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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

REDE DE ENSINO LUIZ FLÁVIO GOMES

DIREITO PÚBLICO/TURMA 36

RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

EDIMÁRIO FREITAS DE ANDRADE JÚNIOR

VITÓRIA DA CONQUISTA /BAHIA


2018
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho analisa de maneira sucinta e objetiva, acerca da


responsabilidade civil do Estado e sua evolução, diferenciando as duas modalidades
da Teoria do Risco, que fundamenta a responsabilidade objetiva do Estado, bem
como indicando qual é a teoria ordinariamente vigente no Direito Brasileiro.

2.DESENVOLVIMENTO

A responsabilização civil do Estado consiste na obrigação de reparar


economicamente os danos causados a terceiros, sejam no âmbito patrimonial ou
moral. Assim, em decorrência de tais danos é possível o Estado ser
responsabilizado e, consequentemente, deverá pagar indenização capaz de
compensar os prejuízos causados.
Ao longo da evolução da ordem jurídica, adotou-se por muito tempo a
irresponsabilidade do Estado, em especial na época dos regimes absolutistas,
repousando-se no princípio de que o rei não pode errar (the king can do no wrong).
Essa teoria logo começou a ser combatida, por sua evidente injustiça; se o Estado
deve tutelar o direito, não pode deixar de responder quando, por sua ação ou
omissão, causar danos a terceiros, mesmo porque, sendo pessoa jurídica, é titular
de direitos e obrigações (DI PIETRO, 2017).
Somente no século XIX, a teoria retro mencionada fora superada, passando
a vigorar as chamadas teorias civilistas, em especial adotando-se como elemento
principal à responsabilização do Estado, a culpa. Ressalta, que em virtude da
dificuldade em provar a culpa do agente público e com o intuito de resguardar os
administrados.
Consoante Carvalho (2017),
Para maior proteção à vítima, chegou-se à responsabilidade subjetiva
baseada na culpa do serviço. Neste caso, a vítima apenas deve comprovar
que o serviço foi mal prestado ou prestado de forma ineficiente ou ainda
com atraso, sem necessariamente apontar o agente causador. Não se
baseia na culpa do agente, mas do serviço como um todo e, por isso,
denominamos Culpa Anônima.
A partir do leading case Agnes Blancó, em 1871, na França, lançou-se as
bases da Teoria do Risco Administrativo, estabelecendo a responsabilidade estatal
pelos danos causados por condutas de seus agentes.
No ordenamento jurídico brasileiro, hodiernamente, a responsabilidade do
Estado é de ordem civil, ou seja, pecuniária, bem como é imputado àquele
responsabilidade objetiva. Neste sentido, o art. 37, §6º da CF, prevê que a
responsabilização extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar
danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou
omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos
(DI PIETRO, 2016). Inclusive, a legislação infraconstitucional também prescreve a
responsabilidade objetiva do Estado perante terceiros, conforme redação do art.43
do Código Civil.
Tal responsabilidade objetiva dos atos do Poder Público reside na chamada
teoria do risco, onde o elemento culpa é substituído pelo nexo de causalidade entre
o dano causado e a conduta, comissiva ou omissiva, atribuída ao agente público. A
teoria do risco subdivide-se em administrativo e integral.
Pela teoria do risco administrativo, a atividade administrativa tem como
finalidade alcançar o bem comum e se trata de uma atividade potencialmente
danosa. De tal forma que surge a obrigação pecuniária de reparação de dano pelo
Estado pelo simples fato de assumir o risco de exercer tal atividade,
independentemente da má prestação do serviço ou da culpa do agente público
faltoso. Tal teoria fora adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, conforme a
redação do art. 37, §6º da CF.
Em artigo publicado na Revista da Escola de Magistratura do Estado do Rio
de Janeiro, pontuou Cavalieri Filho (2011) sobre a teoria do risco administrativo,
É a forma democrática de repartir os ônus e encargos sociais por todos
aqueles que são beneficiados pela atividade da Administração Pública. Com
efeito, se a atividade administrativa do Estado é exercida em prol da
coletividade, se traz benefícios para todos, justo é, também, que todos
respondam pelos seus ônus, a serem custeados pelos impostos. O que não
tem sentido, nem amparo jurídico, é fazer com que um ou apenas alguns
administrados sofram todas as consequências danosas da atividade
administrativa.
Outrossim, na teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado é
absoluta por danos ocorridos pela simples existência do dano, sendo suficiente a
existência do dano e do nexo causal para que seja imputada a obrigação de
indenizar ao Poder Público, não comportando excludentes de responsabilidade. O
ordenamento jurídico brasileiro apesar de adotar a teoria do risco administrativo,
ressalvou a aplicação do risco integral em algumas hipóteses, quais sejam: a) dano
decorrente de acidente nuclear, b) dano ao meio ambiente, c) crimes ocorridos a
bordo de aeronaves que estejam sobre o espaço aéreo brasileiro e danos
decorrentes de ataques terroristas.

3.CONCLUSÃO

Em conclusão, a responsabilidade do Estado, nos termos do direito brasileiro,


ocorrerá de forma objetiva, devendo ser demonstrado simplesmente o nexo de
causalidade entre a conduta do agente público e o dano causado à terceiro. Neste
sentido, o direito pátrio adotou a teoria do risco administrativo, conforme observa-se
da redação do art. 37, §6º da Constituição Federal. Cabe, contudo, ressaltar que em
hipóteses específicas, tal teoria é mitigada em favor da teoria do risco integral.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALIERI FILHO, Sérgio. A Responsabilidade Civil Objetiva e
Subjetiva do Estado. Revista da Escola de Magistratura do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 14, n. 55, p.10-20, jul./set. 2011.
Disponível em: <http://www.emedevendo
serdemonstradorj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista55/Revis
ta55_10.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2018.

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 4ª ed.


Salvador: Juspodvim, 2017.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 29ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016.

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