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Capitalismo e Saúde PDF
Capitalismo e Saúde PDF
N778i
Passos, Roberto Nogueira;
Capitalismo e Saúde / Roberto Nogueira Passos, Rogério Miranda Gomes.
Rio de Janeiro: CEBES, 2012.
141p.; 14 X 21cm.
ISBN
1.Saúde pública – História. 2. Política de Saúde – SUS. I. Rogério Miranda Gomes. II. Título.
CDD - 362.10981
CAPITALISMO E SAÚDE
Roberto Passos Nogueira
Rogério Miranda Gomes
projeto
FORMAÇÃO EM CIDADANIA PARA SÁUDE:
TEMAS FUNDAMENTAIS DA REFORMA SANITÁRIA
INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DO CAPITAL NOS
SERVIÇOS DE SAÚDE
Rio de Janeiro
2012
Sumário
Relações Sociais
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À atividade útil dos serviços associa-se um efeito qualquer
(real ou presumido) ou um valor de uso objetivo. As ca-
racterísticas materiais do produto de certos serviços, neste
sentido, são enganadoras, se não se consideram as relações
sociais que lhe deram origem. Um terno feito sob medida,
por alfaiate que trabalha em domicílio, é resultado de um
serviço e não uma verdadeira mercadoria, porque contém
apenas trabalho concreto, materializado em si. Apesar de
ter a mesma aparência exterior e as mesmas propriedades
de um terno de fábrica, é um valor para o uso e como tal
foi produzido: não representa um exemplar de uma merca-
doria destinada à troca e, portanto, não assume a forma de
trabalho humano abstrato, que é o regulador da existência
econômica dos valores de uso produzidos pela indústria.
O que se apresenta, então, como mercadoria na pres-
tação de um serviço?
R O B E R T O PA S S O S N O G U E I R A E R O G É R I O M I R A N DA G O M E S
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A circulação do capital adota genericamente a fórmula D-
M-D’, em que D’ é valor maior que D. Está expresso nes-
ta fórmula qualquer dispêndio de dinheiro como capital,
na indústria, no comércio e, igualmente, nos serviços de
consumo. O emprego do dinheiro tem aqui uma finalida-
de distinta da que se verifica na circulação simples M-D-
M, em que M é valor de uso apropriado em forma inerte,
como mercadoria, ou em forma ativa, num serviço, cons-
tituindo-se no objetivo final do ato de troca. Em M-D-M
o dinheiro é um meio capaz de promover a alienação ou a
cessão do valor de uso, ao mesmo tempo em que realiza o
valor de troca correspondente. Já no ciclo D-M-D, o di-
nheiro, representando a universalidade do valor de troca,
é o alvo do processo, mas como valor acrescido, porque,
consoante a genial definição de Marx, o capital é valor que
continuamente se expande.
C A P I TA L I S M O E S A Ú D E
Componentes do Capital
* Doutor em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo
(SP), Brasil., Professor Adjunto de Saúde Coletiva do Departamento de Saúde Comu-
nitária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba (PR), Brasil. rogeriomgo-
mes@uol.com.br
R O B E R T O PA S S O S N O G U E I R A E R O G É R I O M I R A N DA G O M E S
A Dialética Humanização-Alienação
a) O homem vê as objetivações-exteriorizações
humanas como alheias, autônomas (reificadas)
e estranhas, não se reconhecendo nelas;
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Necessidades, Finalidades e Objeto das Práticas de Saúde: al-
guns estranhamentos contemporâneos
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No caso do trabalho em saúde, a tensão e contraditoriedade
da relação ‘Humanização-Alienação’ adquirem intensidade
em graus dificilmente tão evidentes em outras formas de
prática social. Afinal, que outra forma de prática humana
recebe a ‘incumbência’ de operar sobre o sofrimento hu-
mano, sofrimento este determinado, em última instância,
como resultado da alienação no plano individual e coleti-
vo, sendo que este próprio operar pode ser (re)produtor
de relações estranhadas, alienadas, entre os sujeitos e suas
objetivações e, ao mesmo tempo, questionador de tal di-
nâmica?
Essa particularidade conforma o Trabalho em Saú-
de, talvez em grau maior que a maioria das outras práticas
sociais, como espaço privilegiado para a apreensão da dia-
lética humanização-alienação. Atuar sobre o sofrimento,
ainda que tomado individualmente, produz, em tese, uma
C A P I TA L I S M O E S A Ú D E
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C A P I TA L I S M O E S A Ú D E
REFERÊNCIAS
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