Você está na página 1de 4

A IMPORTANCIA DA LEI DE MOISÉS

A palavra Torah, traduzida por Lei, significa propriamente uma direção,


que era primitivamente ritual. Usa-se o termo nas Escrituras em
diversas acepções, segundo o fim e conexão da passagem em que
ele ocorre. Por exemplo, algumas vezes designa a vontade revelada
de Deus. Também significa a instituição mosaica como distinta do
Evangelho, e por isso freqüentemente se considera a lei de Moisés
como sendo a religião dos judeus (Mt 5.17; Hb 9.19; 10.28). Outras
vezes, num sentido mais restrito, significa as observâncias rituais ou
cerimoniais da religião judaica (Ef 2.15; Hb 10.1). É neste ponto de
vista que o apóstolo Paulo afirma que "ninguém será justificado diante
dele por obras da lei" (Rm 3.20). A "lei gravada nos seus corações",
que Paulo menciona em Rm 2.15, é o juízo do que é mau e do que é
justo, e que na consciência de cada homem Deus implantou.

PRINCÍPIO PREDOMINANTE DA LEI


O princípio predominante da Lei era a teocracia. O próprio Senhor era
considerado como Rei; as leis foram por Ele dadas; O Tabernáculo e
depois o templo eram considerados como Sua habitação; ali houve
visíveis manifestações da Sua glória; ali Ele revelou a Sua vontade; ali
era oferecido o pão todos os sábados; ali o Senhor recebeu os seus
ministros, e exerceu funções de Soberano.

Com Deus tinha relação à paz e a guerra, questões estas


determinadas sob todos os governos pela suprema autoridade (Dt
1.41,42; Js 10.40; Jz 1.1,2; 1Rs 12.24). A idolatria era uma traição. Por
conseqüência em relação aos judeus era Jeová ao mesmo tempo
Deus e Rei. A teocracia tinha as suas externas manifestações. Deste
modo, o Tabernáculo onde se realizou o culto público desde o Êxodo
até ao reinado de Salomão, era não só o templo de Deus, mas
também o palácio do Rei invisível. Era a "Sua santa habitação"; era o
lugar em que encontrava o Seu povo e com ele tinha comunhão,
sendo portanto "o tabernáculo da congregação". Depois do
tabernáculo veio o templo, harmonizando-se a suntuosidade do
edifício e os seus serviços com as determinações divinas, e com o
aumentado poder da nação. Mas, o Senhor como Rei, não só tinha o
Seu palácio, mas também tinha os Seus ministros e funcionários do
Estado. Sacerdotes e Levitas eram apartados para o Seu serviço. Este
governo de Deus era reconhecido por meio dos sacrifícios de várias
espécies, realizados sob condições cuidadosamente definidas,
exprimindo a propiciação, consagração e comunhão. Os direitos
divinos eram ainda reconhecidos por meio de certas festividades, que
na sua variedade eram o sábado de todas as semanas, as três
grandes festas anuais, o ano sabático, e além disso o jubileu, tudo isto
levado a efeito com os seus fins espirituais e morais.

As especificadas determinações promulgadas em nome de Deus


alcançavam plenamente a vida individual e nacional, mas não foi tudo
decretado duma só vez e num só lugar. Houve ordenações feitas no
Egito (Ex 12 e 13); no Sinai (Ex 19 e 20); em Parã (Nm 15.1); e nas
planícies de Moabe (Dt 1.5). As enunciações vinham por vezes do
tabernáculo (Lv 1.1).

Que as prescrições da Lei tinham caído em desuso, pode provar-se


não só pela decadência da religião e da moral no tempo dos reis,
porém mais particularmente pela descoberta no 18º ano do rei Josias,
do Livro da Lei na casa do Senhor (2Rs 22.8), e pelas reformas que se
seguiram.

O sumário das ordenanças desta Lei formava para toda a nação um


código que, embora rigoroso, era salutar (Ne 9.13; Ez 20.11; Rm 7.12),
e, além disso, agradável a uma mentalidade reta (Sl 119.97 a 100).

