Você está na página 1de 106

DIAGNÓSTICO FAUNÍSTICO

INTRODUÇÃO GERAL

Dentre as opções de geração de energia, a eólica é uma das mais


competitivas na matriz energética brasileira, pois além de ser uma das
alternativas mais viáveis, procura conciliar o desenvolvimento sustentável com
a eficiência energética (Oliveira e Santos, 2008).
Alguns impactos ambientais são atribuídos à instalação e operação de
parques eólicos, dentre os quais destacam-se aqueles associados à fauna. A
fragmentação e perda de habitat, morte por colisões com os aerogeradores e
estruturas associadas no caso de aves e morcegos, alteração na distribuição
espacial, mudanças na movimentação e uso da paisagem, além de alterações
no comportamento e dinâmica reprodutiva são alguns desses impactos, que
podem atingir diversos grupos de fauna (Kikuchi, 2008; Santos et al., 2009).
Entretanto, os inúmeros fragmentos de vegetação natural que
prevalecem sobre as áreas da Caatinga e demais Biomas brasileiros e os
habitats criados devido às alterações ambientais parecem sustentar uma fauna
ainda similar às comunidades originais (Rodrigues, 2005). Por isso,
compreender e monitorar os padrões de diversidade é uma importante forma
de contribuir com conservação no Brasil.
Para se conhecer uma área, o levantamento e diagnóstico de espécies
de vertebrados da fauna é necessário, principalmente para se compreender a
distribuição espacial das espécies, produzindo informações seguras e rápidas
em diagnósticos ambientais abrangentes e no monitoramento de áreas de
relevância biológica no sentido de fornecer informações básicas para a
elaboração de medidas de minimização dos potenciais impactos ambientais.
Os dados locais e regionais resultantes deste diagnóstico representam
uma grande contribuição ao conhecimento técnico-científico das condições
ambientais da área de intervenção do empreendimento. Adiciona-se o fato de
que se tornarão disponíveis informações sobre o grau de conservação de
remanescentes e sua composição faunística. Assim, este estudo tem como
objetivo gerar informações relevantes com relação à mastofauna terrestre,
quiropterofauna, avifauna e herpetofauna nas áreas de influência do Complexo
Eólico Santo Agostinho, nos municípios de Lajes e Pedro Avelino, Rio Grande
do Norte. Além disso, são indicados os principais impactos previstos sobre
cada grupo da fauna, e sugeridas medidas e programas de manejo e
conservação que mitiguem a interferência negativa do empreendimento.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DESTUDO

A localidade objeto deste estudo se insere nos domínios da Caatinga,


único Bioma exclusivamente brasileiro, que possui uma área de 844.453 km²,
ocupando cerca de 11% do território brasileiro e estendendo-se pelos estados
do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais (IBGE, 2004). A Caatinga tem
passado por um extenso processo de alteração e deterioração ambiental
causado pelo uso insustentável dos recursos naturais, e no Brasil é o Bioma
menos protegido por Unidades de Conservação, com menos de 1% de áreas
protegidas (Leal et al. 2005).
A área de estudo possui vegetação do tipo Caatinga hiperxerófila
(IBGE, 2004). Na área de influência direta do empreendimento há diversos
afloramentos rochosos (Figura 1A), e a vegetação é predominantemente
arbustiva (Figura 1B), com diversas espécies de cactáceas como facheiro
(Pilosocereus sp.) e bromeliáceas como a macambira (Encholirium spectabile)
(Figura 2A). Em relação aos corpos d’água, no entorno e na área do
empreendimento, há rios e riachos temporários com leito seco ou empoçado
nos períodos de seca (Figura 2B), além de alguns açudes (Figura 3A). As
principais formas de uso do solo são para criação de animais domésticos e há
o corte e utilização da vegetação como lenha para fornos de carvão (Figura
3B).
(A)
(B)
Figura 1: (A) Lajeiros na área do empreendimento. (A) Aspecto geral da vegetação na
área do empreendimento. Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

(A) (B)
Figura 2: (A) Touceira de cactáceas e macambiras. (B) Leito pedregoso de rio seco na
área do empreendimento. Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

(A) (B)
Figura 3: (A) Açude na área do empreendimento. (B) Utilização de lenha em fornos
artesanais. Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Os pontos para amostragem da fauna foram escolhidos de modo a


abranger diversas fisionomias e diferentes ambientes (ou habitats) ao longo de
toda a área do empreendimento, principalmente áreas de mata secundária e
conservada, afloramentos rochosos e no entorno de corpos d’água (Error:
Reference source not found). A características ambientais predominantes nos
pontos de amostragem são detalhadas na Tabela 1.

Figura 4: Pontos de amostragem de fauna do Complexo Eólico Santo Agostinho, em Pedro


Avelino e Lajes-RN, em maio de 2015.
Tabela 1: Pontos amostrais, com suas respectivas coordenadas, tipos de habitats e descrições gerais.
Ponto Coordenadas Altitude
Tipo de habitat Descrição
amostral (UTM) (m)
Mata arbustiva aberta de até 3m de altura, solo pedregoso, com muito afloramentos
rochosos. Presença de espécies como imburana (Commiphora leptophloeos), cumaru
P1 0807136, 9376686 Mata conservada 207
(Amburana cearensis), facheiro (Pilosocereus gounellei), marmeleiro (Croton
sonderianus), jurema preta (Mimosa tenuiflora), macambira (Encholirium spectabile)
Algarobal com árvores de até 6m, solo argiloso com vários afloramentos rochosos.
Predominância de algaroba (Prosopis juliflora), poáceas e herbáceas, além de pinhão-
P2 0807977, 9379883 Afloramento rochoso 196
bravo (Jatropha mollissima), jurema preta (Mimosa tenuiflora) e velame (Croton
heliotropiifolius)
Mata arbustivo-arbórea de até 4m, solo argiloso com afloramentos rochosos. Presença
de imburana (Commiphora leptophloeos), quixabeira (Sideroxylon obtusifolium),
P3 0808589, 9382924 Mata conservada 216
marmeleiro (Croton sonderianus), jurema preta (Mimosa tenuiflora), catanduva
(Piptadenia moniliformis) e mofumbo (Combretum leprosum)
Mata arbustivo-arbórea de até 4m de altura, solo argiloso. Muitas imburanas,
quixabeiras e facheiros. Presença de espécies como imburana (Commiphora
P4 0808708, 9382679 Mata conservada 220
leptophloeos), quixabeiras (Sideroxylon obtusifolium), facheiro (Pilosocereus gounellei)
e marmeleiro (Croton sonderianus)
Mata ciliar, na borda de um riacho com leito pedregoso seco, vegetação arbóreo-
arbustiva de até 6m de altura. Presença de espécies como pereiro (Aspidosperma
P5 0804155, 9377465 Corpo d'água 233
pyrifolium), catingueira (Caesalpinia pyramidalis), marmeleiro (Croton sonderianus),
imburana (Commiphora leptophloeos)
Mata arbustiva de até 6m de altura, solo pedregoso. Presença de espécies como
quixabeira (Sideroxylon obtusifolium), jurema preta (Mimosa hostilis), marmeleiro
P6 0804465, 9377147 Afloramento rochoso 237
(Croton sonderianus), imburana (Commiphora leptophloeos), pereiro (Aspidosperma
pyrifolium), facheiro (Pilosocereus gounellei) e pinhão-bravo (Jatropha mollissima)
Algarobal com árvores de até 6m de altura, solo pedregoso, ao redor de açude e
próximo a um leito seco de rio. Predominância de algaroba (Prosopis juliflora) e
P7 0807218, 9379994 Corpo d'água 216
herbáceas, além de jurema preta (Mimosa tenuiflora), pinhão-bravo (Jatropha
mollissima) e velame (Croton heliotropiifolius)
Mata arbustiva de até 3m de altura, solo argiloso. Presença de espécies como faveleira
(Cnidoscolus phyllacanthus), catingueira (Caesalpinia pyramidalis), pinhão-bravo
P8 0811958, 9377886 Mata conservada 195
(Jatropha mollissima), facheiro (Pilosocereus gounellei), marmeleiro (Croton
sonderianus), jurema preta (Mimosa tenuiflora) e macambira (Encholirium spectabile)
Mata arbustivo-arbórea de até 5m de altura, solo argiloso com afloramentos rochosos.
Presença de macambira (Encholirium spectabile), catingueira (Caesalpinia
P9 0803915, 9379778 Afloramento rochoso 250
pyramidalis), imburana (Commiphora leptophloeos), facheiro (Pilosocereus gounellei) e
pinhão-bravo (Jatropha mollissima)
Mata arbustivo-arbórea de até 5m de altura, solo arenoso, próximo a um barreiro e a rio
com leito seco. Predominância de algaroba (Prosopis juliflora), mussambê (Tarenaya
P10 0815774, 9382172 Corpo d'água 199 spinosa) e macambira (Encholirium spectabile) na mata ciliar, e presença de
catingueira (Caesalpinia pyramidalis), pinhão-bravo (Jatropha mollissima), facheiro
(Pilosocereus gounellei), marmeleiro (Croton sonderianus).
Área antropizada com criação de animais, com vegetação arbustiva e afloramentos
rochosos no entorno. Solo argiloso e predominância de algaroba (Prosopis juliflora)
P11 0803119, 938616 Afloramento rochoso 234 próximo das casas, e catingueira (Caesalpinia pyramidalis), pinhão-bravo (Jatropha
curcas), jurema preta (Mimosa tenuiflora), marmeleiro (Croton sonderianus) e
macambira (Encholirium spectabile) nas proximidades dos afloramentos rochosos
Mata de até 6m de altura próximo a riacho e afloramentos rochosos. Presença de
carnaúba (Copernicia prunifera), pinhão-bravo (Jatropha curcas), jurema preta (Mimosa
P12 0804572, 9380944 Mata secundária 194 tenuiflora), marmeleiro (Croton sonderianus), imburana (Commiphora leptophloeos),
pereiro (Aspidosperma pyrifolium), facheiro (Pilosocereus gounellei), macambira
(Encholirium spectabile), cactáceas como o quipá (Tacinga inamoema)
Mata arbustiva de até 3m de altura, solo argiloso. Presença predominante de jurema
P13 0806798, 9389734 Mata secundária 186
preta (Mimosa tenuiflora)
Mata arbustivo-arbórea de até 7m de altura, solo encharcado de açude. Predominância
P14 0806456, 9389930 Corpo d'água 171 de algaroba (Prosopis juliflora), mussambê (Tarenaya spinosa), feijão-bravo (Tephrosia
egregia), algodão-de-seda (Calotropis procera), urtiga (Cnidoscolus urens)
Mata arbustiva de até 4m de altura, solo arenoso. Predominância de catanduva
P15 0805004, 9390636 Mata secundária 183 (Pityrocarpa moniliformis), sub-bosque com touceiras de macambira (Encholirium
spectabile) e cactos rasteiros como o quipá (Tacinga inamoema)
Mata arbustivo-arbórea de até 6m de altura, solo argiloso. Predominância de facheiro
P16 0812413, 9385731 Mata secundária 255
(Pilosocereus gounellei) e marmeleiro (Croton sonderianus)
DIAGNÓSTICO DA MASTOFAUNA TERRESTRE

CONTEXTUALIZAÇÃO

O Brasil é um país megadiverso no qual, segundo a compilação mais


recente, são encontradas 701 espécies de mamíferos, distribuídos em 243
Gêneros, 50 Famílias e 12 Ordens (Artiodactyla, Carnivora, Cetacea,
Chiroptera, Cingulata, Didelphimorphia, Lagomorpha, Perissodactyla, Pilosa,
Primates, Rodentia e Sirenia) (Paglia et al., 2012). Contudo, as últimas
descobertas devem elevar ainda mais esse número. A maioria das espécies de
mamíferos brasileiros possui hábito arborícola, não é endêmica ao país e
apresenta ampla distribuição. Em relação aos diferentes Biomas, a Amazônia
possui a maior diversidade de espécies do grupo (399 espécies), logo atrás
estão a Mata Atlântica (298 espécies) e o Cerrado (251 espécies) (Paglia et al.,
2012).
Para o Bioma Caatinga, um dos menos conhecidos do Brasil, Paglia e
colaboradores (2012) apontaram a ocorrência de 153 espécies de mamíferos
para o Bioma, distribuídos em 10 ordens (não existem representantes das
ordens Sirenia e Cetacea no bioma) (Oliveira, 2004), Contudo, de acordo com
uma atualização regional anterior, são registradas 178 espécies do grupo para
essa região biogeográfica (Hauff, 2010), considerando também as áreas de
ecotones com outros biomas (Hauff, 2010). No entanto, novas espécies tem
sido descritas para a Caatinga nos últimos tempos (e. g. Feijó & Langguth,
2013) e, considerando a lacuna de conhecimento, ainda falta muito a ser
descoberto neste ecossistema semiárido tão ameaçado pela exploração dos
seus recursos naturais, desertificação e mudanças climáticas e pouco
protegido pelo insipiente sistema de Unidades de Conservação atual (UC’s)
(Leal et al., 2005). Muito embora a Caatinga seja considerada uma das 37
grandes regiões naturais do planeta (Mittermeier et al., 2002), a falta de
pesquisas relacionadas aos seus mamíferos resulta em verdadeiros vazios de
conhecimento em alguns estados da região Nordeste como o Rio Grande do
Norte, onde mesmo dados básicos de ocorrência através de publicações e de
espécimes depositados em museus e coleções são praticamente inexistentes
(Feijó & Langguth, 2013).
Os ecossistemas florestais brasileiros abrigam uma das mais elevadas
diversidades de mamíferos do mundo, as quais possuem papéis-chave no
funcionamento destes ecossistemas através, por exemplo, da polinização e
dispersão de sementes (Galetti et al., 2010). Desta forma, a extinção local de
algumas espécies de mamíferos pode resultar na redução de serviços
ecológicos essenciais (Galetti et al., 2010). No Brasil, segundo a recente Lista
Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014),
110 espécies de mamíferos (incluindo os terrestres, voadores e não-voadores,
e marinhos) se encontram ameaçadas de extinção, estando protegidas de
modo integral, incluindo, entre outras medidas, a proibição de captura,
transporte, armazenamento, guarda, manejo, beneficiamento e comercialização
das mesmas (MMA, 2014).
O conhecimento sobre os efeitos de parques eólicos sobre a mastofauna
ainda é insipiente e subestimado para os mamíferos terrestres não voadores,
uma vez que os esforços de monitoramento e identificação de impactos são, na
maioria das vezes, direcionados para os quirópteros (Roscioni et al., 2014),
reconhecidamente mais afetados pelo choque físico e pressão gerados pelos
aerogeradores. Para mamíferos terrestres, entre as poucas pesquisas, há
exemplos de mudança comportamental de esquilos em resposta ao barulho
das hélices (Kikuchi, 2008), mas também existem trabalhos que demostraram a
ausência de mudanças na ecologia de grandes mamíferos terrestres após a
implantação dos parques, como no caso do alce das montanhas (Cervus
elaphus) nos EUA (Walter et al., 2006). Desta forma, é essencial o
levantamento sistemático das espécies que ocupam a área de um futuro
empreendimento eólico, bem como a devida avaliação dos seus potenciais
impactos sobre a mastofauna terrestre para sugerir as respectivas medidas
mitigadoras, especialmente no Brasil, onde ainda não existe uma literatura
consistente sobre o tema.

OBJETIVOS

Geral

 Lavantar a mastofauna terrestre com ocorrência potencial e registrada


para a área do Complexo Eólico Santo Agostinho, localizado nos
municípios de Lajes e Pedro Avelino no estado do Rio Grande do Norte,
identificando potenciais impactos e suas respectivas medidas mitigadoras;

Específicos

 Identificar as espécies de mamíferos terrestres ameaçadas de extinção


com ocorrência potencial e registrada para a área do empreendimento;
 Estimar parâmetros como riqueza e abundância de mamíferos terrestres
para a área de interesse, bem como analisar a relação das espécies com
os diferentes tipos de habitat;
 Gerar informações que subsidiem a identificação dos potenciais impactos
sobre a mastofauna terrestre decorrentes da implantação do
empreendimento, bem como a proposição dos respectivos programas e
medidas visando à sua mitigação, especialmente para aquelas espécies
ameaçadas de extinção.

METODOLOGIA

O diagnóstico da mastofauna terrestre do Complexo Eólico Santo


Agostinho foi realizado através de um levantamento bibliográfico prévio,
entrevistas com moradores locais e duas campanhas para levantamento in
loco das espécies (nos períodos de 26 a 29 de maio e 27 a 29 de julho de
2015), quando foram utilizados dois métodos diretos de amostragem de
mamíferos (busca ativa e armadilhas fotográficas) nas áreas de influência
direta (AID) e indireta (AII) do empreendimento.

Amostragem

As buscas ativas foram realizadas por um ou dois pesquisadores, a pé e de


carro em baixa velocidade nos três períodos do dia (início da manhã, fim da
tarde e a noite). Durante o dia, quando em geral os mamíferos estão menos
ativos, os esforços se concentraram na procura de vestígios deixados pelos
animais tais como pegadas, fezes ou carcaças; já no período da noite, quando
os animais saem para se alimentar, a busca ativa ocorreu principalmente de
carro em baixa velocidade por estradas carroçáveis dentro da vegetação, as
quais em geral são utilizadas pelas espécies para o deslocamento,
aumentando assim as chances de contato visual com as mesmas. Para este
método, o esforço amostral total somando as duas campanhas somou
aproximadamente 48 horas*pesquisador.
Ao todo, foram instaladas armadilhas fotográficas (Bushnell®
NatureView® CAMHD) (Figura 5) distribuídas em 16 (dezesseis) pontos de
amostragem nas áreas de influência do empreendimento (Figura 4),
procurando sempre lugares considerados favoráveis para o registro da
mastofauna (trilhas e estradas dentro da vegetação, proximidades de fontes
d’água e locais com pegadas frescas). Equipadas com sensor automático de
calor e movimento, as câmeras foram instaladas a aproximadamente 35 cm do
solo e programadas para fazer registros consecutivos com intervalo de 1
minuto. Para maximizar o sucesso de captura foram utilizadas iscas
representadas por bananas e sardinha ou ração para gato doméstico para
atrair os animais para a área de alcance das câmeras. O esforço amostral
empregado somou 34 câmeras*noite (18 câmeras*noite na primeira campanha
e 16 câmeras*noite na segunda campanha), com uma média de pouco mais de
2 (dois) câmeras*noite por ponto amostral. Para estimar a abundância relativa
das espécies (razão entre o número de registros da espécie e o esforço
amostral total empregado multiplicado por 100) foram considerados apenas os
registros independentes (fotografias da espécie com mais de uma hora de
diferença em uma mesma câmera).
Figura 5: Armadilha fotográfica instalada em árvore nas áreas de influência do Complexo
Eólico Santo Agostinho.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015.

Nas entrevistas realizadas, sempre que possível, procurou-se qualificar as


respostas dadas pelos moradores locais entrevistados mostrando imagens de
diferentes mamíferos com o objetivo de ajudar na identificação das espécies
relatadas (Figura 6). Já com relação aos dados secundários da literatura, as
fontes bibliográficas consultadas consistiram basicamente em dissertações de
mestrado e outros diagnósticos biológicos que levantaram dados sobre
mamíferos nas proximidades da área de interesse (RENOVA, 2014; Marinho,
2015; Mello, 2015).
Para a correta identificação dos vestígios e das espécies avistadas foram
utilizados guias de campo consagrados na mastozoologia brasileira e
neotropical (Emmons e Feer, 1997; Freitas e Silva, 2005; De Angelo et al.,
2008; Becker e Dalponte, 2013). Para a identificação das espécies ameaçadas
de extinção foi consultada a Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna
Ameaçadas de Extinção publicada recentemente (MMA, 2014), para
classificação a nível nacional, e a Lista Vermelha da IUCN (2015), que
classifica as espécies em diferentes categorias de ameaça a nível mundial.
Foram consultados ainda os apêndices da Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção
(CITES, 2015). A classificação toxonômica e nomenclatura das espécies seguiu
Reis e colaboradores (2011).

Figura 6: Analista ambiental realizando entrevista com morador local para levantar as espécies
de mamíferos conhecidas para as áreas de influência do empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015.

