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MM.

JUÍZO TRABALHISTA – ________ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE


__________________

Processo n.

RECLAMADA , já devidamente qualificada nos autos do processo em


epígrafe que lhe move RECLAMANTE, por meio de seu advogado e procurador que
esta subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art. 847 da CLT, oferecer
CONTESTAÇÃO pelos motivos de fato e de direito que seguem abaixo.
SÍNTESE DA INICIAL
Em síntese alega o reclamante ter laborado para a reclamada entre
02/06/2010 à 01/09/2015 primeiramente na função de Operador de Centro de Usinagem
II e posteriormente de Fresador CNC Pleno A com última remuneração de R$ 3.540,24.
Que durante o pacto laboral adquiriu doença ocupacional
denominada DOR LOMBAR COM IRRADIAÇÃO PARA MEMBROS INFERIORES,
HÉRNIA DE DISCO, PROTRUSÃO DISCAL E ESPONDILOARTROSE, desenvolvidas
diante das condições de trabalho que consistia em: realização de movimentos
repetitivos e esforço físico, abaixamento ao entrar e sair das máquinas, subir e descer
escadas, ficar na posição de cócoras dentro das máquinas, colocar e tirar peças em
dispositivos com as mãos, entrando e saindo das máquinas, realizar setup das
máquinas, também entrando e saindo da máquina e rotacionar peças na máquina de
usinagem.
Que a doença ocupacional deve ser equiparada a acidente de trabalho
diante do nexo causal, para que, assim, seja reconhecida a estabilidade prevista no art.
118 da Lei 8.213/91. Por conseguinte, requer a reintegração, pagamento das verbas do
período entre a dispensa e a readmissão, indenização por danos materiais e morais,
além das multas celetistas.
Destaca-se, de início, o brilhantismo da fundamentação trazida na
peça de ingresso, entretanto, o obreiro não possui razão diante das provas que são
carreadas nos autos conjuntamente com esta defesa, sem prejuízo da aferição do liame
causal entre a doença e o trabalho, através da perícia médica a qual se requer desde já.
Ao final, após explanadas as razões fáticas que colidem com os
argumentos iniciais, requer seja a presente ação julgada TOTALMENTE
IMPROCEDENTE com a condenação do reclamante nos honorários periciais e
advocatícios.

PRELIMINAR – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

O reclamante fora dispensado em 01.09.2015 e ingressou com a


presente ação em 06.06.2017.

Segundo o art. 7º, inciso XXIX da Carta Maior, é direito do obreiro ação
quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5
anos até o limite de dois anos a contar da extinção contratual. No mesmo sentido a
súmula 308 do C. TST.

Logo, os créditos anteriores a 05.06.2012 devem ser declarados


prescritos julgando-os com resolução do mérito nos termos do art. 487, II do NCPC.

PRELIMINAR - DO NÃO CABIMENTO A CONCESSÃO DA JUSTIÇA


GRATUITA

A gratuidade judiciária compreende a isenção de pagamento das


custas processuais necessárias para a distribuição e andamento da ação, sendo que, no
processo do trabalho são pagas ao final.

Nos termos do art. 98 do NCPC e parágrafo 3º e 4º do art. 790 da CLT,


o juiz poderá conceder à parte que lhe pedir, a concessão das benesses da justiça
gratuita caso comprove a situação de hipossuficiente e que perceba remuneração
inferior ao dobro do mínimo legal.

Muito embora o texto traz como requisito da concessão, declaração


da parte que não pode arcar com as custas processuais sem prejuízo do próprio
sustento, não se trata de uma presunção absoluta do estado de miserabilidade,
cabendo prova em contrário, até mesmo cabe ao juízo solicitar outras provas que
demonstrem a incapacidade financeira para arcar com as custas processuais.

In caso, o salário do reclamante por si só, demonstra que possui


capacidade financeira de arcar com as custas processuais sem prejuízo do próprio
sustento, pois percebia o valor de R$ 3.540,24, ou seja, de 40% do teto da previdência,
o que impede a concessão da gratuidade.

