Você está na página 1de 12

A UTILIZAÇÃO DE MODELOS TRIDIMENSIONAIS NAS DISCIPLINAS DE

BIOLOGIA CELULAR, GENÉTICA E EMBRIOLOGIA, NO CURSO DE


ENFERMAGEM.

PAVEI, Denise(UNIGUAÇU/FAESI), CAMARGO, Jediael Marcos Teixeira de


(UNIGUAÇU/FAESI)

1. Introdução

Tornar as disciplinas básicas interessante nos cursos de graduação, sempre foi


um grande desafio aos docentes, e em qualquer fase do ensino, não sendo diferente nos
cursos da saúde. Estimular a criatividade voltada ao conhecimento específico
possibilita aos alunos obterem resultados satisfatórios quanto ao desenvolvimento do
conhecimento.

Muitos autores e pesquisadores são unânimes em reconhecer


que as atividades práticas e experimentais são fundamentais na
consolidação da aprendizagem [...] fica evidente a necessidade
da utilização dessas atividades práticas e experimentais,
devidamente articuladas à teoria para que o aluno possa
apropriar-se do conhecimento científico, assimilando ou
reformulando conceitos e atribuindo-lhes significado (PDE,
2008, p. 15).

O conhecimento a ser transmitido pelo professor ao aluno deve romper as


barreiras físicas da sala de aula e ser vivenciado fora da instituição. Sendo de grande
valor no processo de ensino e aprendizagem, o docente utilizar de novas estratégias que
estimulem os estudantes a buscar alternativas de entendimento do conteúdo aplicado a
cada disciplina.
Durante o período curricular o conteúdo programático de cada disciplina deve
atender a um cronograma, porém muitas vezes não é possível se fixar o conteúdo visto
em sala e no laboratório, pela demanda de tempo necessário à transmissão integra do
assunto. De forma alternativa, os trabalhos extracurriculares podem contribuir para o
melhor entendimento nos estudos. Assim, o aluno deve-se valer de outras formas
adquirirem o conhecimento necessário.
Para Haida et al. (1998, p.9) a prática dos conteúdos “ é uma oportunidade de
discussão, da integração da teoria-prática, da interação com o cotidiano e mesmo de
discussão interdisciplinar”. De acordo com Gaspar (2005, p.24) “[...] este deve ser o
objetivo principal das atividades experimentais: promover interações sociais que tornem
as explicações mais acessíveis e eficientes”.

Muitos aspectos cognitivos e afetivos do desenvolvimento dos


alunos podem ser ajudados com o uso de atividades práticas.
Podem ser desenvolvidas capacidades de ouvir, observar,
investigar, organizar, comparar, registrar, questionar, discutir,
entre outras. Portanto, ao elaborar práticas na abordagem
utilizando uma estratégia de ensino capaz de possibilitar aos
alunos uma contribuição na aprendizagem efetiva dos conceitos
científicos, ajudando-os a desenvolverem suas potencialidades
afetivas e cognitivas (PDE, 2008, p.18).

“Dessa forma, modelos biológicos como estruturas tridimensionais e coloridas


são utilizadas como facilitadoras do aprendizado, complementando o conteúdo escrito e
as figuras planas e, muitas vezes, descoloridas dos livros-texto” (ORLANDO, et Al.
2009, p.2).
Além do aspecto visual, esta atividade permite que o estudante manipule o
material, visualizando-o de vários ângulos, melhorando, assim, sua compreensão sobre
o conteúdo abordado.

[...] a própria construção dos modelos faz com que os


estudantes se preocupem com os detalhes intrínsecos dos
modelos e a melhor forma de representá-los, revisando o
conteúdo, além de desenvolver suas habilidades artísticas. Os
modelos didáticos podem ser utilizados para enriquecer as
aulas, auxiliando na compreensão do conteúdo relacionado. Os
modelos despertam um maior interesse nos estudantes, uma vez
que permitem a visualização do processo (AGUIAR, 2003 p.
318 ).
Para Gaspar (2005, p. 7850) “uma das vantagens está no fato de que durante a
atividade prática haverá maior interação entre os parceiros, pois terão oportunidade de
discutir suas ideias, cuja interpretação sempre pode gerar dúvidas”.
Outra vantagem é o maior envolvimento dos alunos, que se arriscam mais a dar
respostas às questões formuladas, pois podem observar diretamente o que está
ocorrendo, garantindo uma maior interação social, sendo assim mais rica e motivadora
(RAMALHO et Al. 2011, p.2)
São conhecidas as dificuldades que muitos alunos apresentam na compreensão
dos fenômenos físicos, químicos e biológicos. Gianotto & Diniz (2010) afirmam que
aprender Biologia é muito mais do que decorar nomes, conceitos, definições e
esquemas. Aprender Biologia significa, especialmente, reconhecer os processos que
ocorrem na natureza, interpretando-os e relacionando-os ao seu cotidiano. (Ramalho et
al, 2011). Desta forma a elaboração de maquetes se faz útil na forma de demonstrar e
interpretar os eventos biológicos que ocorrem continuamente no metabolismo dos seres
vivos.
A confecção de maquetes ou modelos tridimensionais foi uma alternativa
encontrada para que os alunos pudessem aprender e fixar melhor os conteúdos vistos em
sala, durante o processo de elaboração do material, onde puderam visualizar as
estruturas de cada modelo biológico, e relacionar com o conteúdo estudado
anteriormente.