Análises dos dados

Com base nos dados de busca ativa e armadilhagem fotográfica (dados


primários) foi construída uma curva de rarefação ou de acumulação de
espécies, aleatorizada 100 vezes, o que resulta em uma curva acumulativa de
espécies sem a influência da ordem em que as mesmas são incluídas na
análise. Para estimar a riqueza de mamíferos terrestres foram calculados os
estimadores Chao 2, Jackknife 1, Jackknife 2 e Bootstrap. Essas análises
foram realizada no software livre Estimates 9.1 (Colwell, 2013).
A abundância relativa expressa aqui foi considerada como a razão entre
o número de registros de uma determinada espécie e o número total de
registros de mamíferos terrestres. Já os índices de diversidade foram
calculados para cada ambiente sistematicamente amostrado (mata
conservada, mata secundária, afloramento rochoso e corpo d’água),
representando aqueles habitats considerados relevantes para a conservação
local das espécies. Para a devida caracterização e comparação da
comunidade de mamíferos terrestres entre os diferentes habitats (previamente
categorizados) foram calculadas a diversidade de Shannon-Wiener (H’)
(Krebs, 1999) e a equitabilidade de Pielou (J’) (Pielou, 1966). Um teste U de
Mann-Whitney foi aplicado entre estes habitats de forma pareada, no sentido
de verificar diferenças significativas na composição de espécies entre os
mesmos. Já a similaridade entre os ambientes foi calculada através de uma
análise de cluster (agrupamento), para isso utilizou-se o tipo de ligação paired
group e o índice de similaridade de Bray-Curtis. Uma Análise de
Correspondência (tipo de análise de componentes principais adequada para
dados categóricos) foi desenvolvida com o objetivo de explanar as relações
entre as espécies e seus respectivos habitats. Todas essas análises foram
desenvolvidas no software livre PAST versão 2.17 (Hammer et al., 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste diagnóstico foram levantadas ao todo 17 (dezessete) espécies de


mamíferos terrestres com ocorrência para a área de interesse e/ou para os
municípios onde se localizará o Complexo Eólico Santo Agostinho (Tabela 2),
sendo 12 (doze) destas espécies registradas diretamente neste diagnóstico, e
as outras 5 (cinco) levantadas através de dados secundários. Estas espécies
estão distribuídas em 7 (sete) ordens e 13 (treze) famílias. O número de
espécies registradas aqui se aproxima de outros estudos em áreas de Caatinga
(Bezerra et al., 2014). Dentre as ordens levantadas, a ordem Carnivora se
mostrou a mais diversa com 7 (sete) espécies (ou 41% das espécies), sendo
três espécies da família Felidae. No entanto, é esperado que a ordem Rodentia
seja a mais diversa em termos absolutos, como demonstrado em outros
estudos no bioma (Bezerra et al., 2014; Fernandes-Ferreira et al., 2014).
Entre as várias espécies de mamíferos, existe uma variação muito grande
de tamanho corpóreo, hábitos de vida e preferências de hábitat (Cullen Jr. et
al., 2006), além de uma alta plasticidade comportamental (capacidade de se
adaptar a mudanças ambientais), o que as leva a ocupar diversos nichos em
uma grande variedade de formações vegetais e zonas climáticas (Reis et al.,
2010). Por isso, pesquisas e inventários de mamíferos requerem a utilização de
diferentes métodos de levantamento e monitoramento de espécies utilizados de
maneira única ou combinada (Cullen Jr. et al., 2006; Reis et al., 2010).
Tabela 2: Espécies da mastofauna terrestre com ocorrência para a região de interesse segundo os levantamentos de campo, as entrevistas realizadas e consulta à literatura.
1
Status na CITES (2015): Ap. I (apêndice I), Ap. II (apêndice II), Ap. III (apêndice III), NC (não consta); 3status de conservação segundo a IUCN (2015): LC (pouco
preocupante), VU (vulnerável); 3status de conservação segundo o MMA (2014): NC (não consta na lista), VU (vulnerável), EN (em perigo); 4tipo de registro: A (armadilha
fotográfica), E (entrevista), O (observação direta), L (literatura ou outras fontes secundárias), V (vestígios); 5NA (não se aplica para dados secundários).
TÁXON NOME COMUM HÁBITO CITES1 IUCN2 MMA3 TIPO DE REGISTRO4 PONTOS AMOSTRAIS5
ORDEM ARTIODACTYLA
Família Cervidae
Mazama gouazoubira (G. Fischer [von Waldheim], Veado-catingueiro terrícola NC LC NC E, L NA
1814)
ORDEM CARNIVORA
Família Canidae
P2, P7, P9, P10 P11, P13,
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Cachorro-do-mato terrícola Ap. III LC NC A, E, L, O, V
P14
Família Felidae
Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato-do-mato-pequeno terrícola Ap. I VU EN A, E, L P9, P10, P14
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica terrícola Ap. I LC NC L NA
Puma yagouaroundi (É. Geoffroy Saint-Hilare, 1803) Gato-mourisco terrícola Ap. II LC VU E, L NA
Família Procyonidae
Guaxinim ou mão-
Procyon cancrivorus (G.[Baron] Cuvier, 1798) terrícola NC LC NC E, L, V P7, P10
pelada
Família Mephitidae
Conepatus semistriatus (Boddaert, 1785) Jaritataca terrícola NC LC NC A, E P11
Família Mustelidae
Galictis cuja (Molina, 1782) Furão terrícola Ap. III LC NC E NA
ORDEM CINGULATA
Família Dasypodidae
Dasypus novencinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-galinha terrícola NC LC NC A, E P11
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-peba terrícola NC LC NC E, L, V P10, P15
ORDEM PILOSA
Família Myrmecophagidae
Cont. Tabela 2
TÁXON NOME COMUM HÁBITO CITES1 IUCN2 MMA3 TIPO DE REGISTRO4 PONTOS AMOSTRAIS5
Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim escansorial NC LC NC E, V P9, P11
ORDEM DIDELPHIMORPHIA
Família Didelphidae
Gambá-de-orelha-
Didelphis albiventris (Lund, 1840) escansorial NC LC NC A, E, L P2
branca
ORDEM PRIMATES
Família Callitrichidae
Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) Sagui-de-tufo-branco arborícola Ap. II LC NC E, L, O P7
ORDEM RODENTIA
Família Caviidae
Galea spixii (Wagler, 1831) Preá terrícola NC LC NC E, L, V P2, P6, P12
Kerodon rupestris (Wied, 1820) Mocó terrícola NC LC VU A, E, L P9, P11
Família Cricetidae
Wieomys cf. pyrrhorhinus (Wied-Neuwied, 1821) Rato-da-caatinga arborícola NC LC NC L NA
Família Echimyidae
Thrichomys laurentius (Bonvicino et al., 2009) Punaré terrícola NC LC NC A, E P11
PROJETO:
COMPLEXO EÓLICO SANTO AGOSTINHO
TÍTULO:
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO
DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – EIA-RIMA PÁG: 17

Busca ativa

Observações de vestígios como pegadas, fezes e pelos, por exemplo,


constitui uma das principais formas de estudo para médios e grandes
mamíferos, graças ao fácil acesso e baixo custo desta metodologia.
Através da busca ativa, por espécimes e vestígios, foram confirmadas,
nas áreas de influência do empreendimento, a ocorrência de espécies como
Callithrix jacchus (sagui-de-tufo-branco) (Figura 7) através de observação
direta, Procyon cancrivorus (mão-pelada ou guaxinim) por meio de pegadas
(Figura 8), além de fezes de Galea spixii (preá) (Figura 9), de Tamandua
tetradactyla (tamanduá-mirim) (Figura 10) e de Kerodon rupestris (mocó); foram
encontrados também restos de carcaças de Euphractus sexcinctus (tatu-peba)
(Figura 11), provavelmente abatidos por caçadores, pegadas desta espécies
também foram registradas (Figura 12), assim como de Cerdocyon thous (Figura
13) e Leopardus tigrinus (Figura 14). Todas as pegadas de P. cancrivorus,
assim como de L. tigrinus e algumas de C. thous, foram encontradas nas
margens de corpos d’água, ambientes importantes e muito frequentados pelas
espécies para dessedentação, especialmente nos períodos de seca, e procura
de alimento.

Figura 7: Callithrix jacchus (sagui-de-tufo-branco) registrado Figura 8: Pegadas de Procyon cancrivorus (guaxinim)
nas áreas de influência do empreendimento. registradas nas áreas de influência do empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015.
Figura 9: Fezes de Galea spixii (preá) registradas nas áreas Figura 10: Fezes de Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim)
de influência do empreendimento. registradas nas áreas de influência do empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 11: Restos de carcaça de Euphractus sexcinctus Figura 12: Pegadas de Euphractus sexcinctus (tatu-peba)
(tatu-peba) encontradas nas áreas de influência do registradas nas áreas de influência do empreendimento.
empreendimento. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 13: Pegadas de Cerdocyon thous (cachorro-do-mato) Figura 14: Pegadas de Leopardus tigrinus (gato-do-mato-
registradas nas áreas de influência do empreendimento. pequeno) registradas nas áreas de influência do
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015. empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Armadilhas fotográficas
A utilização de armadilhas fotográficas consiste em uma abordagem
bastante eficiente para o levantamento/monitoramento de mamíferos de médio
e grande porte, sendo uma metodologia não invasiva ideal para a obtenção de
dados de ocorrência, densidade, distribuição e uso do habitat (Silveira et al.,
2003) de espécies de vertebrados, em especial daquelas espécies de baixa
detecção (Carbone et al., 2001) como a maioria dos mamíferos de maior porte.
Por meio das armadilhas fotográficas, foi possível registrar espécies não
identificadas nas buscas ativas, tais como Didelphis albiventris (gambá-de-
orelha-branca) (Figura 15), Conepatus semistriatus (jaritataca) (Figura 16),
Trhichomys laurentius (punaré) (Figura 17) e Dasypus novemcinctus (tatu-
galinha) (Figura 18), além de espécies também registradas nas buscas ativas
como C. thous (Figura 19), L. tigrinus (Figura 20) e K. rupestris (Figura 21 e
Figura 22).

Figura 16: Conepatus semistriatus (jaritataca) registrado em


Figura 15: Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca)
afloramentos rochosos nas áreas de influência do
registrado nas áreas de influência do empreendimento.
empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.
Figura 17: Thrichomys laurentius (punaré) registrado em Figura 18: Dasypus novemcinctus (tatu-galinha) registrado
afloramentos rochosos nas áreas de influência do nas áreas de influência do empreendimento.
empreendimento. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 19: Cerdocyon thous (cachorro-do-mato) registrado Figura 20: Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno)
nas áreas de influência do empreendimento. registrado nas áreas de influência do empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 21: Kerodon rupestris (mocó) registrado durante a Figura 22: Kerodon rupestris (mocó) registrado durante o dia
noite em afloramentos rochosos nas áreas de influência do em afloramentos rochosos nas áreas de influência do
empreendimento. empreendimento.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Dados secundários (entrevistas, bibliografia e outros)


Além dos métodos de levantamento direto de dados, a consulta à
literatura e, especialmente, a aplicação de entrevistas, pode fornecer
informações valiosas sobre a biodiversidade de uma área (Cullen Jr. et al.,
2006), uma vez que dados básicos como a ocorrência de espécies podem ser
levantados em conversas com moradores locais que conheçam bem a fauna
de uma região.
Por meio do levantamento de dados secundários, através de entrevistas e
da literatura, outros felinos como Leopardus pardalis (jaguatirica) e Puma
yagouaroundi (gato-mourisco) (Figura 23) puderam ser registrados, assim
como Mazama gouazoubira (veado-catingueiro), Galictis cuja (furão) e
Wieomys pyrrhorhinus (rato-da-caatinga). Embora não registradas de forma
direta neste diagnóstico, as entrevistas realizadas e a consulta à literatura
indicam a ocorrência destas espécies na área de interesse.

Figura 23: Puma yagouaroundi (gato-mourisco) atropelado na BR 304 nas imediações do


município de Lajes.
Fonte: http://cicerolajes.blogspot.com.br.
Espécies ameaçadas de extinção, endêmicas, de importância cinegética e
exóticas

A perda de biodiversidade nunca foi tão grande como nos últimos tempos,
e por isso a classificação das espécies em níveis de ameaça se faz importante
para a priorização de ações de conservação, diante do pouco tempo e recursos
financeiros para reduzir o grau de ameaça das populações em declínio.
Segundo o levantamento apresentado aqui, na região onde será instalado o
Complexo Eólico Santo Agostinho ocorrem ao menos 3 (três) espécies de
mamíferos terrestres ameaçados de extinção, sendo elas:
 Kerodon rupestris: com status de Vulnerável (MMA, 2014), as
populações deste pequeno roedor vem declinando em consequência
da caça excessiva e da destruição de afloramentos rochosos que são
utilizados como abrigo pela espécie, além disso poder ter sido
agravado pela seca extrema dos últimos anos. Desta forma, estima-se
um declínio populacional de K. rupestris de pelo menos 30% nos
últimos dez anos (ICMBIO, 2014).
 Puma yagouaroundi: também na categoria de Vulnerável (MMA, 2014)
e constando no Apêndice II da CITES (2015), apesar deste felino de
pequeno porte (5 kg) apresentar uma ampla distribuição no Brasil,
ocorre sempre em baixas densidades populacionais, sendo esperado
um declínio na sua população de pelo menos 10% nos próximos 15
anos (ou três gerações), em razão principalmente da perda e
fragmentação do habitat pela expansão agrícola, além de
atropelamentos (como exemplificado na Figura ) e abates em retaliação
a predação de animais domésticos (ICMBIO, 2014).
 Leopardus tigrinus: com status de Em Perigo no Brasil (MMA, 2014) e
de Vulnerável pela IUCN (2015) e constando no Apêndice I da CITES
(2015), que reúne as espécies mais ameaçadas listadas na Convenção
sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção, L. tigrinus (2,4 kg em média)
consiste no menos conhecido e mais ameaçado felino brasileiro. Esta
espécie ocorre em alguns estados do norte e centro-oeste, e em todo o
nordeste do Brasil, por tanto, com distribuição mais restrita que P.
yagouaroundi, mas sempre em baixas densidades, é esperado um
declínio de 30% nas populações de L. tigrinus nos próximos 18 anos
(ou três gerações), em decorrência da degradação de seus habitats
através da fragmentação e perda de cobertura vegetal, atropelamentos
e abates em retaliação a predação de animais domésticos,
especialmente galinhas (ICMBIO, 2014; IUCN, 2015).

Por seu status mais crítico de conservação, L. tigrinus, juntamente com P.


yagouaroundi, L. pardalis e outros felinos de menor porte, possui uma Plano de
Ação Nacional (PAN dos Pequenos Felinos) instituído pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e focado na conservação
dos pequenos gatos silvestres brasileiros (Portaria Nº 127, de 31 de março de
2014). Por isso deve ser dada atenção especial à populações de felinos que
ocorrem na área do empreendimento, representadas por pelo menos três
espécies. Vale ressaltar que até meados de 2014, a subespécies de jaguatirica
que ocorre no Nordeste, além do sudeste e centro-oeste do país, era tida como
ameaçada de extinção com status de Vulnerável (Chiarello et al., 2008).
Dentre as espécies registradas para a área de interesse, embora
amplamente distribuídas na Caatinga, duas delas são consideradas endêmicas
do bioma, Kerodon rupestris e Wiedomys pyrrhorhinus. Enquanto o primeiro
habita principalmente afloramentos rochosos do semiárido, os quais usa como
abrigo, o segundo, um pequeno roedor com hábitos arborícola, os estratos
arbustivo e arbóreo do bioma (Reis et al., 2011).
Entre os mamíferos pressionados pela caça, espécies como D.
novemcinctus, E. sexcinctus, T. tetradactyla, C. semistriatus, K. rupestres, T.
laurentius e M. gouazoubira sofrem com essa prática por toda a Caatinga. Por
isso também K. rupestris está na lista nacional de espécies ameaçadas de
extinção e, embora as outras espécies não sejam consideradas ameaçadas de
extinção, é provável que a caça excessiva tenha levado populações de D.
novemcinctus, T. tetradactyla, C. semistriatus e M. gouazoubira ao declínio ou
mesmo a extinção local em muitas regiões do semiárido nordestino. Por isso,
considerando os diversos aspectos socioeconômicos locais, atividades de caça
devem ser combatidas e a conscientização ambiental estimulada sempre que
for possível.
Ainda, nos locais amostrais, também foram registradas espécies de
mamíferos exóticos como Equus asinus (burro) e Capra hircus (cabra) (Figura
24A e B, respectivamente) através das armadilhas fotográficas nas áreas de
influência do empreendimento. Esses grandes herbívoros domésticos
degradam os habitats da fauna silvestre através do pastejo e do pisoteio, por
isso a sua permanência em áreas conservadas deve ser evitada; assim como a
presença de cães e gatos domésticos, que podem transmitir doenças e atacar
as espécies nativas.

(A) (B)
Figura 24: Mamíferos exóticos registrados nos pontos de amostragem dentro das áreas de influência do empreendimento;
Equus asinus (burro) (A) e capra hircus (cabra) (B).
Fonte: Arquivo Bioconsultants, junho-julho/2015.

Curva do coletor, riqueza estimada e abundância da mastofauna terrestre

Estudar a biodiversidade e desenvolver estratégias de inventário e


monitoramento rápido de plantas e animais é de extrema importância frente as
elevadas taxas de extinção de espécies vigentes. Neste sentido, a riqueza de
espécies levantada em uma área depende tanto das características da área
amostrada quanto do esforço de coleta empregado. Uma forma simples de
expressar isso é através de uma curva de acumulação de espécies ou curva do
coletor, que expressa o acúmulo de espécies diferentes registradas à medida
que se aumenta o esforço amostral (Cullen Jr. et al., 2006).
Neste sentido, este levantamento registrou ao todo 12 espécies através
de dados primários (busca ativa e armadilhagem fotográfica) levantados em 16
pontos amostrais. Com base no esforço empregado e nos registros obtidos, o
valor de riqueza final identificado na curva de acumulação produzida
apresentou um intervalo de confiança de 95% variando 8,99 a 15,01 espécies
(Figura 25). Com nesses resultados, apesar do relativamente elevado número
de espécies de mamíferos registradas aqui, especialmente quando comparado
a trabalhos com um esforço amostral bastante superior (Bezerra et al., 2014), a
curva de acumulação de espécies não se estabilizou, o que indica que mais
espécies seriam acumuladas com um maior esforço amostral. Por este motivo,
se torna importante a utilização de estimadores de riqueza total para se
aproximar da situação real da comunidade de mamíferos terrestres da área de
interesse.
Neste contexto, e de acordo com os resultados encontrados, o estimador
não-paramétrico Jack 2, calculado a partir do número de espécies raras e do
número de amostras, foi quem estimou a maior riqueza, com aproximadamente
18 espécies de mamíferos terrestres para a área, prevendo inclusive uma
pequena estabilização da curva após o alcance desse valor (Figura 25). A
riqueza de espécies encontrada através deste estimador é bem próxima da
riqueza relatada neste diagnóstico se incluídas as espécies levantadas com
base em dados secundários (17 espécies de mamíferos terrestres ao todo).
Estimadores mais conservadores como o Bootstrap estimaram uma riqueza
menor, por volta de 14 espécies, e de forma semelhante, a análise da curva
indica que mais espécies compõem a comunidade avaliada (Figura 25).
De maneira geral, embora grupos como os pequenos marsupiais e
roedores possam ter sido subestimados, a riqueza de mamíferos de médio
porte, que em geral representam as espécies mais sensíveis a perda de habitat
e fragmentação (por necessitarem de maiores áreas de vida), foi bem
representada aqui, inclusive com registros de espécies consideradas de baixa
detecção como alguns carnívoros da família Felidae.
Figura 25: Curva de acumulação de espécies produzida (S(est)) a partir das espécies
observadas nos pontos amostrais e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC)
inferior e superior; as curvas dos estimadores não-paramétricos Chao 2, Jack 1, Jack 2 e
Bootstrap também são exibidas.

Com relação à abundância relativa, as espécies de mamíferos terrestres


mais abundantes da área, considerando o número de registros levantados, são
C. thous e G. spixii, ambas reconhecidas como espécies relativamente comuns
mesmo em áreas degradadas. Já D. novemcinctus e C. semistriatus, apesar do
aspecto preliminar dos dados, parecem ser pouco abundantes na área de
interesse, o que provavelmente é o padrão encontrado para outras áreas da
Caatinga com relativo grau de antropização devido á elevada pressão de caça
sobre estas espécies. Por outro lado, embora tenham sido levantados poucos
registros de T. laurentius e D. albiventris, espécies comuns tanto em áreas
conservadas quanto degradadas, especialmente a segunda, é esperado que as
mesmas sejam abundantes na área, embora T. laurentius seja apreciado como
espécie cinegética.
Figura 26: Abundância relativa de mamíferos terrestres com base nos registros baseados em
dados primários levantados a partir da busca ativa e da armadilhagem fotográfica.

Diversidade, equitabilidade, similaridade e relação da comunidade de


mamíferos terrestres com os diferentes habitats

Para a realização destas análises, os levantamentos foram organizados


de forma sistemática, no sentido de amostrar por igual os diferentes tipos de
ambientes (ou habitats) presentes na área de interesse e considerados
importantes para a manutenção das populações de mamíferos terrestres na
mesma.
Com base nos resultados encontrados, as maiores riquezas de espécies
e abundância geral de registros são encontradas nos ambientes dominados por
afloramentos rochosos, seguidos por locais com presença de corpos d’água
(em geral, vegetação no entorno de lagoas e açudes, leitos de rios temporários,
dentre outros), e por último, nas vegetações representadas por caatinga
conservada e secundária (Tabela 3). O mesmo padrão pode ser observado
para o índice de diversidade de Shannon, com os afloramentos rochosos
representando os ambientes mais diversos, seguidos pelos ambientes com
influência de corpos d’água (Tabela 3). Estes resultados devem expressar a
importância do afloramentos rochosos como abrigo para as diferentes
espécies, especialmente durante o dia, quando as mesmas procuram se
refugiar em locais com temperatura mais amena como em baixo de rochas e
cavernas. De forma semelhante, já é sabido que os corpos d’água são
importantes fontes de água e alimento para as espécies em meio ao ambiente
semiárido da Caatinga.
Com relação à equitabilidade, que consiste, em termos gerais, na
proporção dos indivíduos de cada uma das espécies presentes em uma
comunidade em relação ao total de indivíduos desta mesma comunidade, os
valores se mostraram bastante próximos, embora para mata secundária e
corpos d’água tenham se mantido maiores (Tabela 3).

Tabela 3: Dados de diversidade para cada um dos tipos de habitats de levantamento da


mastofauna terrestre na área do empreendimento.
Mata Afloramento Corpo Mata
Parâmetro
conservada rochoso d’água secundária
Riqueza 3 9 5 3
Abundância 5 16 10 6
Índice de Shannon (H’) 1,055 2,014 1,557 1,011
Equitabilidade (J’) 0,9602 0,9166 0,9675 0,9206

De acordo com os resultados do teste U de Mann-Whitney, a diferença


entre os distintos ambientes considerados só se mostrou significativa (p<0,05)
entre Afloramento rochoso e Mata conservada, bem como entre Afloramento
rochoso e Mata secundária (Tabela 4). Estes resultados reforçam a importância
dos ambientes de afloramentos rochosos para a manutenção da biodiversidade
local, e embora ambientes florestais sejam também importantes, as espécies
parecem depender mais fortemente daquelas vegetações no entorno de seus
refúgios principais, representados mais fortemente pelos afloramentos
rochosos.
O caráter único desses ambientes rochosos para a mastofauna terrestre
fica evidente se considerada a distribuição de espécies nos diferentes
ambientes através da análise de agrupamento, que exibiu a presença de um
grupo formado entre Mata secundária e Mata conservada, com cerca de 90%
de similaridade, se mostrando ambientes relativamente semelhantes, um
segundo grupo entre Corpo d’água e o primeiro grupo, com algo em torno de
45% de similaridade, e por fim, um último grupo entre Afloramento rochoso e o
segundo grupo, com somente 35% de similaridade (Figura 27).

