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Headley e Campos 2014 - Adm-E-Teoria-Das-Organ PDF
Headley e Campos 2014 - Adm-E-Teoria-Das-Organ PDF
UNOPAR
Administração
e teoria das
organizações
ISBN 978-85-87686-60-2
C M Y K CL ML LB LLB
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Administração
e teoria das
organizações
Samara Silva Headley
Ivan Ferreira de Campos
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© 2014 by Unopar
ISBN 978-85-87686-60-2
CDD 658
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Sumário
Unidade 1 — Organizações............................................1
Seção 1 As organizações: surgimento, evolução e importância.........3
1.1 Por que estudar as organizações?..............................................................5
1.2 Como poderíamos definir as organizações?..............................................6
1.3 Organização formal..................................................................................7
1.4 As organizações e o relacionamento com as pessoas................................8
1.5 Classificação das organizações ................................................................9
1.6 Organização formal e informal ..............................................................12
1.7 Dimensão das organizações...................................................................12
1.8 Setores econômicos da sociedade..........................................................13
1.9 Classificações econômicas, segundo a Receita Federal brasileira............15
1.10 Desempenhos das organizações...........................................................16
Seção 2 A importância da administração na
sociedade moderna...........................................................19
2.1 Teorias administrativas............................................................................19
2.2 O que é administração?..........................................................................20
2.3 Qual é a finalidade da administração?....................................................21
2.4 Qual é o papel da administração em uma organização atual?................22
2.5 O que você acha que determina o sucesso de uma organização?...........22
2.6 Comportamento organizacional e o sucesso das organizações...............23
2.7 Habilidades gerenciais...........................................................................25
2.8 Habilidades do administrador.................................................................28
1.3 Grécia....................................................................................................39
1.4 Romanos................................................................................................39
1.5 Organização militar................................................................................40
1.6 Revolução Industrial...............................................................................40
Seção 2 Bases históricas da administração .....................................42
2.1 Bases históricas da administração...........................................................42
2.2 Abordagem clássica da administração....................................................44
2.3 Abordagem da administração científica..................................................45
2.4 Administração como ciência..................................................................48
2.5 Outros representantes da administração científica..................................50
2.6 Críticas à administração científica .........................................................52
2.7 As ideias de Henry Ford..........................................................................53
2.8 Abordagem clássica................................................................................55
2.9 As funções administrativas......................................................................56
2.10 Críticas à Teoria Clássica e à expansão do movimento..........................58
2.11 Algumas considerações sobre Frederick Taylor e Henri Fayol................59
Sumário v
Referências.................................................................159
Sugestões de leitura....................................................163
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Carta ao aluno
Apresentação
A p r e s e n t a ç ã o xi
Unidade 1
Organizações
Organizações 3
Introdução ao estudo
As organizações contemporâneas ganham cada vez mais importância na
vida das pessoas, em função das mudanças no estilo de vida e pela sofisti-
cação no modo de viver o cotidiano da sociedade atual. Ao pensarmos mais
profundamente as organizações, chegamos à conclusão de que são elas que
possibilitam os meios para sobrevivência dos membros que delas participam
por meio de uma intensa relação de troca.
Essa relação de troca fica mais evidente quando observamos que o traba-
lhador emprega a sua força de trabalho física ou intelectual para o alcance dos
objetivos organizacionais e, em contrapartida, recebe a remuneração em forma
de salários diretos, gratificações, abonos, participação nos lucros e resultados.
O trabalhador, por sua vez, pode ter acesso aos bens de consumo ou bens
duráveis de acordo com sua a necessidade, interesse e poder de aquisição.
Ao estudar a unidade outro ponto que ficará evidente se refere ao desempe-
nho organizacional, pois se observa que no sistema produtivo atual os agentes e
parceiros (empregados, clientes, fornecedores, acionista e outros) devem sentir
um nível adequado de confiança para, só então, estabelecer um relacionamento
duradouro com as organizações.
Para demonstrar o nível de segurança necessário é preciso que as organiza-
ções sejam bem administradas, adotem métodos que visem otimizar a aplicação
dos recursos internos e busquem alcançar a eficácia no meio social no qual a
organização está inserida.
