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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
BELÉM
Março de 2011
UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
DISCIPLINA: CÓDIGO:
ESTRUTURAS DE CONCRETO I TE-09036
PRÉ-REQUISITO CÓDIGO
Mecânica dos Sólidos III TE-09003
EMENTA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Verificação da segurança;
BIBLIOGRAFIA
Em / / __________________________
CHEFE DO DEPARTAMENTO
3
UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
No Brasil o concreto armado chegou ainda na segunda década do século XX. O rápido
desenvolvimento do concreto armado no Brasil deve-se, em grande parte, ao engenheiro
Emílio Baumgart. Uma de suas primeiras obras foi o viaduto de Belo Horizonte e o edifício
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
No Pará, mais precisamente em Belém, o dique seco da Base Naval de Val-de-Cães foi a
primeira obra em concreto armado, na década de 40 do século XX. Os engenheiros
professores da Universidade Federal do Pará foram responsáveis por grande parte do
desenvolvimento e disseminação do concreto armado no Estado. Hoje, o dimensionamento
estrutural, associado ao desenvolvimento tecnológico, permite que o concreto armado supra as
necessidades da construção civil regional.
Para a utilização estrutural, o concreto simples não é adequando para a maioria das peças,
salvo aquelas onde as tensões solicitantes sejam seguramente absorvidas. Embora a
resistência à compressão do concreto seja satisfatória, a resistência à tração é
aproximadamente 10 vezes menor. Estas características já haviam sido observadas desde o
início, quando Lambot sentiu a necessidade de armar seu barco. Naquela situação, pequenas
colisões seriam suficientes para danificar a estrutura não armada do barco, e até mesmo seu
transporte poderia ser uma ameaça. Sem a armação não existe a característica autoportante é
fragilizada pois, mesmo que uma peça de concreto consiga suportar seu peso próprio, pode
não suportar esforços adicionais.
Para ilustrar esta necessidade, a figura 1.1 apresenta uma situação onde uma viga de concreto
armado é submetida a esforços de flexão, ou seja, compressão nas fibras superiores e tração
nas fibras inferiores. Como o concreto resiste satisfatoriamente às tensões de compressão, a
fissuração tem inicio na região tracionada, progredindo rapidamente e levando a peça à
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
ruptura. Quando a viga não apresenta armadura de tração, essa ruptura é brusca, sem aviso
prévio. Nas vigas armadas, tanto a resistência última quanto o grau de fissuração são maiores.
Esta fissuração na zona tracionada alerta para a iminência da ruptura (figura 1.1).
Deve-se ressaltar que um elemento linear sob flexão pode apresentar diversos modos de
ruptura, não só por flexão, mas também por cisalhamento. A taxa geométrica de armadura de
tração pode ser suficiente para evitar a ruptura na zona tracionada, fazendo com que a viga
apresente ruptura por esmagamento do concreto (flexão) ou por cisalhamento. Nestes dois
casos a ruptura é brusca, podendo ser mais dúctil na presença de armaduras adequadas nas
respectivas regiões. Maiores detalhes deste comportamento serão fornecidos ao longo do
curso.
a) Concreto armado
É obtido pela associação do concreto simples (cimento, agregados e água) com uma armadura
convenientemente posicionada (armadura passiva) para resistir em conjunto aos esforços
solicitantes. A armadura é dita passiva por não receber qualquer esforço prévio antes da ação
do carregamento. Ressalta-se também que os principais materiais componentes do concreto
armado, ou seja, o concreto e o aço, possuem coeficientes de dilatação térmica muito
próximos, 1 10 5 C 1 e 1,2 10 5 C 1 , respectivamente. O concreto (alcalino), ao envolver o
aço, protege-o satisfatoriamente na maioria dos casos de agressividade ambiental, tanto contra
a oxidação quanto a elevadas temperaturas. A figura 1.2 mostra o aspecto da armadura de
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b) Concreto protendido
É obtido pela associação entre o concreto simples e a armadura ativa, ou seja, uma armadura
que recebeu um alongamento elástico antes da atuação da solicitação. A armadura ativa
introduz forças adicionais no concreto, normalmente de compressão nas regiões que
teoricamente serão tracionadas durante o uso da peça estrutural, antes da fase de utilização da
estrutura, de forma que as tensões de tração sejam minimizadas. O ato de tracionar a armadura
ativa é chamado de protensão, e confere à estrutura maior capacidade resistente e menor grau
de fissuração sob as mesmas condições de carregamento dos elementos em concreto armado.
