TRANSFORMANDO SONHOS

EM PROJETOS VIÁVEIS
por GUSTAVO CERBASI
Todos temos sonhos. Passamos a vida sonhando. Alguns sonham em garantir
uma faculdade ou um intercâmbio para os filhos, outros sonham em ter uma
casa no campo para viver com qualidade seus últimos anos de vida. Há quem
sonhe em dar a volta ao mundo e conhecer muitos países, assim como há quem
simplesmente sonhe em não passar dificuldades na aposentadoria. Quais são seus
grandes sonhos? Fazer uma grande celebração de seus 50 anos de casamento?
Voltar a viver em sua cidade natal? Fazer um cruzeiro, ou o primeiro voo de avião
de sua vida? Abrir um negócio próprio que garanta sua independência financeira?
Não importa quais sejam seus sonhos. O que importa é que eles são seus, e podem
ser diferentes dos sonhos da maioria das pessoas, e mesmo assim ser muito
importantes. Afinal, a concretização de sonhos dá sentido a nossas vidas. Dentre
as várias definições para o verbo viver, uma das que mais faz sentido para mim é:

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VIVER É REALIZAR SONHOS.

Quanto mais sonhos você conseguir realizar em sua vida, mais plenamente terá
vivido, mais feliz será, mais sentido dará a sua existência.

Pode parecer simples, mas há um porém: a maioria das pessoas, a maioria

esmagadora mesmo, não consegue realizar a maioria de seus sonhos. Alguns por
dificuldades de planejar, outros alegam excesso de imprevistos (o que, na prática,
continua sendo falha de planejamento), muitos não saem do lugar porque, dia
após dia, continuam simplesmente sonhando sem colocar em prática. Há uma
solução para quem não concretiza seus sonhos: parar de sonhar.

É isso. Pare de sonhar. Esqueça a ideia de deitar todos os dias na cama, sonhar com
suas conquistas, acordar pela manhã e continuar sonhando. Decidi escrever esse
e-book com o objetivo de alertá-lo para a necessidade de agir para transformar
seus sonhos em realidade, caso contrário você morrerá apenas sonhando.
Pouco importa se estamos tratando de sonhos pessoais, como um intercâmbio ou
uma viagem dos sonhos, ou se estamos falando de seu próximo negócio próprio
ou de uma guinada na sua carreira. Sonhos somente viram realidade quando são
colocados em prática.

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Quero destacar um aspecto financeiro que normalmente é esquecido, mas
que é tão importante quanto os elementos mais tangíveis das finanças,
como o fluxo de caixa de um projeto de negócio, ou como orçamento de
um projeto pessoal.

Existem algumas armadilhas, pegadinhas, que normalmente são esquecidas

e que acabam inviabilizando em alguns meses, um projeto que tem tudo
para dar certo.

Pensemos juntos aqui, não importa qual seja o seu projeto. Por exemplo,
pode ser o projeto de ter uma vida mais saudável. Isso custa? Sim, isso
custa! Você pode:

• investir em cursos
• investir em uma nutrição melhor
• investir em um personal trainer
• investir em uma rotina mais saudável

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Às vezes, isso custa de um jeito diferente. Pode ser que você já tenha uma
academia mais ou menos estruturada em sua casa ou em seu prédio, ou já tenha
um conhecimento, ou pretende usar um aplicativo que você já paga. Não vai
ter um custo de investimento, mas o tempo com uma vida mais saudável é um
custo. Significa trabalhar menos, se dedicar menos a uma rotina de trabalho,
por isso é um custo que tem que ser considerado.

Quando se trata de um projeto de negócios, os custos envolvidos costumam

ser:

• o custo do tempo e da energia que você vai dedicar ao planejamento

• o custo do investimento propriamente dito que você tem que fazer
• o custo de você ter de onde tirar dinheiro, o tal do capital de giro
• o custo de você não contar com o dinheiro que esse projeto irá gerar
nos primeiros meses, para que ele possa se fortalecer com reinvestimentos.

Todas essas reflexões são conceitos básicos de finanças que eu não pretendo
entrar em detalhes aqui, porque existem coisas que vêm antes do tal fluxo de
caixa, da tal organização das contas, da tal poupança e acumulação para você
ter, em algum momento, o valor ou o resultado que você espera.