Organizações 5
recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)
(CHIAVENATO, 2007).
Essa visão a respeito das organizações nos permite reconhecer algumas
características que distinguem as organizações de outros grupos sociais. A
transformação de ideias se concretiza com a elaboração de um produto e/ou
serviços em que a divisão do trabalho e de responsabilidades são delibera-
damente planejadas, dando suporte às organizações com o intuito de atingir
objetivos previamente definidos.
Nota-se que nas organizações há a presença de centros de poder e decisão
que dirigem e controlam os esforços concentrados. Esse centro do poder é
formado por executivos, diretores ou presidentes de empresas que devem ser
responsáveis por reverem continuamente a sua realização comparando o que
foi realizado com aquilo que foi planejado. Os gestores devem utilizar essa
avalição (feedback) para reorientar a organização e, quando necessário, propor
medidas corretivas, com o objetivo de melhorar a sua eficiência (MATIAS, 2003).
Organizações 7
Costa (2010) aponta que existem outros aspectos que caracterizam uma
organização formal:
Os cargos de presidente, diretores, gerentes, supervisores, funcionários e
equipes operacionais são hierarquicamente organizados e dispostos em
organogramas.
A hierarquia de autoridade como autoridade e responsabilidade são
previamente definidas.
Os objetivos e os planos são definidos previamente para alcançá-los de
forma adequada.
A tecnologia constitui o modo de realizar o trabalho dentro da organiza-
ção.
As pessoas empregam a sua força de trabalho, inteligência e criatividade
na busca de realizar os objetivos almejados.
Assim, podemos compreender que uma organização se caracteriza por um
sistema planejado de esforços coletivos que cooperam entre si, por meio da
execução do papel de cada um dos participantes, como também pelo desem-
penho de suas tarefas e atividades no âmbito corporativo.
Organizações 9
Prestadoras
Industriais Comerciais
de Serviços
São as transformadoras. São as que comercializam. São aquelas que prestam
Transformam a matéria-prima. Compram e vendem. serviços.
Fábrica de Móveis Lojas Escola
Fábrica de Carros Supermercados Segurança
Fábrica de Eletrodomésticos Postos de Gasolinas Hotel
Fonte: Koetz (2009, p. 3).
O r g a n i z a ç õ e s 11
O r g a n i z a ç õ e s 13
Você precisa saber claramente que, além do critério adotado pelo Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), temos o critério
adotado pelo SEBRAE, que leva em consideração a quantidade do número de
funcionários empregados nas empresas, principalmente nos estudos e levanta-
mentos realizados sobre a presença da micro e pequena empresa na economia
brasileira, conforme os seguintes números encontrados no Quadro 1.2.
O r g a n i z a ç õ e s 15
1.9 C
lassificações econômicas, segundo a Receita
Federal brasileira
De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE),
orientada pela Receita Federal brasileira, existe outra forma de classificação
econômica aplicada a todos os agentes econômicos que estão engajados na
produção de bens e serviços, que compreende as seguintes divisões:
Primeiro Setor: se caracterizam pelos órgãos governamentais, tais como:
Ministérios, Secretarias, Autarquias e empresas de economia mista que, por-
tanto, têm dinheiro público aplicado sem suas operações.
No Segundo Setor estão as organizações de interesses privados, as deno-
minadas empresas. Essas organizações têm como finalidade a obtenção de
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organizações 17
Eficiência Eficácia
Ênfase nos meios Ênfase nos resultados
Realização de tarefas Alcance dos objetivos
Resolução de problemas Acerto na solução de proposta
Treinamento de funcionário Alcance da situação desejada
Fonte: Adaptado de Koetz (2009, p. 5).
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O r g a n i z a ç õ e s 19
O r g a n i z a ç õ e s 21
2.4 Q
ual é o papel da administração em uma organi-
zação atual?
As organizações modernas têm que lidar com temas complexos como a glo-
balização de mercados, com a relação de interdependência das organizações,
a fragmentação de mercado, e-commerce, e-bussines, entre outros assuntos que
assolam o mundo corporativo. Para encontrar respostas eficazes que permitam
aos empreendimentos se desenvolverem e prosperarem em terras muitas vezes
inóspitas e com grande nível de incertezas é preciso entender como as organi-
zações e seus agentes funcionam.