A figura 1.3 mostra a distribuição das tensões de tração e compressão em uma viga biapoiada.
As linhas brancas representam os cabos de protensão. São apresentadas duas distribuições
para os cabos, uma reta e outra parabólica, que produzem diferentes efeitos nas vigas.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
A figura 1.4 mostra alguns detalhes da protensão de vigas e os mapas de fissuração em vigas
protendidas externamente.
1.2.1 Viabilidade
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a) Vantagens
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b) Desvantagens
- Resulta em elementos com maiores dimensões que o aço, o que, associado ao elevado
peso próprio (25 kN/m3), limita sua utilização e eleva seu custo;
- As obras de reforma e adaptação são, em algumas situações, de difícil execução;
- É bom condutor de calor e som, exigindo, em algumas situações, a associação com
outros materiais para suprir estas características;
- Necessita de fôrmas (exceto quando se utilizam os pré-fabricados), que permanecem
na estrutura até que o concreto apresente resistência satisfatória para a desfôrma. Cabe
ressaltar que a construção civil, devido às técnicas de moldagem das estruturas de
concreto armado, ainda consome grande quantidade de madeira, contribuindo para a
degradação do meio ambiente, sem contar com a exploração de jazidas minerais não
renováveis.
1.3.1 Concreto
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1,65 Sd
Número de ensaios
Sd Sd
95%
5%
f ck f cj
Resistência à compressão
Figura 1.5 – Simplificação para determinação de fck
f ck f cj 1,65 Sd (1.1)
( f ci f cj ) 2
Sd i 1
n 1
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Sendo fci uma resistência qualquer obtida em n corpos de prova. Observa-se que a resistência
de dosagem fcj pode ser estabelecida e, em função desta, adotar-se uma resistência
característica fck no cálculo estrutural. A norma brasileira, através da equação 1.1, não
apresenta estimativas de resistência para qualquer idade do concreto, e sim, parâmetros para
obtenção de valores de fck acima daquele adotado em projeto.
De acordo com a NBR 6118/03 o valor a ser adotado em projeto (que deve ser confirmado
posteriormente), para idades inferiores a 28 dias, pode ser determinado através da equação
1.2. Deste modo a nova edição da norma brasileira passa a orientar o projetista em
verificações quando a resistência é notoriamente inferior a fck.
28 1 2
f ckj f ck Exp s 1 (1.2)
t
onde,
s = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV;
s = 0,25 para concreto de cimento CPI e II;
s = 0,20 para concreto de cimento CPIV-ARI;
t é a idade efetiva do concreto em dias.
A partir da equação 1.2 são apresentadas aqui curvas para determinação dos valores de fckj
considerando o emprego de cimento CPII e, conseqüentemente, s = 0,25. A figura 1.6 mostra
as estimativas de resistência para idades inferiores aos 28 dias considerando diversas classes
de concreto.
A resistência à compressão de cálculo fcd, que deve ser utilizada em projeto, é igual a fck/c,
sendo c =1,4.
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45
f ck=40 MPa
40
f ck=35 MPa
35
f ck=30 MPa
30
f ck=25 MPa
fckj (MPa) 25
f ck=20 MPa
20
15
10
0
0 7 14 21 28 35
Idade (dias)
A resistência à tração do concreto (fctk) pode ser obtida experimentalmente através da ruptura
de corpos de prova no ensaio de compressão diametral (split cylinder test), também conhecido
como ensaio brasileiro, idealizado pelo Engenheiro Fernando Lobo Carneiro.
A figura 1.8 mostra um corpo de prova de 150 por 300 mm antes da realização do ensaio de
compressão diametral. A figura 1.9 ilustra de modo simplificado as tensões principais
atuantes no corpo de prova. A equação 1.3 é utilizada para a determinação de fctk.
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2P (1.3)
f ctk
D l
f ct , m 0,3 f ck
23
(MPa) (1.4)
A resistência à tração de cálculo fctd, que deve ser utilizada em projeto, é igual a fctk/c, sendo
c =1,4.