INSTITUIÇÕES CERIMÔNIAIS

As instituições cerimoniais, por exemplo, estavam maravilhosamente


adaptadas às necessidades, tanto espirituais como materiais do povo
israelita.

1) Eram, até certo ponto, regularmente sanitários. E era isto um dos


fins daquelas disposições, referentes às várias purificações. À
separação dos leprosos e à distinção de alimentos, etc..

2) Serviam para perpetuar entre os israelitas o conhecimento do


verdadeiro Deus, para manter a reverência pelas coisas santas, para a
manifestação de sentimentos religiosos na vida, todos os dias, e em
todas as relações sociais. Dum modo particular eram festas sagradas,
fatores de valor para a consecução destes fins.

3) Tinham além isso o efeito de evitar que os israelitas se tornassem


estreitamente relacionados com as nações circunvizinhas (Ef 2.14,17).
E assim deviam tantas vezes ter guardado o povo israelita da idolatria
e corrupção que campeavam em todo o mundo. Deste modo
conservou-se a nação inteiramente distinta dos outros povos, até que
veio o tempo em que esta barreira já não era necessária.
4) Estas observâncias tinham outros usos na sua simbólica
significação. Em conformidade com o estado moral e intelectual do
povo que não tinha ainda capacidade para prontamente alcançar as
verdades divinas, eram as coisas espirituais representadas por objetos
exteriores e visíveis. E assim as idéias de pureza moral e de santidade
divina eram comunicadas e alimentadas pelas repetidas lavagens das
pessoas e moradas; pela escolha de animais limpos para o sacrifício;
pela perfeição sem mácula que se requeria das ofertas; e pela
limitação das funções sacerdotais a uma classe de homens que eram
especialmente consagrados a estes deveres, e que se preparavam
com repetidas purificações. Além disso, pela morte da vítima
expiatória, para a qual o pecador tinha simbolicamente transferido os
seus pecados pondo as mãos sobre a cabeça do animal e oferecendo
a Deus o sangue que representava a vida, ensinava-se a importante
verdade de que o pecado merecia um castigo extremo, que somente
podia ser desviado sacrificando-se outro ser em substituição. E desta
maneira por meio de símbolos lembravam-se constantemente aos
piedosos israelitas da justiça e santidade, da violada Lei, da sua
própria culpa, e de quando necessitavam da misericórdia divina. Na
sinceridade dum espírito reto, a alma crente era enriquecida com a
humilde esperança da compaixão divina, e manifestava-se em atos de
gratidão, de obediência, e de amor.

5) Estas várias instituições prefiguravam também coisas futuras,


melhores e mais grandiosas (Gl 3.24). Pelo que se diz na epístola aos
Hebreus, sabemos que o sacerdócio, os sacrifícios, e todos o ritual
judaico formavam uma profecia típica da pessoa e obra do Grande
Libertador, e daquela redenção eterna que Ele devia executar quando
chegasse a plenitude dos tempos.

A Lei não foi destruída pelo Evangelho. E isso fica evidente pelas
próprias declarações de Jesus Cristo, "Ele não veio pra revogar a lei
mas pra cumpri-la" (Mt 5.17,18). Quando a Lei era apenas típica,
servindo para certo fim, que a vinda de Cristo havia abolido, então era
nisso ab-rogada. Tinha realizado o seu propósito, e já não era
necessária (Gl 3.24,25). À parte cerimonial deixou de ter a sua
verdadeira significação. Aquele para que a Lei apontava, já tinha
vindo. Restavam as permanentes obrigações da lei moral, cuja
aplicação foi alargada pelo Salvador (Mt 5.21-48). Todavia, em virtude
da grande influência da Lei na vida e pensamento do povo judeu, não
é para admirar que sob a nova aliança se tornassem as suas
ordenações um assunto de alguma perplexidade. Para compreensão
deste ponto, veja-se o livro de At (10, 11, 15) e ainda Romanos,
Gálatas e Hebreus.
FONTE: Dicionário Bíblico Universal

www.santovivo.net

Você também pode gostar