Ao levar em consideração somente a declaração de hipossuficiência


como meio de auferir a real capacidade financeira do demandante, é abrir as portas
para que, aquele que possui condições financeiras de pagar as custas, seja beneficiário
sem as condições que lei imputa para tanto, desvirtuando o benefício da gratuidade e
fazendo com que o Estado arque com as custas de quem tem condições de pagá-las
prejudicando o erário público.

Assim, com fulcro no art. 337, XIII, do NCPC, requer seja negada a
gratuidade judiciária, ante a capacidade financeira do reclamante compatível para
pagar as custas processuais.

DA DOENÇA DEGENERATIVA

A reclamada tem como atividade a produção de componentes de


precisão através de usinagem de alta complexidade confeccionando peças não
seriadas e sim de forma artesanal, ou seja, em pequenas quantidades a depender
da solicitação dos seus clientes.

Como narra o obreiro, havia o Centro de Usinagem em que, os


operadores de torno e fresa operavam maquinário através de programação,
trabalhando com materiais ferrosos e não ferrosos. O programador liberava o
programa de trabalho da peça, os operadores e fresadores, utilizando-se da ponte
rolante ou até mesmo a empilhadeira, colocavam a matéria prima dentro da máquina
para o início da produção que levava em média 8 a 12 horas a depender da peça.

Veja Excelência em que nos apontamos internos da reclamada


constam o tempo de duração da usinagem das peças nas máquinas operadas pelo
reclamante (documentos anexos) que demonstram a duração no tempo de produção
que, no caso em abaixo, durou 72 horas.

Extrai-se da descrição do cargo do obreiro, que, Operador de Torno


CNC usinava peças de metais ferrosos e não-ferrosos, preparam e ajustam máquinas de
usinagem CNC, ajustam ferramentas, realizam testes e controle de ferramental,
documentam atividades tais como preenchimento de fichas de controle de produção,
resultados do controle estatístico do processo, referências das peças, atualização dos
layout’s de ferramentas e ocorrências de manutenção das máquinas, trabalham
seguindo normas de segurança, higiene, qualidade e preservação ambiental, podendo
programar máquinas de usinagem cnc.

Todavia, diferente do que narra o reclamante na peça exordial, os


procedimentos de trabalho eram todos realizados com auxílio de Ponte Rolante e
Empilhadeiras, no tocante ao carregamento das peças, uma vez que pesavam mais do
que o ser humano poderia suportar, ou seja, o obreiro jamais carregou as peças sozinho,
sempre se valendo dos equipamentos adequados (fotos em anexo).

Quanto a alegação de que subia e descia escadas, não prospera, vez


que não havia escadas nas dependências da reclamada que fosse necessária a utilização
pelo obreiro. Havia uma escada de acesso ao administrativo, a qual o obreiro não
ingressava, por não ser necessidade das suas funções (foto em anexo). Se o obreiro
refere-se a escada das máquinas, estas tinham apenas 3 degraus (fotos em anexo).

Não prospera ainda as alegações de que realizava movimentos


repetitivos abaixando e levantando diversas vezes durante o dia dentro das máquinas,
pois a produção das peças não ocorria de forma célere, ao contrário, haviam peças que
demoravam sua produção de 8hs a 12 horas ou de um dia para o outro e como a
reclamada contava com 3 turnos na época do reclamante, quando um operador iniciava
a produção, outro que assumia o segundo turno, continuava operando a máquina.

Quanto a rotação das peças nas máquinas, não eram feitas de forma
manual e sim pela própria máquina através de programação que o obreiro realizava.
Insta consignar ainda que enquanto a peça é trabalhada nas máquinas, o reclamante
ficava parado na frente da máquina mexendo no seu celular, o que será provado pelas
testemunhas.

Segundo a ficha de descrição de cargos eram atribuições do Operador


de Torno CNC:

(inserir descrição das funções inerentes ao cargo ocupado pelo


obreiro)

Infere-se que não há qualquer atribuição que comprometia sua saúde


física ou que exigia esforço superior as suas forças, sendo o mesmo quando passou a
laborar como Fresador.