O entendimento correto das organizações está relacionado ao fato de se
constatar que na sociedade contemporânea as organizações têm grande va-
riedade de recursos para serem administrados e importantes decisões a serem
tomadas. Outro fator importante, a saber, está relacionado ao aspecto de que
na atual realidade as organizações atuam em um contexto muito diferente do
passado, no entanto, é necessário conhecer os fatos ocorridos tempos atrás, bem
como as suas circunstâncias e contextos, para entendermos melhor a estrutura
administrativa vigente. Os conhecimentos de fatos passados nos levam a refletir
sobre os modelos, princípios e postulados que fundamentaram a administração,
tal qual a conheceu na atualidade.
2.5 O
que você acha que determina o sucesso de uma
organização?
Ao tentar encontrar a resposta sobre o que determina o sucesso organizacio-
nal de um empreendimento, poderíamos enumerar uma série de itens, porém
iríamos fugir do foco estabelecido para este livro. O importante é sabermos
que um dos motivos mais importantes está relacionado com a maneira como
a administração é empregada na busca do alcance dos resultados esperados
pela organização.
É justamente por essa falta de habilidade administrativa que muitas boas
ideias se perdem e levam ao fechamento de vários negócios.
Temos que ter em mente que o ato de administrar é um dos fatores mais
significativos que contribuem para o fato das organizações serem capazes de
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O r g a n i z a ç õ e s 23
2.6 C
omportamento organizacional e o sucesso das
organizações
Durante muitas décadas a preocupação central constituía em estudar a
estrutura organizacional para apresentar modelos mais adequados de gestão
corporativa. Dessa forma, durante muito tempo, o estudo das organizações ficou
restrito ao conteúdo e a sua forma. O objetivo essencialmente estava associado
à estruturação das organizações a fim de que fossem cada vez mais eficientes,
para que, assim, pudessem sobreviver em um ambiente que se tornava cada
vez mais competitivo e com margens de lucros cada vez mais estreitas.
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Hoje, sabe-se que uma organização eficiente não terá necessariamente uma
vida longa. Muito embora a eficiência seja um esforço necessário, ela por si
só não é mais suficiente. Em um mundo em franca transformação, em que as
incertezas passaram a incorporar o dia a dia empresarial, o mais importante é
convergir esforços para criar uma dinâmica organizacional que permita lidar
com as situações imprevistas de forma bem-sucedida.
Possivelmente o segredo do sucesso esteja relacionado ao fato de que as
organizações que o mantêm são administradas como sistemas abertos, em
que a aprendizagem passou a ser um fator constante em suas operações. Elas
empregam esforços para construir um ambiente onde todos os envolvidos nos
diversos setores organizacionais possam aprender. O grande benefício de se
atuar dessa forma consiste em criar a possiblidade de solucionar problemas,
bem como desenvolver um sistema eficaz de acompanhamento das mudanças,
o que ajuda na elaboração de tendências antecipando-se aos fatos.
As organizações que têm como base de suas ações um sistema de gestão
aberto procuram proporcionar ao seu quadro funcional novos conhecimentos,
novas experiências, flexibilizam a estrutura hierárquica para que as novas ideias
possam fluir com mais facilidade.
As organizações que apresentam essas características têm em seu compo-
nente cultural o hábito de analisar o seu desempenho com relativa frequência
na tentativa de encontrar lacunas que possam ser preenchidas com ideias que
gerem valor a todos os envolvidos. O outro aspecto importante se refere ao
fato de que nesse tipo de organização se aprende com os próprios erros. Afinal,
existe a memória de uma situação malsucedida que deve ser reavaliada antes
de ser colocada em prática novamente.
Ao fazer um rápido levantamento podemos perceber que o mundo cor-
porativo está repleto de organizações que durante algumas décadas reinaram
absolutas e sempre estiveram associadas à imagem de empreendimentos sólidos.
Um belo dia, somos surpreendidos com a notícia de que o seu mundo ruiu, sem
chance de serem resgatadas. O que essas organização ainda não perceberam
é que o insucesso de um empreendimento acontece em etapas. Os momentos
anteriores que antecedem o insucesso simplesmente passam despercebidos, ou
são interpretados como resultados ruins que podem ser revertidos no período
seguinte com uma boa jogada de marketing.