Tabela 4: Valores de p resultantes do teste U de Mann-Whitney pareado para os diferentes


tipos de habitat (n= 12, para cada habitat); os valores significativos de p (<0,05) são
apresentados em negrito.
Mata Afloramento Corpo Mata
conservada rochoso d'água secundária
Mata conservada 1 0,027 0,413 1
Afloramento rochoso 1 0,278 0,042
Corpo d'água 1 0,514
Mata secundária 1

Afloramento_rochos
Mata_conservada
Mata_secundária
Corpo_d'água

0,96

0,88

0,80

0,72
Similarity

0,64

0,56

0,48

0,40

0,32

Figura 27: Análise de agrupamento (cluster) das comunidades das comunidades de mamíferos
terrestres levantadas em cada tipo de habitat amostrado na área do empreendimento.
Por fim a análise de correspondência demonstra de forma bastante clara
a relação de dependência entre algumas espécies e determinados tipos de
ambiente, como os afloramentos rochosos, nos quais T. laurentius, C.
semistriatus, T. tetradactyla e K. rupestrtris foram registrados unicamente
(Figura 28); já corpos d’água são locais propícios para a ocupação de P.
cancrivorus, fato já bem documentado na literatura (Figura 28). Outras
espécies mais habitat generalistas como C. thous não possuem uma relação
mais próxima com nenhum ambiente em específico (Figura 28), podendo ser
encontrado em todos eles.

Mata_conservada
270

240
E._sexcinctus
210

180
Mata_secundária
Axis 2

150
G._spixii
120 C._thous

Afloramento_rochoso
T._tetradactyla
K._rupestris
T._laurentius
C._semistriatus
D._novemcinctus
D._albiventris
90

60

30 L._tigrinus

0
Corpo_d'água
P._cancrivorus
C._jacchus
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Axis 1

Figura 28: Análise de Correspondências evidenciando a relação entre as espécies registradas


e os diferentes ambientes na área do empreendimento.

Considerações sobre o empreendimento e área de estudo, do ponto de


vista mastozoológico
A deficiência amostral em relação aos mamíferos na Caatinga,
especialmente no Rio Grande do Norte, é muito grande. Neste contexto, um
exercício de priorização de áreas e ações para a conservação da Caatinga com
ênfase nos mamíferos indicou uma grande área no Rio Grande do Norte a qual
abrange, além de outros, os município de Lajes e Pedro Avelino (Silva et al.,
2003). Para esta área foi atribuída a importância biológica de consistir em uma
região insuficientemente conhecida, consequentemente, a investigação
científica foi a ação recomendada pelo exercício, uma vez que até então não
existiam registros de coletas para a área, que apresenta um baixo grau de
alteração e ausência de núcleos de desertificação (Silva et al., 2003).
Mas essa realidade vem mudando, pesquisas tem sido desenvolvidas na
região e demonstrado que ela abriga ainda uma parcela importante da
mastofauna presente na Caatinga, sendo referida como uma das áreas
prioritárias para a conservação da Caatinga no Rio Grande do Norte (Marinho,
2015; Mello, 2015). O expressivo número de mamíferos registrados aqui, sendo
a maioria deles através de dados primários (com exceção de M. gouazoubira,
L. pardalis, P. yagouaroundi, G. cuja e W. pyrrhorhinus), além da ocorrência
provável de três espécies de felinos predadores de topo, reafirma a região
como importante para a manutenção das populações de mamíferos da
Caatinga.
Em consonância com a Instrução Normativa no Ministério do Meio
Ambiente N° 2, de 10 de julho de 2015, que disciplina casos que envolvam
espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, são propostas aqui
medidas mitigadoras sobre as espécies da mastofauna terrestre, em especial
daquelas consideradas ameaçadas de extinção.
Com relação à mastofauna terrestre, quando se iniciarem os processos
de desmatamento, é provável que algumas espécies consigam sair para áreas
próximas, enquanto outras permaneçam acuadas. Por isso o acompanhamento
desta etapa do empreendimento por profissionais competentes e habilitados
para o afugentamento e resgate de fauna se faz necessário, especialmente em
locais próximos a ambientes conhecidos como refúgios da fauna, tais como os
afloramentos rochosos que cobrem a área.
Neste sentido, o deslocamento de espécies para áreas do entorno,
especialmente próximas à habitações humanas, merece especial atenção.
Mamíferos carnívoros, por exemplo, podem sair a procura de novos territórios e
alimento nas proximidades de residências, como resultado de um possível
desequilíbrio inicial de presas e diminuição do território por conta das obras do
empreendimento, e, consequentemente, entrar em conflito com moradores
locais, principalmente por predarem animais domésticos.
Desta forma, como medidas a serem tomadas para minimizar tais
problemas recomenda-se a implantação de um programa de educação e
conscientização ambiental com moradores locais e trabalhadores do
empreendimento sobre a importância das várias espécies para o meio
ambiente, e em especial de mamíferos predadores de topo. Neste programa
podem ser repassados aspectos gerais da legislação ambiental (Lei de Crimes
Ambientais, Lei Nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998, por exemplo), além de
difundir práticas de convivência com predadores para evitar possíveis abates
preventivos de espécies como Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno) e
Cerdocyon thous (cachorro-do-mato) ou em retaliação pela predação de
animais domésticos, como relatado nas entrevistas realizadas com moradores
locais. Para isso, materiais técnicos podem servir de referência como, por
exemplo, o documento “Predadores Silvestres e Animais Domésticos: guia
prático de convivência” desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (disponível gratuitamente em:
http://www.icmbio.gov.br/cenap/images/stories/Guia_Pr%C3%A1tico_Conviv
%C3%AAncia-Predadores_e_Animais_Dom%C3%A9sticos.pdf). Ainda, é
essencial a instalação de placas educativas que alertem para que em caso de
problemas com animais silvestres devem ser contatados os órgãos ambientais
competentes, tais como com os contatos do IBAMA (0800-618080), IDEMA
(0800 281 1975) e Polícia Ambiental do Rio Grande do Norte (084 3201-5353).
A prática da caça de animais silvestres para alimentação, em especial de
mamíferos terrestres, é bastante comum na região, assim como em toda a
Caatinga, apesar de ser uma prática ilegal, salvo algumas exceções previstas
em lei. Desta forma, recomendam-se como forma de mitigar esse impacto
sobre a fauna local, oficinas de Educação Ambiental para conscientizar e
orientar os empregados da(s) empreiteira(s) a não caçarem na região do
empreendimento e nem consumirem carne de caça, sob a possibilidade de
serem penalizados caso obstruam as orientações. Além disso, o empreendedor
deverá também distribuir, nos limites do empreendimento, placas informativas
advertindo que caçar é crime segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei Nº
9605, de 12 de fevereiro de 1998), e que, segundo esta lei, o indivíduo está
sujeito à multa e à apreensão caso chegue a retirar, extrair, coletar, apanhar,
apreender ou capturar espécimes da fauna sem a devida licença dos órgãos
competentes.
Uma grande causa de mortandade para mamíferos terrestres, em
especial para os de maior porte, por se deslocarem mais, é o atropelamento
em estradas e rodovias. Por isso deve ser estabelecido um limite de velocidade
dentro das áreas naturais do empreendimento, o qual não deve exceder 40
Km/h. Para isso, placas de advertência e palestras educativas devem ser
adotadas no sentido de orientar os trabalhadores da obra para a atenção com a
fauna ao se deslocarem dentro do empreendimento e nas suas vias de acesso,
especialmente a noite, quando os mamíferos estão mais ativos.
É válido levar em consideração a circulação de animais domésticos nos
arredores do empreendimento, os quais atuam como vetores de doenças para
animais nativos e seres humanos e podem ainda atacar a fauna silvestre. Por
isso a presença desses animais (como cães e gatos) na área deve ser evitada
e desencorajada nos seus arredores.
A implantação do empreendimento inevitavelmente deverá suprimir áreas
que servem de abrigo e/ou território para espécies de mamíferos terrestres.
Desta forma, é essencial a manutenção de áreas preservadas que sirvam de
refúgio para estas espécies, como APP’s (Áreas de Preservação Permanente,
segundo o Novo Código Florestal Brasileiro, LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO
DE 2012) e Reserva Legal, além dos afloramentos rochosos e seus entornos,
onde foi obtida grande parte dos registros dos mamíferos relatados aqui, o que
sugere estes locais como importantes refúgios para a fauna local.
Embora as medidas sugeridas sejam importantes no sentido de minimizar
os potenciais impactos sobre a fauna, a relativa integridade biótica da
comunidade de mamíferos apresentados aqui indicam, bem como os demais
dados explanados até agora sobre a região, colocam a área de interesse como
importante para a manutenção das populações de mamíferos na Caatinga do
rio Grande do Norte, inclusive de espécies consideradas ameaçadas de
extinção. Desta forma, como recomendações, tem-se a necessidade da
realização de monitoramentos na área de implantação do Complexo Eólico
Santo Agostinho para detectar a incidência real desses impactos sobre a
dinâmica de ocupação espacial e temporal da mastofauna terrestre, além de
identificar pontos críticos onde estes impactos possam ocorrer de forma mais
significativa para assim propor medidas mitigadoras mais efetivas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste diagnóstico foi levantado um número expressivo de mamíferos


terrestres (17 espécies) com ocorrência registrada (12 espécies) ou potencial
(5 espécies) para a área de interesse e/ou para os municípios onde se
localizará o Complexo Eólico Santo Agostinho. Considerando apenas os dados
primários, as estimativas de riqueza da comunidade apontam para
aproximadamente 18 espécies de mamíferos terrestres para a área de
interesse, número próximo do encontrado. O número de espécies levantado
aqui supera outros trabalhos em áreas de Caatinga, inclusive com maior
esforço amostral.
Entre as espécies registradas, 3 (três) delas constam em listas nacionais
e/ou internacionais de espécies ameaçadas de extinção (Leopardus tigrinus,
Puma yagouaroundi e Kerodon rupestris) e 2 (duas) espécies são consideradas
endêmicas do bioma Caatinga (K. rupestris e Wiedomys pyrrhorhinus). A
grande maioria dos mamíferos registrados são pressionados pela caça no
semiárido, sendo necessárias ações de inibição desse tipo de prática. É
importante ressaltar a ocorrência de pelo menos 3 (três) espécie de felinos na
área, espécies importantes para o funcionamento do ecossistema por
regularem as populações de suas presas, e as quais possuem um Plano de
Conservação (PAN) específico (PAN dos Pequenos Felinos) implementado pelo
ICMBio, e desta forma, merecem especial atenção no desenvolvimento de
ações de mitigação e monitoramento dos potenciais impactos sobre as
mesmas.
Em relação aos diferentes ambientes amostrados, os afloramentos
rochosos, seguidos pelos ambientes no entorno de corpos d’água, se
mostraram habitats essenciais para algumas das espécies avaliadas, inclusive
para K. rupestris, em estado vulnerável à extinção. Desta forma, este
diagnóstico justifica a relevância do ponto de vista mastozoológico da área de
intervenção, apresentando subsídios para a previsão dos potenciais impactos
sobre os mamíferos terrestres e suas respectivas medidas mitigadoras mais
apropriadas.

DIAGNÓSTICO DA HERPETOFAUNA

CONTEXTUALIZAÇÃO

O termo herpetofauna refere-se às espécies de répteis e anfíbios de


uma determinada área. Em estudos faunísticos, esses dois grupos são
usualmente amostrados em conjunto devido aos métodos coincidentes de
amostragem. A riqueza da herpetofauna pode variar muito em razão da
localização geográfica, extensão e diversidade paisagística da área. Por isso,
os resultados de qualquer amostragem constituem-se no somatório da(s)
técnica(s) utilizada(s), da habilidade de quem conduz o inventário em detectar
os espécimes no espaço amostral e do componente temporal, expresso tanto
em razão das horas dispendidas em campo quanto da própria composição
histórica da fauna, que varia naturalmente entre as localidades (Silveira et al.,
2010).
O Brasil tem a fauna e flora mais ricas de toda a América Central e do
Sul. Até dezembro de 2012 foram registradas ocorrências de 744 espécies de
répteis no país, sendo 36 quelônios, 6 jacarés, 248 lagartos, 68 anfisbenas e
386 serpentes (Bérnils e Costa, 2012). Considerando táxons em nível de
subespécie (muitos dos quais se insinuam como espécies plenas), o total de
formas de répteis registradas para o Brasil salta para 790, das quais 374 são
endêmicas. Já dentre os anfíbios, até julho de 2014 foram reconhecidas 1026
espécies ocorrentes no Brasil, sendo 988 de Anuros (sapos, rãs, jias e
pererecas), uma de Caudata (salamandras) e 33 de Gymnophionas (cecílias)
(Segalla et al., 2014).
A herpetofauna da Caatinga é a mais bem conhecida dentre os Biomas
brasileiros, embora Tabarelli e Vicente (2004) estimem que a diversidade
biológica de aproximadamente 40% da área ainda permaneça desconhecida.
Atualmente, é considerado o Bioma semiárido com maior riqueza de espécies
do mundo, com alto nível de endemismos (Silva et al. 2005). Levando em
conta somente o semiárido, sem incluir os relictos de mata como os brejos de
altitude, até o momento foram registradas 173 espécies, sendo 47 de lagartos,
10 de anfisbenas, 52 de serpentes, quatro de quelônios, três de crocodilianos,
48 de anfíbios anuros e três de cecílias (Rodrigues, 2003).
O presente documento apresenta o estudo da herpetofauna nas áreas
de influência do Complexo Eólico Santo Agostinho, entre os municípios de
Pedro Avelino e Lajes-RN, com a finalidade de determinar a diversidade e
riqueza de espécies, bem como a presença de espécies raras, endêmicas e
ameaçadas de extinção que possam sofrer algum tipo de impacto decorrente
das atividades desse empreendimento, além de buscar obter um panorama da
biodiversidade local e sugerir medidas para sua conservação.

OBJETIVOS

 Realizar levantamento da herpetofauna (anfíbios e répteis) existente e de


espécies com potencial ocorrência na região do Compexo Eólico Santo
Agostinho, localizado nos municípios de Pedro Avelino e Lajes-RN;
 Gerar informações que subsidiem a identificação dos potenciais impactos
sobre a herpetofauna decorrentes da implantação do empreendimento,
bem como a proposição dos respectivos programas e medidas visando à
sua mitigação

METODOLOGIA

A amostragem e diagnóstico da herpetofauna depende da aplicação


simultânea de métodos complementares que visam cobrir a vasta diversidade
de hábitos das espécies. Estes métodos podem ser divididos em: 1) busca
ativa, em que o herpetólogo procura os animais ativamente; 2) amostragem
passiva, em que os animais são registrados por meio de armadilhas ou
instrumentos instalados em campo; e 3) obtenção de dados secundários,
como entrevistas com a população local sobre a fauna da região e pesquisa
bibliográfica em relatórios técnicos, artigos publicados em revistas indexadas,
monografias, dissertações e teses acadêmicas. Para a identificação das
espécies, foram utilizadas chaves e guias de identificação amplamente
difundidos entre os herpetólogos, como as chaves de Peters e Donoso-Barros
(1970) e Vanzolini (1986), além de descrições e consulta a especialistas.

Amostragem

As campanhas para levantamento de herpetofauna ocorreram nos


períodos de 26 a 29 de maio e 27 a 29 de julho de 2015. Foram escolhidos
pontos de amostragem (descritos anteriormente), onde foram realizadas
buscas ativas por espécimes nos turnos da manhã (07:00 às 12:00h), tarde
(14:00 às 18:00h) e noite (19:00 às 22:00h), totalizando 12 horas/dia. As
buscas foram realizadas por um coletor, totalizando 84 horas*homem de
trabalho de campo. Foram inspecionados visualmente diversos microhábitats
potenciais como sob troncos e cascas de árvores, pedras, folhiço, bromélias,
ocos de árvores e cupinzeiros, assim como às margens de rios, riachos,
açudes e poças na área de estudo. Também foram percorridas as estradas da
área em baixa velocidade, na procura de espécimes que estejam parados ou
deslocando-se por elas, ou ainda de espécimes mortos por atropelamento.
Esses métodos permitem registrar espécies com hábitos diversos, como
arborícolas, aquáticas, terrestres e fossoriais, além de espécies raras e/ou
crípticas que dificilmente são registradas por métodos de amostragem passiva.

Análises dos dados

A partir dos dados de busca ativa foi construída uma curva de rarefação
ou de acumulação de espécies, aleatorizada 100 vezes. A aleatorização dos
dados elimina a influência da ordem em que eles são incluídos na análise, o
que resulta em uma curva acumulativa de espécies. Foram calculados os
estimadores de riqueza ACE, ICE, Chao 1, Chao 2, Jackknife 1, Jackknife 2 e
Bootstrap. Essa análise foi realizada com o software livre Estimates 9.1
(Colwell, 2013).
A abundância foi baseada no número de observações de indivíduos de
cada espécie. Já os índices de diversidade foram calculados para cada
ambiente, principalmente aqueles considerados relevantes para a
conservação local das espécies. Para caracterização e comparação da
comunidade entre os ambientes previamente categorizados, foram calculadas
a diversidade de Shannon-Wiener (H’) (Krebs, 1999) e Equitabilidade de
Pielou (J’) (Pielou, 1966). Um teste U de Mann-Whitney foi aplicado entre os
ambientes pareados, para verificar diferenças na composição de espécies. A
similaridade entre os pontos de amostragem foi calculada através de uma
análise de cluster (agrupamento), utilizando-se o tipo de ligação paired group e
o índice de similaridade de Bray-Curtis. Uma Análise de Correspondência, um
tipo de análise de componentes principais utilizada para dados categóricos, foi
realizada com o objetivo de observar as relações entre as espécies e seus
respectivos ambientes. As análises foram realizadas no software PAST versão
2.17 (Hammer et al., 2001).

RESULTADOS

Riqueza e abundância de espécies

O esforço de campo resultou no registro de 190 indivíduos de 12


espécies, sendo dez de répteis e duas de anfíbios (Tabela 7). Todos os
animais foram identificados, fotografados e soltos no mesmo local de captura.
O esforço de amostragem pode variar em razão do tamanho e da
heterogeneidade da área, já que áreas muito extensas e/ou muito
heterogêneas demandam um maior número de unidades amostrais. A melhor
forma de avaliar o esforço é por meio de curvas de rarefação, também
conhecidas como curvas de acúmulo de espécies ou curva do coletor (Silveira,
2010). A área pode ser considerada bem amostrada quando a curva "número
de espécies versus tempo de amostragem" atinge seu ponto de inflexão ou
assíntota, ou seja, atinge a estabilidade. Entretanto, muitas espécies
apresentam variações de atividade ao longo do ano, especialmente os anfíbios,
e uma amostragem realizada numa época em que poucas espécies estão em
atividade pode resultar na estabilização da curva do coletor num valor muito
inferior à riqueza real da região. Isso significa que as curvas devem ser
interpretadas com cautela, considerando sempre as particularidades da região,
das espécies que estão sendo estudadas e o período em que a amostragem foi
realizada.
A curva de rarefação deste estudo revela uma tendência à estabilidade,
embora mais amostragens sejam necessárias para que haja uma estabilização
(Figura 29). Os estimadores mostram uma amplitude de 13 a 19 espécies para
a área, sendo que o Jackknife 2 aponta para uma riqueza de cerca de 19
espécies. Levando em conta os valores dos estimadores de riqueza, 60 a 90%
das espécies puderam ser registradas pelo método de busca ativa (Tabela 5).
Os estimadores ACE e Chao 1 foram as melhores opções de estimativas para
a riqueza baseada na abundância, sendo os mais próximos da riqueza
observada, juntamente com o estimador Bootstrap (que leva em consideração
a reposição de espécies), que pode ser considerado o melhor representante
para o conjunto de dados obtidos, com quase 90% das espécies registradas.

Figura 29: Curva de rarefação S (obs), com respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%, e
estimadores de riqueza de herpetofauna na área do empreendimento.
Tabela 5: Estimadores de riqueza e porcentagem (%) das espécies encontradas pelos respectivos
estimadores.

Observado ACE ICE Chao 1 Chao 2 Jacknife 1 Jacknife 2 Bootstrap


12 14,4 15,3 14,98 17,63 15,75 19,25 13,54
% de spp. registradas 83,33 78,43 80,11 68,07 76,19 62,34 88,63

Com relação à abundância, a espécie mais observada foi Tropidurus


hispidus, seguida por Tropidurus semitaeniatus e Cnemidophorus ocellifer
(Figura 30). As espécies menos frequentes, com registros de apenas um
indivíduo cada, foram Rhinella granulosa, Oxybelis aeneus e Hemidactyus
brasilianus.

Figura 30: Abundância das espécies registradas pelo método de busca ativa na área do
empreendimento.

Apenas duas espécies de anfíbios foram encontradas, provavelmente


devido à ausência de chuvas no período. O sapo cururu (Rhinella jimi; Figura
31A e B) foi observado em solo encharcado de um açude. Muitos espécimes
encontravam-se na fase de imagos (girinos recém-metamorfoseados), e
tinham cerca de um centímetro de comprimento rostro-cloacal. Também foi
encontrado um espécime de sapo-de-verrugas (Rhinella granulosa), espécie
de ampla distribuição, especialmente na Caatinga (Figura 32).
(A) (B)
Figura 31: (A) e (B) Imagos de Rhinella jimi em solo encharcado de açude na área do
empreendimento.
Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Figura 32: Sapo-de-verrugas (Rhinella granulosa). Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants,


2015.

