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CAPÍTULO 02 – Ocorrência das Águas Subterrâneas

2.1. Balanço Hídrico

2.1.1. Conceituação

O conceito de Ciclo Hidrológico implica na consideração de que não há variação


do volume total de água na Terra. O que ocorre ao longo do processo é que a
água muda de estado físico e vai sendo transportada entre os diversos
compartimentos da hidrosfera.

Já vimos que toda a origem da água subterrânea é a água que infiltra em porções
do terreno natural e que vai alimentar os aquíferos. Ou seja, o regime de carga e
descarga dos aquíferos tem importantes inter-relações com outros componentes
do Ciclo Hidrológico (Freeze & Cherry, 1979). Assim, torna-se necessário, para
quantificar esses componentes, conhecer a equação de Balanço Hídrico, que
descreve o regime hidrológico em uma bacia hidrográfica.

A equação do Balanço Hídrico (Eq. 01) obedece ao princípio da conservação de


massa ou princípio da continuidade, segundo o qual, em um sistema qualquer, a
diferença entre as entradas e as saídas é igual à variação do armazenamento
dentro do sistema (CPRM, 2000).

P  ES  ET  CWS  PERC (Eq. 01)

Em que:
P = precipitação média anual (mm);
ET = evapotranspiração (mm);
ES = escoamento superficial médio anual(mm);
CWS = variação da água armazenada no solo (mm), e
PERC = água percolada no maciço (mm).

Resolvendo a equação para o termo percolação, que é o que nos interessa mais
em Hidrogeologia temos (Eq. 02):

PERC  P  ES  ET  CWS (Eq. 02)

Portanto, o Balanço Hídrico envolve os processos de infiltração, redistribuição,


evaporação e absorção pelas plantas, que são processos interdependentes que,
na maioria das vezes, ocorrem simultaneamente. O balanço hídrico, nada mais é
do que o somatório das quantidades de água que entram e saem de um
determinado volume de material – solo ou rocha, num dado intervalo de tempo.

A despeito de ser uma equação simples, a sua resolução definitivamente não é, já


que seus termos nem sempre podem ser adequadamente quantificados, mesmo
através de estimativas (CPRM, 2000).

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Para a determinação da precipitação utilizam-se pluviômetros ou dados de
estações pluviométricas localizadas nas imediações do local de estudo, nem
sempre disponíveis ou com uma série histórica adequada.

O escoamento superficial é determinado em uma seção transversal ao leito de um


curso de água (ponto ou estação fluviométrica), através de molinetes, de
vertedouros ou de equipamentos mais modernos, tais como o ADCP ou
Correntômetro Acústico de Efeito Doppler (Figura 1), é um aparelho utilizado para
medir a vazão dos cursos d’água através do efeito “Doppler”. A realização de um
grande número de medidas permite a construção de uma curva-chave ou curva de
calibração do rio no local. Definida a curva, é possível, a partir daí, a determinação
da descarga do rio através de réguas ou escalas linimétricas, como as mostradas
na Figura 2. Deve-se destacar que grandes enchentes não são passíveis de
determinação através de réguas.

Figura 1 - Imagens do ADCP adquirido recentemente pela UFV.

(a)

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(b)
Figura 2 - Em (a) Lance de réguas linimétricas instaladas em uma seção do rio no
período de cheia (a) e em regime de estiagem (b). Em (b) Exemplo de réguas
linimétricas instaladas em uma seção

Na imagem da Figura 3 apresenta-se um exemplo de instrumentação implantada


em uma bacia para determinação de fluxos superficiais em um curso de água.

A umidade do solo é passível de medidas através de ensaios de laboratório


(informações pontuais), de campo (sondas de nêutrons e métodos gravimétricos).
A extrapolação de dados em uma região pode originar erros significativos, motivo
pelo qual devem ser evitadas. As características de umidade de um solo são muito
condicionadas pelo tipo de solo, uso do solo e declividade do terreno, por
exemplo. Da mesma forma, a determinação do fluxo em rochas depende do
conhecimento geológico da área, especificamente do tipo de rocha, estruturas
geológicas existentes e suas características hidrogeológicas.