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O r g a n i z a ç õ e s 25
Habilidades necessárias
Fonte: Adaptado de Maximiano (2011, p. 149).
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O r g a n i z a ç õ e s 27
O r g a n i z a ç õ e s 29
2.8.4.2 H
abilidade de tomar decisões em condições de ambiguidade
As situações que os gestores enfrentam geralmente não são estruturadas. Isso
exige a necessidade de serem diagnosticadas e envolve a capacidade de interagir
com vários tipos de decisões diferentes entre si, ao mesmo tempo. Frequen-
temente os gestores enfrentam inúmeros problemas e precisam tomar muitas
decisões em curto período. A ambiguidade acontece quando o gestor dispõe
de poucas informações e pouco tempo para lidar com a situação apresentada.
O r g a n i z a ç õ e s 31
Resumo
O atual cenário de profundas mudanças, instabilidades e incertezas que
tem permeado o cotidiano administrativo impõe um ritmo novo às organi-
zações com ou sem fins lucrativos. A classificação dos setores econômicos
traz à luz a ascensão do quarto setor e faz emergir o quinto setor econômico
ainda de forma precoce, mas que ganha cada vez mais importância social
e é visto como fonte empregadora de mão de obra. O quinto setor também
se tornou uma grande prestadora de serviço que faz gerar emprego e renda.
Outo fator importante está atrelado aos aspectos do desenvolvimento de
habilidades e papéis do administrador que devem se empregados na busca
de mais eficiência e alcance da eficácia organizacional.
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Atividades de aprendizagem
E agora que chegamos ao final, vamos testar os conhecimentos adqui-
ridos. Para isso, propomos que sejam feitas as atividades a seguir:
1. No quadro a seguir você deverá preencher os espaços em branco com
exemplos de organizações que por um lado produzem bens e do outro
prestam serviços.
O r g a n i z a ç õ e s 33
Unidade 2
Contexto histórico da
administração
Samara Silva Headley
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 37
Introdução ao estudo
Nesta unidade do livro iremos entrar em contato as abordagens adminis-
trativas que estruturaram a administração tal qual a conhecemos hoje. Serão
apresentadas as principais teorias, suas características, seus propósitos, e suas
contribuições para a administração. Para isso, voltaremos nosso pensamento
para o início do século XX, período em que surge a administração científica.
É justamente a partir do pensamento científico que faremos nossa viagem pela
história da administração.
Diante do cenário dinâmico e incerto que assola as nações e empresas do
mundo contemporâneo, você poderia perguntar: por que iremos estudar as
teorias que foram desenvolvidas em um contexto tão distante do atual?
As respostas para essa pergunta poderiam ser variadas, mas as principais
são: (1) Porque nos permitem identificar as contribuições que outros estudiosos
deram para a formação do pensamento administrativo. (2) A outra explicação
envolve o fato de que tais conhecimentos de fatos e situações passadas nos
fazem compreender melhor as organizações atuais e nos guiam em muitas
decisões no presente.
Podemos primeiramente considerar que o conhecimento das teorias ad-
ministrativas nos permite comparar e contestar as preposições encontradas
na prática nos diversos tipos de segmentos organizacionais e, finalmente,
porque nos trazem respostas a muitas dúvidas relacionadas às organizações
contemporâneas.
Convém destacar que as organizações tal qual conhecemos hoje nem sem-
pre existiram com esse formato. Todavia, percebe-se que no decorrer da história
sempre houve alguma maneira de administrar as contingências existentes.
Dentro desse contexto, vamos iniciar os nossos estudos fazendo uma breve
análise dos desafios pelos quais passaram os povos antigos quando tiveram que
lançar mão de práticas administrativas para lidar com situações contingenciais
características da época.
