Você está na página 1de 6

Curso Guerra e paz nas cidades

Prof. Alba Zaluar

Prof. Pedro Vilas Boas Castelo Branco

Ementa: Este curso foi pensado para estimular a reflexão sobre um dos maiores
e mais debatidos problemas nacionais, o da violência homicida e da falta de
segurança pública. O debate é acirrado e envolve a discussão sobre a função
estatal de prover a segurança de seus cidadãos: como, quando e por que
agentes, quais os limites dessa intervenção estatal e como pensar a
responsabilidade dos cidadãos como sujeitos dessas cenas macabras serão as
questões mais debatidas. Como o debate no Brasil está marcado por
polarizações e impasses, a estratégia do curso será dupla: a inclusão de textos
internacionais sobre as questões relativas à guerra e à paz como roteiro para
repensar essas questões no Brasil, no pressuposto de que a comparação é
crucial; a inclusão de textos que vão do micro ao macro ou vice-versa, na
convicção de que como os cidadãos comuns vivenciam as situações de
violência homicida não pode faltar num diagnóstico, avaliação ou proposta de
novos projetos que venham a diminuir a violência homicida. Por isso, a leitura do
livro sobre o protagonista do primeiro conflito armado entre traficantes, chamado
de guerra, foi incluído. Alguns textos de leitura poderão vir a ser substituídos, já
que cursos também são dinâmicos.

1. Violência, pobreza e conflitos urbanos. Violência estrutural (1 sessão)

Blackwell, Adam; Duarte, Paulina (2014), “Violence, Crime and Social


Exclusion”, in OEA – Organização dos Estados Americanos (org.), Inequality and
Social Exclusion in the Americas: 14 Essays. Washington: OEA, 111-134 [2.a
edição].

Bourdieu, Pierre (1989), “Social Space and Symbolic Power”, Sociological


Theory, 7(1), 18-26.

Farmer, Paul (2004), “An Anthropology of Structural Violence”, Current


Anthropology,45(3), 305-325.

Zaluar, Alba. “Violência e crime: saídas para os excluídos ou desafios para a


democracia? “, em: Micelli, Sergio (org.) 25 Anos de Ciência Social no Brasil:
Balanço e Perspectivas, São Paulo: Editora ANPOCS.
“Brasil na transição: cidadãos não vão ao paraíso”, em São Paulo
em Perspectiva, São Paulo: Fundação SEADE, 5(1), jan-mar, 191, pg 18-25.
Republicado em Brasil em Artigos, São Paulo: SEADE BOLSO, 1995, pg 81-98.
Zaluar, A. & Freitas, L.A.P. Parte I, “Crescendo sem consolo”, em Cidade de
Deus, a história de Ailton Batata o sobrevivente, Editora FGV: Rio de Janeiro,
2017.

2. Crime organizado no tráfico de drogas. Efeitos da política de guerra às


drogas. Guerra, Estado e crime organizado (2 sessões)

Gledhill, John (2015), The New War on the Poor: The Production of Insecurity in
Latin America. London: Zed.

Woodiwiss, Michael & Hobbs, Dick. “Organized evil and the Atlantic alliance
moral panics and the rhetoric of organized crime policing in America and Britain”,
In: BRIT. J. CRIMINOL. (2009) 49, 106–128 doi:10.1093/bjc/azn054

Nasser, Reginaldo (2014), “Os Estados Unidos e o Crime Transnacional na


América do Sul: aspectos históricos e contemporâneos”, in Reginaldo Nasser;
Rodrigo Moraes (orgs.), Brasil e a segurança no seu entorno estratégico:
América do Sul e o AtlânticoSul. Brasília: IPEA, 145-168.

ONU - Organização das Nações Unidas (2000), United Nations Convention


against Transnational Crime and the ProtocolsThereto. Vienna: UNODC.

UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime (2010), “The Globalization
of Crime: A Transnational Organized Crime Threat Assessment”. Vienna:
UNODC.

UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime (2011), “Global Studies on
Homicide 2011: Trends, Context, Data”. Vienna: UNODC.

UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime (2012), “Estimating Illicit
Financial Flows Resulting from Drug Trafficking and other Transnational
Organized Crimes”. Vienna: UNODC.

UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime (2013), “Global Study on
Homicide 2013: Trends, Contexts, Data”. Vienna: UNODC.

Imbusch, Pierre; Misse, Michel; Carrión, Fernando (2011), “Violence Research in


Latin America and the Caribbean: A Literature Review”, International Journal of
Conflict and Violence, 5(1), 87-154.


Jaitman, Laura (org.) (2015), Los costos del crimen em la violencia y bienestar
en America Latina y Caribe. Washington, D.C.: BID.