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2
σ c 0,85 f 1 (1 c ) (1.5)
cd
0,002
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(a) (b)
13
4 f ck
Ec 2,15 10 (1.7)
10
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Deformações autógenas:
a) Retração
É responsável pela variação de volume das peças devido à ação de forças capilares em seus
poros. A retração é mais acentuada nas primeiras idades do concreto e tende a se estabilizar
após algum tempo. Dentre os fatores que influenciam o fenômeno da retração estão:
quantidade e finura do cimento, fator água/cimento, adensamento e cura do concreto,
dimensões das peças, distribuição das armaduras, umidade do ar, variações de temperatura,
intensidade do vento, etc. As fissuras provocadas pela retração caracterizam-se por sua
distribuição e espaçamento aproximadamente uniformidade, pouca profundidade e rápida
estabilidade.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
A NBR 6118/03 recomenda que o valor da retração pode ser estimado pela equação 1.8. Deve
ser observado que a norma permite estimar valores para a retração em diversas idades do
concreto.
cs (t , t 0 ) cs s (t ) s (t 0 ) (1.8)
onde,
s (t ) ou s (t 0 ) é o coeficiente relativo à retração no instante t ou t0 de acordo com a NBR
6118/03;
cs 1s 2 s
cs é o valor final da retração;
1s é o coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e da consistência do
concreto de acordo com a NBR 6118/03;
2 s é o coeficiente que depende da espessura fictícia da peça:
33 2 h fic
2s
20,8 3 h fic
onde,
hfic a espessura fictícia de acordo com a NBR 6118/03;
t é a idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
t0 é a idade fictícia do concreto no instante em que os efeitos da retração passam a ser
considerados, em dias.
b) Deformações térmicas
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l ct l (1.9)
onde,
ct T é a deformação específica axial devido à variação de temperatura ( = 10-5 C-1).
ct T 10 -5 10 10 -4 0,1‰
ct E Sc ct 4.760 20 0,0001 2,13 MPa
Neste exemplo não foi informada a resistência à tração do concreto, que pode ser estimada de
acordo com as recomendações normativas.
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f ct , m 0,3 f ck 2,21 MPa
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Como pôde ser observado, a resistência à tração é 6% maior que o esforço solicitante,
indicando que a peça não apresentará fissuração devido às tensões térmicas.
Deformação lenta:
a) Fluência
Fluência é o fenômeno no qual ocorre o acréscimo contínuo das deformações mesmo para
uma tensão constante. Em virtude dos efeitos do envelhecimento do concreto, a fluência
depende, além da duração do carregamento, da idade de aplicação das cargas. O
comportamento do material também pode ser influenciado pela troca de umidade com o meio
ambiente. Quanto mais seco for o ambiente maior será a fluência. A elevação da temperatura
também acelera o fenômeno da fluência, por favorecer o envelhecimento da estrutura. Para
temperaturas abaixo de 5C a fluência praticamente cessa.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
A deformação por fluência é dada de acordo com a equação 1.10, quando a tensão de serviço
é menor que 0,4 f cm (t 0 ) , onde a relação é admitida linear. Para relações não lineares a norma
c (t 0 )
cc (t ) (t , t 0 ) (1.10)
Ec
A deformação total sofrida pela peça de concreto é igual ao somatório das deformações
inicial, de retração, por fluência e térmica.
Os aços para concreto armado podem ser fabricados através do processo de laminação à
quente (com patamar de escoamento) ou por deformação a frio (sem patamar de escoamento),
onde predomina a trefilação. Estes aços também são chamados de encruados, e surgiram com
a necessidade do cálculo considerando o estádio III de dimensionamento (diagrama parábola-
retângulo).
A resistência à tração dos aços brasileiros para concreto armado pode ser determinada pelo
ensaio de tração de acordo com a NBR 6152. A resistência de cálculo fyd corresponde à
fyk/1,15. A figura 1.13 mostra uma barra de aço durante um ensaio de tração.
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Pk
f yk (1.11)
As
São utilizados com muita freqüência dois tipos de aço. Um de dureza natural, e que apresenta
diagrama tensão-deformação com patamar de escoamento bem definido (figura 1.14), e outro
com propriedades mecânicas alteradas. Para este último, que passam por um processo de
encruamento a frio, o diagrama tensão-deformação não apresenta patamar de escoamento,
devendo seu módulo de elasticidade ser determinado com o auxílio de uma reta com origem
na deformação residual de 2‰ paralela ao trecho reto da curva, conforme figura 1.15.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Os valores de f’yd correspondem às tensões máximas de cálculo a serem utilizadas para barras
comprimidas em peças de concreto armado, como no caso de pilares, e correspondem à
deformação limite de 2‰, relativa ao esmagamento do concreto por compressão axial. Vale
lembrar que na ruptura por flexão este limite passa a ser 3,5‰.