Em relação aos répteis, foram registradas nove espécies de lagartos e


uma de serpente. A espécie mais frequentemente observada foi a lagartixa
(Tropidurus hispidus; Figura 33A), seguida pelo lagarto-de-lajeiro (Tropidurus
semitaeniatus; Figura 33B). Ambas ocupam os afloramentos rochosos da área,
sendo que T. semitaeniatus vive exclusivamente nesses afloramentos,
enquanto que T. hispidus é mais generalista, podendo ocupar diversos microhábitats,
inclusive habitações humanas.
(A) (B)
Figura 33: (A) Lagartixa (Tropidurus hispidus). (B) Lagarto-de-lajeiro (Tropidurus
semitaeniatus).
Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Dentre as espécies arborícolas, o lagartinho (Lygodactylus klugei; Figura


34A) foi o mais abundante. Ele geralmente ocupa troncos e galhos de árvores e
arbustos, se camuflando com o meio. Um outro lagarto bastante abundante foi
o calango (Cnemidophorus ocellifer; Figura 34B), uma espécie terrícola de
ampla distribuição.

(A) (B)
Figura 34: (A) Lagartinho (Lygodactylus klugei). (B) Calango (Cnemidophorus ocellifer). Fonte:
Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Ainda dentre os lagartos, foram registradas cinco espécies menos


abundantes, com registros de um a três indivíduos. São elas a briba
(Hemidactylus agrius; Figura 35A), a briba-de-cauda-grossa (Hemidactylus
brasilianus), a briba-de-lajeiro (Phyllopezus pollicaris; Figura 35B), o lagartinho
(Gymnodactylus geckoides, Figura 36A) e o lagarto-da-caatinga (Phyllopezus
periosus; Figura 36B). Este último, P. periosus, é o maior lagarto das Caatingas
e é endêmico deste Bioma. Assim como P. pollicaris, habita preferencialmente
os afloramentos rochosos, mas pode ocasionalmente ocupar habitações
humanas. Já H. agrius é uma espécie considerada rara, que ocorre somente o
nordeste brasileiro, sendo geralmente encontrada sob cascas de árvores e
arbustos, embora também habite o interior de bromélias como a macambira
(Encholirium spectabile; Silva-Jorge et al., 2014). Dentre as serpentes, foi
observado apenas um indivíduo de bicuda (Oxybelis aeneus) atravessando
uma via.

(A) (B)
Figura 35: (A) Briba (Hemidactylus agrius). (B) Briba-do-lajeiro (Phyllopezus pollicaris). Fonte:
Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

(A) (B)
Figura 36: (A) Lagarto (Gymnodactylus geckoides). (B) Lagarto-da-caatinga (Phyllopezus
periosus).
Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Diversidade, equitabilidade e distribuição das espécies


Os ambientes detectados como de interesse para conservação da
herpetofauna foram divididos em: Mata Conservada, composta por vegetação
nativa e hábitats relativamente bem conservados; Lajeiro, formado por
afloramentos rochosos; Corpos d’água, no interior ou ao redor de rios, riachos
e açudes temporários ou perenes e suas respectivas matas ciliares; e Mata
Secundária, ambientes alterados formados predominantemente por florestas de
algarobas (Prosopis juliflora), juremas-pretas (Mimosa tenuiflora) ou
catanduvas (Pityrocarpa moniliformis).
Os índices de diversidade e equitabilidade, bem como dados de riqueza
(número de espécies) e abundância (número de indivíduos) para cada
ambiente, estão listado na Tabela 6.

Tabela 6: Dados de diversidade para cada um dos ambientes de interesse para conservação na área do
empreendimento.

Mata Conservada Lajeiro Corpo d'água Mata Secundária


Riqueza 9 8 6 2
Abundância 32 89 46 24
Índice de Shannon (H’) 1,598 1,538 1,606 0,6792
Equitabilidade (J’) 0,7271 0,7394 0,8966 0,9799

O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) foi maior nas Matas


conservadas e Corpos d’água, com valores semelhantes, seguidos pelos
Lajeiros. As Matas secundárias tiveram uma baixa diversidade, bem como
baixos números de espécies e indivíduos, quando comparada aos demais
ambientes, o que seria esperado devido às alterações antrópicas e à baixa
disponibilidade de recursos para a herpetofauna. Por sua vez, a equitabilidade
de Pielou (J’), que mede o quão equitativo é o número de indivíduos de cada
espécie em relação às outras espécies (quanto menor a equitabilidade, maior a
diferença na abundância das espécies dominantes e raras na comunidade), foi
mais alta nesse ambiente, já que é formado basicamente por espécies
dominantes ou generalistas, enquanto que a mata conservada possui mais
espécies raras e, portanto, menor equitabilidade.
No teste U de Mann-Whitney, a diferença entre os ambiente foi
significativa (p<0,05) apenas para Mata Conservada versus Mata Secundária e
Lajeiro versus Mata Secundária. Estes resultados evidenciam a importância
dos relictos de mata conservada e dos afloramentos rochosos para a
manutenção da biodiversidade, bem como os danos causados pelo
desmatamento, que podem ser notados em longo prazo pela baixa diversidade
encontrada em ambientes alterados e suas diferenças em relação aos
ambientes conservados.
A distribuição das espécies nos ambientes estudados denotou a
presença de um grupo formado por Corpos d’água e Mata secundária com
cerca de 70% de similaridade, enquanto que os Lajeiros apresentaram a menor
similaridade, de 40% com os demais ambientes (Figura 37). Isso evidencia o
fato de os lajeiros apresentarem uma herpetofauna própria, com espécies que
habitam quase que somente este tipo de ambiente, como T. semitaeniatus e P.
periosus, seguido pela Mata conservada, que abriga espécies relativamente
raras nos remanescentes, como H. brasilianus.
Mata_Conservada
Mata_Secundária
Corpo_d'água

Lajeiro
0,96

0,88

0,80

0,72
Similarity

0,64

0,56

0,48

0,40

Figura 37: Análise de Agrupamento das comunidades da herpetofauna registradas em cada


ambiente de amostragem na área do empreendimento.

A relação entre as espécies e seus respectivos ambientes fica mais


evidente através da Análise de Correspondência, onde as duas componentes
principais explicaram 84% da variação nos dados (Figura 38). No gráfico
observa-se novamente a relação de dependência das espécies P. periosus, P.
pollicaris e T. semitaeniatus com ambientes de lajeiro, bem como a maior
utilização de matas secundárias por espécies mais generalistas como T.
hispidus e C. ocellifer.
1,6

1,2
Rhinella_jimi
0,8

0,4 Hemidactylus_agrius
Phyllopezus_pollicaris Corpo_d'água
Phyllopezus_periosus Lygodactylus_klugei
Axis 2

0,0 Tropidurus_semitaeniatus
Lajeiro
Cnemidophorus_ocellifer
Tropidurus_hispidus
-0,4
Mata_Secundária
-0,8 Mata_Conservada
Gymnodactylus_geckoides
-1,2

-1,6
Oxybelis_aeneus
Rhinella_granulosa
Hemidactylus_brasilianus
-2,0
-0,9 -0,6 -0,3 0,0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8
Axis 1

Figura 38: Análise de Correspondências evidenciando a relação entre espécies e ambientes na


área de estudo.

Entrevistas

Durante a campanha foram realizadas entrevistas com moradores locais


visando obter dados de ocorrência e registros sobre a fauna local,
especialmente de espécies não registradas nas metodologias anteriores. 15
espécies de répteis foram registradas em entrevistas com moradores locais
(Tabela 7), sendo nove de serpentes, cinco de lagartos e uma de cágado.
Durante as entrevistas, foi relatado que é comum o avistamento e o abate de
cascavéis (Crotalus durissus). Os moradores mostraram evidências como fotos
de espécimes com mais de 1,5 m de comprimento e chocalhos retirados dos
animais abatidos (Figura 39). A alta densidade da espécie na área se deve,
provavelmente, à disponibilidade de abrigo (fendas de lajeiros) e alimento
(comumente roedores que vivem em lajeiros) nos arredores, além de ser uma
espécie que se adapta melhor a áreas abertas. A abundância de alimento
(animais de criação) e abrigo (residências e currais) em áreas antropizadas
pode levar a conflitos, culminando em acidentes e/ou no abate desses animais.

Figura 39: Chocalhos de cascavéis (Crotalus durissus) abatidas por moradores locais. Fonte:
Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015

Pesquisa bibliográfica

Além do trabalho de campo e das entrevistas, a lista de espécies foi


complementada com os registros de algumas espécies obtidos por meio de
estudos prévios realizados na região. Em um estudo recente sobre a
diversidade de lagartos na Caatinga do RN, Oliveira (2015) registrou algumas
espécies para a região de Lajes, dentre elas uma não obtida no presente
estudo, o lagarto-de-folhiço (Coleodactylus meridionalis). Já Silva-Jorge (2015)
registrou dezesseis espécies da herpetofauna que habitam a bromélia rupícola
“macambira” (Encholirium spectabile) na mesorregião do Agreste potiguar,
sendo seis de lagartos (Famílias Mabuyidae, Tropiduridae, Gekkonidae e
Phyllodactylidae), seis de serpentes (Famílias Boidae e Dipsadidae) e quatro
de anfíbios da Família Hylidae. Dentre as espécies não obtidas neste estudo,
estão o lagarto Psychosaura agmosticha; as serpentes Lygophis dilepis,
Oxyrhopus trigeminus, Philodryas olfersii, Thamnodynastes almae,
Thamnodynastes sp. e Leptodeira annulata; e os anfíbios Dendropsophus
nanus, Hypsiboas raniceps, Phyllomedusa nordestina e Scinax x-signatus. A
densidade de macambiras em nossa área de estudo é alta e, portanto, a
composição da herpetofauna entre os estudos é provavelmente bastante
similar. As macambiras são, juntamente com os lajeiros e afloramentos
rochosos, microhábitats importantes para a herpetofauna, devendo ser
cuidadosamente mantidos e conservados.
Por fim, através do Estudo de Impacto Ambiental em uma área vizinha, no
município de Lajes (Renova, 2014), podemos adicionar as seguintes espécies
na nossa lista regional: Brasiliscincus heathi, Clelia clelia, Corythomantis
greeningi, Dermatonotus muelleri, Leptodactylus fuscus, Leptodactylus
macrosternum, Leptodactylus troglodytes, Physalaemus sp. e Pleurodema
diplolister.

Lista de espécies
Foram registradas, no total, 47 espécies e 15 famílias, sendo 13
espécies de anfíbios e 34 de répteis para a área. Na Tabela 7 são registradas
as espécies de herpetofauna obtidas no presente estudo, bem como as ordens
e famílias a que pertencem, o status de conservação e endemismo, o tipo de
registro obtido para cada espécie e os pontos de amostragem onde foram
registradas.
PROJETO:
COMPLEXO EÓLICO SANTO AGOSTINHO
TÍTULO:
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO
DE IMPACTO AO MEIO AMBIENTE – EIA-RIMA PÁG: 50

Tabela 7: Herpetofauna registrada na área do Complexo Eólico Santo Agostinho, nos municípios de Lajes e Pedro Avelino – RN, no período de maio a julho de 2015.
Taxonomia segue SBH (2014). 1Status na CITES (2015): Ap. I (apêndice I), Ap. II (apêndice II), NC (não consta); 2Status de conservação segundo a IUCN (2015): LC (pouco
preocupante), VU (vulnerável); 3Status de conservação segundo o MMA (2014): FA (fora de ameaça), VU (vulnerável), EN (em perigo); 4Endemismo: EnCaa (endêmico da
Caatinga); 5Tipo de registro: E (entrevista), O (observação direta), B (referências bibliográficas ou outras fontes secundárias), V (vestígio); 6NA (não se aplica para dados
secundários).

Tipo de Pontos
Táxon Nome comum Microhabitat CITES1 IUCN2 MMA3 Endemismo4
Registro5 Amostrais6

ORDEM ANURA – Sapos, jias, pererecas


Bufonidae
Solo, P6, P7,
Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Sapo-cururu NC LC FA O
Herbáceas P14
Rhinella granulosa (Spix, 1824) Sapo-de-verrugas Solo NC LC FA O P9
Hylidae
Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 Perereca-de-capacete NC LC FA B
Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) Pererequinha NC LC FA B
Hypsiboas raniceps Cope, 1862 Perereca NC LC FA B
Phyllomedusa nordestina Caramaschi, 2006 Perereca verde NC DD FA B
Scinax x-signatus (Spix, 1824) Perereca raspa-coco NC LC FA B
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Caçote NC LC FA B
Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926 Rã pimenta NC LC FA B
Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926 Caçote NC LC FA B
Physalaemus sp. Rã chorona NC - FA B
Pleurodema diplolister (Peters, 1870) Sapinho de areia NC LC FA B
Microhylidae
Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) Rã manteiga NC LC FA B
ORDEM SQUAMATA - Serpentes
Boidae
Boa constrictor constrictor Linnaeus, 1758 Jibóia Ap. II - FA E
Epicrates assisi Machado, 1945 Salamanta Ap. II - FA E
Colubridae
Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) Bicuda Solo NC - FA O, E P1
Dipsadidae
Clelia clelia (Daudin, 1803) Cobra preta Ap. II - FA B
Leptodeira a. annulata (Linnaeus, 1758) Dormideira NC - FA B
Lygophis dilepis (Cope, 1862) Cobra-caçote NC LC FA B
Oxyrhopus trigeminus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 Falsa-coral NC - FA B
Philodryas nattereri Steindachner, 1870 Corre-campo NC - FA E
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra-verde NC - FA B
Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Cobra-preta NC - FA E
Thamnodynastes almae Franco & Ferreira, 2003 Jararaquinha NC - FA B
Thamnodynastes sp. Serpente NC - FA B
Xenodon merremii (Wagler in Spix, 1824) Boipeva NC - FA E
Elapidae
Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) Cobra-coral NC - FA E
Viperidae
Bothrops erythromelas Amaral, 1923 Jararaca-da-caatinga NC LC FA E
Crotalus durissus cascavella Wagler, 1824 Cascavel NC LC FA E
ORDEM SQUAMATA - Lagartos
Gekkonidae
Sob casca
P1, P2, P5,
de arbusto,
Hemidactylus agrius Vanzolini, 1978 Briba NC - FA O P6, P9,
solo,
P10
macambira,
Briba-de-cauda- Sob casca
Hemidactylus brasilianus (Amaral, 1935) NC - FA O P9
grossa de cacto
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Briba-de-casa NC - FA E
Sob casca
de arbusto, P1, P5, P9,
Lygodactylus klugei (Smith, Martin & Swain, 1977) Lagartinho NC - FA O
tronco de P11
arbusto
Gymnophtalmidae
Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902) Lagartinho-de-cauda-vermelha NC - FA E
Iguanidae
Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Iguana Ap. II - FA E
Mabuyidae
Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) Lagarto brilhante NC - FA B
Psychosaura agmosticha (Rodrigues, 2000) Lagarto de bromélia NC - FA EnCaa B
Phyllodactylidae
Solo, sob
Gymnodactylus geckoides Spix, 1825 Lagarto NC - FA B, O P9
tronco
Tronco de
árvore,
Phyllopezus periosus Rodrigues, 1986 Lagarto-da-caatinga habitações NC - FA EnCaa O P2, P6, P9
humanas,
lajeiro
Solo,
Phyllopezus pollicaris pollicaris (Spix, 1825) Briba-de-lajeiro habitação, NC - FA O P6, P7, P9
lajeiro
Sphaerodactylidae
Coleodactylus meridionalis (Boulenger, 1888) Lagartinho-de-folhiço NC - FA B
Polychrotidae
Polychrus acutirostris Spix, 1825 Bicho-preguiça NC - FA E
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Bico-doce NC - FA B
Cnemidophorus ocellifer Spix 1825 Calango Solo, NC - FA O P1, P2, P3,
serapilheira, P6, P7, P9,
macambira P14, P15
Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 Tejo Ap. II LC FA E
Tropiduridae
Arbusto,
macambira,
P1, P2, P3,
solo, lajeiro,
P4, P6, P7,
serapilheira,
P8, P9,
Tropidurus hispidus (Spix, 1825) Lagartixa sob casca de NC - FA O
P11, P13,
arbusto, sob
P14, P15,
rocha,
P16
habitações
humanas
P1, P2, P3,
Tropidurus semitaeniatus Spix, 1825 Lagarto-do-lajeiro Lajeiro NC LC FA EnCaa O P6, P7, P9,
P11
ORDEM TESTUDINES - Cágados
Chelidae
Mesoclemmys perplexa Bour & Zaher, 2005 Cágado NC - FA E, B
Espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção

Na área há espécies raras, sensíveis a distúrbios e/ou típicas de


ambientes florestados, como o lagartinho-de-folhiço (C. meridionalis) e a briba-
de-cauda-grossa (H. brasilianus), além de diversas espécies de anfíbios que
servem como indicadores de boa qualidade ambiental. Espécies de maior
sensibilidade foram encontras próximo a corpos d’água e em matas
conservadas, sugerindo a importância de manter remanescentes de vegetação,
especialmente próximo a locais com disponibilidade hídrica para a fauna.
O lagarto de lajeiro (Tropidurus semitaeniatus) e o lagarto da Caatinga
(Phyllopezus periosus) são tidos como endêmicos da Caatinga (Rodrigues,
2003; Pedrosa et al., 2014), sendo que ambos vivem predominantemente em
afloramentos rochosos. Esta característica faz com que tais afloramentos
sejam imprescindíveis para a conservação destas espécies. Já o lagarto de
bromélia (Psychosaura agmosticha) é uma espécie estritamente dependente
de bromélias como a macambira (Encholirium spectabile), utilizando-as para
abrigo, termorregulação e forrageio (Silva-Jorge, 2015). Portanto, a
conservação de touceiras de bromélias na área do empreendimento também é
essencial para a manutenção dessa e de outras espécies bromelícolas.
Cinco espécies estão presentes no Apêndice II da CITES, que reúne
espécies ameaçadas listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional
das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção. Apesar de
não constarem nas listas de espécies ameaçadas da IUCN ou do MMA, S.
merianae, I. iguana, C. clelia, E. cenchria e B. constrictor são espécies que
sofrem pressão cinegética local. S. merianae é comumente caçado para
consumo ou por se alimentar de animais de criação, assim como E. cenchria e
B. constrictor. I. iguana é geralmente capturada para servir como mascote. Tais
práticas culturais podem impactar as populações locais.

Considerações sobre o empreendimento e área de estudo, do ponto de


vista herpetológico

As diferentes fases de um empreendimento eólico resultam em


impactos de diferentes magnitudes sobre a herpetofauna local. Dentre as
ações relacionadas a impactos negativos diretos destacam-se: a construção de
novas estradas e acessos, a readequação de estradas existentes, a construção
do sistema de drenagem e rebaixamento do lençol freático, a instalação e
utilização do canteiro de obras, as aberturas e construção das fundações das
torres dos aerogeradores e o transporte de materiais para a construção dos
aerogeradores. Tais impactos diretos possuem íntima relação com os impactos
indiretos das obras, tais como o aumento da circulação de maquinário e
pessoal em estradas e acessos em áreas de importância para a fauna
(FREIRE, 2008).
O presente estudo demonstra alguns impactos que vêm ocorrendo
historicamente na região. A substituição da mata nativa por formações
antrópicas como florestas de algarobas (P. juliflora), por exemplo, contribui de
forma significativa para mudanças nos padrões de biodiversidade, tornando as
áreas mais pobres em riqueza e abundância de espécies. Esta parece ser uma
prática comum na região, assim como o desmatamento para criação de
pastagens, especialmente ao redor de açudes, rios e riachos. Esta prática
possivelmente contribuiu para a baixa riqueza de anfíbios observada neste
estudo. Portanto, é fundamental que o empreendimento em questão seja
implantado preferencialmente em áreas já antropizadas ou alteradas, como nos
algarobais ou em pastagens, evitando assim a supressão da mata nativa. Os
corpos d’água e lajeiros também devem ser mantidos, visto que são
importantes refúgios de fauna e locais de reprodução, alimentação e
dessedentação para a fauna. Também é essencial que, durante a supressão de
vegetação, na fase de implantação, haja o acompanhamento de profissionais
habilitados para o afugentamento e resgate de fauna.
Os conflitos locais com a fauna, como a caça, abates, acidentes com
espécies potencialmente perigosas e introdução de espécies sinantrópicas
como cães, gatos ou ratos, serão possivelmente intensificados devido à maior
circulação de pessoas na região. Portanto, a mediação desses conflitos se faz
necessária, especialmente durante a fase de implantação. A instalação de
placas educativas, como a de proibição da caça na área do empreendimento
(Lei de Crimes Ambientais, nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998), e a divulgação
de contatos para denúncias aos órgãos ambientais competentes, tais como
IBAMA (0800-618080), IDEMA (0800 281 1975), Polícia Ambiental do Rio
Grande do Norte (084 3201-5353) e Centro de Zoonoses local, poderão
diminuir tais conflitos. Medidas de segurança, como o uso de EPIs, devem ser
observadas devido à alta densidade de espécies peçonhentas como a cascavel
(C. durissus) relatada nas entrevistas.
Registramos espécimes vivos e carcaças em rodovias e vias de acesso
na área do empreendimento. Corroborando com Pedrosa et al. (2014),
constatamos que os atropelamentos podem ser uma das principais fontes de
impacto à herpetofauna ao longo de todas as fases do empreendimento.
Algumas espécies podem, inclusive, apresentar uma maior mobilidade durante
o período reprodutivo e/ou chuvoso, tornando-as mais vulneráveis aos
atropelamentos. Por isso, a sinalização vertical adequada informando sobre a
passagem de fauna, o controle de velocidade nas vias e a ciência dos
trabalhadores da obra e comunidades locais sobre as peculiaridades da fauna,
enfatizado nos Diálogos Diários de Segurança (DDS) e em palestras de
educação ambiental, podem contribuir sobremaneira para a redução de
acidentes, principalmente nas fases de implantação e operação do
empreendimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo registrou um total de 47 espécies e 15 famílias da


herpetofauna, sendo 13 espécies de anfíbios e 34 de répteis. Em vista disso,
podemos considerar o resultado do presente estudo como satisfatório, apesar
de a curva de rarefação não atingir a estabilidade. É provável que mais
espécies sejam encontradas ou tenham suas ocorrências confirmadas nas
campanhas de monitoramento, conforme solicitado pelo órgão de
licenciamento ambiental. Tais estudos são essenciais para se conhecer os
padrões locais de biodiversidade.
Dentre as espécies registradas, três são endêmicas da Caatinga (P.
periosus, T. semitaeniatus e Psychosaura agmosticha) e cinco estão presentes
na lista da CITES (S. merianae, I. iguana, C. clelia, E. cenchria e B. constrictor),
além de haver a ocorrência de espécies raras e sensíveis a distúrbios, como C.
meridionalis e H. brasilianus. Tais espécies merecem atenção especial durante
as campanhas de monitoramento.
Não houve registro de espécies ameaçadas, entretanto, a caça, os
conflitos entre pessoas e animais e o desmatamento e destruição de hábitats
podem contribuir sobremaneira para a extinção local de espécies.
A descaracterização do ambiente natural local produziu importantes
alterações na composição da herpetofauna, levando a uma diminuição da
diversidade nas áreas alteradas. Muitas espécies provavelmente sofreram
redução de suas populações devido aos processos históricos de fragmentação
florestal e ao empobrecimento da estrutura e diversidade da vegetação
resultantes de atividades antrópicas comuns na região. O presente
empreendimento poderá dirimir esse quadro, através da conservação de áreas
de interesse sob a forma de Reservas Legais, APPs e Áreas de Compensação
Ambiental e de ações de recuperação ambiental, fiscalização e educação
ambiental, contribuindo de forma sustentável para o desenvolvimento da
região.