Por fim, a evapotranspiração, que é a quantidade de água evaporada e


transpirada em uma determinada área ou região é, provavelmente, a parcela mais
problemática de se determinar. Os métodos mais amplamente utilizados utilizam o
conceito de potencial de evapotranspiração (EP), definido como a quantidade de
água que pode ser removida da superfície do terreno pela evaporação e
transpiração, se quantidades de água suficientes estiverem disponíveis no solo
para atender à demanda (Freeze & Cherry, 1979). Em uma área de descarga na
qual água subterrânea surgente forneça um suprimento contínuo de água, a
evapotranspiração total (ET) pode se aproximar muito da evapotranspiração
potencial. Em uma zona de recarga a evapotranspiração real é sempre
consideravelmente inferior à evapotranspiração potencial. A evapotranspiração é
dependente da capacidade evaporativa da atmosfera e seu cálculo teórico é
baseado em dados meteorológicos.

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Figura 3 - Exemplo de instrumentação utilizada para determinação de vazões (escoamento superficial) na bacia do rio Piracicaba
(MG).

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Os métodos mais comuns para cálculo do potencial de evapotranspiração é feita
com tanques, balanços de energia, métodos de transferência de massa e relações
empíricas. Alguns métodos comuns para esse cálculo são os de Blaney & Criddle
(1950), Thornthwaite (1948), Penman (1948), Van Bavel (1966), Mather (1978 e
1979) e Koerner & Daniel (2000) (modificado de Freeze & Cherry, 1978) – os dois
primeiros baseados em correlações empíricas e os dois últimos em balanços de
energia.

2.1.2. Exemplo Prático de Cálculo de Balanço Hídrico

O Balanço Hídrico apresentado a seguir foi elaborado através do método do


balanço hídrico (Koerner e Daniel, 2000). Este método leva em consideração as
variações climáticas durante o ano, o tipo de solo, a inclinação e a cobertura
vegetal do maciço. Neste método, o balanço hídrico é calculado usando-se o
princípio da conservação de massa, dado pela Equação 1. Um exemplo de
programa que calcula o Balanço Hídrico é apresentado a seguir. O modelo é
guiado por uma interface gráfica (GUI), desenvolvida pelo USGS (United States
Geological Survey). A interface gráfica permite ao usuário modificar, facilmente,
parâmetros do balanço hídrico e provê estimativas úteis dos componentes do
balanço hídrico para um local específico, definido por sua latitude. O modelo,
referenciado como Programa de Balanço Hídrico de Thornthwaite pode ser
utilizado como ferramenta de pesquisa, de avaliação e para ensino. O programa
pode ser baixado de graça do endereço
http://water.usgs.gov/lookup/get?crresearch/mms/thorn e roda em qualquer
plataforma.

2.1.2.1. Componentes do balanço hídrico subterrâneo

Precipitação (P)

A precipitação é obtida através de valores médios mensais obtidos através de


análise de dados de séries históricas de estações pluviométricas.

Evapotranspiração Potencial (ETp)

Evapotranspiração Potencial de Referência (ET0) é definida como “a quantidade


de água evapotranspirada na unidade de tempo e de área, por uma cultura de
baixo porte, verde, cobrindo totalmente o solo, de altura uniforme e sem
deficiência de água”. Nas regiões tropicais e subtropicais, caso do Brasil, utiliza-se
uma parcela de grama batatais, a qual permanece praticamente verde e em pleno
desenvolvimento durante o ano todo, desde que seja irrigada.

A evapotranspiração depende, essencialmente, da energia disponível para o


processo de evaporação da água. Havendo água disponível no solo, a
evapotranspiração é diretamente proporcional à energia disponível.

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Figura 4 - Tela de Entrada de dados do programa de cálculo do balanço hídrico
desenvolvido pelo USGS.