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Mesmo após organizar todos esses itens, sonhos tendem a não acontecer por
falta da adequada visão do que está por vir. O que chamo de visão também
é chamado de atitude, mentalidade ou mindset. Minha proposta é que você
entenda que um sonho a ser concretizado não irá acontecer da noite para
o dia, e nem será resultado de um projeto matematicamente meticuloso
que, teoricamente, poderia ser organizado. Um sonho transforma-se em
realidade como resultado da consciência de que muitas ideias irão se
transformar ao longo do tempo, a fim de se alcançar os resultados.
Vamos organizar essa reflexão, para um adequado entendimento.

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OS PASSOS DA CONCRETIZAÇÃO DE SONHOS

Você tem um SONHO. Sonho é o que todos temos, qualquer pessoa ambiciona
algo. Quando esse sonho vira uma relação de ações e de coisas que devem ser
feitas para acontecer, deixa de ser sonho, e vira uma IDEIA. Você pode ter várias
ideias de como concretizar seu sonho, mas se você sabe que vai fazer por um
caminho, você tem ideias para concretizar aquele seu sonho.

Digamos que seu sonho seja o de fazer uma viagem. Essa viagem pode ser feita
comprando uma passagem, ou utilizando milhas. Você pode decidir pesquisar, toda
sexta-feira, em um portal como o Melhores Destinos, ou em um site de descontos,
ou pesquisar por passagens promocionais. Não importa o caminho que você está
escolhendo, há uma ideia de como concretizar seu sonho.

Ideias viram um PLANO a partir do momento em que você quantifica, estabelece

uma data, faz as contas de quanto você vai gastar, de quanto vai poupar para ter
esse valor, de quando vai acontecer o sonho que tinha virado ideia e que agora
está quantificado e passa a ser um plano.

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 SONHO
+
RELAÇÃO DE PASSOS A EXECUTAR
=
IDEIA
+
PRAZOS, VALORES E LIMITES
=
PLANO
+
EXECUÇÃO BEM SUCEDIDA
=
SUCESSO

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É aqui que começam as ARMADILHAS, motivo de eu estar
escrevendo esse texto. Seguir fielmente o que foi planejado
para seus sonhos se tornarem realidade pode aumentar
significativamente as chances de eles darem ERRADO. Isso
porque planos devem ser visto como uma simples SUGESTÃO
do caminho a ser percorrido para aquilo que você quer alcançar.
Quando você pega um mapa rodoviário para ir de São Paulo
ao Rio de Janeiro, por exemplo, você tem o mapa de uma
estrada a ser percorrida. Agora, se você simplesmente agarra
o volante, põe os olhos na estrada e vai seguindo até chegar
ao Rio de Janeiro, você pode perder talvez o melhor da viagem.
Se, por outro lado, você for com a mente mais aberta, de ver
as alternativas, ver os caminhos de terra, pesquisar as paradas,
experimentar as comidas interessantes, provavelmente você
terá uma viagem muito interessante. Talvez, mais demorada
do que aquela originalmente prevista. Porém, mais rica.
Todo plano tem que ser entendido como uma simples
sugestão. Não como um trilho em que você vai colocar seu
vagão e percorrer sobre ele, mas como uma trilha. Tem que
estar bem claro que toda trilha pode ter uma arvore caída ou
um obstáculo do qual você precise desviar, e toda trilha pode,
de repente, esconder algum tipo de atalho que você pode
encontrar e chegar ao seu sucesso por um caminho mais curto.
Planos precisam ter essa flexibilidade de você entender que,
com o passar do tempo, as coisas podem mudar. Muitas pessoas
se guiam cegamente por seu projeto de carreira, ou por seu
projeto de abrir uma franquia, ou seu projeto de ter uma vida
planejada, de ter um, dois filhos, e se aposentar daqui a 20, 30
anos. É muito comum essas pessoas perderem as oportunidades
de atalhos, ou de desvios no caminho que podem até atrasar
a aposentadoria, por exemplo, mas que trazem experiências
muito mais interessantes.
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COMO EXECUTAR COM SUCESSO SEUS PLANOS

Nenhum plano está pronto até ser concluído. Você tem o projeto, começa a
arregaçar as mangas, começa a colocar em prática o que se propôs a fazer. Porém,
esse plano tem que envolver o aprendizado contínuo, somado a uma curiosidade
constante. Você vai estudar sobre o tema talvez até o ultimo dia da sua execução.
Se for, por exemplo, uma viagem de 30 dias, a viagem começa, mas você vai
aprendendo, estudando, se envolvendo, ajustando, desfazendo, descobrindo. Isso
é um plano saudável.