Ademais, a reclamada obedecia às condições de trabalho impostas na


NR 17 do M.T.E, principalmente no que tange ao item 17.4.1, que assim dispõe:

17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar


adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

Ofereceu treinamento ergonômico em 03/04/2013 para regularizar a


postura dos empregados seja no setor administrativo como também em usinagem,
tendo o obreiro participado (lista de presença em anexo). Recebeu ainda treinamento
para içamento e transporte de materiais em 22/05/2013, vide lista assinada pelo próprio
obreiro.

O reclamante contava com ponte rolante para o manuseio das peças,


tanto o é que recebeu treinamento para operar o equipamento realizado em
30.07.2010. Com relação a empilhadeira, esta era manuseada por outro empregado
habilitado quando solicitado pelo reclamante para acoplar as peças nas máquinas.
Impossível o reclamante carregar manualmente peças de 100, 200 a 400kg, vide as
fotos em anexo.

Frise-se que em nenhum momento durante o contrato o reclamante


realizou o carregamento manual das peças ou de qualquer outro objeto que
comprometesse sua saúde.

Pois bem, quanto as condições de trabalho restam mais que provadas


que o obreiro laborava em um ambiente salubre quanto a ergonomia, o que também
será corroborada pela prova testemunhal.
Sem prejuízo do já demonstrado até então, cabe analisarmos os
atestados de saúde ocupacionais realizados durante TODO o pacto laboral os quais não
apontaram qualquer diferença na saúde do obreiro desde a sua admissão até a
demissão.

Na sua admissão, o obreiro realizou exame admissional em


01/06/2010, cujo resultado deu apto para o trabalho. Nota-se dos ASO’s em anexo que
foram apontados os riscos que o labor poderiam trazer ao obreiro, inexistente os riscos
químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos, tão somente físicos como o ruído
que, segundo o PPR em anexo, não ultrapassa 85 db para o setor de produção (p. 19,
PPRA).

Foram realizados ainda exames periódicos em 29/10/2010,


10/04/2012, 07/05/2013, 06/05/2014, 02/09/2014, 11/08/2015, 28/09/2015, em que os
resultados sempre deram como apto para o labor, pois não havia indicação de alteração
na sua condição física desde a admissão até a demissão.

Registre-se ainda que o obreiro, durante todo o pacto laboral, NUNCA


se queixou de dores ou que as condições de labor estavam prejudicando sua saúde.
Infere-se do prontuário do obreiro no atendimento médico conveniado, que não houve
qualquer solicitação, consulta, procedimento médico inerente as patologias apontadas,
tão somente quanto o seu colesterol, pressão alta e que, prontamente, fora atendido
pela empresa no fornecimento de refeição balanceada.

A reclamada teve o cuidado de realiza um estudo Ergonômico em


todos os seus setores, desde o administrativo até o de produção, a fim de auferir se
havia risco à saúde dos seus empregados pela submissão ao padrão de produção na
operação de tornos e fresas, sendo as funções do obreiro.

Em fls. 39 do Laudo, constam as descrições do local de trabalho e das


atividades dos operadores e fresadores no setor de Usinagem, o qual constatou-se:

“Usinar peças de metais ferrosos, não-ferrosos, resinas e plásticos em


máquinas CNC; Preparar e ajustar máquinas de usinagem CNC. Preencher
fichas de controle de produção. Movimentar peças com o auxilio de ponte
rolante, empilhadeira e paleteiras. Conforme o descrito as funções avaliadas
realizam suas atividades principalmente na posição em pé sem realizar
esforços específicos (trabalho em painel). Realizam a movimentação de peças
(cargas) sempre com o auxilio de meios auxiliares. E quando ocorre a
movimentação manual de peças (cargas) a frequência é baixa e apenas para
peças leves.”

Continua o laudo com apontamento do tipo de esforço físico


necessário para as atividades do reclamante:

“1 - Posturas: - Postura e Alcances Segmentos Superiores: Braços/Ombros: Ocorre


flexão máxima de 45º (apenas quando da fixação da peça). - Postura e Alcances dos
Antebraços: Ocorre flexão máxima 100º. Sem o cruzando dos antebraços com a linha
média do corpo. E sem a abertura do antebraço com relação ao tronco. - Postura e
Desvios dos Punhos: Ocorre a flexão e a extensão máxima de 15º, bem como, alguns
desvios laterais (apenas quando da fixação da peça). - Postura e Desvios do Pescoço:
Ocorre flexão máxima 20º. - Postura e Desvios do Tronco: Flexão máxima de 20º. -
Postura dos pés e Pernas: O peso do corpo está distribuído em ambos os pés. Há espaço
adequado para os pés.

