. 47 – 63 (leitura complementar III)
Sugestões para pesquisa:
Territórios Comuns – Instituto Intersaber: http://www.intersaber.org/portfolio/territorios-
comuns
Biblioteca do Comum: http://bibliotecadocomum.org

Filmes: Bens Comuns (Diegues) + Demarcação Já + Série Bens Comuns (FASE)

AGROECOLOGIA, AGROBIODIVERSIDADE E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS I

Aula Prática no Campus Retiro: 08h as 12h


Atividade com Zé Ferreira, agricultor agroflorestal de Paraty.
AULA 7 Texto indicado:
(18/10) MAY, P; TROVATTO, C. Manual Agroflorestal para a Mata Atlântica. Brasília: Ministério
do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Agricultura Familiar, 2008. 196p.

Filmes: Curta Agroecologia (Articulação Nacional de Agroecologia – ANA)

AGROECOLOGIA, AGROBIODIVERSIDADE E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS II

Texto indicado:
AULA 8
TOLEDO, V. M; BARRERA-BASSOLS, N. A memória biocultural. A importância
(25/10) ecológica das sabedorias tradicionais. São Paulo, Editora Expressão Popular, 2015 (páginas
11-22 + 43-84)

Filme: Sementes da Liberdade (GAIA)


AGROECOLOGIA, AGROBIODIVERSIDADE E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS III

Texto indicado:
SANTILLI, J. F. R.. A Agrobiodiversidade e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza. In: Nurit Bensusan; Ana Paula Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade?
Áreas Protegidas no Brasil. 1ed.Brasilia: IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 470-506.

DIEGUES, Antonio Carlos Sant'ana. Saberes Tradicionais e Etnoconservação. In: Antonio


Carlos Sant´Ana Diegues; Virgilio M. Viana. (Org.). Comunidades Tradicionais e Manejo
dos Recursos Naturais da Mata Atlântica. 2ed.São Paulo: Hucitec / Nupaub, 2004, v. 1, p. 9-
22. (leitura complementar I)
AULA 9 OLIVEIRA, Joana Cabral de. Mundos de roças e florestas. Boletim do Museu Paraense Emílio
(01/11) Goeldi Ciencias Humanas, v. 11, p. 115-131, 2016 (leitura complementar II)
EMPERAIRE, Laure; LOPEZ GARCEZ, Claudia. Dinâmicas das agriculturas amazônicas.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciencias Humanas., Belém, v. 11, n. 1, p. 13-16,
2016 (leitura complementar III)
FIGUEROA, Alba. Guaraná, a máquina do tempo dos Sateré-Mawé. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi Ciencias Humanas., Belém, v. 11, n. 1, p. 55-85, 2016 (leitura
complementar IV)
MATTOS, C. Expressões Agroecológicas a partir das percepções socioambientais da
agricultura tradicional e camponesa de Paraty/RJ. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Ciência Ambiental, Universidade Federal Fluminense, 2011 (leitura
complementar V)

A HISTÓRIA E A ATUALIDADE DOS CONFLITOS TERRITORIAIS NA BAÍA DA ILHA GRANDE I


AULA
Roda de conversa:
10
Convidados a confirmar – representantes de comunidades tradicionais e de unidades de
(08/11)
conservação do território da Baía da Ilha Grande

A HISTÓRIA E A ATUALIDADE DOS CONFLITOS TERRITORIAIS NA BAÍA DA ILHA GRANDE II


AULA
11
Trabalho de Campo: local e logística a definir.
(18/11)

A HISTÓRIA E A ATUALIDADE DOS CONFLITOS TERRITORIAIS NA BAÍA DA ILHA GRANDE III

Apresentações:
AULA
12 Neoliberalismo contemporâneo e as privatizações na política ambiental (José Renato Porto -
UFF)
(22/11)
O caso da Parceria Público-Privada da Ilha Grande (representante do Fórum Contra a a
Privatização da Baía da Ilha Grande)
A política da política pública de Unidades de Conservação no estado do Rio de Janeiro
(convidados a definir)

A HISTÓRIA E A ATUALIDADE DOS CONFLITOS TERRITORIAIS NA BAÍA DA ILHA GRANDE IV

Apresentações:
AULA
13 - A luta por educação é a luta pelo território. Experiências de educação diferenciada em
comunidades tradicionais na Baía da Ilha Grande.
(29/11)
Convidados: Domingos Nobre, Mara Oliveira, Lício Monteiro e Diogo Marçal +
Representantes Indígenas, Caiçaras e Quilombolas

PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E MONTAGEM DA INSTALAÇÃO PEDAGÓGICA


AULA
14
As Instalações Pedagógicas são cenários montados que guardam aspectos de uma instalação
(06/12) artística em sua dimensão estética, compondo uma multiplicidade de elementos que
caracterizam determinada questão, problema ou, no nosso caso, determinado território. São
estratégias que vem sendo utilizadas para fortalecer o intercâmbio entre experiências no
campo da agroecologia, retratando não apenas as práticas agrícolas em si, mas também os
desafios colocados em cada território.
Como parte da avaliação, a proposta é que os participantes do curso organizem uma Instalação
Pedagógica que retrate a diversidade dos temas estudados, apresentando elementos que
caracterizem o território da Baía da Ilha Grande.

AULA
15 AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CURSO
(13/12)

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