1.1 Os sumérios
Em nossa primeira volta ao tempo temos como referência a Suméria, que
ficava localizada no atual Iraque. De acordo com os registros foram encontrados
dados que datam de aproximadamente 3.000 anos atrás. Nesses documentos,
existem indicações quanto aos procedimentos e métodos que os sacerdotes
sumérios adotavam para controlar, organizar e fiscalizar seu imenso sistema
tributário (KARKOTLI et al., 2008). Os livros primitivos feitos com argilas con-
tam a história dos povos sumérios e podem ser encontrados nos museus e em
algumas universidades ao redor do mundo. Maximiano (2004) atribui ainda aos
sumérios alguns outros fatos importantes da história do pensamento administra-
tivo, como a formação de uma classe de dirigentes profissionais, especialmente
formada por reis e sacerdotes (hierarquia).
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C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 39
1.2 Hebreus
Continuando a nossa viagem pela histórica, vamos passar pelos históricos
bíblicos. Karkotli et al. (2008) relatam que no velho testamento quando o povo
hebreu estava atravessando o deserto ocorreu um imenso desafio administra-
tivo: seu líder Moisés estava sobrecarregado até que seu sogro, Jetro, deu-lhe
algumas orientações.
Sugeriu que fossem identificados entre os homens aqueles que poderiam
ser chefes de 10, 100 e de 1.000 outras pessoas. Estes escolhidos deveriam
analisar as situações mais corriqueiras e, dessa forma, somente seriam levados a
Moisés aqueles assuntos de maior importância e que fugissem da competência
de seus assessores.
Nessa história ficam evidentes alguns aspectos administrativos, como a divi-
são hierárquica, delegação de poderes, capacidade de negociação em situações
de conflito e comunicação. Esses pontos são frequentemente encontrados na
gestão moderna.
1.3 Grécia
No século V a.C, havia nos domínios gregos um período de produção de ideias
e soluções que viriam a influenciar profundamente a administração das organiza-
ções de todos os tipos. Aos gregos podemos atribuir o surgimento da democracia,
a estratégia, o pensamento de igualdade de todos perante a lei, a ética na admi-
nistração pública, o planejamento urbano, a universalidade a administração, o
raciocínio metódico e os princípios da qualidade.
Na ótica de Maximiano (2004) essas foram algumas das contribuições que
podem ser atribuídas aos povos gregos, os quais se preocuparam em delinear
as principais concepções teóricas e práticas sobre a administração.
1.4 Romanos
Há cerca de 700 anos a.C, surgiu um grande império onde está situada a
atual Itália, que mais tarde ficou conhecido como domínio romano. A extensão
territorial dos romanos ia da atual Inglaterra, passava pelo Oriente Médio e se
estendia até o norte da África. No auge do Império Romano a sua população
chegou a atingir a marca de 50 milhões de pessoas.
Com toda essa extensão territorial e quantidade de gente, os romanos pre-
cisavam de uma forma de organização que fosse funcional e proporcionasse
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C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 41
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 43
continuação
1982 Neo-Schumpeteriana Tecnologia
Administração Participativa
Administração Holística
1991 até a
Novas abordagens administrativas Benchmarking
atualidade
Reengenharia
Terceirização
Fonte: Da autora (2013).
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 45
Nessa fase dos seus estudos, Taylor ainda se preocupou com outros aspectos
ligados ao trabalho, como: a padronização de equipamentos e ferramentas, o
sequenciamento e a programação das tarefas e, também, os estudos dos mo-
vimentos empregados na realização das atividades.
No início do século XX, com o crescimento acelerado das indústrias, a ine-
ficiência dos operários era fator predominante. Também consistia em fonte de
problemas: os baixos índices de produtividade e lucros decrescentes em
decorrência de não haver qualificação dos operários, a ausência de padroni-
zação nos métodos e técnicas de trabalhos, e ainda havia a questão da falta de
conhecimento das rotinas de trabalho por parte da gerência.
Nesse período Taylor se mostrava determinado em enfrentar outra questão
crônica das indústrias da época: o problema do desperdício que estava presente
em boa parte das indústrias americanas daquele período histórico.
Taylor já tinha percebido claramente que o desperdício era um dos vilões
industriais e prejudicava a formação do preço de vendas dos produtos. A saída
encontrada por ele residia na ideia básica de aumentar a produtividade dos
operários. Com essa ação poderia se proporcionr a redução de custos de pro-
dução, o que levaria ao aumento das margens de lucro e colocaria a empresa
em melhor vantagem competitiva no mercado.