Paes Manso, Bruno "A GUERRA - Como o PCC deflagrou uma crise nas
prisões brasileiras ao tentar ganhar poder fora de São Paulo (publicado na
edição de fevereiro de 2017 da revista Piauí), autor do livro Homicide In São
Paulo, an Examination of Trends from 1960-2010.
Zaccone, Orlando (2007). Acionistas do nada: quem são os traficantes de
drogas. Rio de Janeiro: Revan.

Tilly, Charles. (1985) “War Making and State Making as Organized


Crime”, In: From Bringing the State Back in, Cambridge: Cambridge University
Press, 1985, 169-191.

Zaluar, A. & Freitas, L.A.P. “O negócio da Droga”, “A polícia na rua e na


delegacia”; “Uma conversa sobre a vida na prisão”, em Cidade de Deus, a
história de Ailton Batata o sobrevivente, Editora FGV: Rio de Janeiro, 2017.

3. Conflitos armados entre grupos organizados localmente são guerras?


Discussão sobre a guerra entre nações e a guerra retórica entre grupos à
margem da lei dentro da nação (2 ou 3 sessões)

Ryan, Jordan (2013), “Conflict has changed, and this needs to be reflected in the
future development agenda”, UNDP, em
http://www.undp.org/content/undp/en/home/ourperspective/ourperspectivearti-
cles/2013/08/02/conflict-has-changed-and-this-needs-to-be-reflected-in-the-
future- -development-agenda-jordan-ryan.html

Sain, Marcelo; Games, Nicolas (2014), “Tendências e desafios do crime


organizado na América Latina”, in Reginaldo Nasser; Rodrigo Moraes (org.),
Brasil e a segurança no seu entorno estratégico: América do Sul e o Atlântico
Sul. Brasília: IPEA, 119-144.

Seguridad, Justicia y Paz (2015), Most Violent Cities 2014. Mexico D. F.:
Consejo Ciudadano para la Seguridad Publica y Justicia Penal.

Senehi, Jessica; Byrne, Sean (2011), “Where do we go from there?”, in Thomas


Matyok; Jessica Senehi; Sean Byrne (orgs.), Critical Issues in Peace and Conflict
Studies: Theory, Practice and Pedagogy. Plymouth: Lexington, 397-403.

Gallahue, Patrick. 2011. Mexico’s War on Drugs, Real or Rhetorical Armed


Conflict? In: Journal of International Law of Peace and Armed Conflict, vol. 24
1/2011

Amaral, Rodrigo A. D. (2015), “Considerações sobre a violência pela ótica de


Johan Galtung: alguns aspectos do terrorismo e o advento da intolerância”,
Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais, 19, 101-116.

Banfield, Jesse (2014), Crime and Conflict: The New Challenge for
Peacebuilding. London: International Alert.

Zaluar, A. & Freitas, L.A.P. “Às armas, a guerra com Zé Pequeno”, em Cidade
de Deus, a história de Ailton Batata o sobrevivente, Editora FGV: Rio de Janeiro.

4. Guerra civil: o que é necessário para receber tal classificação? (1


sessão)

Schmitt, Carl [1963] O conceito do político/Teoria do partisan. Belo Horizonte Del


Rey, 2008, 143-243.

Kalyvas, Sahis N (2001) “’New’ and ‘old’ wars”, a valid distinction?”, In World
Politics 54, 99-118.

Kalyvas, Sahis N (2006). The logic of civil war. New York: Cambridge University
Press

Patricia Owens “Decolonizing Civil War”, In: International & Interdisciplinary Law
Review, 4:2 (Fall 2017)

Zabyelina, Yuliya (2009), “Transnational Organized Crime in International


Relations”, Central European Journal of International and Security Studies, 3(1),
11-22.

5. A paz negativa e a paz positiva. O fim da guerra ou guerra sem fim? (3


sessões)

Jutila, Matti; Pehkonen, Samu; Väyrynen, Tarja (2008), “Resuscitating a


Discipline: An Agenda for Critical Peace Research”, Millenium – Journal of
International Studies, 36, 623-640.

Kemp, Walter; Shaw, Mark; Boutellis, Arthur (2016), The Elephant in the Room:
How Can Peace Operations Deal with Organized Crime? New York: International
Peace Institute, junho 2016.

Barrinha, André (2013), “Debates críticos: os Estudos de Segurança e o futuro


dos Estudos da Paz e dos Conflitos”, Universitas: Relações Internacionais,
11(2), 1-8.

Cockayne, James; Lupel, Adam (2011), Peace Operations and Organized Crime.
London: Routledge.


Cravo, Tereza; Pureza, José Manuel (2005), “Margem crítica e legitimação nos
Estudos para a Paz”, Revista Crítica de Ciências Sociais, 71, 5-19.


Wiberg, Hakan (2005), “Investigação para a Paz: Passado, presente e futuro”,


Revista Crítica de Ciências Sociais, 71, 21-42.

Young, Nigel (2013), “Concepts of Peace: From 1913 to the Present”, Ethics &
International Affairs, 27(2), 157-173.