Nas estruturas usuais é rara a utilização de mais de um tipo de aço com a mesma função, para
evitar qualquer troca equivocada no canteiro de obras, mas é comum a utilização de categorias
diferentes com funções distintas. Por exemplo, pode utilizar uma categoria na armadura de
flexão e outra na armadura de cisalhamento de uma mesma viga.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
1.4.1 Aderência
Ao ser aplicado o carregamento, a viga se deforma e, supondo que a mesma não esteja
fissurada, ocorre uma distribuição linear das deformações normais ao longo da altura da viga.
Devido à aderência, a deformação do concreto, situado no mesmo nível da armadura, tende a
tracionar as barras de aço, deformado-as (s) do mesmo valor.
Caso as barras da armadura fossem revestidas por uma bainha engraxada, não haveria
qualquer deformação da armadura e, conseqüentemente, nenhuma tensão de tração. A viga se
deformaria sob carregamento mas as barras das armaduras de flexão deslizariam dentro das
bainhas engraxadas. Neste caso, a viga seria de concreto simples e s=0.
A ancoragem das barras das armaduras pode ser realizada por aderência ou com a utilização
de dispositivos de ancoragem, como placas e barras adicionais. As ancoragens por aderência
são mais econômicas. A figura 1.17 mostra uma barra de aço aderida ao concreto e solicitada
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
por uma força de tração de cálculo. Devido à aderência, surgem tensões tangenciais na
superfície de contato entre os dois materiais. Assim, a força de tração é transferida para o
concreto, ao longo do comprimento ancorado da barra. A tensão de aderência é variável ao
longo da ancoragem, sendo mais intensa no trecho inicial da mesma. Em projeto, é suficiente
considerar a tensão média de cálculo fbd.
Como a tensão solicitante deve ser menor ou igual à tensão de escoamento de cálculo da
barra, fyd, a força solicitante de cálculo de tração é dada por
2
Rsd As f yd f yd (1.12)
4
Esta força deve ser equilibrada pela força resultante da aderência da barra no concreto, para
que a mesma não seja arrancada do concreto, conforme a equação 1.13.
Rsd u lb f bd lb f bd (1.13)
f yd
lb (1.14)
4 f bd
De acordo com a norma brasileira, a tensão última de aderência pode ser determinada pela
equação 1.15.
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f bd 1 2 3 f ctd (1.15)
2/3
f ctd 0,15 f ck (MPa ) (1.16)
A figura 1.18 mostra algumas situações de boa e má aderência. As situações apresentadas são
válidas para barras sobre fôrmas fixas. Para outras posições e quando da utilização de fôrmas
deslizantes, as barras devem ser consideradas em situação de má aderência.
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2/3
f bd 0,42 f cd (MPa ) (1.17)
De forma geral, para diâmetros menores ou iguais a 32 mm, em zona de boa aderência, pode-
se estabelecer que
2/3
f bd k 0,42 f cd (MPa ) (1.18)
Onde k = 1 para barras nervuradas, k = 0,62 para barras entalhadas e k = 0,44 para barras lisas.
Para as mesmas barras, em zona de má aderência, deve-se multiplicar a equação 1.18 por 0,7.
Percebe então que o comprimento de ancoragem para zonas de má aderência será 43% maior.
Quando a área de aço adotada no projeto for superior à área calculada, ou seja, Ase As.cal , o
comprimento de ancoragem pode ser reduzido, pois a tensão na armadura será inferior à
tensão de escoamento. Nestes casos, o comprimento de ancoragem necessário é dado pela
equação 1.19.
f yd As ,cal
lb ,nec lb , min (1.19)
4 f bd Ase
0,3 lb ;
Sendo lb ,min 10 ; .
10 cm.
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dos feixes devem apresentar ancoragem reta, sem ganchos, e devem atende às condições
prescritas pela NBR 6118:2003.
De acordo com a NBR 6118:2003, os ganchos das extremidades das barras d armadura
longitudinal de tração podem ser semicirculares (Tipo 1), em ângulo de 45 (Tipo 2) e em
ângulo reto (Tipo 3). Os trechos retos dos ganchos devem apresentar o comprimento mínimo
indicados na figura 1.19. Para estribos estes comprimentos são de 5 5 cm para os tipos 1
e 2, e de 10 7 cm para o Tipo 3. Este último tipo de gancho não deve ser utilizados em
estribos de barras e fios lisos.