DIAGNÓSTICO DA AVIFAUNA

O Brasil possui uma das mais diversas avifaunas do mundo, com


número estimado em cerca de 1900 espécies incluindo residentes, migratórias
e vagantes (CBRO, 2014). Isso corresponde a aproximadamente 57% das
espécies de aves registradas em toda América do Sul, com mais de 10%
destas espécies endêmicas do país (Sick, 1997). Além disso, o Brasil está na
rota migratória de muitas espécies, principalmente daquelas que possuem seus
sítios de reprodução em outros países, seja na região circumpolar relacionada
à América do Norte e Groenlândia (aves setentrionais), ou em áreas no sul da
América do Sul e Antártida (meridionais) (MMA, 2014).
Com relação às espécies residentes, essas possuem distribuição
desigual ao longo do território brasileiro, estando a maior diversidade
concentrada na Amazônia com 1.300 espécies e também a maior taxa de
endemismo (20%) (Mittermeier et al., 2003), seguida pela Mata Atlântica com
1.020 espécies (18% endêmicas) (MMA, 2000). A Caatinga por sua vez possui
em torno de 510 espécies de aves distribuídas em 62 famílias, o que
representa 30% da avifauna brasileira (Silva et al., 2003). Essa compilação
inclui registros de aves em ambientes como os brejos de altitude e os campos
rupestres, elementos indissociáveis da paisagem do domínio das Caatingas
(caatinga lato senso).
Embora a região da Caatinga seja reconhecida como um importante
centro de endemismo para aves da América do Sul, com pelo menos 23
espécies consideradas endêmicas desse bioma (Cracraft, 1985; Silva et al.,
2003; Pacheco, 2004), ainda há poucos estudos publicados sobre as aves da
região, quando comparado a outras áreas da América do Sul, resultando em
extensas áreas ainda sub-amostrados (Tabarelli et al., 2000).
Do total de espécies de aves registradas para Caatinga 23 espécies
(4,51%) são migrantes do hemisfério norte, nove (1,76%) são migrantes do sul
do continente americano; e oito (1,57%) têm status desconhecido, as demais
espécies são consideradas residentes (Silva et al. 2003).
Estudos indicam que a maior parte da avifauna existente na região da
Caatinga está associada a ambientes de formações vegetais de porte arbóreo-
arbustivo (Silva et al., 2003; Santos, 2004; Olmos et al., 2005; Roos et al.
2006), com 284 (60,5%) das espécies dependentes ou semi-dependentes de
formações florestais, o que revela a importância desses ambientes para a
avifauna (Canterbury et al., 2000; Silva et al., 2003).
Entretanto, a intensa ocupação humana na Caatinga ao longo do tempo
provocou grandes transformações de ordem antrópica em sua paisagem,
colocando esse bioma como um dos ecossistemas mais ameaçados no Brasil
(Castelletti et al., 2004). Grande parte da vegetação original encontrada na
Caatinga foi modificada pelo homem por causa de práticas agrícolas, as quais
em sua maior parte resultam em desmatamentos, e construções de estradas,
fazendo com que a vegetação nativa ficasse restrita a pequenos fragmentos
(Castelletti et al., 2004). Essas mudanças na paisagem podem levar a uma
série de impactos negativos sobre a avifauna, principalmente para as espécies
dependentes de ambientes florestais e espécies endêmicas, as quais são mais
vulneráveis às mudanças em seus hábitats (Chapin et al., 2000).
Nesse cenário, as aves constituem o grupo mais estudado em todo o
mundo no monitoramento dos ambientes, fornecendo respostas rápidas e
eficientes na indicação de alterações ambientais (Verner, 1981). Dessa forma,
levantamentos da avifauna são importantes ferramentas para o estudo de
impactos ambientais, em função da grande diversidade e de nichos que as
mesmas exploram, responderem de forma diferente dos outros grupos de
vertebrados terrestres às mudanças na composição e estrutura do habitat,
além de serem relativamente bem conhecidas e existirem protocolos de coleta
de dados bem definidos (Sick, 1997; Wiens, 1989; Antas e Almeida, 2003).
No caso do Rio Grande do Norte, localizado no extremo nordeste do
Brasil, esse é um dos estados menos conhecido em termos de avifauna. Isto é
principalmente devido a maioria das expedições realizadas pelos museus e
naturalistas no passado terem ignorado essa região (Olmos, 2003; Pacheco,
2003). Alguns destes estudos são escassos e restritos a pequenas áreas e
publicados em periódicos pouco conhecidos (Praxedes et al., 1997; Varela-
Freire e Araújo, 1997; Varela-Freira & Silveira, 1999). Iniciativas recentes nesse
estado têm mostrado a presença de espécies ameaçadas de extinção e
ampliado o conhecimento sobre espécies até agora desconhecidos para o
extremo nordeste do Brasil (Silva et al.,2011; Silva et al., 2012; Pichorim et al.,
2014).
A heterogeneidade ambiental que se expressa não apenas
espacialmente, como temporalmente, em razão da forte sazonalidade que
caracteriza a Caatinga, também produz mudanças nas comunidades ao longo
do ano. De acordo com Silva e colaboradores (2003), a resposta mais
comumente observada na avifauna da Caatinga é o movimento sazonal de
indivíduos seguindo os padrões de variação temporal da disponibilidade
hídrica, podendo variar em termos de amplitude de distância. Verificam-se
desde movimentos locais, de curta e média distância, para grotões, beira de
rios e cacimbas durante a época seca; até movimentos migratórios regulares
de longa-distância para outras regiões, como é o caso, por exemplo, de
Sporophila lineola. (Silva, 1995).
Nos últimos anos, tem-se observado no Brasil um rápido crescimento do
mercado de energia eólica dentre as fontes alternativas de energia (Oliveira e
Santos, 2008). Um grande número de impactos tem sido evidenciado sobre a
avifauna devido a instalação dos empreendimentos eólicos, como: redução de
habitat disponível, perturbando, afastando ou excluindo as aves da área
ocupada pelo empreendimento e cercanias, barreira intransponível,
provocando a mortalidade das aves devido à colisão com aerogeradores e
estruturas associadas e ocasionando a perda ou alteração dos habitats (Bird
Life International, 2003).
Os impactos ambientais negativos sobre a avifauna durante a operação
de um empreendimento eólico são mais relevantes em grupos de aves
aquáticas e limnícolas, e em aves migratórias ou espécies que realizam
deslocamentos sazonais de menor amplitude e utilizam a área como local de
invernada ou reprodução, e em aves de rapina (Ambiotech, 2008; Joenck,
2008; Mendes et al., 2002). Os fatores responsáveis pela colisão de aves com
os aerogeradores incluem: condições meteorológicas, abundância,
atividade/comportamento da espécie, morfologia/fisiologia da espécie,
características orográficas, corredores de migração ou de deslocamento diário.
Tendo em vista tais informações, enfatizamos principalmente neste
estudo as aves de Rapina e aves Migratórias, pois estas são potencialmente
mais afetadas pelo empreendimento eólico na fase de operação. Também são
destacadas as espécies que nidificam no solo, pois podem ter seus ninhos
destruídos durante a fase de implantação, bem como outras espécies, que
apresentam certas características que as tornam mais vulneráveis a impactos
diversos causados pelo futuro complexo eólico.

OBJETIVOS

 Levantar dados existentes sobre a avifauna ocorrente ou potencialmente


ocorrente na região do Complexo Eólico Santo Agostinho, localizado nos
municípios de Lajes e Pedro Avelino, Rio Grande do Norte;
 Identificar potenciais rotas de migração de aves nas áreas de influência
do empreendimento;
 Quantificar aves de rapina nas áreas e cercanias do empreendimento;
 Gerar informações que subsidiem a identificação dos potenciais
impactos sobre a avifauna decorrentes da implantação do empreendimento,
bem como a proposição dos respectivos programas e medidas visando à sua
mitigação.

METODOLOGIA

Amostragem

O diagnóstico da avifauna nas áreas do empreendimento foi realizado


em duas campanhas. A primeira campanha, entre os dias 26 e 29 de maio de
2015, e a segunda campanha, entre 27 e 30 de julho de 2015, nas áreas de
influência do empreendimento.
Para medir a composição e riqueza da avifauna das áreas amostradas
foi utilizado o método de amostragem por listas de Mackinnon (Mackinnon e
Phillips, 1993). Esse método é bastante indicado para avaliações ambientais
rápidas que visam estimar a composição e riqueza em períodos muito curtos,
entre cinco e oito dias (Ribon, 2010). Com os registros obtidos foi organizada a
lista das espécies de aves seguindo a classificação taxonômica do Comitê
Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2014). As listas de Mackinnon,
que consiste na elaboração de listas de espécies onde cada uma constitui uma
unidade amostral, nesse caso 10 espécies como proposto por Herzogh e
colaboradores (2002), foram feitas durante caminhadas por trilhas
preexistentes no interior e borda das áreas amostradas objetivando percorrer o
maior número de ambientes possíveis. As aves foram identificadas através de
registros auditivos (vocalizações emitidas) e visuais (com auxílio de binóculo) e
quando se fez necessário, utilizou-se guias de campo e gravador para
captação de vocalizações para uma posterior identificação. Quando possível
foram feitos também registros fotográficos.
Foi também realizado consulta a literatura e levantamento de dados
secundários (Renova, 2014; Oliveira, 2015). Bem como, realizadas entrevistas
com moradores da região de modo a obter informações sobre a ocorrência de
espécies com as quais a população está mais familiarizada, como aquelas de
alto valor cinegético ou canoras.
Além das listas de Mackinnon, também foram feitas capturas utilizando
redes de neblina em pontos predeterminados com intuito de ampliar a
amostragem da avifauna na região ao longo área onde o empreendimento será
implantado.
Os trabalhos tiveram início ao amanhecer, período de maior atividade
das aves, evitando-se os horários de calor intenso, quando essa atividade
diminui de forma significativa. Também foi realizada busca ativa durante as
noites, com intuito de amostrar espécies de hábitos noturnos e/ou
crepusculares.
As espécies foram classificadas de acordo com o grau de ameaça em
âmbito mundial, conforme a lista vermelha elaborada pela União Internacional
para Conservação da Natureza (IUCN, 2015) e em âmbito nacional, segundo
Instrução normativa contendo Lista das espécies da fauna brasileira
ameaçadas de extinção emitida pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente) em
2014.

Análises de dados

Com os dados obtidos a partir das listas de Mackinnon é possível a


obtenção de estimadores não-paramétricos de riqueza, que consistem em
fórmulas matemáticas usadas para estimar a real riqueza de espécies de uma
área a partir de um certo número de unidades amostrais (Ribon, 2010).
Utilizando-se o software Estimate S (Colwell, 2006), foram obtidas estimativa
de riquezas de espécies por meio dos estimadores não paramétricos Jacknife
1 e Chao 2 seguindo as recomendações de Araújo (2009). Além disso, para
demonstrar o esforço de coleta aplicado foram elaboradas curvas de
acumulação de espécies por meio do programa software Estimate S ajustado
em 100 aleatorizações, a fim de evitar o efeito da ordem nas listas, que mostra
o acúmulo de diferentes espécies registradas à medida que se aumenta o
esforço de amostragem (Colwell et al. 2012), (no presente trabalho o esforço
amostral foi o número de listas de Mackinnon obtidas durante o período de
amostragem).
As listas de Mackinnon também possibilitam o cálculo da abundância
das espécies a partir da razão entre o número de listas de dez espécies em
que cada uma foi registrada e o número total de listas conseguidas ao final do
trabalho. Tal cálculo permite a obtenção de um índice de abundância relativa,
chamado Índice de Frequência nas Listas (IFL).

RESULTADOS

Levantamentos realizados para os municípios no qual o Complexo


Eólico Santo Agostinho está inserido somam 131 espécies pertencentes a 39
famílias. Destas, 94 foram registradas durante as campanhas na área de
implantação do empreendimento. As famílias com maior representatividade de
espécies registradas na campanha foram Tyrannidae (n = 16 espécies),
Thraupidae (n = 7), Accipritidae e Columbidae (n = 6).
Foram registradas em campo 27 espécies (28,7%) prováveis de serem
suscetíveis a colisões com aerogeradores: 3 espécies aquáticas (pertencentes
às famílias Anatidae, Recurvirostridae e Jacanidae), 14 espécies de aves de
rapina (famílias Cathartidae, Accipitridae, Falconidae e Strigidae), uma da
família Charadriidae, seis espécies de Columbidae e três de Caprimulgidae. As
demais espécies (n = 67 ou 71,3%), consideradas como menos propensas a
colisões, pertencem as demais famílias, não mencionadas acima.
A riqueza de espécies de aves encontrada durante o levantamento das
áreas amostradas (94 espécies) está abaixo do esperado. Isso pode ser
evidenciado tanto pela não estabilização da curva de acumulação de espécies
(Figura 40), como pelos valores obtidos pelos estimadores de riqueza não
paramétricos, sugerindo que parte das espécies que ocorrem nas áreas
amostradas não foram detectadas. De acordo com o estimador de riqueza de
segunda ordem Jackknife 2, espera-se uma riqueza de pelo menos 146
espécies de aves para as áreas amostradas, ou seja, cerca de 52 espécies
estariam ainda por ser registradas. Outros levantamentos realizados em áreas
de Caatinga no Rio Grande do Norte encontram riqueza de espécies de aves
maior comparado ao presente estudo. Por exemplo, Pereira e colaboradores
(2014) registraram 112 espécies de aves em levantamentos conduzidos no
município de Parazinho e 121 espécies em áreas localizadas no município de
João Câmara. Já Bezerra e colaboradores (2013) observaram 178 espécies de
aves para a região de Serra Negra do Norte, enquanto Silva e colaboradores
(2012) registrou cerca de 262 espécies de aves para 13 áreas de Caatinga no
Rio Grande do Norte, com riqueza variando em 82-171 espécies. Por outro
lado, é importante destacar que o esforço amostral empregado nos trabalhos
citados anteriormente é comparativamente maior em relação ao que foi
aplicado neste estudo. Esse fato reforça a importância de um esforço amostral
adequado para acessar a riqueza real de espécies de uma determinada área.
É válido ressaltar que no presente levantamento, foi possível constatar a
existência de duas espécies ainda não registradas para a área, o
Phacellodomus rufifrons e o Suiriri suiriri.

Figura 40: Curva de acumulação de espécies demonstrando os valores de riqueza observados


(Sobs com respectivo intervalo de confiança IC), e os valores de riqueza estimados para a área
amostrada por meio dos estimadores não paramétricos de riqueza Jacknife 1, Jackknife 2 e
Chao 2.

Analisando as 15 espécies com maiores valores de abundância relativa


verifica-se que Polioptila plumbea foi a que apresentou maior frequência,
seguida por Lanio piletaus, Eupsittula cactorum e Paroaria dominicana (Figura
41). A predominância de espécies generalistas e de áreas abertas como é o
caso de Lanio piletaus, Paroaria dominicana, Columbina picui, Troglodytes
musculos e Columbina minuta, sugere que a área amostrada sofreu mudanças
antrópicas que provavelmente descaracterizaram a avifauna local. Durante o
levantamento foi possível observar a retirada da vegetação para produção de
lenha, pastejo pelo gado, roçados e extensas áreas cobertas por algarobas
(Prosopis sp). Essas alterações provavelmente favorecem a presença de
espécies granívoras como Columbina picui e Columbina minuta, as quais são
comuns em áreas degradas de Caatinga, onde predomina ambientes abertos e
com presença de gramíneas, já que esse tipo de ambiente aumenta a
disponibilidade de recursos alimentares para essas espécies (Olmos et al.,
2005; Telino-Júnior et al., 2005).
Espécies insetívoras mais especializadas (como arapaçus e pica-paus)
e, especialmente, frugívoros (em particular Cracidae e grandes Psitacidae),
foram incomuns ou ausentes, em particular as espécies de maior porte, sendo
a presença desses grupos um bom indicador do estado de conservação de
uma determinada área (Sick, 1997; Pizo, 2001; Donatelli et al., 2004). De
maneira geral, as aves que apresentaram maior abundância relativa têm seu
habitat preferencial nas caatingas arbustivas abertas, comumente se
beneficiando da substituição das caatingas arbóreas por estratos mais baixos e
abertos com predominância de gramíneas.

Figura 41: Gráfico mostrando as 15 espécies com maiores índices de frequências (abundância
relativa-Ribon 2010) nas 41 listas de Mackinnon obtidas durante o levantamento da avifauna na
área de estudo.

Relação das espécies com o uso de habitat

Das 94 espécies registradas, 7,44% (n=7) podem ser consideradas


dependentes de floresta e a ocorrência delas está principalmente relacionada
aos dados observados nas áreas de caatingas arbóreas e caatingas arbustivas
densas. A maioria das espécies é independente (50%, n=47) de ambientes
florestais e espécies semidependentes representam 42,55% (n=40) do total
(Figura 42).

Figura 42: Distribuição do percentual da riqueza de aves registradas na área do


empreendimento do Complexo Eólico Santo Agostinho. IND: independente de florestas, SMD:
semidependente de florestas, DEP: dependente de florestas.

Esses resultados evidenciam que a maioria das espécies de aves


registradas é independente de ambientes florestais, significando que as
mesmas apresentam maior tolerância às perturbações ambientais e geralmente
são encontradas nas áreas de vegetação de caatinga arbustiva aberta, bem
como de alguns ambientes abertos antropizados presentes na área do
Complexo Eólico Santo Agostinho. Entretanto, uma parcela significativa de
espécies da avifauna registradas nesta campanha são semidependentes de
ambientes de florestas e, consequentemente, são menos tolerantes às
perturbações ambientais, desta forma, necessitam da ocorrência de mosaicos
formados pelo contato entre ambientes florestados e formações abertas e
semiabertas para sua sobrevivência. Além disso, grande parte das espécies
dependentes de formações florestais registradas possuem distribuições mais
restritas, ocorrendo geralmente em áreas de caatinga arbórea densa e caatinga
arbórea/arbustiva. Isto provavelmente ocorre porque são espécies com alta
sensibilidade aos distúrbios provocados por atividade humana e
consequentemente apresentam menor tolerância às perturbações ambientais
(Silva et al., 2003a), sofrendo com a fragmentação da vegetação natural de
caatinga. Deste modo, torna-se evidente a importância da conservação desses
ambientes naturais para a sobrevivência deste grupo de aves.

Relação das espécies com a sensibilidade aos distúrbios humanos

Das 94 espécies registradas, foi identificada somente uma espécie com


alta sensibilidade às intervenções humanas. A maioria das espécies possui
baixa sensitividade aos distúrbios provocados por atividade humana (74,46%,
n=70) e espécies com média sensitividade aos distúrbios humanos
representam 24,4% (n=23) do total (Figura 43). Esses resultados evidenciam
que as espécies registradas apresentam em sua maioria baixa e média
sensitividade aos distúrbios provocados por atividades humanas.