Segundo Thornthwaite e Mather (1955) a taxa da evapotranspiração potencial


pode ser estimada da seguinte forma:

Se T (temperatura média mensal do ar, 0C) for maior que 0 0C e menor que 27 0C,
tem-se:

ETp = 0,53 x N (10 x T / I)a (Eq. 03)

Se T for maior que 27 0C, tem-se que:

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ETp = -0,015 x T2 + 1,093 x T – 14,208 (Eq. 04)

Em que:
N é a duração média mensal de luz solar expressa em períodos de 12
horas;
I é o índice anual de calor, dado pelo somatório ao longo do ano, calculado
como:

I =  (0,2 x T)1,514 (Eq. 05)

E, a é uma função cúbica do índice anual de calor dada por:

a = 6,75x10-7 x I3 + 7,71x10-5 x I2 + 0,01792 x I+ 0,49239 (Eq. 06)

Se houver deficiência de água no solo, a evapotranspiração será forçosamente


restringida, verificando-se, então, a chamada evapotranspiração real ou,
simplesmente, evapotranspiração (ET), inferior à potencial (máxima), cujo cálculo
será explicado mais a frente.

Escoamento Superficial (ES)

O acúmulo de água sobre a superfície do terreno começa a ocorrer a partir do


momento em que a intensidade da precipitação excede a taxa de infiltração da
água no solo. Quando isso acontece, a água começa a escoar com um sentido
dado pela linha de maior declive do terreno.

O escoamento superficial em uma bacia de drenagem é influenciado por dois tipos


principais de parâmetros: os agroclimáticos e os fisiográficos. Os primeiros
incluem quantidade, intensidade e duração da precipitação; distribuição da
precipitação em relação ao tempo e à área da bacia; interceptação causada pela
cobertura vegetal e valor da evapotranspiração potencial. Dentre os fatores
fisiográficos, destacam-se a extensão, a forma e a declividade média da bacia em
estudo e as condições de superfície do terreno como geologia, tipo de solo,
permeabilidade, tipo de cultivo e rede de drenagem.

Os valores médios mensais de escoamento superficial são obtidos pelo método


racional aplicando-se o coeficiente de escoamento superficial (C) às medidas
mensais de precipitação. É importante frisar que existem outros métodos de
determinação do escoamento superficial, mas que pela sua praticidade e
confiabilidade para pequenas bacias, o presente exemplo utilizou o método
racional, dado pela equação 07, a seguir:

ES = C*P (Eq. 07)

Os valores de C estão representados na Tabela 1.

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Tabela 1 - Valores de coeficiente de escoamento superficial (C).
Tipo de Textura do solo
Declividade
cobertura do
(%)
solo Arenosa Franca Argilosa
0- 5 0,10 0,30 0,40
Florestas 5 - 10 0,25 0,35 0,50
10 - 30 0,30 0,50 0,60
0- 5 0,10 0,30 0,40
Pastagens 5 - 10 0,15 0,35 0,55
10 - 30 0,20 0,40 0,60
0- 5 0,30 0,50 0,60
Terras
5 - 10 0,40 0,60 0,70
Cultivadas
10 - 30 0,50 0,70 0,80
Fonte: Soil Conservation Service – USDA

No caso do exemplo em questão, a área estudada possui uma inclinação média


de 23%, o principal tipo de solo encontrado é solo residual (entre os coeficientes
de arenoso e argila e silte), e a principal ocupação/uso dos solos são: 7% da área
sendo ocupada por cana, 1% por açude, 3% como brejo, 4% de capoeira e 85%
de pastagem. Neste caso, obteve-se C igual a 0,22.

Infiltração (IN)

Os valores médios da infiltração são calculados através da expressão:

IN  P  ES  ETp (Eq. 08)

Perda de Água Acumulada (WL)

Se a infiltração for positiva o maciço estará ganhando água (umedecendo). Ao


contrário, se a infiltração for negativa o maciço estará perdendo água (secando).

A perda de água acumulada (WL) é calculada somando-se, mês a mês, os valores


de infiltração subtraída pela evapotranspiração potencial em todos os meses que
este valor for negativo (o maciço estiver secando). Nos meses nos quais o maciço
estiver umedecendo, infiltração positiva, o valor de WL permanece inalterado.