20 5 8 -
Para considerar a contribuição dos ganchos, o comprimento de ancoragem pode ser reduzido
em relação ao comprimento reto, como mostra a figura 1.20.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
De acordo com a norma brasileira, o comprimento reto de ancoragem com gancho necessário,
é dado por
f yd As ,cal
lb ,nec 1 lb ,min (1.20)
4 f bd Ase
sendo,
Existem ainda outros fatores e situações que permitem reduzir o comprimento de ancoragem,
para tanto, deve-se consultar a literatura. Um procedimento bastante comum é a utilização dos
parâmetros recomendados pelo CEB-FIP MC90.
No caso de ancoragem reta (figura 1.21), deve-se respeitar o valor lb,min. Quando a barra
apresenta ganchos, deve-se observar os limites abaixo, que garante que o início da curva fique
dentro da região de apoio (figura 1.22).
R 5,5 ;
l b ,nec
6 cm.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
No caso de apoio demasiadamente curto, a ancoragem pode ser realizada com o auxílio de
grampo de diâmetros inferiores, como mostra a figura 1.23. O diâmetro de dobramento para
estes grampos pode ser aquele adotado para os ganchos. Ressalta-se que esta técnica de
ancoragem é bastante utilizada em vigas bi-apoiadas com taxas geométricas elevadas de
armadura longitudinal de tração.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Sempre que possível, as emendas das barras devem ser evitadas. Havendo a necessidade, estas
emendas podem ser realizadas por traspasse, através de solda, com luvas rosqueadas e outros
dispositivos, devendo-se garantir a resistência da emenda nos dois últimos casos. A emenda
por traspasse é a mais econômica e de fácil execução, fazendo-se uso da própria aderência. De
acordo com a norma brasileira, a emenda por traspasse não deve ser empregada para barras
com diâmetro superior a 32 mm. No caso de feixes, o diâmetro equivalente não deve ser
superior a 45 mm, e as barras constituintes devem ser emendadas uma por vez, sem que
ocorram 4 barras emendadas em uma mesma seção transversal do feixe.
Nas emendas por traspasse, a transferência dos esforços entre as barras ocorre através das
bielas comprimidas inclinadas, como mostra a figura 1.24. A distância entre as barras
emendadas não deve ser superior ao limite indicado na figura.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
l ot ot lb , nec l ot , min
20 cm;
l ot ,min 15 ;
0,3 l .
ot b
São consideradas na mesma seção as emendas que se superpõem ou cujas extremidades esteja
afastadas de menos que 20% do comprimento do trecho traspassado. Logo, para se evitar
emendas demasiadamente longas, procura-se evitar a situação mostrada na figura 1.25 ao
longo do eixo longitudinal do elemento estrutural.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Para barras comprimidas ou de distribuição, permite-se que todas as barras sejam emendadas
na mesma seção. O comprimento do trecho de traspasse, loc, é dado por
l oc l b ,nec l oc ,min
Sendo
20 cm;
l oc ,min 15 ;
0,6 l .
b
Na região das emendas por traspasse surgem esforços de tração que devem ser combatidos
por armaduras transversais. Estas armaduras devem ser posicionadas nos terços extremos da
emenda. O espaçamento desta armadura, medido na direção das barras emendadas, deve ser
menor ou igual a 15 cm.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
A nova versão da norma brasileira NBR 6118:2003 traz recomendações referentes à qualidade
e à durabilidade das estruturas de concreto, apresentadas na seção 5, “Requisitos Gerais de
Qualidade da Estruturas e Avaliação da Conformidade do Projeto”, e na seção 6, “Diretrizes
para a Durabilidade das Estruturas de Concreto”.
No item 5.1.1 a norma estabelece que as estruturas de concreto devem atender a requisitos
mínimos de qualidade, durante as fases de construção e utilização, classificados em 3 grupos
bem definidos (item 5.1.2), como segue.
A solução estrutural adotada deve atender aos requisitos de qualidade estabelecidos nas
normas técnicas referentes aos 3 grupos supracitados. Deve ainda considerar as características
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
O projeto deve conter informações claras e bastantes para a execução da estrutura, devendo
atender a todos os requisitos estabelecidos na NBR 6118:2003, e em outras normas
específicas e complementares para cada caso.