Figura 43: Distribuição do percentual da riqueza de aves registradas na área do Complexo


Eólico Santo Agostinho. Baixa: baixa sensitividade aos distúrbios humanos, Média: média
sensitividade aos distúrbios humanos, Alta: alta sensitividade aos distúrbios humanos.
Tabela 8: Lista das espécies de aves registradas durante o período de amostragem na área de estudo inserida na região do Complexo Eólico Santo Agostinho. . Forma de Registro: V-
Visual; S- Sonoro; R- Rede de Neblina, G- Gravação da vocalização, ENT – Entrevista, L - Literatura. Categoria: LC – Pouco preocupante; NA – Não avaliada; FA – Fora de Ameaça;; NC
– Não consta. Grupos tróficos: IN – Insetívoros; CA – Carnívoros; FR – Frugivoros; GR-Granívoros; NC – Necrófagos; NE – Nectarivoros; ON – Onívoros; PI – Piscívoros Uso de habitat:
IND- Independente de floresta; SMD- Semidependente de floresta; DEP- Dependente de floresta. Sensitividade: A- Alta sensitividade aos distúrbios humanos, M- Média sensitividade aos
distúrbios humanos, B- Baixa sensitividade aos distúrbios humanos. Status: C- espécie que sofre pressão cinegética; Ecaa- espécie endêmica da caatinga; Ebr- espécie endêmica do
Brasil; R – espécie residente no Brasil; M- espécie migratória ou que realiza deslocamentos sazonais regionais; Ex – exótica. Taxonomia de acordo com CBRO (2014).
Forma de Nº de Categoria Grupos Uso de Sensitividad
Táxon Nome comum Status
Registro Registros IUCN MMA CITES tróficos Habitat e
ORDEM: TINAMIFORMES
Tinamidae
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Inhambu-chororó S 3 LC FA NC FRU IND B C, R
Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) Inhambu-chitão L - LC FA NC FRU DEP B C, R
Nothura boraquira (Spix, 1825) Codorna-do-nordeste L - LC FA NC FRU/ IN SMD M R
ORDEM: ANSERIFORMES
Anatidae
Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) Pé-vermelho SV 8 LC FA NC ON IND B R
Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Irerê L - LC FA NC PI IND B R
ORDEM: GALLIFORMES
Penelope jacucaca Spix, 1825 Jacucaca L - VU VU NC FRU DEP A Ebr
ORDEM: PELECANIFORMES
Ardeidae
Ardea alba Linnaeus, 1758 Garça-branca-grande V 2 LC FA NC ON IND B R
Bubulcus íbis (Linnaeus, 1758) Garça-vaqueira V 7 LC FA NC IN IND B R
Butorides striata (Linnaeus, 1758) Socozinho L - LC FA PI IND B R
Garça-branca-
Egretta thula (Molina, 1782) V 40 LC FA NC CAR IND B R
pequena
ORDEM: CATHATIFORMES
Cathartidae
Urubu-de-cabeça-
Cathartes aura (Linnaeus, 1758) V 4 LC FA NC DET IND B R
vermelha
Urubu-de-cabeça-
Cathartes burrovianus Cassin, 1845 L - LC FA NC DET IND M R
amarela
Urubu-de-cabeça-
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) V 5 LC FA NC DET IND B R
preta
ORDEM: ACCIPITRIFORMES
Accipitridae
Gavião-de-rabo-
Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) SV 1 LC FA NC CAR IND B R
branco
Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817) Gavião-pernilongo V 1 LC FA NC CAR SMD M R
Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) Gavião-caboclo V 2 LC FA NC CAR IND B R
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Gavião-carijó SV 6 LC FA NC CAR IND B R
Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) Gavião-preto SV 1 LC FA NC CAR SMD M R
Parabuteo unicinctus (Temminck, 1824) Gavião-asa-de-telha SV 2 LC FA NC CAR IND B R
ORDEM: FALCONIFORMES
Falconidae
Caracara plancus (Miller, 1777) Caracará V 5 LC FA NC CAR IND B R
Falco sparverius Linnaeus, 1758 Quiriquiri S 1 LC FA NC CAR IND B R
Falco femoralis Temminck, 1822 Falcão-de-coleira L - LC FA NC CAR IND B R
Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Acauã S 2 LC FA NC CAR SMD B R
ORDEM: CARIAMIFORMES
Cariamidae
Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Seriema S 8 LC FA NC CAR IND B C, R
ORDEM: CHARADRIIFORMES
Charadiidae
Vanellus chilensis (Molina, 1782) Quero-quero SV 11 LC FA NC ON IND B R
Recurvirostridae
Pernilongo-de-costas-
Himantopus mexicanus (Statius Muller, 1776) SV 5 LC FA NC PI IND M R
negras
Jacanidae
Jacana jacana (Linnaeus, 1766) Jaçanã SV 1 LC FA NC IN IND B R
ORDEM: COLUMBIFORMES
Columbidae
Columba livia Gmelin, 1789 Pombo-doméstico L - LC FA NC GRA IND B EX
Columbina passerina (Linnaeus, 1758) Rolinha-cinzenta SV 45 LC FA NC GRA IND B C, R
Rolinha-de-asa-
Columbina minuta (Linnaeus, 1766)* SVR 11 LC FA NC GRA IND B C, R
canela
Columbina picui (Temminck, 1813)* Rolinha-picui SVR 14 LC FA NC GRA IND B C, R
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Rolinha-roxa L - LC FA NC GRA IND B C, R
Columbina squammata (Lesson, 1831) Fogo-apagou L - LC FA NC GRA IND B C, R
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 Juriti-pupu SV 5 LC FA NC GRA SMD B C, R
Pomba-de-bando/
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) V 12 LC FA NC GRA IND B C, M
Arribaçã
Pombão/
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) V 5 LC FA NC GRA SMD M C, R
Asa-branca
ORDEM: PSITTACIFORMES
Psittacidae
Eupsittula cactorum (Kuhl, 1820) Periquito-da-caatinga SV 28 LC FA NC FRU SMD M Ecaa
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Tuim SV 10 LC FA NC FRU IND B R
ORDEM: CUCULIFORMES
Cuculidae
Papa-lagarta-
Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 SV 3 LC FA NC IN SMD B M
acanelado
Guira guira (Gmelin, 1788) Anu-branco SV 7 LC FA NC CAR IND B R
Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Anu-preto SV 2 LC FA NC ON IND B R
Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Saci L - LC FA NC IN IND B R
ORDEM: STRIGIFORMES
Strigidae
Athene cunicularia (Molina, 1782) Coruja-buraqueira SV 4 LC FA NC CAR IND M R
Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) Caburé S 2 LC FA NC CAR SMD B R
Megascops choliba (Vieillot, 1817) Corujinha-do-mato S 2 LC FA NC CAR SMD B R
Tytonidae
Tyto furcata (Temminck, 1827) Coruja-da-igreja L - LC FA NC CAR IND B R
ORDEM: NYCTIBIIFORMES
Nyctibiidae
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) Mãe-da-lua ENT - LC FA NC IN SMD B R
ORDEM: CAPRIMULGIFORMES
Caprimulgidae
Chordeiles pusillus Gould, 1861 Bacurauzinho L - LC FA NC IN IND M R
Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) Bacurau SV 1 LC FA NC IN SMD B R
Hydropsalis parvula (Gould, 1837) Bacurau-chitã L - LC FA NC IN IND B R
Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) Bacurau-tesoura VR 2 LC FA NC IN IND B R
Bacurauzinho-da-
Hydropsalis hirundinacea (Spix, 1825) V 1 LC FA NC IN SMD B Ecaa
caatinga
ORDEM: APODIFORMES
Trochilidae
Rabo-branco-de-
Anopetia gounellei (Boucard, 1891) L - LC FA NC NE DEP A Ecaa
cauda-larga
Besourinho-do-bico-
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) SV 5 LC FA NC NE SMD B R
vermelho
Chrysolampis mosquitos (Linnaeus, 1758) Beija-flor-vermelho L - LC FA NC NE IND B M
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Beija-flor-tesoura SV 1 LC FA NC NE IND B R
Bico-reto-de-banda-
Heliomaster squamosus (Temminck, 1823) L - LC FA NC NE DEP M Ebr
branca
ORDEM: GALBULIFORMES
Bucconidae
Nystalus maculatus (Gmelin, 1788) Rapazinho-dos-velhos SVR 13 LC FA NC IN SMD M Ebr
ORDEM: PICIFORMES
Picidae
Pica-pau-verde-
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) SV 1 LC FA NC IN SMD B R
barrado
Picumnus fulvescens Stager, 1961 Pica-pau-anão-canela L - NT FA NC IN SMD A Ecaa
Pica-pau-anão-da-
Picumnus limae (Snethlage, 1924) SVR 6 LC FA NC IN DEP M Ecaa
caatinga
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766) Picapauzinho-anão SV 9 LC FA NC IN SMD B R
ORDEM: PASSERIFORMES
Thamnophilidae
Formigueiro-de-
Formicivora melanogaster Pelzeln, 1868 SV 9 LC FA NC IN SMD M R
barriga-preta
Papa-formiga-
Formicivora rufa (Wied, 1831) L - LC FA NC IN IND B R
vermelho
Myrmorchilus strigilatus (Wied, 1831) Piu-piu S 9 LC FA NC IN SMD M R
Sakesphorus cristatus (Wied, 1831) Choca-do-nordeste L - LC FA NC IN SMD M Ecaa
Taraba major (Vieillot, 1816) Taraba-major L - LC FA NC IN SMD B R
Choca-barrada-do-
Thamnophilus capistratus Lesson, 1840 S 3 LC FA NC IN SMD M Ecaa
nordeste
Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Choca-barrada L - LC FA NC IN SMD B R
Dendrocolaptidae
Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) Arapaçu-de-cerrado SV 7 LC FA NC IN IND M R
Furnariidae
Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) Curutié L - LC FA NC IN IND M R
Casaca-de-couro-
Furnarius leucopus Swainson, 1838 SV 1 LC FA NC IN SMD B R
amarelo
Phacellodomus rufifrons (Wied, 1821)* João-de-pau SV 1 LC FA NC IN SMD M R
Pseudoseisura cristata (Spix, 1824) Casaca-de-couro SV 9 LC FA NC IN SMD M R
Synallaxis albescens Temminck, 1823 Ui-pí L - LC FA NC IN IND B R
Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Petrim SV 2 LC FA NC IN DEP B R
Tityridae
Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Caneleiro-preto SVR 4 LC FA NC IN SMD B M
Rynchocyclidae
Hemitriccus margaritaceiventer Sebinho-do-olho-de-
SVR 9 LC FA NC IN SMD M R
(d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) ouro
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Ferreirinho-relógio SV 4 LC FA NC IN SMD B R
Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) Bico-chato-amarelo SV 3 LC FA NC IN DEP B R
Tyrannidae
Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Risadinha SVR 9 LC FA NC IN IND B M
Casiornis fuscus Sclater & Salvin, 1873 Caneleiro-enxofre L - LC FA NC IN DEP M Ebr
Elaenia spectabilis (Pelzeln, 1868) Guaracava-grande SV 1 LC FA NC ON DEP B M
Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Peitica SV 3 LC FA NC IN SMD B M
Euscarthmus meloryphus Wied, 1831 Barulhento SV 3 LC FA NC IN SMD B M
Lavadeira-de-cara-
Fluvicola albiventer (Spix, 1825) SV 1 LC FA NC IN IND M R
branca
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Lavadeira-mascarada SV 1 LC FA NC IN IND B R
Hirundinea ferrugínea (Gmelin, 1788) Gibão-de-couro L - LC FA NC IN SMD B R
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Maria-cavaleira SVR 1 LC FA NC IN SMD B R
Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Irré L - LC FA NC IN IND B R
Maria-cavaleira-do-
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) SV 4 LC FA NC IN SMD B R
rabo-enferrujado
Guaracava-de-crista-
Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) S 1 LC FA NC IN DEP M R
alaranjada
Phaeomyias murina (Spix, 1825) Bagageiro SVR 10 LC FA NC IN IND B M
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi SV 7 LC FA NC ON IND B R
Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Alegrinho S 1 LC FA NC IN SMD B R
Papa-moscas-do-
Stigmatura napensis Chapman, 1926 S 2 LC FA NC IN IND M R
sertão
Sublegatus modestus (Wied, 1831) Guaracava-modesta S 1 LC FA NC IN SMD M R
Suiriri suiriri (Vieillot, 1818) Suiriri-cinzento SVG 1 LC FA NC IN IND M R
Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Suiriri SV 10 LC FA NC IN IND B M
Xolmis irupero (Vieillot, 1823) Noivinha L - LC FA NC IN IND B R
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Pitiguari SV 3 LC FA NC ON SMD B R
Corvidae
Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) Gralha-cancã SV 2 LC FA NC ON SMD M Ebr
Troglodytidae
Garrinchão-de-bico-
Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819) SV 6 LC FA NC IN DEP B Ebr
grande
Troglodytes musculus Naumann, 1823 Corruíra SV 10 LC FA NC ON IND B R
Polioptilidae
Balança-rabo-de-
Polioptila plúmbea (Gmelin, 1788) SVR 20 LC FA NC IN SMD M R
chapéu-preto
Turdidae
Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Sabiá-laranjeira S 1 LC FA NC FRU IND B R
Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Sabiá-poca S 1 LC FA NC FRU SMD B M
Mimidae
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Sabiá-do-campo SV 12 LC FA NC ON IND B R
Passerellidae
Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) Tico-tico-do-campo SV 4 LC FA NC GRA IND B R
Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Tico-tico SV 3 LC FA NC GRA IND B R
Thraupidae
Compsothraupis loricata (Lichtenstein, 1819) Tiê-caburé SV 1 LC FA NC FRU SMD A R
Figuinha-de-rabo-
Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) L - LC FA NC ON DEP B R
castanho
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Cambacica SV 3 LC FA NC ON SMD B R
Lanio pileatus (Wied, 1821) Tico-tico-de-rei-cinza SVR 24 LC FA NC GRA SMD B R
Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758) Cardeal-do-nordeste SVR 14 LC FA NC GRA IND B Ecaa
Sicalis luteola (Sparrman, 1789) Tipio SV 3 LC FA NC GRA IND B M
Sporophila albogularis (Spix, 1825) Golinho SVR 9 LC FA NC GRA IND M Ecaa
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) Bigodinho L - LC FA NC ON IND B R
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Saíra-amarela L - LC FA NC ON IND M R
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-cinzento L - LC FA NC ON SMD B R
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu SV 1 LC FA NC GRA IND B M
Cardinalidae
Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823)* Azulão SVR 5 LC FA NC GRA DEP M RE
Icteridae
Agelaioides fringillarius (Spix, 1824) Asa-de-telha-pálido SV 4 NA FA NC ON IND B Ecaa
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) Garibaldi L - LC FA NC ON IND B M
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Graúna L - LC FA NC FRU IND B R
Icterus jamacaii (Gmelin, 1788) Corrupião SV 4 LC FA NC ON SMD B Ebr
Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) Encontro SV 1 LC FA NC ON SMD B R
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Vira-bosta SV 3 LC FA NC ON IND B M
Fringillidae
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Fim-fim SV 6 LC FA NC FRU SMD B R
Passeridae
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Pardal SV 6 LC FA NC ON IND B EX
Aves Aquáticas

A ocorrência de seca na região leva ao desaparecimento dos rios e


corpos d’águas existentes na área do empreendimento neste período. Apenas
uma lagoa foi encontrada com água e nela foram registradas 3 espécies
aquáticas: Jacana jacana (jaçanã), Himantopus mexicanus (Pernilongo-de-
costas-negras; Figura 44) e Amazonetta brasiliensis (pé-vermelho; Figura 45).
Jacana jacana é uma das aves mais comuns nos brejos e margens de
rios, vive aos casais ou em pequenos grupos. Embora sejam relativamente
sociáveis em alguns locais ou épocas do ano, defendem seus territórios contra
outras jaçanãs. Constroem ninhos parcialmente submersos, composto de
vegetação aquática flutuante e ancorado na vegetação lacustre (Sigrist, 2014).
Himantopus mexicanus ocorre em mangues, lagos, estuários, regiões
lacustres, pantanosas e alagadiças. É uma espécie nativa abundante na
América, no Brasil ocorre na região Norte e Nordeste.
Amazonetta brasiliensis é a espécie mais frequente em grande parte do
país e uma das mais visadas por caçadores. Vivem em pequenos bandos em
águas interiores, pantanais e até em pequenas coleções d’água cercadas por
vegetação densa. Reproduzem geralmente no fim do verão ao começo do
inverno, fazem seus ninhos em touceiras perto dos banhados onde depositam
seus ovos (Sigrist, 2014).
Aves aquáticas, em geral, têm o hábito de voar em grandes bandos
(algumas em rotas migratórias) e em alturas desde baixas, próximas ao solo,
até alturas mais elevadas, tornando-se suscetíveis a colisões com os
aerogeradores (Sick, 1997; Joenck, 2008). Portanto, todas as aves aquáticas
de ocorrência ou potencial ocorrência na área do empreendimento devem
receber atenção em programas de monitoramento durante a fase de operação.
Vale ressaltar também a importância de se manter a vegetação que
protege os corpos d’água paras não levar ao desparecimento destes locais e
consequentemente das espécies aquáticas que ocorrem na região.
Figura 44: Himantopus mexicanus (Pernilongo-de-costas-negras) e Jacana jacana (jaçanã).
Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, julho/ 2015.

Figura 45: Amazonetta brasiliensis (pé-vermelho).


Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, julho/ 2015.

Aves de rapina

Foram registrados 38 espécimes de aves de rapina, na área do


empreendimento, pertencentes a 14 espécies: Athene cunicularia, Glaucidium
brasilianum, Megascops choliba, Caracara plancus, Falco sparverius,
Herpetotheres cachinnans, Cathartes aura, Coragyps atratus, Geranoaetus
albicaudatus, Geranospiza caerulescens, Heterospizias meridionalis, Rupornis
magnirostris, Parabuteo unicinctus e Urubitinga urubitinga. As espécies mais
avistadas na área foram Rupornis magnirostris (Gavião-carijó; Figura 46) com
seis registros, Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta; Figura 47) com cinco
registros, e Caracara plancus (caracará; Figura 48) também com cinco
registros (ver Tabela 8).
Rupornis magnirostris pode ser encontrado em savanas, campos
naturais, bordas de matas, capoeiras, margem de rios e lagos, florestas e áreas
urbanas. É um dos gaviões mais comuns e abundantes nos centros urbanos,
vivendo solitários ou aos pares, passando a maior parte do tempo empoleirado
em lugares altos (Sick, 1997; Márquez et al. 2005). Apresenta dieta variada
alimentando-se de artrópodes, pequenos repteis pássaros, roedores e
morcegos diurnos, além de saquear ninhos de outras aves (Aves de Rapina,
2015).

Figura 46: Gavião-carijó (Rupornis magnirostris)


Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, julho/ 2015.

Coragyps atratus vive em grupos, às vezes de dezenas de indivíduos


(Aves de Rapina, 2015). Alimenta-se de carcaças de animais mortos e outros
materiais orgânicos em decomposição, bem como de animais vivos impedidos
de fugir, como filhotes de tartarugas e de outras aves. Costuma deslocar-se a
grande altura, usando as correntes de ar quente para diminuir o custo
energético do voo. Voam pesadamente, alternando algumas rápidas batidas de
asas com o planeio (Sick, 1997).
Figura 47: Coragyps atratus (Urubu-de-cabeça-preta)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Caracara plancus habita áreas abertas e tem hábito onívoro, se


alimentando de animais mortos ou vivos. Suas estratégias para obtenção de
alimento são variadas: caça lagartos, cobras, sapos e caramujos; rouba filhotes
de outras aves, arranha o solo com os pés em busca de amendoim e feijão;
apanha frutos de dendê; ataca filhotes recém nascidos de cordeiros e outros
animais. Também segue tratores que estão arando os campos, em busca de
minhocas (Sick, 1997). Também é uma ave comedora de carniça e é
comumente vista voando ou pousada junto a urubus pacificamente (Aves de
Rapina, 2015).
Figura 48: Caracará (Caracara plancus).
Fonte: Arquivo Fotográfico Bioconsultants, 2015.

Durante a campanha, foram realizadas buscas pelos locais de


nidificação para as aves de rapina registradas na área. Um ninho de Parabuteo
unicinctus (Gavião-de-asa-de-telha; Figura 49) foi localizado e o macho e a
fêmea se encontravam próximo, fazendo a proteção do mesmo.

Figura 49: Ninho de Parabuteo unicinctus (Gavião-de-asa-de-telha)


Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

As aves de rapina se destacam entre os grupos de aves mortas por


colisão com os aerogeradores (NWCC 2001; Sovernigo, 2009). Durante o
levantamento, três aves de rapina Caracara plancus. Coragyps atratus e
Parabuteo unicinctus (Figura 50), foram vistas planando em alturas
consideradas suscetíveis a colisões com aerogeradores (entre 100 e 150
metros de altura). Provavelmente muitas colisões ocorrem entre rapinantes e
aerogeradores pelo fato destas aves, durante o voo, direcionarem parte de sua
atenção ao solo em busca de presas propícias; muitas vezes também podem
ser incapazes de desviar das torres em momentos específicos, como em
caça/perseguição, ou devido à baixa visibilidade em deslocamentos sob chuvas
e tempestades (Joenck, 2008). Por isso, todas as aves rapinantes registradas
durante as campanhas, bem como aquelas de provável ocorrência na área e
cercanias do empreendimento, merecem particular atenção em programas de
monitoramento durante a fase de operação.