Água Armazenada no Solo (WS)

A água armazenada no solo é calculada mensalmente a partir de um mês no qual


este valor é conhecido. Se a infiltração for positiva num mês, este valor positivo
deverá ser acrescentado à quantidade de água armazenada no mês anterior. Se a
infiltração for negativa num mês, a diminuição da quantidade de água armazenada
será um pouco menor que a perda de água uma vez que, à medida que o maciço
se torna mais seco fica progressivamente mais difícil se retirar água dele. Neste

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caso, infiltração negativa, a quantidade de água armazenada pode ser calculada
pela expressão (Koerner e Daniel, 2000):

WS = (Wsmax)10b x WL (Eq. 09)

Em que:
Wsmax é a capacidade máxima de armazenamento de água no maciço; e
b = 0,455/WSmax

A capacidade máxima de armazenamento de água no maciço depende da sua


capacidade de campo (cc).

A Capacidade de campo é o máximo de água que o solo pode reter sem que
ocorra percolação vertical. Em laboratório, cc é comumente determinada a partir
da curva de retenção de água do solo. Verificou-se que na maioria dos solos e na
maioria das situações, o solo encontra-se na capacidade de campo quando a
sucção matricial no solo oscila em torno de –1/3 atm (-0,033 MPa).

A Tabela 2 apresenta valores de cc para alguns solos do Estado de São Paulo.

Tabela 2 - Valores da capacidade de campo de alguns solos do Estado de São


Paulo.
Profundidade cc
SOLO
(cm) (cm3/cm3)
Latossolo Vermelho Amarelo, fase arenosa 0 – 30 0,238
Piracicaba, SP 30 – 60 0,275
0 – 20 0,38
Latossolo Roxo
20 – 40 0,36
Jaboticabal, SP
40 – 60 0,35
Latossolo Vermelho escuro, Orto 0 – 15 0,235
Piracicaba, SP 15 – 50 0,238
Latossolo Roxo distrófico, fase argilosa
0 – 30 0,288
Lençóis Paulista, SP

Variação da Quantidade de Água Armazenada (CWS)

Uma vez calculada a quantidade de água armazenada no maciço em todos


os meses do ano, a variação mensal de água armazenada no maciço (CWS) é
obtida em cada mês pela diferença entre a água armazenada no mês anterior e no
mês em consideração.

No estudo realizado considerou-se a capacidade de campo igual a 0,35


cm3/cm3, valor correspondente à média dos valores encontrados para os solos de
São Paulo, apresentados na Tabela 02.

Evapotranspiração (ET)

A evapotranspiração depende da infiltração (IN). Assim, se:

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N > 0  ET = ETp (Eq.
10a)

E, se:

IN < 0  ET = IN – CWS (Eq.


10b)

Percolação (PERC)

A percolação (PERC) é calculada em função da infiltração (IN). Assim, se:

IN > 0  PERC = IN – CWS


(Eq. 12a)

e, se:

N < 0  PERC = 0
(Eq. 12b)

A partir da altura percolada (PERC), o volume é calculado multiplicando-se PERC


pela área da bacia. A vazão é obtida dividindo-se o volume pelo tempo de análise
(um ano).

2.1.2.2. Cálculos – exemplo prático

Precipitação

Os dados de precipitação foram retirados da estação fluviométrica 2142000. As


principais características desta estação estão mostradas na Tabela 3, enquanto na
Figura 5 apresenta-se a localização desta estação com relação à fonte Dona
Euzébia.

Tabela 3 - Dados da estação fluviométrica utilizada para obtenção de dados de


precipitação.
Código 2142000
Nome ASTOLFO DUTRA
Bacia ATLÂNTICO,TRECHO LESTE (5)
Sub-bacia RIO PARAÍBA DO SUL (58)
Rio RIO POMBA
Estado MINAS GERAIS
Município ASTOLFO DUTRA
Responsável ANA
Operadora CPRM
Latitude -21:18:25
Longitude -42:51:38
Altitude (m) 231

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Estação 2142000 Fonte Dona Euzébia

Figura 5 – Localização da estação 2142000 com relação à fonte Dona Euzébia.

