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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2°

VARA DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL DA CIRCUNSCRIÇÃO


JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DF

Processo n°: 0717764-90.2017.8.07.0001 -

- Distribuição por dependência

BRUNA REGINA DE LIMA SOUSA, devidamente qualificada nos


autos do processo em epígrafe, que contende com LS&M ASSESSORIA
LTDA, por seus procuradores do NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS DO
UNIPLAN/DF, vem respeitosamente a este juízo, com fulcro no art. 9141 do
CPC opor EMBARGOS A EXECUÇÃO, pelos fatos e fundamentos jurídicos
a seguir alinhavados.

I – PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE

A empresa exequente ajuizou a presente demanda informado ser


credora da executada, ora embargante, pelo valor de R$: 1.000,00 (mil reais),

1
CPC: Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à
execução por meio de embargos.
advindos da devolução do cheque nº. 000109, que restou sem a devida
compensação pela instituição bancária.

Acontece que, o título executivo colacionado pela exequente (Id.


8335821) tem como beneficiário do crédito a empresa DF Ferragens (CNPJ nº.:
22.350.322/0001-01), ou seja, pessoa jurídica diversa da exequente.

Em razão disso, bem como da inexistência de cessão de crédito ou


endosso do título, nos termos do art. 17 da Lei 7.357/852, não demonstrada nos
autos, resta ilegítimo a execução do título extrajudicial colacionado, posto que a
empresa exequente é ilegítima para realizar a execução do título.

O Eg. TJDFT firmou entendimento que apenas o credor nominal é


legítimo exigir o crédito, bem como endossar o título executivo, sob pena da
Ilegitimidade, nestes termos:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUES.


TÍTULOS NOMINAIS A TERCEIROS. AUSÊNCIA DE ENDOSSO.
ILEGITIMIDADE ATIVA DO EXEQUENTE.
1. Tratando-se de cheque nominal, apenas o credor pode ser o
endossador do título executivo.
2. Recurso conhecido, mas não provido. Unânime.
(Acórdão n.769330, 20130110145393APC, Relator: FÁTIMA
RAFAEL, Revisor: CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, Data de
Julgamento: 12/03/2014, Publicado no DJE: 20/03/2014. Pág.: 108).
Grifamos.

Assim sendo, nos termos do art. 337, inciso XI do CPC 3, aduz que
antes de discutir o mérito deve o réu alegar a ilegitimidade. Posto isso, pugna a
executada pela extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do
art. 485, VI do CPC.

2
Lei 7.357/85: Art. 17 - O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’,
é transmissível por via de endosso.
3 CPC: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...)

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;


II – MÉRITO. DA INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO EXECUTIVO

Caso não haja o acolhimento da preliminar supramencionada, o que


não espera a executada, ora embargante, razão não assiste a exequente
quanto a exigibilidade do título executivo, fato que obsta sua pretensão
executiva.

Pois bem, a empresa exequente ajuizou a presente demanda


informado ser credora da executada, ora embargante, pelo valor de R$:
1.000,00 (mil reais), advindos da devolução do cheque nº. 000109, que restou
sem a devida compensação pela instituição bancária.

Colaciona planilha atualizada, até o dia 17/07/2017, do débito


informando ser devido pela executada a monta de R$: 1.030,59 (mil e trinta
reais e cinquenta e nove centavos).

Por fim, pugna pela condenação da executada, ora embargante no


valor supramencionado, sem prejuízo das custas processuais e honorários
advocatícios.

No entanto, não obstante as pretensões da empresa exequente,


suas argumentações não merecem acolhimento.

Primeiramente, a executada impugna o título colacionado sob o


nome “título de crédito” (Id. 8335821), por ser inexigível sua satisfação
financeira.

Acontece que, a executada entabulou contrato de prestação de


serviços de marcenaria com o Sr. Theófilo W. Bonfim Aires, em caráter verbal,
consistindo na confecção de bens imóveis para sua residência.

Em contraprestação pecuniária aos serviços prestados, a executada


emitiu 03 (três) cártulas de cheque. Ocorreu que, a prestação de serviços do
Sr. Theófilo não foi concretizada e em razão disso a executada suspendeu a
apresentação do derradeiro cheque (nº. 000109) junto a sua instituição
bancária.

É inexigível o crédito, posto que o serviço prestado foi mal realizado.


O Eg. TJDFT já pacificou entendimento, informado ser inexigível o título
executivo, quando não há defeito na prestação de serviços, nestes termos:

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DO DEVEDOR - EXECUÇÃO


FUNDADA EM CHEQUE EMITIDO EM PAGAMENTO DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO MAL EXECUTADO E POR ISSO
SUSTADO - SENTENÇA MANTIDA - IMPROVIMENTO DO
RECURSO.
1. Não procede a execução, se os serviços foram mal executados e,
por isso mesmo, recusados, tornando o título inexigível.
2. Apelo improvido. Unânime.
(Acórdão n.219718, 19990110270329APC, Relator: ESTEVAM
MAIA, Revisor: HUMBERTO ULHÔA, 4ª Turma Cível, Data de
Julgamento: 16/06/2005, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 04/08/2005.
Pág.: 78).

A executada, ora embargante tentou de todas formas possíveis a


resolução do presente litígio, conforme comunicações via aplicativo telefônico
do tipo “whatsapp”, ora colacionadas,

Porquanto, a prestação dos serviços não foi executada pelo Sr.


Theófilo W. Bonfim Aires, logo e em razão disso, houve a suspensão da ordem
de pagamento pela embargante, fato que obsta a pretensão da empresa
embargada, que além de estranha ao negócio jurídico, não comprova eventual
prejuízo patrimonial, nem como deu-se eventual negócio jurídico entre ela e a
executada, ora embargante.
DO PEDIDO
Ante o exposto requer:

a) o recebimento e posterior distribuição, por dependência ao processo


principal nº: 0717764-90.2017.8.07.0001, junto a 2° Vara de Execução de
Título Extrajudicial da Circunscrição Judiciária de Brasília/DF;
b) preliminarmente, a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos
termos do art. 485, VI do CPC;
c) pugna pela integral improcedência da execução principal, em razão da
inexigibilidade do título executivo extrajudicial que anima a execução;
d) requer benefícios da assistência gratuita, nos termos do art. 98 e
seguintes do CPC, visto que a executada, ora embargante não tem condições
financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;
e) a citação da empresa embargada para oferecer resposta no prazo legal,
nos termos do art. 920, I, do CPC;
f) requer, por derradeiro, a condenação da embargada nas custas e
despesas processuais, sem prejuízo dos honorários advocatícios;
Pugna pela produção de todos os meios de provas, em direito
admitidas.
Dá-se a causa o valor de R$: 1.030,59 (mil e trinta reais e
cinquenta e nove centavos).

Nesses termos, pede deferimento.


Brasília/DF, 28 de fevereiro de 2018.

Válter Kazuo Takahashi


Advogado Orientador do NPJ UNIPLAN/DF
OAB/DF 3.793

Alessandra Maia Homem D´el-Rei G. Santoro


Advogada Orientadora do NPJ UNIPLAN/DF
OAB/DF 23.814

Marcos Menezes do Nascimento Gomes


OAB/DF 15.366/E

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