2 - Esforços Realizados: - Intensidade Esforço (escala de Borg) variando de Leve


(trabalho em pé com alguma movimentação) a Médio (quando da movimentação,
ocasional, manual de peças). Porém para o esforço médio a duração do Esforço (% do
ciclo) ocorre para um ciclo entre a 10%. Frequência do esforço (p/hora) menor que 1.
Conforme o verificado todo o trabalho de movimentação de peças ocorre com o auxilio
da ponte rolante. Os trabalhos de movimentação manual de peças ocorrem de forma
ocasional.”

3 - Ritmo de trabalho: Ritmo do Trabalho: Lento. Não há imposição de ritmo de


trabalho em nenhuma das atividades realizadas. Os funcionários realizam as
atividades conforme o seu ritmo de trabalho, bem como, realizam pausas conforme as
suas necessidades.

Constam ainda fotos do local onde o reclamante laborava


demonstrando que não havia qualquer risco ergonômico bem como de que o obreiro e
os demais operadores, utilizavam de Ponte Rolante e de empilhadeira para carregar as
peças:

(inserir fotos do local de trabalho)

A reclamada ainda impugna as alegações de que o reclamante


laborava de cócoras nas máquinas e que utilizava-se de escadas diariamente, pois,
como se infere das fotos em anexo, o reclamante adentrava parcas vezes na máquina e
ainda assim, tinha a possiblidade de laborar em pé devido à altura dentro do maquinário
(vide foto em anexo). Com relação as escadas, eram 3 degraus somente, cuja frequência
de uso é diminuta, vez que a máquina trabalhava de 8 a 12 horas por peça usinada.

Mormente o narrado na inicial, o reclamante olvida-se de trazer à


discussão seu histórico laboral que certamente teve influência para aquisição da
Doença Degenerativa (Hérnia de Disco), diante das condições de labor em empresas
anteriores. Não junta cópia da sua CTPS principalmente para não demonstrar que
atualmente encontra-se trabalhando.

Por derradeiro, frise-se que para empregado que realizava as mesmas


funções do reclamante, não houve qualquer lesão à sua saúde durante o tempo em que
trabalharam concomitantemente. É o que se infere do prontuário do empregado
paradigma, que não consta nenhuma alteração na sua integridade física após o mesmo
período de contrato de trabalho que o reclamante.

As patologias apontadas pelo obreiro como sendo doença


ocupacional, nada mais são que doenças degenerativas pré-existentes diante da idade
e do histórico laboral pretérito ao período contratual com a reclamada. O reclamante
NUNCA teve afastamento por conta da patologia apontada durante o contrato de
trabalho, que sustentasse a tese de que tem nexo com o labor.
Importa rebater a tese do reclamante de que o afastamento junto ao
INSS se deu em decorrência da hérnia discal, vez que, como se infere dos documentos
id. Bf36e25, trata-se de concessão do benefício previdenciário em decorrência de
cirurgia realizada em novembro de 2016.

Ressalta-se mais que o reclamante não apresentou qualquer


inaptidão para o labor após a extinção do contrato de trabalho. Seu exame demissional
resultou em apto para o trabalho, tanto o é que atualmente o reclamante exerce
atividade remunerada com registro em CTPS a qual deve ser trazida aos autos.

Dispõe o art. 20, II da lei 8.213/91, que doença do trabalho, é a


adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente.

In caso, exaustivamente foi demonstrado que as condições de labor


do reclamante eram completamente salubres, inexistindo risco ergonômico como faz
prova os documentos acostados, sobretudo o laudo ergonômico que demonstra que o
obreiro não realizava movimentos repetitivos e que o peso carregado era diminuto a
ponto de colocar em risco a integridade física do empregado. Ainda, restou
comprovado que obreiro se socorria da ponte rolante para movimentação das peças e
que estas não eram rotacionadas manualmente, e sim pela máquina, além de que o
tempo de produção era lento que levava em média 8 a 12 horas por peça trabalhada.