Para o plano ter sucesso, é importante também entender que existem várias
maneiras de você pagar por esse plano. Qualquer coisa que você pode comprar na
sua vida, de um carro a uma viagem, de uma casa a um computador, montar uma
empresa ou ser sócio de uma empresa, tudo pode ser comprado com dinheiro e/
ou criatividade.

Saiba usar bem o seu tempo, estude e desenvolva técnicas para isso. Quanto
mais envolvimento, quanto mais curiosidade, quanto mais você troca ideias sobre
aquele seu plano, mais alternativas aparecem para que você possa contar com
promoções, descontos, atalhos, união de forças, para que você envolva menos
dinheiro. Por isso, um limitador perigoso para os planos de muitas pessoas é fazer

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uma conta de quanto custa fazer uma viagem, de quanto custa perder 30 quilos
de peso, de quanto custa montar um negócio, dar a volta ao mundo e, de repente,
você conclui que “não tenho dinheiro para isso”, e adeus plano. Errou!

O plano, na verdade, é uma sugestão de um possível caminho para seu sonho ser
alcançado. Se o dinheiro é algo, talvez, inalcançável no seu horizonte de tempo
sugerido, que você comece a se envolver de maneiras alternativas de concretizar
o plano. Por exemplo, você quer pagar um MBA ou um mestrado, que custa
$ 50.000, mas você não tem $ 50.000.

No lugar de desistir, visite a instituição, vá conversar com o professor, verifique

os projetos acadêmicos que podem, de repente, exigir algum tipo de parceira de
alguém que tenha conhecimento na área. De repente, com algum envolvimento,
com alguma experiência, com algum trabalho seu naquela instituição, você
consegue uma bolsa.

A limitação financeira não pode ser um impeditivo que o afaste de concretizar um

sonho. Quanto custa dar a volta ao mundo, por exemplo? Você saberia me dizer?
Para dar a volta ao mundo, você poderia comprar uma passagem aérea de volta ao

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mundo, que hoje custa em torno de vinte e cinco mil dólares, em classe econômica,
mas com flexibilidade, prazos em aberto. Ou seja, com vinte e cinco mil dólares
você dá a volta ao mundo. Você pode também se associar a um clube de férias e
escolher em quais locais dormir, em qualquer lugar ao redor mundo. Então, vamos
supor que com cerca de vinte e cinco mil, mais trinta ou quarenta mil dólares, você
dá a volta ao mundo. Digamos que gaste entre trinta e quarenta mil dólares para
se alimentar e se divertir, e podemos dizer que, com cem mil dólares se coloca em
prática um projeto de dar a volta ao mundo.

Por outro lado, tem gente que dá a volta ao mundo com cem dólares no bolso,
pedindo carona, regando o jardim em troca de comida, com experiências. E, entre
cem dólares e cem mil dólares, com diferentes composições de gastos, prazos e
sacrifícios, você tem infinitas possibilidades para concretizar seus planos de dar a
volta ao mundo.

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QUANTO MAIS TEMPO, MENOS DINHEIRO

É uma escolha sua definir quanto você irá dedicar de tempo, de curiosidade, de
envolvimento, de experiências na construção de seu plano. Tempo é um artigo raro
nos dias de hoje, e por isso nem sempre conseguimos planejar como gostaríamos.
Porém, é essencial, para a viabilidade de seus planos, entender que quanto mais
pesquisar e planejar, menos dinheiro você irá gastar.
Quanto mais tempo for dedicado a estudar possibilidades e alternativas ou
para desenvolver suas próprias soluções, menos você terá que pagar a taxa de
conveniência para comprar algo que já está pronto, sendo vendido por alguém. É
uma combinação entre criatividade (tempo) e dinheiro que vai fazer com que seu
plano se concretize.