Os valores médios mensais de precipitação ao longo dos 68 anos de operação da


Estação Astolfo Dutra (código 2142000) estão mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 - – Valores médios mensais obtidos a partir da série histórica da estação


Astolfo Dutra.
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Médias 241,8 175,8 151,7 69,7 38,5 21,5 15,1 18,3 55,0 118,6 198,4 271,7

Temperatura média mensal

Os dados de Temperatura média mensal foram retirados Dados retirados das


Normais climatológicas – 1961 – 1990, disponíveis no site
http://www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/

Na Tabela 5 apresenta os cálculos do balanço hídrico, enquanto na Figura 6


apresenta-se a evolução anual de alguns componentes do balanço hídrico.

O balanço hídrico mostra que a infiltração para recarga do maciço corresponde a


cerca de 13,5% da precipitação média anual. Esta recarga é distribuída de forma
irregular durante os 12 meses do ano, caracterizando-se por ser elevada nos
meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. Nos demais meses a
evapotranspiração supera a infiltração e consequentemente o solo tem uma
“recarga negativa”, ou seja, perde água. Em outubro, a infiltração supera

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novamente a evapotranspiração, mas não se transforma totalmente em recarga do
aqüífero, uma vez que o maciço absorve parte desta infiltração, até atingir a sua
capacidade de campo. Nos meses de dezembro e março, o maciço já apresenta
teor de umidade igual ou acima da capacidade de campo e consequentemente
todo o balanço positivo de infiltração de água no solo se converte em recarga. Se
o volume de recarga for dividido pelo número de dias em um ano, obtêm-se uma
recarga média diária de 131,95 m3/dia. Na realidade, o estudo realizado mostra
que esta recarga média diária é bem mais elevada nos meses de dezembro,
janeiro, fevereiro e março, e nula, ou praticamente nula, nos demais meses.

Figura 6 – Evolução anual de alguns componentes do balanço hídrico para a


microbacia da Fonte Dona Euzébia.

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Tabela 5 - Cálculo do Balanço Hídrico para a Fonte Situada no Município de Dona Euzébia - MG.
Balanço Hídrico da Fonte Situada no Município de Dona Euzébia

Coeficiente de escoamento superficial (C) = 0,216916 R = P - ET - ES - CWS


Profundidade da camada de solo (mm) 600
Capacidade de campo (cc) = 0,35
Área para cálculo (ha) = 26
Parâmetros Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Média mensal de temperatura (ºC) 23 23 23 21 19 17 17 17 18 21 22 22
Precipitação (P) em mm 241,78 175,76 151,71 69,66 38,55 21,54 15,06 18,33 55,01 118,56 198,39 271,69 1376,044
Média mensal de luz solar (N) 34,5 30 31,5 29,1 28,6 27,3 28,2 29,7 30 32,4 32,7 34,5
Cálculos
Índice Mensal de Calor (Hm) 10,08 10,08 10,08 8,78 7,55 6,38 6,38 6,38 6,95 8,78 9,42 9,42
Evapotranspiração potencial diária desasjutada (UPET) 3,28 3,28 3,28 2,68 2,15 1,69 1,69 1,69 1,91 2,68 2,97 2,97
Evapotranspiração potencial de referência (ETo) 113,1 98,3 103,2 78,1 61,6 46,1 47,6 50,1 57,4 87,0 97,2 102,6
Escoamento superficial (ES) 52,4 38,1 32,9 15,1 8,4 4,7 3,3 4,0 11,9 25,7 43,0 58,9 298,5
Infiltração (IN = P - ES) 189,3 137,6 118,8 54,6 30,2 16,9 11,8 14,4 43,1 92,8 155,4 212,8 1077,6
Perda de agua acumulada (WL) em mm 0,00 0,00 0,00 -23,56 -55,00 -84,21 -120,02 -155,80 -170,14 -170,14 -170,14 -170,14
Água armazenada (WS) em mm 210 210 210 187 160 138 115 97 90 96 154 210
Variação da quantidade de agua armazenada (CWS) 0,00 0,00 0,00 -23,28 -27,11 -21,65 -22,57 -18,86 -6,66 5,88 58,15 56,11
Evapotranspiração real (ET) 113,1 98,3 103,2 77,8 57,3 38,5 34,4 33,2 49,7 87,0 97,2 102,6
Recarga ou percolação profunda (R) 76,27 39,31 15,57 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 54,09 185,24
3
Q= 131,95 m /dia ou 1,527 l/s 76,3 39,3 15,6 -23,6 -31,4 -29,2 -35,8 -35,8 -14,3 5,9 58,2 110,2