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 49
Importante:
Com a aparente desorganização que havia, os operários da época procuravam
aprender o trabalho por meio da observação dos seus colegas de trabalho e, com
isso, desenvolviam seus próprios métodos para realizar as tarefas. Percebeu-se
também que os operários realizavam as atividades da maneira que consideravam
a mais apropriada e aperfeiçoavam as ferramentas conforme as suas necessidades.
Esse método gerava inúmeras maneiras de realizar o mesmo trabalho e se mostrou
ineficiente na sua operacionalização.
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 51
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 57
C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 59
2.11 A
lgumas considerações sobre Frederick Taylor e
Henri Fayol
Os estudos de Frederick Taylor aconteceram em uma época bastante favo-
rável, pois havia a necessidade de se colocar em funcionamento as incipientes
indústrias do século XX, havia a abundância de mão de obra desqualificada
e barata e, também, a quase ausência de leis trabalhistas e sindicatos; o apa-
recimento das indústrias automobilísticas e, ainda, o crescimento das demais
indústrias que gozavam de grande poder econômico. Taylor tinha a convicção
de que com a participação harmônica de todos os principais envolvidos no
processo fabril (empregado e patrão), o aumento da produtividade proporcio-
naria benefícios para todos.
O principal objeto de interesse taylorista era a máxima eficiência produtiva,
visando ao incremento da empresa e à sua máxima eficiência produtiva. Já o
trabalhador não se constituiu fonte de interesse genuíno dentro da sua linha
de raciocínio (CHIAVENATO, 2000).
Taylor conduziu os seus estudos com foco nas operações de trabalho e
obteve como resultado um considerável aumento de produtividade, que cha-
mou a atenção do mundo corporativo da sua época e que aos poucos outras
empresas foram colocando em prática as respectivas concepções da Adminis-
tração Científica. Algumas décadas depois, os setores industriais, bancários,
educacionais, entre outros utilizaram o método da racionalização do trabalho
na busca da eficiência operacional.
Outro aspecto favorável ao desenvolvimento do trabalho de Taylor foi que
o emprego do seu método proporcionou ao longo dos tempos significativas
reduções dos custos unitários dos produtos e a sensível ampliação da margem
de lucro. Os resultados obtidos geraram grande surpresa e simpatia ao empre-
sariado e proporcionou a disseminação mais facilmente das ideias tayloristas,
que ainda hoje podem ser percebidas em determinados segmentos produtivos
e sociais.
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C o n t e x t o h i s t ó r i c o d a a d m i n i s t r a ç ã o 61
res defendem o ponto de vista de que, muito embora o setor industrial fosse o
maior receptáculo da filosofia taylorista, as ideias da Administração Científica
que se iniciaram no chão de fábrica das indústrias acabaram sendo absorvidas
por vários tipos de organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos, grandes
ou pequenas.
Hoje, se percebe que tais pressupostos extrapolaram o mundo empresarial
e deixaram marcas indeléveis na sociedade em geral, e as principais podem ser
observadas até mesmo na nova e crescente indústria da prestação de serviços.
Desde o início de seus estudos Taylor enfatizou a busca pela eficiência e
o aumento da produtividade, o que levou a dispensar a atenção especial ao
ambiente onde eram realizadas as tarefas. Portanto, assuntos relacionados à
maximização de recursos, uniformidade, padronização, trabalho em menor
tempo e eliminação do desperdício leva ao caminho do taylorismo.
Resumo
Ao entrar em contato com os fatos e eventos narrados nesta unidade
podemos identificar as contribuições que fundamentaram a teoria da ad-
ministração científica iniciada por Frederick W. Taylor. Essa teoria provocou
uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo
industrial. As soluções apontadas para o aumento da produtividade propôs
métodos de trabalho: sistemas de racionalização do trabalho, disciplina
do conhecimento operário colocando-o sob o comando da gerência, a
seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tarefas, a fragmentação e
a hierarquização do trabalho. Os estudos de Taylor enfocaram, ainda, os
estudos de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador
e propuseram que as atividades complexas fossem divididas em partes mais
simples, facilitando a execução e padronização. Taylor propôs também
incentivo salarial e prêmios pressupondo que as pessoas são motivadas
exclusivamente por interesses financeiros e materiais, daí surge o termo
homo economicus.