Figura 50: Parabuteo unicinctus (Gavião-de-asa-de-telha)


Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

A coruja-buraqueira (Athene cunicularia), além das ameaças associadas


a colisões, corre ainda o risco de ter seus ovos ou filhotes destruídos pela
abertura de estradas e acessos na fase de implantação, já que nidifica no solo.
Esta coruja é semiterrícola e de hábitos diurnos e crepusculares. Vive em áreas
abertas (campos, pastagens, cidades, etc), onde nidificam em galerias
escavadas por tatus no solo, ou escavadas por picapaus em cupinzeiros
terrícolas (Sigrist, 2014). Durante a fase de implantação do empreendimento é
necessária muita cautela para evitar o impacto sobre a coruja buraqueira.
Figura 51: Athene cunicularia (Coruja-buraqueira)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Aves Migratórias

Foram observados pequenos bandos de Zenaida auriculata durante o


levantamento da avifauna na área do Complexo Eólico Santo Agostinho. Sabe-
se que essa espécie realiza migrações em escalas locais e regionais
movimentando-se pela Caatinga em função do ciclo das chuvas, reunindo-se
em bandos de milhares de indivíduos para procriação nos períodos de seca,
quando há grande disponibilidade de sementes no solo (Azevedo Júnior &
Antas 1990). O baixo número de registros dessa espécie na área de estudo
pode ser devido ao período em que o levantamento da avifauna foi conduzido,
o qual coincidiu provavelmente com a época em que as populações de
Zenaida auriculata já teriam se deslocado da área amostrada, já que na região
onde correu o levantamento da avifauna estudos recentes indicam a ocorrência
de rotas de migração e colônia reprodutivas dessa espécie (Souza et al., 2007;
MMA, 2014).
A pomba Zenaida auriculata (DesMurs 1847), conhecida por avoante ou
arribaçã no Nordeste do Brasil, ocorre das Antilhas à Terra do Fogo e
descontinuamente em todo o Brasil, inclusive no arquipélago de Fernando de
Noronha. Vive no campo limpo, cerrado, caatinga, campos de cultura e
pastoreio, podendo também ser observada em áreas urbanas (Sick, 1997).
No domínio das caatingas (Andrade Lima, 1981) elas migram entre os
estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Bahia,
de acordo com o ritmo das chuvas (Azevedo Júnior e Antas, 1990). Chegam ao
final das estações chuvosas (Nimer, 1977), quando as plantas estão
frutificando e há disponibilidade de sementes, as quais irão prover a energia
necessária à reprodução, bem como alimentar a prole em um intervalo de
cerca de quatro meses (Bucher, 1982).
É nesse período que as arribaçãs são alvo de pressão da caça
clandestina, para comércio de sua carne em bares e feiras livres, também
através da caça de subsistência pelas populações humanas de baixa renda, o
que pode provocar impactos negativos à sua conservação, correndo o risco de
destinar uma espécie à extinção.
Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, 2015), Zenaida auriculata está na
categoria de conservação LC (Pouco Preocupante). No entanto, a presença de
tal espécie na área do empreendimento torna essencial um programa de
monitoramento específico, visando identificar os possíveis impactos sobre a
reprodução e permanência dessa espécie durante as fases de implantação e
operação, e quantificar as possíveis colisões durante esta última bem como a
proposição de medidas mitigadoras.
Conforme Figura 52, a rota de migração da Zenaida auriculata no Rio
Grande do Norte ocorre nas regiões de Apodi-Limoeiro, Serra do Mel, Serra
João do Vale/Jucurutu, Canguaretama e Jandaíra-Pedra Preta, sendo este
último domínio (25km), compreendendo a área do empreendimento em
questão, merecendo especial atenção e programa específico para a espécie.
Figura 52: Áreas importantes para avifauna migratória no estado do Rio Grande do Norte.
Fonte: Relatório das aves migratórias, MMA 2014.

Espécies endêmicas, ameaçadas, exóticas e cinegéticas

Entre as espécies de aves que possuem distribuição restrita ao Brasil,


de acordo com Sick (2001), Ridgely e Tudor (2009), CBRO (2014) e Sigrist
(2014), foram registradas onze espécies (sete endêmicas da Caatinga e quatro
endêmicas do Brasil). Embora haja discussões sobre o número de espécies
endêmicas da Caatinga, considerando a formações decíduas das áreas de
contato do domínio (Olmos et al., 2005), registrou-se sete espécies endêmicas
de ambiente de Caatinga durante a amostragem (ver Tabela 8): Eupsitulla
cactorum, Thamnophilus capistratus, Paroaria dominicana, Sporophila
albogularis, Hydropsalis hirundinacea, Picumnus limae e Agelaioides
fringillarius.
As três espécies são restritas ao Brasil oriental: Cantorchilus longirostris,
Cyanocorax cyanopogon e Nystalus maculatus (Sigrist, 2014).
Táxons exóticos, que foram introduzidos pelo homem, também foram
registrados para a área do empreendimento, a Columba livia e o Passer
domesticus.
Não foram registradas espécies de aves ameaçadas durante o
levantamento realizado na área do empreendimento de acordo com a IUCN
(2015), MMA (2014) e a CITES (2015). Entretanto ressalta-se que, caso
alguma espécie que conste na lista de aves ameaçadas seja futuramente
detectada na área ou nos arredores do empreendimento, sejam elaborados e
executados programas de monitoramento específicos para a espécie em
questão.
Porém, vale ressaltar a existência de uma espécie ameaçada registrada
para a região, a Penelope jacucaca (Jacucaca), encontrada na Caatinga e
Cerrado do Nordeste. Esta espécie se enquadra na categoria ”Vulnerável”
(Vulnerable – VU) segundo a Lista Vermelha de espécies ameaçadas de
extinção da União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN,
estando ameaçada provavelmente devido a caça predatória na região e/ou a
expansão agrícola. Além de uma espécie quase ameaçada (NT - ), o Picumnus
fulvescens, devido ao desmatamento e perda de habitat.
Espécies que merecem destaque em relação a questões
conservacionistas são os psitacídeos Aratinga cactorum e Forpus
xanthopterygius, os traupídeos, a exemplo das espécies Paroaria dominicana,
Tangara cayana, T. sayaca e Sporophila albogularis, as quais se constituem
como aves de interesse no comércio ilegal de aves silvestres comum em
mercados e feiras livres de grandes centros urbanos e pequenas cidades do
Brasil (Pereira e Brito 2005; Rocha et al., 2006; Gama e Sassi, 2008; Souza e
Soares-Filho, 2005; Bezerra et al., 2011; Licarião et al., 2013).
Foram registradas também espécies com potencial cinegético:
Crypturellus tataupa, C. parvirostris, Columbina talpacoti, C. picui, C. minuta,
Cariama cristata e Patagioenas picazuro. Estas espécies devem ser
consideradas quanto à perspectiva conservacionista, visto que atividades
cinegéticas são relativamente comuns nas regiões de ocorrência destas
espécies no Nordeste brasileiro (Alves et al., 2009; Bezerra et al., 2011;
Albuquerque et al. 2012; Fernandes-Ferreira et al., 2012).

Outras Aves Possivelmente Impactadas Pelo Empreendimento Eólico


Outras espécies registradas durante a campanha merecem destaque,
por serem potencialmente impactadas de forma negativa pela construção e
funcionamento do Parque Eólico. São elas:
Vanellus chilensis (quero-quero): pertencente à família Charadriidae, é
uma das aves mais populares do país, aparecendo em grandes bandos em
áreas abertas, capinzais e pastos artificiais nas fazendas de pecuária e campos
recentemente arados. Nidifica em depressões no solo, defendendo
agressivamente os ovos e filhotes perante a aproximação de estranhos (Sigrist,
2014). Por isso, durante a fase de implantação do empreendimento, seus
ninhos podem ser destruídos pela abertura de estradas e acessos.
Eventualmente podem voar a grandes alturas. Assim, a espécie pode ser uma
potencial vítima de colisões com aerogeradores durante a fase de operação,
devendo receber atenção nos programas de monitoramento realizados durante
a fase de operação do complexo eólico.

Figura 53: Vanellus chilensis (Quero-quero)


Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Crypturellus parvirostris (inhambu-chororó): pertencente à família


Tinamidae, foi registrada através de registros auditivos. É uma ave comum em
áreas semi-abertas, capoeiras, e caatinga, cujo ninho é cavado na terra, pelo
macho, e forrado com palhas secas ou capim (Sick, 1997). Por isso, tal espécie
sofre potencial ameaça durante a fase de implantação do parque eólico, pois
pode ser atropelada ou seus ninhos podem ser destruídos pela abertura de
estradas e acessos.

Registros Fotográficos da Avifauna

Figura 54: Columbina minuta (Rolinha-de-asa-canela) Figura 55: Agelaioides fringillarius (Asa-de-telha-pálido)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 56: Colaptes melanochloros (Pica-pau-verde- Figura 57: Mimus saturninus (Sabiá-do-campo)
barrado) Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 58: Suiriri suiriri (Suiriri-cinzento) Figura 59: Eupsittula cactorum (Periquito-da-caatinga)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
Figura 60: Patagioenas picazuro (Pombão ou Asa-branca) Figura 61: Troglodytes musculus (Corruíra)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 62: Sicalis luteola (Tipio) Figura 63: Ardea alba (Garça-branca-grande)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 64: Columbina picui (Rolinha-picui) Figura 65: Columbina-minuta (Rolinha-de-asa-canela)


Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
Figura 66: Phaeomyias murina (Bagageiro) Figura 67: Paroaria dominicana (Galo-de-campina ou
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Cardeal-do-nordeste)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 68: Camptostoma obsoletum (Risadinha) Figura 69: Polioptila plumbea (Balança-rabo-de-chapéu-preto)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 70: Lanio pileatus (Tico-tico-de-rei-cinza) - fêmea Figura 71: Lanio pileatus (Tico-tico-de-rei-cinza) – macho.
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
Figura 72: Lanio pileatus (Tico-tico-de-rei-cinza) - jovem Figura 73: Pachyramphus polychopterus (Caneleiro-preto)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 74: Myiarchus ferox (Maria-cavaleira) Figura 75: Nystalus maculatus (Rapazinho-dos-velhos)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.

Figura 76: Hydropsalis torquata (Bacurau-tesoura) Figura 77: Hydropsalis hirundinacea (Bacurauzinho-da-
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. caatinga)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
Figura 78: Ninho de Columbina minuta (Rolinha-de-asa- Figura 79: Ninho de Pseudoseisura cristata (Casaca-de-
canela) couro)
Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015. Fonte: Arquivo Bioconsultants, julho/2015.

Figura 80: Ninho de Paroaria dominicana (Galo-de-campina ou Cardeal-do-nordeste)


Fonte: Arquivo Bioconsultants, maio/2015.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos no levantamento realizado no complexo eólico


Santo Agostinho revelaram uma riqueza expressiva de aves silvestres,
incluindo espécies migratórias, cinegéticas, endêmicas da Caatinga ou típicas
do Nordeste brasileiro, reforçando a necessidade da continuidade do programa
de monitoramento avifaunístico ao longo da fase de instalação e operação do
empreendimento para avaliar os possíveis impactos causados à avifauna pelo
funcionamento dos aerogeradores.
A região do empreendimento do Complexo Eólico Santo Agostinho
possui registros de 131 espécies de aves, sendo amostrada no presente
diagnóstico a ocorrência de 94 espécies. A riqueza da localidade se mostra
significativa, representando 35,8% das aves registradas para o estado (262
espécies, Silva et al., 2012), visto que a área do empreendimento é
parcialmente antropizada e que o esforço amostral empregado foi pequeno
quando comparado ao tempo empregado no levantamento supracitado. Os
monitoramentos futuramento solicitados pelo órgão para a área do
empreendimento possibilitarão o registro de mais espécies para o local.
Uma parcela significativa de espécies da avifauna registradas na área do
Complexo Eólico Santo Agostinho são semidependentes de ambientes de
florestas e, consequentemente, são menos tolerantes às perturbações
ambientais, desta forma, necessitam da ocorrência de mosaicos formados pelo
contato entre ambientes florestados e formações abertas e semiabertas para
sua sobrevivência. No entanto, espécies dependentes de formações florestais
e que possuem alta sensibilidade a distúrbios humanos, tais como Picumnus
fulvescens e Cyanoloxia brissonii possuem distribuições mais restritas,
ocorrendo geralmente em áreas de caatinga arbórea densa e caatinga
arbórea/arbustiva. Deste modo, sugere-se que estes ambientes naturais sejam
conservados para a sobrevivência deste grupo de aves. Sendo imprescindível,
também, que haja a efetiva recuperação de futuras áreas degradadas na região
do empreendimento.
Algumas espécies merecem destaques com relação à sua biologia,
como as aves da família Accipitridae e Falconidae, as quais são exemplos de
espécies que necessitam de grandes áreas de vida. São importantes
controladores de populações de presas, atuando na predação de pequenos
répteis e mamíferos.
As espécies das famílias Cracidae, Tinamidae e Columbidae possuem
potencial cinegético e possivelmente sofrem pressão de caça na região, e por
isso também merecem destaque do ponto de vista conservacionista.
De forma geral, a área de amostragem no Complexo Eólico Santo
Agostinho é caracterizada por ambientes arbóreos, arbustivos, semiabertos e
abertos. E a maioria das espécies registradas foi composta por táxons
adaptados a esse mosaico de ambientes, onde algumas (a exemplo das
espécies Paroaria dominicana, Tyrannus melancholicus, Pitangus sulphuratus,
Mimus saturninus, Zonotrichia capensis) podem até ser beneficiadas por
alterações antrópicas da paisagem e outras espécies (a exemplo das espécies
Penelope, jacucaca, Cyanoloxia brissonii, Crypturellus tataupa, Picumnus
fulvescens, entre outras) apresentam menor tolerância às perturbações
ambientais sofrendo com a fragmentação da vegetação natural de caatinga e,
consequentemente, diminuição na abundância de suas populações.
É válido ressaltar a importância da área como rota migratória para
Zenaida auriculata, merecendo atenção especial quanto ao monitoramento de
reprodução e migração, visto que a espécie também é alvo de caça para
consumo e venda de proteína.
Não houve registro de espécies ameaçadas no levantamento em campo.
Porém pesquisas secundárias expressam a ocorrência de Penelope jacucaca,
espécie enquadrada na categoria vulnerável segundo as listas da IUCN (2015)
e do MMA (2015).
Desta forma, este diagnóstico justifica a importância da avifauna na área
de intervenção apresentando embasando e discutindo os potenciais impactos
sobre o grupo e medidas mitigadoras que visem diminuir o impacto sobre este.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE P. A. et al. Caatinga revisited: ecology and conservation of an