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2.2. Distribuição Vertical de Água no Solo

A água que se infiltra pela superfície do terreno migra para o interior da Terra pela ação
da gravidade, através do solo e do manto de intemperismo (solo residual / rocha alterada)
e através das rochas (pelos poros, fraturas ou vazios de dissolução) até que esses vazios
encontrem-se fechados devido à pressão litostática (peso das rochas e solos
sobrejacentes). Neste ponto, a água começa a preencher os vazios preexistentes nas
rochas e solos acima, saturando-os completa ou parcialmente. Na Figura 7, a seguir,
apresenta-se a circulação vertical das águas e as zonas resultantes.

Figura 7 - Representação esquemática da distribuição vertical da água no solo e subsolo,


mostrando as diversas zonas de umidade (Bear & Verruijt, 1987, in: CPRM, 2000).

As zonas de umidade, representadas na figura acima correspondem a:


 Zona de Aeração – funciona como um escudo protetor da água subterrânea, pois
é rica em ácidos orgânicos que atacam os poluentes. Quanto mais espessa maior
é o poder de filtração e maior a proteção, em função da presença de ácidos
orgânicos (reagentes naturais) que atacam os poluentes. Nessa zona os vazios
encontram-se preenchidos por água e ar. Não há água livre. Divide-se em zona
intermediária e zona de água no solo (zona de evapotranspiração) e zona de
capilaridade:
 Zona de Água no Solo (Zona de Evapotranspiração) – é a
camada mais superficial, na qual se encontram a maioria das
raízes das plantas. É limitada pela profundidade em que ocorre
o “ponto de murcha” (teor de umidade abaixo do qual a água
não pode mais ser utilizada pelas plantas, denominado também
de capacidade de campo) e pode, temporariamente, encontrar-
se saturada;
 Zona Intermediária (Zona de Retenção ou de Água Vadosa) – é
a zona em que os vazios estão preenchidos por água e ar,
situada entre o limite de ascensão capilar (Zona de
Capilaridade) e o limite de alcance das raízes das plantas
(Zona de Água no Solo);
 Zona de Capilaridade (Franja Capilar) – a água sobe até este
nível por ação de forças de capilaridade. Delimitada pela
superfície freática (nível d’água) e pelo limite de ascensão
capilar (depende do diâmetro efetivo dos grãos (diâmetro tal
que o peso correspondente a partículas menores que este é

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10% do peso total da amostra). Quanto maiores os poros,
menores as forças e menos espessa é a “franja” capilar. Em
solos arenosos, por exemplo, a franja capilar atinge um
espessura de 2 a 3cm, enquanto em solos argilosos este valor
varia entre os 2 e os 3m. Estes valores são, na maioria dos
aquíferos, muito pequenos em relação à espessura saturada
abaixo da superfície freática, razão pela qual a franja capilar é
comumente desprezada;
 Zona de Saturação – é a região em que todos os vazios estão completamente
preenchidos por água. É a fonte da água subterrânea, pois contém água livre. A
superfície que delimita a zona de saturação da zona de aeração é denominada
lençol freático ou nível freático ou nível d’água.

O limite entre a Zona de Aeração e a Zona de Saturação é dado por uma superfície
denominada lençol freático, superfície freática, lençol d’água ou superfície
potenciométrica (aquíferos livres), que pode ser irregular e inclinada.

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