1.6.3 Durabilidade
A NBR 6118:2003 recomenda, no item 6.1, que as estruturas de concreto sejam projetadas e
executadas de modo que, sob as influências ambientais previstas, e quando utilizadas de
acordo com o projeto, conservem sua segurança, estabilidade e comportamento adequado em
serviço durante o período correspondente à sua vida útil de projeto. A durabilidade das
estruturas de concreto requer a cooperação e esforços coordenados dos responsáveis pelo
projeto arquitetônico, pelo projeto estrutura, pela tecnologia do concreto e pela construção, do
proprietário e do usuário.
Vida útil, de acordo com o item 6,2, é o período de tempo durante o qual se mantém as
características da estrutura de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e
manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de execução dos reparos
necessários decorrentes de eventuais danos acidentais.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Uma das principais responsáveis pela perda de qualidade e durabilidade das estruturas de
concreto é a agressividade do ambiente que, segundo o item 6.4 da NBR 6118, está
relacionada às ações físicas e químicas atuantes sobre as estruturas, independentemente das
ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração, etc.
A tabela 1.5 apresenta a classificação normativa para a agressividade ambiental, que pode ser
avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição de estrutura ou de suas
partes.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Para evitar a deterioração prematura e atender às exigências quanto à durabilidade, devem ser
observados diversos critérios na fase de projeto, de execução e de utilização da estrutura.
Dentre os principais critérios na fase de projeto tem-se a especificação de um concreto de
qualidade satisfatória, de cobrimentos mínimos para as armaduras, a verificação da abertura
de fissuras e o correto detalhamento das armaduras.
1.6.4.2 Cobrimento
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
De modo geral, o cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser, no mínimo, igual
ao diâmetro da própria barra. Pra feixes de barras, o cobrimento do feixe não deve ser inferior
ao diâmetro do círculo de mesma área do feixe (diâmetro equivalente).
A dimensão máxima característica do agregado graúdo do concreto, dmáx, não deve ser
superior a 20% do cobrimento nominal, ou seja, d máx 1,2 c nom . Para a face superior de vigas
e lajes revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos (carpete,
cerâmica, madeira, etc.) os cobrimentos nominais apresentados podem ser reduzidos para 1,5
cm, respeitando a condição de ser maior ou igual ao diâmetro da barra ou que o diâmetro
equivalente, no caso de feixes.
A abertura máxima característica das fissuras, desde que não ultrapasse valores da ordem de
0,3 a 0,4 mm, são pouco significativas para a evolução de um processo corrosivo nas
armaduras. Nos casos usuais, podem ser adotados os limites abaixo para a abertura de
fissuras, em função da classe de agressividade ambiental.
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UFPA/FEC - Estruturas de Concreto Armado I
Estes limites ainda podem ser reduzidos, como para o caso de reservatórios, onde estes limites
devem ser especificados para garantir a estanqueidade e não afetar a funcionalidade da
estrutura.
As diversas formas estruturais não convencionais, ou regiões de difícil acesso, não deveriam
comprometer a durabilidade da estrutura, mas favorecem a ocorrência de determinadas
patologias que podem acarretar problemas de durabilidade. O difícil acesso do concreto e
diâmetros maiores que os recomendados para os agregados podem levar a ocorrência de
nichos de concretagem (brocas). Um bom detalhamento das armaduras também é necessário
para garantir a durabilidade. As barras devem ser dispostas dentro do elemento estrutural de
modo a facilitar o lançamento e o adensamento do concreto. O congestionamento das barras
dificulta o lançamento, propicia a segregação e impede um bom adensamento, ao dificulta a
passagem da agulha do vibrador. Estes fatores comprometem a compacidade final do concreto
endurecido e facilita sua deterioração.
Para garantir a durabilidade das estruturas de concreto, medidas adicionais ainda devem ser
tomadas, como:
- Prever uma drenagem eficiente, capaz de evitar o acúmulo de água sobre o concreto;
- Prever acessos de inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil
reduzida, tais como aparelhos de apoio, caixões, impermeabilizações, etc.;
- Prever espessuras de sacrifício ou revestimentos protetores em regiões sob condições
de exposição ambiental muito agressivas;
- Definir um plano de inspeção e manutenção preventiva, e realiza-lo.
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