TUDO PODE SER COMPRADO COM UMA COMBINAÇÃO

DE TEMPO E DE DINHEIRO. QUANTO MAIS VOCÊ TEM E
SOUBER USAR DE UM, MENOS PRECISARÁ DO OUTRO.

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IMPREVISTOS VÃO ACONTECER (COM CERTEZA!)

Outro ponto fundamental que não pode ser esquecido em nenhum planejamento:
imprevistos vão acontecer. Acredite nisso.

Imprevistos são coisas que não podem ser previstas, que normalmente não podem
ser evitadas. Se pudessem, não seriam chamadas de imprevistos. Mas, seu plano
pode sim prever os imprevistos. Conte com eles, pois imprevistos vão acontecer,
ou melhor, DEVEM acontecer. Quanto mais você avança na zona do desconhecido,
quanto mais você vai adiante num caminho que você nunca percorreu na vida,
maior é a chance de você errar. Afinal, no desconhecido você terá que lidar com
variáveis que eram, simplesmente, desconhecidas no momento em que você fazia
os planos.

Encare os erros como um aprendizado, não como fracasso. Toda vez que acontecer
um imprevisto, algum ajuste será feito no seu plano. O importante é garantir uma
certa flexibilidade para lidar com o que não foi previsto. É por essa razão que eu
sugiro que todo planejamento tem que ter um objetivo principal, o Plano A, mas
também tem que ter um Plano B. Se eu fracassar nessa minha perseguição, qual
será a opção, qual será o caminho a ser percorrido para não perder a expectativa,
o aproveitamento, de algo que eu queria?

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Por exemplo, digamos que você tem o plano de fazer uma
viagem fantástica pra celebrar o seu quarto ou quinto ou
décimo ano de casamento ou, talvez, celebrar dez anos de
formatura. Ou celebrar alguma coisa importante para você,
não importa o motivo. Você quer ir para um lugar muito
bacana, só que para chegar a esse lugar muito bacana você
precisa pagar um pacote que custa quinze mil reais e você não
tem esse dinheiro agora. Você pesquisa, pesquisa, pesquisa,
percebe que em determinadas datas, às vezes, numa quinta
ou sexta-feira, dois dias antes de uma data principal para a
viagem, surgem aquelas promoções de última hora em que,
para preencher as vagas de um navio, de um avião ou de um
hotel, os preços desabam.
Você pode criar um plano de juntar um dinheiro, parte dos
quinze mil, digamos, oito mil reais e, com esse valor, contar
com uma promoção muito boa às vésperas da viagem. Esse
é o Plano A. Mas, e se não surgir a promoção? Qual que é o
plano B? Pode ser uma atividade alternativa a fazer durante
o tempo que você reservou para a viagem, por exemplo. Um
roteiro gratuito, a pé, pela sua cidade, ou fazer coisas que você
nunca fez, algo especial para você, para aproveitar aquele
tempo que foi dedicado ao aquele projeto que, desta vez,
acabou não dando certo. Com isso, você ganha tempo para a
próxima data que pode dar a oportunidade de uma promoção
e viabilizar a sua viagem, ou até um tempo a mais para poupar
e, lá na frente, conseguir o dinheiro que você precisa.
Ter Planos B alternativamente aos Planos A é importante para
manter em alta sua motivação para planejar e concretizar aquilo
que já foi chamado de sonho. Escrevo isso com conhecimento
de causa, uma vez que eu, Gustavo Cerbasi, posso afirmar com
segurança que a maior parte das conquistas que eu tive em
minha vida foram decorrentes de planos B, e não de planos
A. Em um dado momento da minha vida, fazendo sucesso,
bombando como professor de sete MBAs simultaneamente,
não tinha muito tempo na minha agenda. Havia uma pressão
da instituição em que eu lecionava para que eu me qualificasse
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mais ainda. Conseguir dar aula em um MBA é um privilégio,
o espaço é muito disputado, e naquele momento de minha
carreira eu dava aulas em sete turmas simultaneamente. Eu já
tinha o título de mestrado. Surgiu a oportunidade de fazer um
doutorado. Há todo um processo para entrar em um doutorado.
Provas, entrevistas, qualificações, entre outros. Fui em frente,
mas defini qual seria o meu plano B, caso o doutorado não
desse certo. No final de 2003, estava colocando em prática
meu projeto de entrar no doutorado, mas considerei que, se
eu não conseguisse passar na prova, daria um tempo na minha
carreira, tentaria empreender alguma coisa, fazer algo novo.
A razão era simples: eu estava precisando de uma parada, já
que minha jornada de trabalho era de cerca de 12 horas de
aula por dia, extremamente extenuante.
Aconteceu um fenômeno interessante... Perceba como planos
são mutáveis. Eu conduzi todo o projeto levando em conta
que o plano B (parar e empreender) era algo muito provável.
Eram apenas 3 as vagas para o curso de doutorado que eu
estava concorrendo.
Conversando com amigos, fui avaliando a possibilidade
de empreender, montar um negócio. Descobri um amigo
que estava montando um negócio no exterior, no Canadá.
As conversas chegaram a um ponto em que eu achei tão
fascinante aquele projeto, que eu estava quase certo de que
iria para o Canadá. Só que veio a notícia que eu passei no
doutorado, consegui uma das três vagas.
Vi-me em um dilema muito grande, porque eu avancei tanto
naquilo, e então surgiu a dúvida. Conversando em família – na
época, em casal – concluímos que o momento em que nós
estávamos vivendo, dois anos de casados, eu e Adriana, ainda
sem filhos, era oportuno. Adriana sentia mais segurança para
se mudar, tinha perdido o pai dela, a mãe também falecida há
mais tempo, significava menor risco de sentir falta da família.
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O projeto empreendedor já estava pronto, o que facilitava as coisas.

