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2.1.1. Conceituação
Já vimos que toda a origem da água subterrânea é a água que infiltra em porções
do terreno natural e que vai alimentar os aquíferos. Ou seja, o regime de carga e
descarga dos aquíferos tem importantes inter-relações com outros componentes
do Ciclo Hidrológico (Freeze & Cherry, 1979). Assim, torna-se necessário, para
quantificar esses componentes, conhecer a equação de Balanço Hídrico, que
descreve o regime hidrológico em uma bacia hidrográfica.
Em que:
P = precipitação média anual (mm);
ET = evapotranspiração (mm);
ES = escoamento superficial médio anual(mm);
CWS = variação da água armazenada no solo (mm), e
PERC = água percolada no maciço (mm).
Resolvendo a equação para o termo percolação, que é o que nos interessa mais
em Hidrogeologia temos (Eq. 02):
1
Para a determinação da precipitação utilizam-se pluviômetros ou dados de
estações pluviométricas localizadas nas imediações do local de estudo, nem
sempre disponíveis ou com uma série histórica adequada.
(a)
2
(b)
Figura 2 - Em (a) Lance de réguas linimétricas instaladas em uma seção do rio no
período de cheia (a) e em regime de estiagem (b). Em (b) Exemplo de réguas
linimétricas instaladas em uma seção
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Figura 3 - Exemplo de instrumentação utilizada para determinação de vazões (escoamento superficial) na bacia do rio Piracicaba
(MG).
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Os métodos mais comuns para cálculo do potencial de evapotranspiração é feita
com tanques, balanços de energia, métodos de transferência de massa e relações
empíricas. Alguns métodos comuns para esse cálculo são os de Blaney & Criddle
(1950), Thornthwaite (1948), Penman (1948), Van Bavel (1966), Mather (1978 e
1979) e Koerner & Daniel (2000) (modificado de Freeze & Cherry, 1978) – os dois
primeiros baseados em correlações empíricas e os dois últimos em balanços de
energia.
Precipitação (P)
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Figura 4 - Tela de Entrada de dados do programa de cálculo do balanço hídrico
desenvolvido pelo USGS.
Se T (temperatura média mensal do ar, 0C) for maior que 0 0C e menor que 27 0C,
tem-se:
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ETp = -0,015 x T2 + 1,093 x T – 14,208 (Eq. 04)
Em que:
N é a duração média mensal de luz solar expressa em períodos de 12
horas;
I é o índice anual de calor, dado pelo somatório ao longo do ano, calculado
como:
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Tabela 1 - Valores de coeficiente de escoamento superficial (C).
Tipo de Textura do solo
Declividade
cobertura do
(%)
solo Arenosa Franca Argilosa
0- 5 0,10 0,30 0,40
Florestas 5 - 10 0,25 0,35 0,50
10 - 30 0,30 0,50 0,60
0- 5 0,10 0,30 0,40
Pastagens 5 - 10 0,15 0,35 0,55
10 - 30 0,20 0,40 0,60
0- 5 0,30 0,50 0,60
Terras
5 - 10 0,40 0,60 0,70
Cultivadas
10 - 30 0,50 0,70 0,80
Fonte: Soil Conservation Service – USDA
Infiltração (IN)
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caso, infiltração negativa, a quantidade de água armazenada pode ser calculada
pela expressão (Koerner e Daniel, 2000):
Em que:
Wsmax é a capacidade máxima de armazenamento de água no maciço; e
b = 0,455/WSmax
A Capacidade de campo é o máximo de água que o solo pode reter sem que
ocorra percolação vertical. Em laboratório, cc é comumente determinada a partir
da curva de retenção de água do solo. Verificou-se que na maioria dos solos e na
maioria das situações, o solo encontra-se na capacidade de campo quando a
sucção matricial no solo oscila em torno de –1/3 atm (-0,033 MPa).
A Tabela 2 apresenta valores de cc para alguns solos do Estado de São Paulo.
Evapotranspiração (ET)
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N > 0 ET = ETp (Eq.
10a)
E, se:
Percolação (PERC)
e, se:
N < 0 PERC = 0
(Eq. 12b)
Precipitação
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Estação 2142000 Fonte Dona Euzébia
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novamente a evapotranspiração, mas não se transforma totalmente em recarga do
aqüífero, uma vez que o maciço absorve parte desta infiltração, até atingir a sua
capacidade de campo. Nos meses de dezembro e março, o maciço já apresenta
teor de umidade igual ou acima da capacidade de campo e consequentemente
todo o balanço positivo de infiltração de água no solo se converte em recarga. Se
o volume de recarga for dividido pelo número de dias em um ano, obtêm-se uma
recarga média diária de 131,95 m3/dia. Na realidade, o estudo realizado mostra
que esta recarga média diária é bem mais elevada nos meses de dezembro,
janeiro, fevereiro e março, e nula, ou praticamente nula, nos demais meses.
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Tabela 5 - Cálculo do Balanço Hídrico para a Fonte Situada no Município de Dona Euzébia - MG.
Balanço Hídrico da Fonte Situada no Município de Dona Euzébia
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2.2. Distribuição Vertical de Água no Solo
A água que se infiltra pela superfície do terreno migra para o interior da Terra pela ação
da gravidade, através do solo e do manto de intemperismo (solo residual / rocha alterada)
e através das rochas (pelos poros, fraturas ou vazios de dissolução) até que esses vazios
encontrem-se fechados devido à pressão litostática (peso das rochas e solos
sobrejacentes). Neste ponto, a água começa a preencher os vazios preexistentes nas
rochas e solos acima, saturando-os completa ou parcialmente. Na Figura 7, a seguir,
apresenta-se a circulação vertical das águas e as zonas resultantes.
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10% do peso total da amostra). Quanto maiores os poros,
menores as forças e menos espessa é a “franja” capilar. Em
solos arenosos, por exemplo, a franja capilar atinge um
espessura de 2 a 3cm, enquanto em solos argilosos este valor
varia entre os 2 e os 3m. Estes valores são, na maioria dos
aquíferos, muito pequenos em relação à espessura saturada
abaixo da superfície freática, razão pela qual a franja capilar é
comumente desprezada;
Zona de Saturação – é a região em que todos os vazios estão completamente
preenchidos por água. É a fonte da água subterrânea, pois contém água livre. A
superfície que delimita a zona de saturação da zona de aeração é denominada
lençol freático ou nível freático ou nível d’água.
O limite entre a Zona de Aeração e a Zona de Saturação é dado por uma superfície
denominada lençol freático, superfície freática, lençol d’água ou superfície
potenciométrica (aquíferos livres), que pode ser irregular e inclinada.
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