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Vida e Obra
Jorge Amado conheceu Raquel de Queiroz, uma forte comunista, e com essa
relação aprofundou-se no comunismo, e algum tempo depois entrando até em um
partido comunista.
O comunismo aparece na obra de Jorge Amado – Capitães de Areia, através
de:
Aparições de Palavras como: Amigos, companheiros; muito usadas pelos capitães de
areia para designar uns aos outros. Essas palavras representam muito o comunismo
e socialismo, pois nesses dois movimentos todos se consideram companheiros e
amigos.
A atenção do Padre pelos meninos: O padre sempre visitava os capitães de
areia, fazendo o possível para ajudá-los. Queria dar aos meninos amor e moradia e
tratá-los de uma maneira igual ao com o resto da sociedade, assim como no
socialismo, onde todos são iguais.
Pedro Bala: Mostra o lado comunista através do pai, que lutava nas greves.
Pedro Bala também apreciava muito as greves, dizia que isso estava no seu sangue,
afirmando mais ainda a influencia do comunismo quando liderou a greve se tornou
líder comunista sindicalista.
Jorge Amado mostra na sua obra escrevendo como socialista a diferença de
ricos e pobres. Mostrando a todos as oportunidades que os meninos podem ter, mas
elas não se encontram no mundo capitalista.
Cenário
Omolu mandou a bexiga negra para a cidade. Mas lá em cima os homens ricos se
vacinaram, e Omolu era um deus das florestas da África, não sabia destas coisas de vacina. E
a varíola desceu para o cidade dos pobres e botou gente doente, botou um negro cheio de
chaga em cima da cama [...] (p. 132)
O 611 era uma casa grande, quase um palacete, com árvores na frente. Numa mangueira, um
balanço onde uma menina da idade de Dora se divertia. [...] (p. 159)
Pesadas cortinas, cadeiras de alto espaldar, um retrato de Santo Inácio numa parede. Na
outra, um crucifixo. Uma grande mesa, custosos tapetes. [...] (p. 140)
- O senhor sabe que a viúva Santos é uma das melhores protetoras da religião na Bahia? Não
sabe dos donativos... (p. 142)
Pareciam adora-lo e o padre José Pedro se revoltou. Em verdade ele sabia que a grande
maioria dos padres não se revoltava e ganhava bons presentes de galinhas, perus, lenços
bordados e por vezes até antigos relógios de ouro que passavam através de gerações na
mesma família. [...] (p. 67)
Jorge amado era da religião do candomblé, e foi autor da lei em que todas as
religiões são aceitas no país.
O candomblé pode ser citado na obra com mais valorização, e tem como
representante a Don’aninha, que mostra como realmente se preocupa com os
capitães de areia e seguidores: Pedro Bala, João Grande, Querido-de-deus e Boa
vida.
Por último Don’Aninha veio aonde estavam os Capitães da Areia, seus amigos de há
muito, porque são amigos da grande mãe-de-santo todos os negros e todos os pobres da
Bahia. Para cada um ela tem uma palavra amiga e maternal. Cura doenças, junta amantes,
seus feitiços matam homens ruins. [...] (p. 86-7)
Jorge Amado mostra também em sua obra, além da oposição de ricos e
pobres, a discriminação de religiões não oficiais, como mostra na passagem:
Linguagem
Jorge Amado pertence a uma geração de escritores “regionalistas”. A principal
característica de estilo dessa geração foi a de contrapor uma linguagem mais espontânea,
coloquial, popular, à linguagem rara, escolhida, herdeira dos vícios parnasianos e
representativa da classe social dominante.O escritor consegue registrar as falas de diferentes
camadas sociais, como se poderá verificar nos exemplos abaixo:
- Tu quer esse Deus Menino para tu? – perguntou ele de repente. (p. 175)
- Tu não vai hoje ao Gantois? Vai ser uma batida daquelas. Um fandango de primeira.
É festa de Omolu.
- Muita bóia? E aluá?
- Se tem... mirou Pedro Bala. – Por que tu não vai, branco? Omolu não é só santo de
negro. É santo dos pobres todos. (p. 79)
Outra marca estilística típica de Jorge Amado é a sem-cerimônia com que se utiliza de
termos chulos, freqüentemente extirpados da língua oficial ou ocultados por meio da
linguagem eufemística:
[...] Boa-Vida ficou espiando os peitos da negra, enquanto descascava uma laranja
que apanhara no tabuleiro.
- Tu ainda tem uma peitama bem boa, hein, tia? (p. 75)
- Quem tirou teu cabaço?
- Ora, me deixe... – respondeu pederasta rindo. (p. 96)
O narrador também assimila um modo de falar mais natural, mais simples. E isso é
conseguido, por exemplo, com o uso sistemático da frase curta, incisiva, econômica:
Outro recurso de que se serve Jorge Amado para conseguir um efeito natural,
espontâneo, é a repetição de uma palavra ou expressão, ao longo de um parágrafo,
que acaba por ter um surpreendente efeito plástico, musical.