Sendo o momento tão oportuno para empreender fora do país, no Canadá, uma
cultura encantadora, eu decidi desistir do plano A e abracei o plano B. Moramos
oito meses no Canadá, uma experiência incrível, verdadeira aventura a dois, com
inspirações que deram origem ao livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”. A
empresa não deu certo, o que nos fez voltar ao Brasil, mas as ideias renovadas e
o livro quase pronto nos permitiu refazer os planos – começou, ali, uma mudança
muito grande em minha carreira e em minha vida. Arrependimento de ter desistido
de um doutorado? Nenhum. Os resultados de minha carreira comprovam isso.

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 PLANOS SE TRANSFORMAM
Uma armadilha crucial dos planos é não perceber que a própria
curiosidade e o envolvimento fazem com que seu aprendizado
evolua e faça as coisas mudarem. Planos não devem ser feitos
para funcionar exatamente como o previsto, mas para se
transformar, evoluir e melhorar à medida que o conhecimento
evolui.
Planos B podem até ser a opção caso cheguemos à conclusão
que um Plano A precisa de mais tempo para ser melhor
elaborado. Planos B funcionaram muito bem para minha
carreira, resultando, por exemplo, em meus primeiros livros.
Quando voltei do Canadá, uma hipótese era voltar a dar
aulas. Se eu não conseguisse ser contratado novamente ou
rapidamente para aulas, iria dar palestras gratuitamente e
tentar ganhar alguma coisa vendendo livros, com a intenção
muito clara de ajudar pessoas com o conteúdo criado no meu
primeiro livro “Dinheiro, os segredos de quem tem”.
O mais interessante foi que fazer essa coisa bem-intencionada,
por amor, levou o público a abraçar a causa da palestra
e recebê-la muito bem. Aquilo gerou uma escalada de
reciprocidade e de reconhecimento, e acabou fazendo com
que minha agenda, num dado momento, não tivesse mais
datas disponíveis para palestras. Foi quando comecei a cobrar.
Quando, mesmo cobrando, voltou a faltar agenda, comecei a
subir o preço, seguindo a lógica de oferta e demanda. Durante
anos, sustentei minha família e multipliquei meu patrimônio
com o que era apenas um Plano B na época da volta do Canadá:
livros e palestras sobe os livros.
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A RAZÃO DE TER PLANOS A E B

Contar com planos A e planos B no seu planejamento aumenta significativamente

o seu nível de tranquilidade. Não devemos perder a esperança, a vida, tudo
aquilo que eu fizemos até hoje caso algo não aconteça. Não podemos nos guiar
incondicionalmente por um único projeto, pois o fracasso dele tende a trazer uma
grande frustração, que pode se transformar em doença.