important seasonal dry forest. Scientific World Journal, 2012:1–18. 2012.
ALLEGRINNI, M. F. Avifauna como possível indicador ambiental biológico dos
estádios de regeneração da Mata Atlântica. 1997. 161 p. Dissertação
(Mestrado em Ciência Ambiental) - Programa de Pós-Graduação em
Ciência Ambiental, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.
ALVES, R. R. N.; MENDONCA, L. E. T.; CONFESSOR, M. V. A.; VIEIRA, W. L.
S.; LOPEZ, L. C. S. Hunting strategies used in the semi-arid region of
northeastern Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, Londres,
v. 5, n. 12, p. 1-16, 2009.
AMBIOTECH. Relatório ambiental simplificado – Complexo Eólico Coxilha
Negra. Curitiba: Ambiotech, 2008. 232 p.
ANDRADE-LIMA, D. 1981. The caatingas dominium. Revista. Brasileira de
Botânica 4: 149-163.
ANTAS, P. T. Z.; ALMEIDA, A. C. 2003.Aves como bioindicadoras de qualidade
ambiental: aplicação em áreas de plantio de eucalipto. Espírito Santo,
Gráfica Santonio, 36p.
ARAÚJO, H.F.P. 2009. Amostragem, estimativa de riqueza de espécies e
variação temporal na diversidade, dieta e reprodução de aves da
Caatinga, Brasil. João Pessoa, PB: Tese de Doutorado em Zoologia.
Universidade Federal da Paraíba, 198p
ARRUDA-FILHO, J.F., RIOS, G.F.P., REIS-JÚNIOR, G. e SÁ-NETO, R.J. 2007.
Fatores climáticos e a comunidade de morcegos (Chiroptera; Mammalia)
de uma região do Planalto da Conquista, BA. Anais do VIII Congresso de
Ecologia do Brasil, Caxambú-MG. Disponível em: <http://www.seb-
ecologia.org.br>. Acesso em agosto de 2010.
AVES DE RAPINA. 2015. Rede de informações sobre a biologia, ecologia e
etologia das aves de rapina do território brasileiro. Disponível em:
http://www.avesderapinabrasil.com/. Acesso em: 21/06/2015.
BECKER, M.; Dalponte, J. C. Rastros de Mamíferos Silvestres Brasileiros. Um
Guia de Campo. Rio de Janeiro: Technical Books Editora, 2013. 166p.
BÉRNILS, R. S.; COSTA. H. C. (org.). 2012. Répteis brasileiros: Lista de
espécies. Versão 2012.2. Disponível em
<http://www.sbherpetologia.org.br/>. Sociedade Brasileira de
Herpetologia. Acesso em 09 dez. 2014.
BEZERRA, D. M. M.; ARAUJO, H. F. P.; ALVES, R. R. N. Avifauna de uma área
de Caatinga na região Seridó, Rio Grande do Norte, Brasil. Ornithologia,
Cabedelo, v. 6, n. 1, p. 53-69, 2013.
BEZERRA, D. M. M.; ARAUJO, H. F. P.; ALVES, R. R. N. Avifauna silvestre
como recurso alimentar em áreas de semiárido no estado do Rio Grande
do Norte, Brasil. Sitientibus Série Ciências Biológicas, Feira de Santana,
v. 11, n. 2, p. 177-183, 2011.
BIRDLIFE INTERNATIONAL. Threatened birds of the world. 2003. Disponível
em: http.://www.birdlife.org. Acesso em: 21/08/2015.
BORGES-LEITE, M. J.; RODRIGUES, J. F. M.; BORGES-NOJOSA, D. M.
2014. Herpetofauna of a coastal region of northeastern Brazil. Herpetology
Notes, volume 7: 405-413.
BORGES-NOJOSA, D. M. 2007. Diversidade de Anfíbios e Répteis da Serra de
Baturité, Ceará. In: OLIVEIRA, T. S.; ARAÚJO, F. S. (Eds.) Diversidade e
Conservação da Biota na Serra de Baturité, Ceará. Fortaleza: Edições
UFC. p. 225-247.
BORGES-NOJOSA, D. M.; CASCON, P. 2005. Herpetofauna da área Reserva
da Serra das Almas, Ceará. In: ARAÚJO, F. S.; RODAL, M. N. J.;
BARBOSA, M. R. V. (Eds.) Análise das Variações da Biodiversidade do
Bioma Caatinga. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. p. 245-260.
CANTERBURY, T.E.M ; PETIT, D.R. ; PETIT, L.J. & BRADFORD, D.F. 2000.
Bird Communities and Habitat as Ecological Indicators of Forest Condition
in Regional Monitoring. Conservation Biology, 14: 544-558.
CARBONE, C. et al. 2001. The use of photographic rates to estimate densities
of tigers and other cryptic mammals. Animal Conservation: 4:75–79.
CASTELLETTI, C.; SANTOS, A. TABARELLI, M. & SILVA, J. 2004. Quanto
ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar, in: LEAL, I.R.;
TABARELLI, M., & SILVA, J.M.C. (Eds.), pp. 719–734. Ecologia e
Conservação da Caatinga. Editora Universitária, UFPE, Recife.
CBRO - COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS. Listas
das aves do Brasil. 9ª Edição. Disponível em <http://www.cbro.org.br>.
Acesso em: 21/08/2015.
CHAPIN, F. S., ZAVALETA, E. S., EVINER, V. T., NAYLOR, R., VITOUSEK, P.
M., REYNOLDS, H. L., HOOPER, D. U., LAVOREL, S., SALA, O. E.,
HOBBIE, S. E., MACK, M. C. & DIAZ, S. (2000) Consequences of
changing biodiversity. Nature 405: 234–242.
CHIARELLO, A. G.; AGUIAR, L. M. S.; CERQUEIRA, R.; MELO, F. R.;
RODRIGUES, F. H. G.; SILVA, V. M. F. 2008. Mamíferos Ameaçados de
Extinção no Brasil. In: Machado, A. B. M.; Drummond, G. M.; Paglia, A. P.
Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. 2 v. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas.
1420 p.
COLWELL, R. K. 2013. EstimateS: Statistical Estimation of Species Richness
and Shared Species from Samples. Version 9.1.0. University of
Connecticut, USA.
COLWELL, R. K., A. CHAO, N. J. GOTELLI, S.-Y. LIN, C. X. MAO, R. L.
CHAZDON, AND J. T. LONGINO. 2012. Models and estimators linking
individual-based and sample-based rarefaction, extrapolation, and
comparison of assemblages. Journal of Plant Ecology 5:3-21.
CRACRAFT, J. 1985. Historical Biogeography and patterns of differentiation
within the South America avifauna: Areas of endemism. Ornithol. Monogr.,
36: 49-84.
CULLEN JR., L.; Rudran, R. & Valladares-Padua, C. 2006. Métodos de estudos
em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba, Editora
UFPR. 665p.
DE LUCA, A. C.; DEVELEY, P. F.; BENCKE, G. A.; GOERK, J. M. Áreas
Importantes para a conservação das aves no Brasil: parte II – Amazônia,
Cerrado e Pantanal. São Paulo: SAVE Brasil, 2009. 361 p.
DEVELEY, P. F.; PONGILUPPI, T. Impactos potenciais na avifauna decorrente
das alterações propostas para o Código Florestal Brasileiro. Revista Biota
Neotropical, v. 10, nº. 4, p 43-45, 2010.
DONATELLI, R.J.; COSTA, T.V.V. & FERREIRA, C.D. 2004. Dinâmica da
Avifauna em Fragmento de mata na Fazenda Rio Claro, Lençóis Paulista,
São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 21: 97-114.
EMMONS, L. H.; Feer, F. 1997. Neotropical rainforest mammals – A fild guide.
2ª ed. Chicago: University of Chicago Press. 307 p.
FARIA, D., SOARES-SANTOS, B. & SAMPAIO, E. 2006. Bats from the Atlantic
rainforest of southern Bahia, Brazil. Biota Neotropica. vol.6 n.2,
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?
inventory+bn02406022006. ISSN 1676 - 0603.
FEIJÓ, A.; Langguth, A. 2013. Mamíferos de médio e grande porte do Nordeste
do Brasil: distribuição e taxonomia, com descrição de novas espécies.
Revista Nordestina de Biologia, 22 (1/2): 3-225.
FENTON, M. B., ACHARYA, L., AUDET, D., HICKEY, M. B. C., MERRIMAN, C.,
OBRIST, M. K., SYME, D. M., ADKINS, B. 1992. Phyllostomids bats
(Chiroptera: Phyllostomidae) as Indicators of habitat disruption in the
Neotropics. Biotropica, vol. 24, nº 3, pp. 440-446.
FERNANDES-FERREIRA, H.; MENDONdA, S. V.; ALBANO, C.; FERREIRA, F.
S.; ALVES R. R. N. Hunting, use and conservation of birds in Northeast
Brazil. Biodiversity and Conservation, New York, v. 21, n. 1, p. 221-244,
2012.
FLEMING, T. H. 1988. The short-tailed fruit bat: a study in plant animal
interactions. Chicago: The University of Chicago Press. 365 p.
FREIRE, M. D. 2008.Relatório Ambiental Simplificado do Parque Eólico
Minuano: Diagnóstico da Herpetofauna. MAIA Meio Ambiente.
FREITAS, M. A.; Silva, T. F. S. Guia ilustrado - Mamíferos da Bahia: espécies
continentais. Pelotas: USEB, 2005. 132 p.
GAMA, T. F.; SASSI, R. Aspectos do comércio ilegal de pássaros silvestres na
Cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Gaia Scientia, João Pessoa, v. 2,
n. 2, p. 1-20, 2008.
GREENHALL, A. M., J. L. PARADISO. 1968. Bats and bat banding. Bureau of
Sport Fisheries and Wildlife Resource Publication. n.72. Washington, p.1-
47.
HAMMER, O., HARPER, D. A. T., RYAN, P. D. 2001. PAST: Paleontological
Statistics software package for education and data analysis. Paleontologia
Eletronica 4(1):9 pp.
HAUFF, S. N. 2010. Representatividade do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação na Caatinga. Brasília: PNUD - Programa das Nações
Unidas para o desenvolvimento. 54 p.
HERZOGH, S. K., M. KESSLER & T. M. CAHILL. 2002. Estimating species
richness of tropical communities from rapid assessment data. Auk 119:
749-768.
IBGE–INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapa da
Vegetação do Brasil. 2004.
IUCN - UNIÃO INTERNACIONAL PARA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA.
2015. IUCN Red list of threatened species. Version 2015.2. Disponível
em: http://www. iucnredlist.org. Acesso em: 21/08/2015.
JOENCK, C. M. Conservação das aves no Brasil e no Rio Grande do Sul.
2008.
KIKUCHI, R. 2008. Adverse impacts of wind power generation on collision
behaviour of birds and antipredator behaviour of squirrels. Journal for
Nature Conservation 16: 44-55.
KREBS, C. J. 1999. Ecological Methodology. Addison Wesley Educational
Publishers, Menlo Park.
LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI M.; LACHER JR. T.E. 2005. Mudando o
curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do
Brasil. Megadiversidade 1 (1): 139–146.
LICARIÃO, M. R.; BEZERRA, D. M. M.; ALVES, R. R. N. Wild birds as pets in
Campina Grande, Paraíba State, Brazil: An Ethnozoological Approach.
Anais da Academia Brasileira de Ciências, São Paulo, v. 85, n. 1, p. 201-
213, 2013.
LIMA, C.P., SANTOS, S.S. e LIMA, R.C. 2003. Levantamento e Anilhamento da
Ornitofauna na Pátria da Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari,
Bonaparte, 1856): um complemento ao levantamento realizado por H.
Sick, L. P. Gonzaga e D. M. Teixeira, 1987. Atual. Ornitol. 112:11-22
LOBOVA, T. A. & S. A. MORI. 2004. Epizoochorous dispersal by bats in French
Guiana. Journal of Tropical Ecology 20: 581-582.
LOEBMANN, D. 2010. Herpetofauna do Planalto da Ibiapaba, Ceará:
composição, aspectos reprodutivos, distribuição espaço-temporal e
conservação. Tese de Doutorado. Rio Claro, SP. 248 p.
LOEBMANN, D.; ORRICO, V. G. D.; HADDAD, C. F. B. 2011. First record of
Adelophryne baturitensis Hoogmoed, Borges & Cascon, 1994 for the state
of Pernambuco, Northeasthern Brazil (Anura, Eleutherodactylidae,
Phyzelaphryninae). Herpetology Notes, volume 4:075-077.
MACKINNON, J. & PHILLIPIS, K. 1993. A field guide to the birds of Borneo,
Sumatra, Java and Bali. Oxford, Oxford University Press, 692p.
MARINI, M. A., F. I. GARCIA. Bird Conservation in Brazil. Conservation Biology
19(3):665-671. 2005.
MÁRQUEZ, C., GAST, F., VANEGAS, V. & M. BECHARD. 2005. Aves Rapaces
Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos
Biológicos Alexnder von Humboldt. 394 p.
MENDES, L.; COSTA, M.; PEDREIRA, M. J. A energia eólica e o ambiente:
guia de orientação para a avaliação ambiental. Alfragide: Instituto do Meio
Ambiente, 2002. 66 p.
MITTERMEIER, R.A., C.G. MITTERMEIER, T.M. BROOKS, J.D. PILGRIM,
W.R. KONSTANT, G.A.B. FONSECA & C. KORMOS. 2003. Wilderness
and biodiversity conservation. Proceedings of the National Academy of
Science 100: 10309-10313.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2000. Avaliação e ações prioritárias
para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos
sulinos. Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), Ministério do
Meio Ambiente (MMA), Brasília.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. 2014. Lista Nacional Oficial de
Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. PORTARIA Nº - 444, DE 17
DE DEZEMBRO DE 2014. Diário Oficial da União, 17 de dezembro de
2014.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Avaliação e ações prioritárias para
a conservação da biodiversidade da Caatinga. Universidade Federal de
Pernambuco, Conservation International do Brasil e Fundação
Biodiversitas, Brasília: 36p. 2002.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lista das Espécies da Fauna
Brasileira Ameaçados de Extinção. Instrução Normativa nº 3, de 27 de
maio de 2003. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,
DF. 2003.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Livro Vermelho da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção. 2 volumes. MACHADO, ABM., DRUMMOND, GM.
e PAGLIA, AP. (Eds.). Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
Biodiversidade 19. 2008.
NASCIMENTO, A. L. C. P.; Ferreira, J. D. C.; Moura, G. J. B. 2012. Marsupiais
de uma área de Caatinga (Pernambuco, Brasil) com registro de nova
localidade para Caluromys philander (Linnaeus, 1758). Revista Ibero‐
Americana de Ciências Ambientais, 4(1): 104-110.
NIMER, E. 1977. Clima. In: FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Diretoria Técnica (Rio de Janeiro, RJ).
Geografia do Brasil. Rio de Janeiro. v.1, p.39-58, v.2, p.39-58, v.3, p.51-
89, v.4, p.35-58, v.5, p.35-79.
NWCC. Permitting of Wind Energy Facilities: A handbook. National Wind
Coodinating Committee, Washington, 2001.
OLIVEIRA, A. F. S. 2015. Influência estrutural da paisagem e do micro-habitat
na diversidade de lagartos em áreas de Caatinga do Rio Grande do Norte.
Dissertação de Mestrado. Natal: UFRN. 41p.
OLIVEIRA, J. A. 2004. Diversidade de mamíferos e o estabelecimento de áreas
prioritárias para a conservação do bioma Caatinga. In: SILVA, J. M. C. et
al. (Coord.). In: Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para
a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Universidade
Federal de Pernambuco.p. 263-282.
OLIVEIRA, T. F. F.; SANTOS, H. I. 2008. Uso da energia eólica como alternativa
para mitigar o agravamento do efeito estufa. Disponível em:
<http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/Uso da
energia eólica como alternativa para mitigar o agravamento do efeito
estufa.pdf>. Acesso em: 17/06/2015.
OLMOS, F.; SILVA, W.A.G. & ALBANO, C.G. 2005. Aves em oito áreas de
Caatinga no Sul do Ceará e Oeste de Pernambuco, Nordeste do Brasil:
composição, riqueza e similaridade. Papéis Avulsos de Zoologia, 45: 179-
199.
PACHECO, J.F. 2004. As aves da Caatinga: uma análise histórica do
conhecimento. p.189-250. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA,
M.T. & LINS, L.V. (eds.). Biodiversidade da caatinga:áreas e ações
prioritárias para conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente.
PAGLIA, A.P., FONSECA, G.A.B. DA, RYLANDS, A.B., HERRMANN, G.,
AGUIAR, L.M.S., CHIARELLO, A.G., LEITE, Y.L.R., COSTA, L.P.,
SICILIANO, S., KIERULFF, M.C.M., MENDES, S.L., TAVARES, V. DA C.,
MITTERMEIER, R.A. & PATTON J.L. 2012. Lista Anotada dos Mamíferos
do Brasil / Annotated Checklist of Brazilian Mammals. 2ª Edição / 2nd
Edition. Occasional Papers in Conservation Biology, No. 6. Conservation
International, Arlington, VA. 76pp.
PATTERSON, B. D., WILLIG, M. R. & STEVENS, R. D. 2003. Trophic
strategies, niche partitioning, and patterns of ecological organization. In:
Bat Ecology (T. H. Kunz & M. B. Fenton, Eds.). Univ. Chicago Press.
PEDROSA, I.M.M.C., COSTA, T.B., FARIA, R.G., FRANC¸ A, F.G.R.,
LARANJEIRAS, D.O., PEREIRA, T.C.S.O., PALMEIRA, C.N.S.,
TORQUATO, S., MOTT, T., VIEIRA, G.H.C., GARDA, A.A. Herpetofauna
em unidades de conservac¸a˜o da Caatinga III: Parque Nacional do
Catimbau, Pernambuco, Brasil. Biota Neotropica. 14(4): 1–12.
http://dx.doi.org/10.1590/1676-06032014004614
PEREIRA, G. A. MEDCRAF, J. SANTOS, S. S. FONSECA, F. P. 2013. Riqueza
e conservação de aves em cinco áreas de caatinga no nordeste do Brasil.
Conservação de aves em cinco áreas de caatinga. Cotinga 36.
PEREIRA, G. A.; BRITO, M. T. Diversidade de aves silvestres brasileiras
comercializadas nas feiras livres da Região Metropolitana do Recife,
Pernambuco. Atualidades Ornitológicas, On-line, Ivaiporã, v. 12, p. 14-21,
2005.
PETERS, J.A.; DONOSO-BARROS, R. 1970. Catalogue of the Neotropical
Squamata. Part II. Lizards and Amphisbaenians. Bull. U.S. Natl. Mus.
297(2):1-293.
PICHORIM, M., FRANÇA CÂMARA, T. P., MARQUES DE OLIVEIRA-JÚNIOR,
T., VALDENOR DE OLIVEIRA, D., GALVÃO DO NASCIMENTO, E. P.
AND MOBLEY, J. A. 2014. A population of Blue-winged Macaw Primolius
maracana in northeastern Brazil: recommendations for a local
Conservation.
PIELOU, E.C. 1966. The measurement of diversity in diferente types of
biological collections. Journal of Theoretical Biology, 13:131 - 44.
PIZO, M.A. 2001. A conservação das aves frugívoras. p.49-59. In: Albuquerque,
J.L.B.; Cândido Jr, J.F.; Straube, F.C. & Ross, A.L. (eds.). Ornitologia e
Conservação: da ciência às estratégias. Tubarão, Unisul.
PRAXEDES, G. C.; ARAÚJO, M. F. F. & VARELA-FREIRE, A. A. 1997.
Zoogeografia do Rio Grande do Norte II: Levantamento preliminar da
ornitofauna da micro-região da Serra Verde (Taipu/RN). Cadernos Norte-
rio-grandenses de Temas Geográficos, 11: 82-89.
REIS, N. R., A. L. PERACCHI, W. A. PEDRO, I. P. LIMA (Eds.). 2006.
Mamíferos do Brasil. Londrina, 437p.
REIS, N. R., I. P. LIMA, A. L. PERACCHI. 2002. Morcegos (Chiroptera) da área
urbana de Londrina, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v.19,
n.3. Curitiba, p. 739-746.
REIS, N. R., M. N. FREGONEZI, A. L. PERACCHI, O. A. SHIBATTA (Orgs.).
2013. Morcegos do Brasil: guia de campo. Technical Books Editora, 252p.
REIS, N.R.; Peracchi, A.L.; Rossaneis, B.K.; Fregonezi, M.N. (Orgs.). Técnicas
de estudos Aplicados ao Mamíferos Silvestres Brasileiros. 2ed. Rio de
Janeiro: Technical Books, 2010, v., p. 17-20.
RENOVA. 2014. Diagnóstico ambiental das áreas de influências: Meio Biótico.
In: Estudo de Impacto Ambiental – Complexo Eólico Facheiro. RENOVA
ENERGIA/ Manati.
RIBEIRO, L. B.; SILVA, M. G. 2007. O Comércio ilegal põe em risco a
diversidade de aves no Brasil. Ciência e Cultura,Campinas-SP, v. 59, n.º
4, p. 4-5.
RIBON, R. 2010. Amostragem de aves pelo método de listas de Mackinnon,
Pp. 32-44. In: Matter, V.; F. C. Straube; I. Accordi; V. Piacentini & J. F.
Cândido-Jr (Orgs). Ornitologia e Conservação – Ciência Aplicada,
Técnicas de Pesquisa e Levantamento. Rio de Janeiro, Technical Books
Editora, 516p.
RIDGELY, R.S & G. TUDOR. 2009. Field guide to the songbirds of South
America: the passarines. University of Texas Press. 750p.
ROCHA, M. S. P.; CAVALCANTI, P. C. M.; SOUSA, R. L.; ALVES, R. R. N.
Aspectos da comercialização ilegal de aves nas feiras livres de Campina
Grande, Paraíba, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra, João
Pessoa, v. 6, n. 2, p. 204-221, 2006.
RODRIGUES, M. T. 2005. Conservação dos répteis brasileiros: os desafios
para um país megadiverso. Megadiversidade 1 (1): 87-94.
RODRIGUES, M.T. 2003. Herpetofauna da Caatinga. In: M. TABARELLI; J.M.C.
SILVA (eds.). Biodiversidade, ecologia e conservação da Caatinga. pp.
181-236. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.
ROOS, A. L. Capturando aves. In: Von Matter, S et al., 2010. Ornitologia e
Conservação: Ciência aplicada, Técnicas de pesquisa e Levantamento.
Editora Technical Books, 516 p.
ROOS, A.L.; Nunes, M.F.C.; SOUSA, E.A.; SOUSA, A.E.B.A.; NASCIMENTO,
J.L.X. & LACERDA, R.C.A. 2006. Avifauna da região do Lago de
Sobradinho: composição, riqueza e biologia. Ornithologia, 1: 135-160.
SANTOS, M.P.D. 2004. As comunidades de aves em duas fisionomias da
vegetação de Caatinga no estado do Piauí, Brasil. Ararajuba, 12: 113-123.
SANTOS, M; BASTOS R; TRAVASSOS, P; BESSA, R; REPAS M; CABRAL,
J.A. 2009. Predicting the trends of vertebrate species richness as a
response to wind farms installation in mountain ecosystems of northwest
Portugal. Ecological Indicators.
SARAIVA, T.M.P.C. Avaliação do impacto da instalação de parques eólicos
sobre a avifauna. Plano de estágios do ICN 2001/2002, Relatório final e
anexos do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Instituto de Conservação da Natureza. Lisboa, 2003.
SEGALLA, M. V.; CARAMASCHI, U.; CRUZ, C. A. G.; GRANT, T.; HADDAD, C.
F. B.; LANGONE, J. A.; GARCIA, P. C. A. 2014. Brazilian Amphibians: List
of Species. Disponível em <http://www.sbherpetologia.org.br/>. Sociedade
Brasileira de Herpetologia. Acesso em jun. 2015.
SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira S.A.
SICK, H. 2001. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 862 p.
SIGRIST, T. Guia de Campo Avis Brasilis: Avifauna Brasileira. 3ª ed. São Paulo:
Avis Brasilis, 2014. 595 p.
SILVA, J. M. C. 1995. Seasonal distribution of the Lined Seedeater Sporophila
lineola. Bulletin of the British Ornithologistis’ Club 115: 14-21.
SILVA, J.M.C.; SOUZA, M.A.; BIEBER, A.G.D. & CARLOS, C.J. 2003. Aves da
Caatinga: status, uso do hábitat e sensitividade. In: LEAL, I.R;
TABARELLI, M. & SILVA, J.M.C. (eds.). Ecologia e Conservação da
Caatinga: Recife, Ed. Universitária da UFPE.
SILVA, M.; FRANÇA, B.R.A.; HAGI, L.Y.G.L.; NETO, M.R., DE OLIVEIRA, D.V.
& PICHORIM, M. 2011. New sites and range extensions for endemic and
endangered birds in extreme north-east Brazil. Bulletin of the British
Ornithologists’ Club, 131: 234-240.
SILVA, M.; IRUSTA, J. B.; RODRIGUES, M. C. & FRANÇA, B. R. de A. Souto,
G. H. B. O. Aves de treze áreas de caatinga no Rio Grande do Norte,
Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, 2012. 20(3), 312-328
SILVA, R.A.; SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M. 2005. Riqueza e Diversidade
de Plantas Lenhosas em Cinco Unidades de Paisagem da Caatinga; p.
337–365 In I.R. LEAL; M. TABARELLI; J.M.C. SILVA (ed.) Ecologia e
Conservação da Caatinga. Recife, PE: Editora Universitária UFPE.
SILVA-JORGE, J. 2015. Herpetofauna associada à bromélia rupícola,
Encholirium spectabile, no semiárido brasileiro: revisão da literatura,
ecologia das espécies e comportamento de Psychosaura agmosticha
(Squamata: Mabuyidae). Dissertação de Mestrado. UFRN. Natal, RN.
113p.
SILVA-JORGE, J.; SANTOS, R. L.; ALMEIDA, E. A.; FREIRE, E. M. X. 2014.
First record of Hemidactylus agrius (Squamata, Gekkonidae) in thickets of
Encholirium spectabile (Bromeliaceae) in the Brazilian semi-arid. Biota
Amazônia. Macapá, v. 4, n. 2, p. 176-179. Disponível em
<http://periodicos.unifap.br/index.php/biota>. Acesso em: 21/08/2015.
SILVEIRA, L. F. et al. 2010. Para que servem os inventários de fauna? Estudos
Avançados. São Paulo, v. 24, n. 68. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142010000100015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01/07/2015.
SILVEIRA, L.; JÁCOMO, A. T. A.; DINIZ-FILHO, J. A. F. 2003. Camera trap, line
transect census and track surveys: a comparative evaluation. Biological
Conservation, 114:351–355.
SIMMONS, N. B. 2005. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E., D. M. REEDER
(Eds.). Mammal species of the world: a taxonomic and geographic
reference. 3 ed. v.1. Baltimore: Johns Hopkins University Press, p.312-
529.
SOUZA, E. A., TELINHO-JUNIOR, W. R. NASCIMENTO, J. L. X. NEVES, R. M.
L. Estimativas populacionais de avoantes Zenaida auriculata (Aves
Columbidae, DesMurs, 1847) em colônias reprodutivas no Nordeste do
Brasil, Ornithologia 2 (1):28-33, julho 2007.
SOUZA, G. M.; SOARES-FILHO, A. O. Comércio ilegal de aves silvestres na
região do Paraguaçu e Sudoeste da Bahia. Enciclopédia Biosfera,
Goiânia, v. 1, n. 10, p. 1-11, 2005
SOVERNIGO, M.H. Impacto dos aerogeradores sobre a avifauna e
quiropterofauna no Brasil, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C.; SANTOS, A.M.M. & VICENTE, A. 2000. Análise
de representatividade das unidades de conservação de uso direto e
indireto na Caatinga: análise preliminar, in: SILVA, J.M.C., & TABARELLI,
M. (Coord), Workshop Avaliação e identificação de ações prioritárias para
conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da
biodiversidade do bioma Caatinga. Documento Temático,
SemináriozBiodiversidade da Caatinga, Petrolina.
TABARELLI, M.; VICENTE A. 2004. Conhecimento Sobre Plantas Lenhosas da
Caatinga: Lacunas Geográficas e Ecológicas; p. 101–111 In: SILVA,
J.M.C.; TABARELLI, M.; FONSECA, M.T.; LINS, L.V. (ed.) Biodiversidade
da Caatinga: Áreas e Ações Prioritárias Para a Conservação. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente.
TAVARES, V. C., R. GREGORIN, A. L. PERACCHI. Sistemática: a diversidade
de morcegos no Brasil. In: PACHECO, S. M., R. V. MARQUES, C. E. L.
ESBÉRARD (Orgs.). Morcegos no Brasil: biologia, sistemática, ecologia e
conservação. Porto Alegre: Editora Armazém Digital. p. 279-298. 2008.
TELINO-JÚNIOR, W.R., M.M. DIAS, S.M.A.J. JÚNIOR, R.M. LYRA-NEVES, &
M.E.L. LARRAZÁBAL (2005) Estrututra trófica da avifauna na Reserva
Estadual de Gurjaú, Zona da Mata Sul, Pernambuco, Brasil. Revista
Brasileira de Zoologia 22(4): 962–973.
TERCIOTE, R. A energia eólica e o meio ambiente. UNICAMP – Faculdade de
Engenharia Mecânica. Enc. Energ. Meio Rural 2002
VANZOLINI, P.E., RAMOS-COSTA, A.M.M., & VITT, L.J. 1980. Répteis da
Caatinga. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro.
VARELA-FREIRE, A. A. & ARAÚJO, S. A. 1997. Zoogeografia do Rio Grande
do Norte I: a ornitofauna do Seridó Potiguar. Caderno Norte-Rio-
Grandense de Temas Geográficos, 11: 52-81.
VARELA-FREIRE, A.A. & SILVEIRA, A.G. 1999. Lista Atualizada das Aves do
Estado do Rio Grande do Norte.
VERNER, J. 1981. Measuring responses of avian communities to habitat
manipulation. In: RALPH, C.J.; SCOTT J.M. (eds.) Estimating numbers of
terrestrial birds: studies in avian biology. Kansas: Allen Press, p. 543-547.
WIENS, J. J. 1989. Ontogeny of the skeleton of Spea bombifrons (Anura:
Pelobatidae).J. Morphol. 202: 29-51.
WILSON, D. E., D. M. REEDER (Eds.). 2005. Mammal species of the world: a
taxonomic and geographic reference. 3 ed. v.1. Baltimore: Johns Hopkins
University Press, 2181 p.

Você também pode gostar