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EMENTA
Este curso tem como proposta organizar um ambiente de debate e reflexão sobre as relações existentes
entre a política de Unidades de Conservação (UCs) e as comunidades tradicionais. Embora este tema
envolva uma série de nuances, a questão central é que a demarcação das UCs (também conhecidas como
“áreas protegidas”) vem sendo realizada quase sempre de maneira sobreposta aos territórios de
comunidades tradicionais. Desde meados da década de 1970, a política pública de meio ambiente
delimita parques, reservas, áreas de proteção ambiental, estações ecológicas, dentre outros tipos de UCs.
A implementação de unidades de conservação é uma estratégia de política ambiental adotada no mundo
inteiro e que possibilitou uma enorme contribuição em frear os processos de expropriação e degradação
da natureza, relacionados sobretudo à expansão das atividades urbano-industriais e da fronteira
agropecuária.
Por outro lado, as unidades de conservação, da forma como vêm sendo concebidas e geridas, acarretam
em sérias restrições aos costumes das comunidades tradicionais, em particular no que tange à prática
agrícola, pesqueira e extrativista. Tal conflito advém particularmente do referencial preservacionista que
permeou a concepção originária de política ambiental, o qual desconsidera o importante papel que
cumprem as comunidades tradicionais no tocante a conservação da natureza. De todo modo, dentre os
técnicos e gestores das unidades de conservação, vem ganhando também escala uma visão
socioambientalista, que entende as comunidades tradicionais também como responsáveis pela
manutenção das “florestas em pé” e pela construção da agrobiodiversidade.
Tomando essa questão como um fio condutor, o curso iniciará os encontros a partir do debate
aprofundado sobre as categorias “comunidades tradicionais” e “unidades de conservação”,
particularmente a partir da contribuição de um conjunto importante de estudos antropológicos. Na
sequência, as aulas versarão sobre temas diversificados, como, por exemplo, agrobiodiversidade,
agroecologia, conhecimentos tradicionais, direitos e bens comuns, bem-viver e conflitos por terra e
território, dentre outros. Cabe ressaltar que, como o próprio nome indica, o curso terá o território da Baía
da Ilha Grande como objeto de discussão e as aulas contarão com a participação de representantes das
comunidades tradicionais, das unidades de conservação e de outros órgãos públicos e movimentos
sociais, no intuito de apresentar os casos de conflito e as experiências de diálogo e construção coletiva
que vem sendo desenvolvidas na região.
INFORMAÇÕES GERAIS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
AULA 1
APRESENTAÇÃO DO CURSO, DOS PARTICIPANTES E DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(23/08)
Texto indicado:
Texto indicado:
AULA 4 BENSUSAN, Nurit. Diversidade e Unidade: um dilema constante. Uma breve história da ideia
de conservar a natureza em áreas protegidas e seus dilemas. In: Nurit Bensusan; Ana Paula
(13/09) Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade? Áreas Protegidas no Brasil. 1ed.Brasilia:
IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 30-81.
Texto indicado:
SANTILLI, J. F. R.. Áreas protegidas e direitos de povos e comunidades tradicionais. In: Nurit
Bensusan; Ana Paula Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade? Áreas Protegidas no
Brasil. 1ed.Brasilia: IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 398-434.
AULA 5
(27/09)
Debate:
Representante do Ministério Público Federal (MPF), representante da Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC Tamoios) e representante da comunidade de Tarituba (Paraty – RJ).
TERRITÓRIO, BENS COMUNS E BEM VIVER
Texto indicado:
LEROY, Jean Pierre. Mercado ou Bens Comuns? O papel dos povos indígenas, comunidades
tradicionais e setores do campesinato diante da crise ambiental. Rio de Janeiro: FASE –
Federação de Órgãos para Assessoria Social e Educacional, 2016, 44p.
ACOSTA, Alberto. O bem viver. Uma oportunidade para imaginar outros mundos. São
Paulo: Autonomia Literária. Elefante. 2016. 264p. (leitura complementar I)
AULA 6
MACAS, Luis. El Sumak Kawsay. Revista Yachaykuna. Instituto Científico de Culturas
(04/10) Indígenas. N. 13. 2010. p. 13 – 39 (leitura complementar II)
QUIJANO, Anibal. Bien Vivir para redistribuir el poder: los pueblos indígenas y su propuesta
alternativa en tiempos de dominación global. Revista Yachaykuna. Instituto Científico de
Culturas Indígenas. N. 13. 2010. p. 47 – 63 (leitura complementar III)
Sugestões para pesquisa:
Territórios Comuns – Instituto Intersaber: http://www.intersaber.org/portfolio/territorios-
comuns
Biblioteca do Comum: http://bibliotecadocomum.org
Texto indicado:
AULA 8
TOLEDO, V. M; BARRERA-BASSOLS, N. A memória biocultural. A importância
(25/10) ecológica das sabedorias tradicionais. São Paulo, Editora Expressão Popular, 2015 (páginas
11-22 + 43-84)
Texto indicado:
SANTILLI, J. F. R.. A Agrobiodiversidade e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza. In: Nurit Bensusan; Ana Paula Prates. (Org.). A Diversidade Cabe na Unidade?
Áreas Protegidas no Brasil. 1ed.Brasilia: IEB Mil Folhas, 2014, v. 1, p. 470-506.
Apresentações:
AULA
12 Neoliberalismo contemporâneo e as privatizações na política ambiental (José Renato Porto -
UFF)
(22/11)
O caso da Parceria Público-Privada da Ilha Grande (representante do Fórum Contra a a
Privatização da Baía da Ilha Grande)
A política da política pública de Unidades de Conservação no estado do Rio de Janeiro
(convidados a definir)
Apresentações:
AULA
13 - A luta por educação é a luta pelo território. Experiências de educação diferenciada em
comunidades tradicionais na Baía da Ilha Grande.
(29/11)
Convidados: Domingos Nobre, Mara Oliveira, Lício Monteiro e Diogo Marçal +
Representantes Indígenas, Caiçaras e Quilombolas
AULA
15 AUTO-AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CURSO
(13/12)