Leve a sério, portanto, tanto seu Plano A quanto seu Plano B. Será viável não se
apegar a um único plano quando seu plano B for algo recompensador também, não
apenas algo banal, que simplesmente sirva como um remedinho para seu fracasso.

Então essa flexibilidade será sempre muito recompensadora. Por isso, recomendo
que, além de você ter um plano (minha primeira recomendação), além de trabalhar
a questão da criatividade (a segunda recomendação), pondere também que ter
plano A e ter plano B torna menos dificultoso e estressante o caminho para criar
resultados.

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OTIMISMO FUNCIONA

O quarto ponto essencial para que seus planos funcionem é ser otimista. Quando
você faz planos, você deve sempre contar com cenários favoráveis e desfavoráveis,
mas sempre considerar que quanto mais você avança, mais você tende a alcançar
coisas que, no início do planejamento, pareciam não ser alcançáveis.

Há um tempo atrás, eu fiz uma lista de coisas que eu queria alcançar na vida, a
título de exercício criativo. Não me lembro quem ou qual leitura me estimulou a
fazer isso, mas eu fiz. Estava no comecinho da minha carreira, e a lista descrevia
algo como onde eu achava que estaria 5 anos depois, com categorias do tipo “o
que vai ser o Gustavo Cerbasi daqui a 5 anos – expectativa provável”, “o que vai ser
o Gustavo Cerbasi daqui a 5 anos – expectativa otimista”, “o que vai ser o Gustavo
Cerbasi daqui a 5 anos – expectativa fantástica”.

Ao final dos cinco anos, a constatação foi incrível: eu alcancei 95% dos fantásticos,
superei todos os demais pontos. E posso garantir que os fantásticos não me pareciam
facilmente alcançáveis quando foram listados. Por que? Sorte? Não. Porque havia
ali algo que me motivava, algo que era o objetivo a alcançar. Pensamento gera
motivação, que gera ação. Sonhos organizados viram ideias, que bem definidas
viram planos.

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Quando você tem planos, acontece um fenômeno muito interessante, que não
tem a ver com lei da atração, não tem a ver com sorte, não tem a ver com os astros
se unindo para você alcançar. Enquanto você tem um sonho, sonha com algo que
talvez te mova, como “um dia eu vou dar a volta ao mundo”, “um dia vou perder
peso”, “um dia vou aprender a cozinhar”, “um dia vou ser um filho mais presente”,
isso é um sonho.

A partir do momento que você tem um projeto, não importa se é um projeto bom,
se é um projeto ruim: se ele foi bem detalhado, mal detalhado, se ele foi fruto de
uma boa pesquisa ou uma pesquisa ruim, você tem um caminho a ser percorrido
nesse projeto. Existe um efeito de aprendizagem que não pode ser ignorado,
que faz com que tudo aquilo que você modelou na data zero seja evoluído, seja
melhorado, porque hoje você certamente tem menos conhecimento que amanhã,
que vai ser menos conhecimento que depois de amanhã, e daqui a três, quatro,
dez meses.

Os projetos melhoram desde que você se dedique a esses projetos. Seja otimista
na hora de desenhar um projeto, porque esse projeto vai acontecer de uma forma
que você não sabe hoje como vai ser.

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Acontece mais ou menos assim: você está montando um
projeto de viagem, que envolve juntar, digamos, cento e
cinquenta reais por mês, para comprar uma passagem num
dado tempo, mais cem reais por mês para pagar um hotel, e
mais um dinheiro para pagar souvenires ou o transporte local
em sua viagem. Digamos que faça parte de seu projeto juntar
milhas para tentar economizar na passagem. Toda vez que
surgir uma nova notícia que tiver algo a ver com o seu projeto,
seu radar já estará ligado.
Pode ser uma notícia, um aplicativo novo, um evento na cidade
sobre turismo para o lugar aonde você quer estudar, visitar ou
se mudar. Tendo um plano rascunhado, seu radar detecta a
oportunidade e você dá à novidade uma atenção que não daria
se não tivesse uma ideia inicial a ser seguida. Ao perceber algo
diferente daquilo que você planejou, esse diferente, se for
melhor do que a ideia original, vai ser rapidamente agregado.
Sem um projeto prévio, você ouve a notícia e... “Uau! Queria ir
para o Canadá, que legal essa ideia! ”, mas não sabe ao certo
como aproveitá-la. Não entrou para seu plano, não veio para
o papel, para a planilha, não vai mudar sua vida.
Tenha, portanto, um projeto, torne tangível sua ideia. Se
você se organiza à moda antiga, ponha no papel ou em uma
planilha, anote em sua agendinha de alguma maneira, mas
não deixe de alimentar seu projeto. Toda vez que você tiver
uma informação relacionada, ela será magnetizada para o
seu projeto e esse projeto tenderá a evoluir e crescer de uma
maneira que surpreendente – daí eu rotular esse processo de
otimismo. Você não sabe o quanto pode ir além do que parece
viável.
Um projeto é algo vivo, se você deixa o seu projeto para
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trás porque “não vou conseguir”, “porque não vou ter dinheiro”, “porque eu não
tenho condições”, você simplesmente vai deixar sua vida passar. O processo de
aprendizado agrega muita coisa a projetos que nascem muito pobres, mas que
no seu evoluir começam a acontecer, a se transformar, e a se tornar algo muito
melhor do que você previa. Ser otimista é, portanto, uma qualidade essencial.

