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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO AMBIENTAL

RELATÓRIO

Discente: Vitória Virna Girão Chaves


Docente: Profª Geovana Cartaxo

Filme: Lei das Águas (Novo Código Florestal)

“O Código Florestal não é um problema agrícola ou rural, é um


problema nacional” – Deputado Federal Ivan Valente (PSOL– SP)

No dia 15 de Setembro de 2017, no anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade


Federal do Ceará (UFC), promoveu-se a exibição do documentário “Lei das Águas (Novo
Código Florestal)” a pedido da Profa. Geovana Cartaxo. O documentário em questão, que conta
com direção de André D’Elia e produção executiva de Fernando Meirelles, demonstra, através
de entrevistas com biólogos, ambientalistas, produtores e, até mesmo, ruralistas, o contexto e o
impacto do novo código florestal, aprovado em maio de 2012, na população, na biodiversidade,
nas florestas e em todo o patrimônio ecológico brasileiro.
O documentário inicia mostrando o histórico da necessidade de surgimento de um
Código Florestal brasileiro, especificamente do código criado em 1965. Desde do início da
exploração econômica do café e desmatamento das áreas serranas para a sua produção, o
modelo agrícola brasileiro cresceu de maneira biologicamente insustentável, baseado no
desmatamento das áreas e, consequentemente, destruição da biodiversidade e contaminação das
águas. No ano de 1996, foi registrado o maior desmatamento da área de floresta amazônica
desde o início do monitoramento, pressionando o presidente Fernando Henrique Cardoso a
aumentar a área de reserva legal da Amazônia de 50% para 80%. O documentário abre, a partir
de então, a discussão acerca da importância da reserva legal para a manutenção dos processos
biológicos, da biodiversidade e os benefícios trazidos pela manutenção da área florestal para a
produção agrícola, através do aumento de polinizadores e de fontes aquíferas, demonstrando,
dessa maneira, a absoluta compatibilidade entre a produção agrícola e a preservação ambiental.
A partir de 2008, a exigência da legalização das propriedades rurais fez com que
surgisse, no Congresso Nacional, o debate acerca de mudanças no antigo Código Florestal e o
embate entre ambientalistas e ruralistas acerca dessas questões. A proposta de um novo Código
Florestal no Brasil, que envolvia uma forte pressão do agronegócio, foi caracterizado por um
afastamento da ideia de preservação ambiental trazida pelo código anterior. Um exemplo claro
é a ideia de anistia, de consolidação das áreas já ocupadas pela produção. No código anterior, a
reserva legal variava de 20% a 80% da propriedade e, em caso de desmatamento, obrigava a
recuperação integral da área, com vegetação original. O novo código propunha a dispensa da
recuperação áreas já ocupadas pela produção, que estariam protegidas pela reserva legal, em
propriedades até 4 módulos fiscais, o que compreende 90% das propriedades brasileiras.
Diante disso, fortaleceu-se a forte oposição da população brasileira ao projeto de um
novo Código Florestal, com as manifestações “Veta Dilma”, pedindo a rejeição completa do
código pela presidente, o que acabou não acontecendo.
O documentário aborda, então, as enormes falhas na proteção ao meio ambiente
causados pela mudança do Código Florestal. Trata, assim, de questões referentes ao
desmatamento e recuperação de área degradas e biodiversidade, que foi altamente prejudicada
pela nova legislação, ao permitir mecanismos de compensação e recomposição das áreas que
não colaboram para a preservação dos biomas. A fundição de áreas de proteção permanente e
de reserva legal, a possiblidade de utilização dos manguezais, que deixam de ser áreas de
proteção permanente em toda sua extensão, para carcinicultura, a diminuição da proteção de
áreas de encostas e topos de morros, são algumas das previsões do novo código que trazem
grandes consequências a preservação ambiental.
Em relação a questão da proteção das águas, o documentário mostra como o atual
Código Florestal favorece o assoreamento e eutrofização dos rios, pela destruição das matas
ciliares, que passam de 30 a 500 metros para de 5 a 100 metros de área de proteção nas margens,
pela diminuição da área de preservação das nascentes, que passa de 50 para 15 metros, assim
como, pela falta da incidência dos rios voadores sobre regiões degradadas.
Finalmente, o documentário conclui por discutir os jogos de interesses que orientaram
a elaboração da nova legislação, no qual se distanciou o conhecimento científico em prol da
defesa dos interesses do agronegócio, e os mecanismos utilizados na proteção ambiental, as
Ações Direitas de Inconstitucionalidade (ADIs) propostas como um último recurso na luta em
favor da preservação do patrimônio ecológico brasileiro.

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