Polícia e Reformatório
No início da obra podemos perceber através das cartas mandadas aos jornais,
que ninguém se responsabiliza pelos capitães de areia, deslocando a culpa. As cartas
mostram como a sociedade burguesa deseja “se livrar” ou aplicar um justo castigo aos
malandros criminosos que não deixam a cidade em paz.
Referentes a estas cartas a polícia diz por sua vez que não é responsável
pelos atos dos capitães da areia, e deveriam receber ordem do Juiz de menores para
executar seu trabalho, e ainda cita que:
Irá tomar sérias providências para que semelhantes atentados não se repitam e para
que os autores do de anteontem sejam presos para sofrerem o castigo merecido
Não procede, sr. Diretor, porque ao juizado de menores não compete perseguir e
prender os menores delinqüentes e, sim, designar o local onde devem cumprir pena, nomear
curador para acompanhar qualquer processo conta eles instaurado, etc. Não cabe ao juizado
de menores capturar os pequenos delinqüentes. Cabe velar pelo seu destino posterior. E o sr.
doutor Chefe de Polícia sempre há de me encontrar onde o dever me chama, porque jamais,
em 50 anos de vida impoluta, deixei de cumpri-lo.
Não tenho culpa, porém, de que fujam, que não se impressionem com o exemplo de trabalho
que encontram naquele estabelecimento de educação e que, por meio da fuga, abandonem um
ambiente onde se respiram paz e trabalho e onde são tratados com o maior carinho. Fogem e
se tornam ainda mais perversos, como se o exemplo que houvessem recebido fosse mau e
daninho. Por quê? Isso é um problema que aos psicólogos cabe resolver e não a mim, simples
curioso da filosofia. O que quero deixar claro e cristalino, sr. Diretor, é que o doutor Chefe de
Polícia pode contar com a melhor ajuda deste juizado de menores para intensificar a
campanha contra os menores delinqüentes.
Após a carta do Juiz de Menores, recebe-se a carta de uma Mãe onde ela
relata a situação do reformatório vivida pelo seu filho:
Queria que seu jornal mandasse uma pessoa ver o tal do reformatório para ver como são
tratados os filhos dos pobres que têm a desgraça de cair nas mãos daqueles guardas sem
alma. Meu filho Alonso teve lá seis meses e se eu não arranjasse tirar ele daquele inferno em
vida, não sei se o desgraçado viveria mais seis meses. O menos que acontece pros filhos da
gente é apanhar duas e três vezes por dia. O diretor de lá vive caindo de bêbedo e gosta de
ver o chicote cantar nas costas dos filhos dos pobres, há de ver que comida eles comem, o
trabalho de escravo que têm, que nem um homem forte agüenta, e as surras que tomam. Mas
é preciso que vá secreto senão se eles souberem vira um céu aberto. Vá de repente e há de
ver quem tem razão.
Quanto à carta de uma mulherzinha do povo, não me preocupei com ela, não merecia a minha
resposta.
Um Estabelecimento Modelar onde Reinam a Paz e o Tratado - um Diretor que é um Amigo -
ótima comida - crianças ladronas em Caminho da Regeneração - Acusações Improcedentes -
só um Incorrigível reclama - o Reformatório Baiano é uma grande Família - onde deviam estar
os Capitães da Areia. (Títulos da reportagem publicada na segunda edição de terça-feira do
jornal da Tarde, ocupando toda a primeira página, sobre o Reformatório Baiano, com diversos
clichês do prédio e um do diretor.)
Agora os jornalistas já foram, moleque. Tu agora vai dizer que sabe queira ou não queira. O
diretor do reformatório riu: -- Ora, se diz... O investigador perguntou: --... Pedro Bala
sentiu duas chicotadas de uma vez. E o pé do investigador na sua cara. Rolou no chão,
xingando. -- Ainda não vai dizer? -- perguntou o diretor do reformatório. -- Isso é só o começo...
Pedro Bala foi trancado numa cafua, um quartinho pequeno, onde não podia
estar de pé nem deitado, comia feijão salgado e tinha pouca água,tudo era escuro e
suas vezes eram colocadas em uma vasilha. O odor era imenso.
. Aquilo é castigo para um homem, não para um menino. O ódio não cresce mais em
seu coração. Já atingiu o máximo.
Assim podemos ver porque os meninos fugiam como foi abordado na primeira
carta. Como menciona Pedro Bala, isso é castigo para um homem não para um
menino. Pedro Bala sai da cafua sem condições de ficar em pé, e é designado para
lavra terra.
A policia não é hotel, malandro. Desaperta, desaperta... - e fez sinal para que Pedro se
afastasse. Pedro tentou novamente puxar conversa, mas o guarda o ameaçou com o
cassetete: -- Vai dormir num jardim... Vai embora...
Transformações
Pobres