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 PARTINDO PARA A AÇÃO
Organizando as IDEIAS que coloquei até aqui, chamei atenção
para a necessidade de que seu sonho ou sua boa ideia se
transforme em algo tangível. Sugiro que comece a fazer isso
agora.
Abra o caderno, a planilha, o planner que você tem, não
importa qual seja, e comece a colocar em tópicos quais são
os PASSOS que você vai dar para alcançar o que você quer.
Quanto custa? Em quanto tempo você consegue tornar isso
viável? Transforme isso em um PLANO.
Uma vez com um plano em mãos, considere que, quanto mais
você se envolve com ele, mais vai aprender a gastar menos com
aquilo. Estabeleça, então, um projeto também de tópicos que
você pouco conhece sobre sua ideia, como “nunca viajei para
o exterior”. Comece a seguir blogs sobre viagens ao exterior.
“Nunca montei um negócio”? ENVOLVA-SE com programas
de empreendedorismo, com blogs de pessoas que já iniciaram
um negócio. Envolva-se com canais que já tenham alguma
experiência para poder trazer um algo a mais para você, pois
assim as coisas vão acontecer melhor do que o previsto.
Tenha também FLEXIBILIDADE, plano A e plano B. Não conte
com um plano único, porque isso tende a ser frustrante. A
grande doença da vida moderna hoje é a depressão, que tem
a ver com sentimento de fracasso, de sentir que perdeu aquilo
que você já teve, ou que não vai alcançar aquilo que você
ambicionava. Tenha uma vida com maiores possibilidades,
com um leque maior de ambições, não tenha um único plano.
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Deixo claro, no planejamento pessoal, que é importante ter
planos de longo prazo, não só a aposentadoria, mas também
evoluir na sua moradia, no seu estilo de vida, nas coisas que
você faz, mas também é importante ter metas de médio prazo.
De tempos em tempos, você pretende fazer um curso, uma
viagem, revolucionar um pouquinho do seu conhecimento e
de sua carreira. Essas metas de médio prazo vão trazer uma
energia tão grande, tão interessante, que ajudarão a manter a
disciplina necessária para os planos de longo prazo.
A mesma ideia funciona para projetos de curto prazo:
estabeleça, por exemplo, que a cada três meses você fará uma
pequena viagem, um passeio, irá conhecer alguma coisa que
não conhece em sua cidade, vai encontrar x pessoas que não
vê há mais de dez anos. Coisas de pequeno prazo que fazem
com que você acumule uma energia para manter a disciplina
de médio prazo.
É uma delícia quando essas pequenas coisas, pequenas
recompensas da vida acontecem, porque você sente que seus
projetos pessoais acontecem, e assim você começa a acreditar
mais em seu potencial.
Isso não é um simples estímulo motivacional. É você saber
trabalhar bem os dois lados do seu cérebro. Existe o lado
racional, que é aquele que quantifica seus projetos, e existe
um lado emocional que precisa ser alimentado, que precisa
ser tratado, que precisa ser domado pra que você mantenha
as condições de criar, construir e celebrar aquilo que você
constrói. Isso é fazer planos.
Sucesso ao colocar os seus em prática!
GUSTAVO CERBASI
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