Inobstante a isso, não se pode dizer que a doença alegada pelo obreiro
seja em decorrência do labor, vez que o reclamante sempre trabalhou no ramo de
usinagem e teve outros trabalhos que exigiam da sua condição física além de contar
com idade avançada (50 anos).

Por conseguinte, o reclamante não apresentou qualquer exame


médico à reclamada durante o contrato de trabalho a fim de requerer alteração das
condições de labor para evitar um dano maior a sua saúde. Quedou-se inerte durante
todo o pacto laboral, fato este que demonstra não ter sofrido qualquer lesão que o
incapacitasse para o trabalho.

Quanto a Espondiloartrose, em consulta a vários sítios eletrônicos,


dá-se como causa, a idade avançada para homens acima de 45 sendo o caso do obreiro
(https://biosom.com.br/blog/saude/quais-sao-as-causas-da-espondiloartrose/ retirado
em 01/08/2017 às 17:21hs). Vejamos:

Não há uma causa única para a doença. A principal causa desse tipo de artrose
é a idade. Quanto mais velho, mais fácil para a doença se desenvolver, devido
a fragilidade que é adquirida com o passar do tempo. As mulheres acima de 45
anos são as maiores atingidas, abaixo dessa idade os mais atingidos são os
homens.

Veja-se ainda pela conclusão do expert da autarquia que não


reconheceu a patologia como doença ocupacional equiparando a acidente de trabalho,
pois concedeu o benefício Auxílio Previdenciário Comum (B31) por ausência de nexo
técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo nos termos do art. 21-A da lei
8.213/91.

Nesta toada tem sido a jurisprudência, reconhecendo com fulcro nos


laudos, que a hérnia discal ou protrusão discal são doenças degenerativas, vejamos:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. DOENÇA


DEGENERATIVA. HÉRNIA DISCAL. DESCARACTERIZAÇÃO DE NEXO
ETIOLÓGICO. Diagnosticado que a hérnia de disco é doença de origem
degenerativa (grifo nosso), e não laboral, ausente o nexo de causalidade
necessário ao acolhimento da pretensão indenizatória (art. 20, § 1º, a, da Lei
nº 8.213/1991). (TRT-1 - RO: 00004766920115010076 RJ, Relator: Tania da
Silva Garcia, Data de Julgamento: 02/09/2014, Quarta Turma, Data de
Publicação: 08/09/2014)

Em conclusão, uma vez que não há nexo de causalidade entre a


patologia apontada pelo obreiro, com as condições de trabalho, já demonstrada como
salubre e sem risco à integridade física do empregado, não há o que se falar em doença
ocupacional equiparada a acidente de trabalho que, por conseguinte, não enseja
estabilidade do art. 118 da lei 8.213/91, tampouco prevista em convenção coletiva e, por
conseguinte, reintegração.

Logo, requer a improcedência do pedido com supedâneo nos


argumentos já expostos e na prova dos autos, sem prejuízo do laudo pericial a ser
produzido durante a instrução processual que certamente atestará a inexistência de
nexo causal entre a doença e o trabalho.

Restam impugnados os documentos trazidos pelo obreiro que não


atestam o liame entre as patologias e as condições de labor, logo, sem valor probatório
algum quanto ao nexo causal.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS

Pugna o reclamante pela reparação por danos materiais, em que a


doença alegada reduziu sua capacidade laboral. Alega ainda que a responsabilidade do
empregador neste caso é objetiva pela assunção do risco econômico, buscando a
reparação pela extensão do dano consubstanciada numa pensão vitalícia ou até os 74
anos correspondente ao último salário percebido na reclamada.

Observa-se Excelência que o requerente próprio se aposentou por


invalidez. Declarou-se incapacitado TOTAL e PERMANENTE para o labor, mesmo
tendo alta do auxílio doença concedido em razão de cirurgia e não da patologia.