2. Objetivos

O trabalho proposto teve como objetivos desenvolver e explorar metodologias


didáticas que estimulem os estudantes a associar o conhecimento teórico-prático. O
desenvolvimento de maquetes tridimensionais pôde potencializar a identificação das
ilustrações nos livros didáticos e a visualização por vários ângulos das estruturas. O
projeto também buscou desenvolver novas habilidades bem como estimular a
criatividade, e contribuir para o conhecimento em outras áreas, além de proporcionar o
melhor relacionamento entre a turma.
3. Metodologia

Os modelos tridimensionais foram elaborados pelos alunos do 1º e 2º período do


Curso de Enfermagem da Faculdade Uniguaçu/Faesi de São Miguel do Iguaçu-Pr, em
contra turno às aulas curriculares. As maquetes foram confeccionadas com os mais
variados materiais de fácil aquisição, como placas e esferas de isopor, tigelas de vidro
incolor, massa de modelar coloridas, massa de biscuit, parafina, fios de arames, material
de pintura, cola, bonecas para a confecção dos fetos, etc.
Para o desenvolvimento do trabalho, foram estabelecidos os principais temas em
cada disciplina:
3.1 Disciplina de Biologia Celular: As estruturas celulares de procariontes e
eucariontes, bem como o ciclo celular através da divisão celular por mitose e meiose,
foram demonstrados através de modelos tridimensionais. Os modelos celulares foram
confeccionados basicamente nesta fase com o uso de isopor, sendo feito aplicações de
massa de biscuit ou modelar, para representar as membranas e organelas celulares, e
feito o preenchimento do citoplasma com parafina derretida, finalizando-se com a
identificação das estruturas. Para representar a mitose, os alunos utilizaram tigelas em
vidro incolor, os cromossomos foram feitos com massas, fios de arames, e o
preenchimento feito com parafina derretida. As maquetes de meiose também foram
confeccionadas em placas de isopor com massa de modelar coloridas.
3.2 Disciplina de Genética: Para a formação estrutural da molécula de DNA,
foram utilizados esferas de isopor, corando-se diferentemente os nucleotídeos, sendo
interligados através das de pontes de hidrogênio, confeccionadas com palitos de dente.
Nesta maquete os alunos desenvolveram um sistema giratório elétrico, retirado de
brinquedo, de modo que a molécula gire quando acionado o botão.
Outro modelo desenvolvido na disciplina foi à expressão gênica. Para este
modelos se utilizou novamente placas de isopor, e massas de modelar e biscuit
coloridos com tinta para tecido. A transcrição do DNA foi representada no núcleo da
célula sendo a tradução finalizada no citoplasma da célula.
3.3 Disciplina de Embriologia: Foram direcionados dois trabalhos, sendo o
primeiro correspondente ao inicio do desenvolvimento embrionário, desde a
gametogênese até a oitava semana, sendo representado os principais eventos que
ocorrem neste período. Para a elaboração destas maquetes, foram utilizados
principalmente isopor e massa de biscuit colorido. O segundo trabalho, foi a
apresentação do período fetal, correspondente entre a nona semana e o final da gestação,
onde além dos materiais relacionados, foram utilizados bonecas para a representação
dos fetos.

4. Resultados e Discussão

4.1 Modelo células procariontes e eucariontes.

Foi possível demonstrar as estruturas das de células procariontes (Fig 1),


membrana plasmática e parede celular, DNA (nucleóide) e RNA disperso pelo
citoplasma, ribossomos, cílios e flagelos como forma de locomoção em bactérias.

Fig 1. Foto Modelo Tridimensional Célula Procarionte

O modelo tridimensional (Fig 2), evidenciou a célula eucarionte a qual é mais


desenvolvida na escala evolutiva, apresentando núcleo organizado separado pela
carioteca, e organelas envolvidas por membranas lipoproteicas, constituídas
quimicamente semelhantes a membrana plasmática. Os alunos conseguiram identificar
as organelas bem como suas funções especificas e como participam do metabolismo
celular.
.
Fig 2. Foto Modelo Tridimensional Célula Eucarionte

As maquetes (Fig 3 e 4) foram mais criteriosas na identificação das estruturas,


sendo possível transmitir didaticamente as diferenças entre os dois modelos celulares
como a presença de parede celular, vacúolos, e cloroplastos em células vegetais. Da
mesma forma, os alunos demonstraram conhecimento ao serem questionados sobre a
função das organelas presentes apenas em células vegetais.