Ferreira, Marcos Alan S. V. (2016b), “A contemporaneidade dos conceitos de


paz e violência em Johan Galtung e sua aplicabilidade para a América do Sul”, in
Erica Winand (org.), Defesa e segurança do Atlântico Sul VIII ENABED. Aracaju:
UFS, 137-148.

Galtung, Johan (1969), “Violence, Peace and Peace Research”, Journal of


Peace Research,6(3), 167-191.


Galtung, Johan (1972), “Theory and Practice of Security”, Instant Research on


Peace and Violence, 2(3), 109-112.


Galtung, Johan (1990), “Cultural Violence”, Journal of Peace Research, 27(3),


291-305.

Galtung, Johan (1996), Peace by Peaceful Means: Peace and Conflict,


Development and Civilization. London: Sage.


Richmond, Oliver; (2010), “Critical Peace and Conflict Studies”, European


Consortium for Political Research,
http://standinggroups.ecpr.eu/cpcs/.

Richmond, Oliver (2016), Peace Formation and Political Order in Conflict


Affected Society.Oxford: Oxford University Press.


UNDP - United Nations Development Program (2013), Citizen Security with a


Human Face: Evidence and Proposals for Latin America. New York: UNDP.

Patomäki, Heikki (2001), “The Challenge of Critical Theories: Peace Research at


the Start of New Century”, Journal of Peace Research, 38(6), 723-737.


Wallensteen, Peter (2001), “The Growing Peace Research Agenda”, Kroc


Institute Occasional Paper #21, Op.4. South Bend: Univ. of Notre Dame.

Wallensteen, Peter (2015), Quality Peace: Peacebuilding, Victory & World Order.
Oxford: Oxford University Press.

GROS, Frédéric [2006]. Estados de violência: ensaio sobre o fim da guerra.


Trad. José Augusto da Silva. São Paulo. Editora Ideias &Letras, 2009.

6. Guerra irregular (1 sessão)

Heydte, Fredrich August, Freiherr von der [1972]. A moderna guerra irregular
em política de defesa e como fenômeno militar. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1990.

Kaldor, Mary (2001). New and Old wars. Organized violence in Global Era.
California: Stanford University Press.

Kalyvas, Sahis N (2001). “New” and “old” wars. a valid distinction? In: World
Politics 54, 99-118.
MÜNKLER, Herfried. The new wars. Cambridge, Inglaterra: Polity Press, 2005.

Kilcullen, David (2009). The Accidental Guerrila, Fighting small wars in the Midst
of a Big One. Oxoford: Oxford University Press, Chapter 1.

Philip, George. Introduction: Mexico´s Struggle against Organized Crime (2012),


In Mexico´s Struggle for Public Securit. Martin´s Press LLC: New York, 1-13.

8. Segurança pública: dilemas, fracassos e projetos nacionais. A


militarização da segurança pública (2 ou 3 sessões)

JOHN J. RAY Militarism, authoritarianism, neuroticismandantisocialbehavior, In


JournalofConflictResolution, 1972, 16 (3), 319-340.
http://jonjayray.tripod.com/milit.html Also reprinted as Chapter 44 in: J.J. Ray
(Ed.) "Conservatism as Heresy". Sydney: A.N.Z. Book Co., 1974

ZAVERUSCHA, Jorge (2005). FHC, Forças Armadas e polícia: entre


autoritarismo e democracia (1999-2002). Rio de Janeiro: Record.

_____ (2008). De FHC a Lula: a militarização da Agência Brasileira de


Inteligência. Rev. Sociol. Polit., Curitiba, v. 16, n. 31, Nov..

NOBREGA JÚNIOR, José Maria Pereira da (2010a). A semidemocracia


brasileira: autoritarismo ou democracia?. Sociologias, Porto Alegre, n. 23, Apr..

______ (2010b). A militarização da segurança pública: um entrave para a


democracia brasileira. Rev. Sociol. Polit., Curitiba, v. 18, n. 35, Feb.

KANT DE LIMA, Roberto (2004). Direitos civis e direitos humanos: uma tradição
judiciária pré-republicana? São Paulo em Perspectiva, n. 18, vol. 1, pp 49-59.

______ (s/d). Administração de conflitos, espaço público e cidadania: uma


perspectiva comparada. Civitas – Revista de Ciências Sociais, dezembro
año/vol. 1, número 002, pp. 11-16.

Enemies wanted: The Brazilian army is turning into a de facto police


Force, Its plodding infantry are ill-suited to repel threats to natural resources
Print edition | The Americas Jul 6th 2017 | CAMPINAS AND TABATINGA

Philip, George. Introduction: Mexico´s Struggle against Organized Crime (2012),


In Mexico´s Struggle for Public Securit. Martin´s Press LLC: New York, 1-13.
Soares Júnior, José Mário Dias (Capitão Marinho) (2010). Exército na segurança
pública : uma guerra contra o povo brasileiro! Curitiba: Juruá Editora.

Você também pode gostar