Muito comum nesta seara, as ações que envolvam doença


ocupacional por aquisição da hérnia discal nas empresas de metalurgia e usinagem,
dada a degradante situação de labor muitas vezes insalubre. Em suma, alguns
empregados contam com a razão, mas outros “forçam a barra” fantasiando e ilustrando
ambiente de trabalho em desacordo com as normas de segurança e medicina do
trabalho a fim de induzir o juízo a erro.
Ab initio, a reclamada atuava no ramo de Óleo e Gás produzindo
componentes de precisão que são utilizados na sucção de petróleo do mar. A
complexidade da produção era tamanha que a reclamada se certificava de que todas as
normas internas de segurança e medicina do trabalho fossem cumpridas à rigor das
normas legais e regulamentadoras do Ministério Trabalho e Emprego, precipuamente
a NR 17 quanto a ergonomia no exercício das atividades de produção, pois, um
empregado cansado, poderia trazer um prejuízo enorme dentro e fora da empresa,
causando responsabilidade civil da reclamada perante terceiros em caso de defeito nos
componentes que fabricava.

Tanto o é que junta nos autos o estudo ergonômico realizado em


todos os setores da empresa, sobretudo o setor de Usinagem que não constatou
qualquer risco ergonômico que desencadeasse doenças do trabalho. Junta ainda,
diversos certificados de cursos de segurança do trabalho que eram promovidos
periodicamente e que o reclamante participava.

A reclamada sempre cumpriu rigorosamente seus deveres com


relação a segurança e medicina do trabalho: a) promoveu diversos treinamentos
inerentes a segurança, uso de EPI, uso da ponte rolante e empilhadeira; b) sempre
entregou os EPI’s necessários e exigia o seu uso dos seus empregados; c) realizava
periodicamente os exames, todos feitos pelo reclamante.

Ademais, o reclamante não tem razão em invocar a responsabilidade


objetiva à atividade da reclamada, pois não se trata de atividade que por si só, traz risco
à terceiros. Trata-se de usinagem de precisão. Assim, não se enquadra no disposto do
§único do art. 927 do CC.

Não há o que se falar ainda em responsabilidade subjetiva, porquanto


inexiste no caso em tela o nexo de causalidade e a culpabilidade da empresa no tocante
as condições de labor se atendia a todas as normas de segurança e medicina do trabalho
comprovado nos autos.

É cediço que para configurar a responsabilidade subjetiva necessária


a presença dos requisitos da culpa ou dolo do agente causador do dano, do dano
experimentado pelo ofendido e o nexo causal entre o ato omissivo e comissivo e o dano.
No caso da relação de emprego a culpa do empregador por ato omissivo ou comissivo,
nexo causal entre a doença e o trabalho, e o dano experimentado pelo obreiro.

A ausência de algum desses requisitos não sustenta a


responsabilidade subjetiva.

In caso, cabe ao empregado, o ônus probatório quanto ao nexo causal,


a culpa e o dano, pelos termos do art. 818, I, da CLT e art. 373, I do CPC, dos quais não
se desincumbiu a contento o obreiro.

Com efeito, o dano é patente, sendo evidente que o reclamante sofre


das patologias apontadas, entretanto, quanto ao nexo, o reclamante não possui prova
alguma, além de inverídicas alegações de que laborava em ritmo acelerado de
produção com movimentos repetitivos que causaram a lesão lombar, bem como pela
ausência de provas de que a reclamada negligenciou as medidas de saúde e segurança
do trabalho. Os documentos acostados comprovam o contrário (PCMSO, PPRA, Laudo
Ergonômico, Exames Periódicos, admissional e demissional, ficahs de entrega de EPI,
etc).

Pelo exposto requer a IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO de indenização


por danos materiais por ausência de culpa e nexo de causalidade entre a doença e o
trabalho.

Ad argumentandum tantum¸ao reclamante não é devida qualquer


indenização equivalente ao salário nominal, uma vez que não encontra-se incapaz
TOTAL e PERMANENTE para o labor, pois se assim fosse, o INSS lhe concederia a
aposentadoria por invalidez.

Atualmente o reclamante encontra-se de alta pela autarquia, com


plena capacidade laboral, inclusive trabalhando. Se houvesse alguma indenização a ser
paga, deve ser observada a tabela da SUSEP que aufere o percentual de redução da
capacidade laboral a depender do membro afetado.