Fig 3. Foto Modelo Tridimensional Célula Eucarionte


de Vegetal.
Fig 4. Foto Modelo Tridimensional Célula Eucarionte
de Animal.

4.2 Modelo divisão celular mitose e meiose.

O ciclo celular foi estudado em sala diferenciando-se a interfase a fase a qual a


célula não está em divisão celular, e as divisões celulares de mitose em células
somáticas, e meiose nas células gaméticas. Os modelos tridimensionais propostos,
apresentados na Fig 5, demonstram divisão celular por mitose, que está dividida
didaticamente em fases de acordo com os eventos que ocorrem durante o processo
mitótico.
Fig 5. Foto Modelo Tridimensional da Mitose. Fase Prófase (1), Metáfase (2),
Anáfase (3), Telófase (4) e Citocinese (5).

Já os as maquetes evidenciadas na fig 6, representam a divisão celular de meiose


que ocorre somente nas gônadas masculinas e femininas, sendo responsáveis pela
produção dos gametas masculinos (espermatozoides) e femininos (oócitos)
respectivamente.

Fig 6. Foto Modelo Tridimensional da Meiose I (1) e


Meiose II (2).

4.3 Molécula de DNA.

Durante as aulas da disciplina de genética foi sugerida a interpretação da


molécula de DNA, se fazendo necessária a visualização da disposição espacial das bases
nitrogenadas unidas por pontes de hidrogênio. Para isto, os alunos criaram o modelo
tridimensional (Fig 7) identificando os nucleotídeos correspondentes nas ligações
purinas e pirimidinas com cores diferentes. Além de disponibilizar um sistema giratório
para a molécula.

Fig 7. Foto Modelo Tridimensional da dupla hélice


da molécula de DNA.

4.4 Síntese Proteica


Como parte do conteúdo programático da mesma disciplina, a expressão
gênica foi representado pelo modelo tridimensional (Fig 8), caracterizando a
transcrição do RNA mensageiro no núcleo e a tradução no citoplasma.

4.5 Desenvolvimento Embrionário e fetal.

Em embriologia foi possível caracterizar todo o desenvolvimento


embrionário, deste a formação dos gametas masculinos e femininos, bem como a
fertilização. Para a confecção destas maquetes foram utilizados isopor e massa
de biscuit colorido.
5. Considerações Finais

A confecção de modelos tridimensionais possibilitou a interação entre os alunos


de maneira que houvesse o debate sobre o conteúdo visto em sala de aula, sendo fixado
de maneira prática.

Através deste trabalho foi possível estimular a criatividade na utilização de


materiais alternativos para a elaboração das maquetes, demonstrando as estruturas de
cada sistema biológico estudado tridimensionalmente.
De maneira geral, o aprendizado dos alunos foi satisfatório, onde os mesmos
recorreram à pesquisa para que o trabalho fosse conduzido, estimulando a leitura e o
entendimento dos assuntos em cada disciplina.

Referências Bibliográficas

AGUIAR, L.C.C. Modelos biológicos tridimensionais em porcelana fria –alternativa


para a confecção de recursos didáticos de baixo custo. In: Anais II Encontro Regional
de Ensino de Biologia, Niterói .pp. 318-321, 2003.

GASPAR, A. Experiências de Ciências para o Ensino Fundamental. 1ed. São Paulo:


Ática, 2003.

GIANOTTO, D. E. P. & DINIZ, R. E. S. Formação Inicial de Professores de Biologia:


A metodologia colaborativa mediada pelo computador e a aprendizagem para a
docência. Ciência & Educação, v. 16, n. 3, p. 631-648, 2010.
HAÍDA, K. S.; KAVANAGH, E.; MIOTTO, Z. J. M. Práticas de Laboratório: Uma
Estratégia de Ensino. Cascavel: ASSOESTE, 1998.

ORLANDO, T. C. Planejamento, Montagem e Aplicação de Modelos Didáticos para


Abordagem de Biologia Celular e Molecular no Ensino Médio por Graduandos de
Ciências Biológicas. Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia
Molecular. 01, 17, Fev.2009.
PDE. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense, Produção Didático
pedagógica. Cadernos Programas de Desenvolvimento Educacional, Versão Online
ISBN 978-85-8015-040-7, 2008. Disponível
em:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde
/2008_unioeste_cien_md_volnecir_hoffmann.pdf acesso 25 ago. 2013.

Você também pode gostar