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FACULDADE ANHANGUERA DE RONDONÓPOLIS – FAR

CURSO DE DIREITO – 6º SEMESTRE – TURMA: ÚNICA - NOTURNO


DISCIPLINA: DIREITO DE PROCESSO CIVIL IV
PROFESSORA: CLAIRE INÊS GAI MATIELO

ANÁLISE DE CASO CONCRETO

ACADÊMICO:

PAULO ALESSANDRO DE FREITAS - RA: 2485758723

RONDONÓPOLIS-MT, 13 DE OUTUBRO DE 2017.


1. INTRODUÇÃO

Buscando agregar a celeridade processual com a justa prestação jurisdicional, o


novo Código de Processo Civil, trouxe importantes alterações em nosso ordenamento processual
civil, e dentre elas, estão a execução e o cumprimento de sentença. O presente trabalho traz a
análise de um caso concreto, tendo como principal conteúdo trabalhado o “Cumprimento de
Sentença Provisório e Definitivo”. A teoria estudada em sala de aula será aplicada para a
resolução dos questionamentos apresentados, utilizando as disposições expressas no Código de
Processo Civil de forma fundamentada, clara e objetiva.

2. ANÁLISE DO CASO CONCRETO

Em uma ação de conhecimento de Carlos, engenheiro civil, autônomo em face de Antônio - ação
de obrigação de fazer c/c perdas e danos, com valor de causa de R$ 40.000,00 - foi requerida a
tutela provisória a fim de compelir Antônio à realização do fazer, no prazo de 05(cinco) dias sob
pena de multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais). Dada à tutela de urgência, Antônio, após ser
devidamente citado, não realizou o fazer que lhe fora imposto. Passados 06 (seis) meses, após
cumpridas as fases processuais, sem audiência de instrução e julgamento porque o juiz entendeu
que se tratava de mera questão de direito, julgou-se procedente o pedido de Carlos, mantendo o
valor da multa diária, condenando Antônio ao pagamento de custas processuais e honorários de
sucumbência em 20% sobre o valor da causa. Antônio recorreu da sentença devolvendo ao
tribunal tão somente a condenação ao fazer e ao pagamento da multa diária. À apelação foi
atribuído efeito suspensivo em relação à obrigação de fazer e devolutivo à multa diária. Com
base no caso concreto acima, responda justificadamente e fundamentadamente as seguintes
questões:

2.1. É possível a realização da execução? Por quê?


Devido ao efeito suspensivo atribuído à obrigação de fazer, não será possível a
execução desta, logo, apenas será possível executar a multa diária (astreinte), por esta ter
recebido efeito devolutivo e, também, das custas processuais e honorários de sucumbência
porque Antônio, que é o executado, não recorreu da sentença quanto ao pagamento destas.

2.2. Quem são os sujeitos – exequente e executado – da execução que se apresenta? Explique.
O exequente é a parte que intenta ou solicita a execução judicial, ou seja, o credor
da ação, que no caso apresentado seria o Carlos. Já o executado é a parte que figura no polo
passivo em um processo de execução, sendo, neste caso, o Antônio.

2.3. Quais obrigações serão executadas?


As obrigações que serão executadas no caso em estudo são obrigações de pagar
quantia certa em cumprimento provisório de sentença quanto às astreintes e em cumprimento
definitivo de sentença quanto às custas processuais e dos honorários de sucumbência.

2.4. Que tipos de execução poderão ser realizadas? Por quê? Justifique?
Com o efeito suspensivo atribuído à obrigação de fazer, não haverá a execução
desta, neste momento, pois o cumprimento de sentença condenatória está suspenso e a eficácia
da decisão impedida de produzir seus efeitos ao apelante (Antônio) até que a sentença seja
julgada (confirmada ou reformada) em instância superior. Sendo assim, poderá ser realizada a
execução do cumprimento provisório de sentença condenatória de obrigação de pagar quantia
certa das astreintes, e o cumprimento definitivo das custas processuais e honorários de
sucumbência na qual, após intimado, o executado terá o prazo de 15 dias para pagar o débito,
acrescido de custas, se houver (art. 523, caput, do CPC/2015). Lembrando também que, na
efetivação da tutela provisória, havendo reforma da sentença ocasionando em prejuízo para o
executado, o exequente responderá objetivamente pelos danos, que deverão ser por ele
ressarcidos (art. 520, I, do CPC/2015).

2.5. Qual rito da (s) execução(s) acima? Justifique.


Para o cumprimento provisório da sentença condenatória de pagar quantia (das
astreintes), deve seguir o rito de execução previsto no art. 522 do CPC/2015:

Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição


dirigida ao juízo competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada
de cópias das seguintes peças do processo, cuja autenticidade poderá ser
certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal:
I - decisão exequenda;
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III - procurações outorgadas pelas partes;
IV - decisão de habilitação, se for o caso;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para
demonstrar a existência do crédito.

Quanto ao cumprimento definitivo da sentença (das custas processuais e os


honorários de sucumbência), o rito de execução está expresso no art. 524 do CPC/2015, conforme
segue abaixo:
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no cadastro de pessoas físicas ou
no cadastro nacional da pessoa jurídica do exequente e do executado,
observado o disposto no art.
319, §§ 1º a 3º;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária
utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível.

§ 1 – o quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os


limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a
penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada.
§ 2 – o para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do
juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se
outro lhe for determinado.
§ 3 – o quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de
terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime
de desobediência.
§ 4 - o quando a complementação do demonstrativo depender de dados
adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente,
requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da
diligência.
§ 5 – o se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados
pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos
os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que
dispõe.

2.6. Em havendo execução, é possível o impulso oficial para início da fase executiva? Por quê?
Explique.
O impulso oficial não é possível, existem previsões expressas no CPC/2015 sobre
a necessidade de que a execução seja feita a requerimento do exequente, conforme disposição do
art. 513, § 1º, no qual prevê que “O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar
quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente”. Também há previsão
legal dessa exigência no art. 520, inciso I, que dispõe que o “cumprimento provisório da sentença
impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo [...] corre por iniciativa e
responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos
que o executado haja sofrido”, sendo ambos (cumprimento provisório e definitivo) realizados
através de petição dirigida ao juízo competente obedecendo às disposições dos artigos 522
(cumprimento provisório da sentença) e 524 (cumprimento definitivo da sentença).

3. CONCLUSÃO

Com o estudo realizado para a solução dos questionamentos sobre o caso


apresentado, conclui-se que as inovações trazidas com o novo CPC/2015 tiveram por objetivo
propiciar uma melhor atuação da lei ao caso concreto, em vista da inefetividade que apresentava
a antiga formatação processual, pois o novo CPC, ao relatar a condenação de obrigação de
quantia certa, instituiu mecanismos judiciais para evitar a formação de uma execução
independente, privilegiando a concretização da decisão proferida, na forma de concluir, na
mesma relação processual, a realização desta, produzindo maior rapidez e eficácia junto à
decisão prolatada.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOUZALAS, Rinaldo; MADRUGA, Eduardo; TERCEIRO NETO, João Otávio. Processo Civil -
Volume Único. 9. ed. São Paulo: Editora Juspodium, 2017.

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