Por se tratar de lesão lombar, se realmente comprovada a lesão que


incapacita para o trabalho, bem como o nexo de causalidade e a culpabilidade do
empregador, requer seja arbitrado o percentual de 15% sobre o salário do obreiro
segundo a tabela da SUSEP, pagos mensalmente nos termos do art. 950 do CC e até os
65 anos, idade para aposentadoria nos termos da lei 8.213/91.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

O reclamante busca reparação por danos morais no importe de R$


50.000,00 (cinquenta mil reais). Alega em síntese que diante da patologia adquirida
durante o pacto laboral, irá conviver com a limitação física o resto da vida lhe causando
constrangimento e exposição a situações vexatórias.

Como já demonstrado não houve doença do trabalho, por ausência


de nexo de causalidade entre as condições de trabalho e a doença apontada, não se
auferindo o quanto disposto no art. 21-A da lei 8.213/91 pelo próprio INSS.

Não há ainda, prova de culpa da empresa. Não houve qualquer ato


omissivo ou comissivo por parte da reclamada que culminasse na hérnia discal ou
espondiloartrose, ao contrário, a empregadora cumpriu rigorosamente suas obrigações
com relação a segurança e saúde laboral, promovendo treinamentos, EPI’s,
equipamentos de trabalho, etc.

Ausente ainda risco ergonômico conforme laudo acostado nos autos.


PPRA e PCMSO também nesse sentido, além dos exames periódicos de saúde do
obreiro.

Assim sendo, não houve qualquer lesão a direito extrapatrimonial que


ensejasse a reparação.
Neste particular requer a IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

Todavia, caso este juízo entenda de forma diversa, o valor de R$


50.000,00 é manifesto enriquecimento ilícito do reclamante.

Ao arbitrar o dano moral, o juízo deve se valer dos critérios já


regulados pela lei 13.467/17 (reforma trabalhista), muito embora ainda não vigente no
país, vejamos:

‘Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:

I - a natureza do bem jurídico tutelado;

II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;

III - a possibilidade de superação física ou psicológica;

IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;

V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;

VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;

VII - o grau de dolo ou culpa;

VIII - a ocorrência de retratação espontânea;

IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;

X - o perdão, tácito ou expresso;

XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;

XII - o grau de publicidade da ofensa.

Portanto, em caso de condenação requer seja aplicado o valor de R$


10.000,00 a título de indenização por danos morais.

DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

Falaciosamente o reclamante alega que não recebeu as verbas


rescisórias no prazo do art. 477, §6º da CLT. Os comprovantes de pagamento em anexo
comprovam o adimplemento das verbas resilitórias no prazo legal.

CONCLUSÃO

Primeiramente declara sob a forma do art. 830 da CLT, que todos os


documentos constantes nos autos são cópias fiéis das vias originais, colocando-as à
disposição do juízo caso requeira.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, observado o ônus probatório distribuído na forma do art. 818 da CLT e 373 do
NCPC, pugnando desde já pela realização da perícia médica e produção da prova oral
pelo depoimento pessoal e das testemunhas durante a instrução probatória.
Aplicação da TR para fins de correção e atualização do quantum
debeatur nos termos do art. 879, §7º da CLT introduzido pela lei 13.467/17.

Retenções previdenciárias e fiscais (IR) nos termos da lei.

Quanto as preliminares, requer sejam acolhidas para declarar


prescritos os créditos anteriores a 05.06.2012 e não conceder a Justiça Gratuita ao
obreiro por não respeitado os requisitos legais.

Em caso de sucumbência total ou parcial, requer seja aplicado o


disposto no art. 791-A da CLT, arbitrando honorários de sucumbência no importe de
15% sobre o valor não deferido, bem como requer a condenação do obreiro no
pagamento dos honorários periciais em caso de sucumbência no objeto da perícia (art.
790-B, CLT).

Ainda, requer aplicação da multa do art. 793-C da CLT por litigância


de má-fé perpetrada pelo obreiro nas alegações inverídicas sobre suas condições de
labor, alterando a realidade fática a fim de causar dano processual nos termos do art.
793-B, II também do texto consolidado.

Por fim quanto ao mérito requer a IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA


AÇÃO condenando o reclamante no pagamento das custas processuais.

Termos em que

Pede deferimento

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