Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
contemporâneo
Ciro Flamarion Cardoso*
Resumo. Discute-se criticamente o anti-realismo epistemológico próprio das atitudes
teóricas pós-modernas, a partir do diagnóstico de que estas se fundam no entendimento falacioso
de que qualquer codificação significa, necessariamente, não só uma seleção ou simplificação
como também uma deformação ou deturpação da coisa codificada. Num primeiro momento, na
revisão dessa tese, pautando-se pelos ensinamentos da paleoantropologia e da neurobiologia
contemporâneas, questiona-se se o sistema nervoso humano deturpa a realidade ao pô-la ao
alcance da mente pela coordenação das informações sensoriais. Em seguida, partindo da
indagação de qual relação existe entre a narrativa e os fatos que descreve, entra-se no debate
epistemológico sobre a a veracidade das explicações dos textos históricos.
Palavras chave. epistemologia; pós-modernismo; teoria da história.
[1]
* Professor Titular de História Antiga da Universidade Federal Fluminense.
[2] Para um bom resumo das questões envolvidas, ver Aurox, Weil, 1975: p. 115-117.
[3] Esta visão do processo foi adotada, por exemplo, em Leakey, Lewin, 1977: p.
148-177. Os autores posteriormente adotaram a opinião de Holloway, de que se falará a seguir.
[4] Ver, entretanto, para algumas das variadas opiniões a respeito: Bunak,1973: p.
127-134; Lieberman, 1975; Lyons, 1988: p. 141-166; Tattersall, 1995: p. 245; Leakey, 1994: p.
119-138.
[5] Sintetizaremos as opiniões do autor segundo dois textos: Carr, 1986: p. 15-27 e
Carr, 1991. Não vemos razão de multiplicar as notas de rodapé ao proceder a tal síntese: fique
claro que, cada vez que mencionamos as noções defendidas por Carr, a base são estes dois textos.