Os estudos de Henry Fayol levaram a estabelecer as funções adminis-
trativas, que são responsáveis pela integração entre as funções técnicas,
comerciais, financeiras, contábeis e de segurança. Para que seja possível
essa integração, a função administrativa tem características específicas:
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.
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Atividades de aprendizagem
1. Descreva as principais contribuições de Frederick W. Taylor (1856-1915)
para a administração.
2. Identifique os tipos de organizações que utilizam os métodos estudados
por Taylor e seus seguidores nos dias atuais.
3. Quais foram as principais contribuições para a administração dos es-
tudos desenvolvidos por Henry Fayol (1841-1925)?
4. Em que tipo de organização podem ser encontradas as funções admi-
nistrativas propostas por Henry Fayol?
5. Qual é o enfoque dos estudos dos autores neoclássicos?
6. Estudo de caso: Remelt Foods Indústria de Alimentos LTDA.
O objetivo dessa atividade é entender a situação em que se encontra a
empresa e verificar como as teorias de Taylor, Fayol, Ford e outros se apli-
cam a esse caso.
Instruções para resolver o caso apresentado:
leia o texto atentamente;
faça uma análise da situação e destaque os pontos positivos e negativos
descritos no texto e outros que podem ser inferidos;
proponha ações que possam ser empregadas para resolver os proble-
mas apresentados.
Augusto foi contratado pela empresa Remelt Foods Indústria de Alimentos
Ltda há 3 anos, para ser líder de grupo na área de produção. Em função de
suas características pessoais e pelo alto desempenho apresentado, ao final
do terceiro ano ele foi convidado para se tornar o gerente de produção.
Hoje, ele tem sob a sua responsabilidade 150 empregados e uma pro-
dução anual de 60.000 caixas de arroz pré-cozidos. Embora a indústria se
encontre com boa saúde financeira, a situação pode mudar drasticamente
em função da principal concorrência que consegue produzir 82.000 caixas/
ano e ainda oferece preço mais competitivo. O outro ponto de preocupação
para a Remelt Foods Ltda. está associado à disseminação de produtos mais
populares com preços mais acessíveis que vêm do mercado externo.
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Unidade 3
Abordagem humanística
e comportamental
Samara Silva Headley
A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 67
Introdução ao estudo
O movimento humanístico surge devido às transformações ocorridas nas
indústrias e na sociedade no início do século XX. Associado a esse contexto,
houve também a percepção sobre a necessidade de melhorar o ambiente de
trabalho e organizá-lo de forma mais compatível aos tempos de mudanças.
Essa nova forma de entender as pessoas ficou conhecida como Escola das Re-
lações Humanas ou Abordagem Humanística, cujo foco principal concentra-se
nas pessoas.
A visão humanística criou uma forma totalmente nova de enxergar o ser
humano e gerenciar o seu trabalho dentro das organizações. Com o emprego
da nova abordagem se buscou conhecer o comportamento, as atitudes e sen-
timentos dos trabalhadores e, a partir desse novo contexto, passa-se a identi-
ficar e estudar a formação de grupos e a sua influência na produtividade das
organizações.
O movimento humanístico foi incrementado pelas lacunas deixadas pela
concepção da Teoria Clássica, que de forma míope focalizou o Homo eco-
nomicus, cuja ambição era eminentemente financeira. O enfoque humano
propõe uma nova perspectiva ao trabalhador, que passa a ser visto como um
ser social que precisa se relacionar com as pessoas na busca de aceitação e
satisfação pessoal.
A partir desse marco começa-se a pensar nos temas ligados à cultura organi-
zacional, ao clima organizacional, à liderança e, naturalmente, à motivação no
ambiente de trabalho. O ponto alto da evolução do pensamento humanístico
se dá quando tardiamente começou a ser propagada a ideia da participação
dos funcionários na tomada de decisões e na disponibilização das informações
que antes circulava apenas na esfera da alta administração.
A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 69
dá não somente pela sua competência física, mas sim pelos seguintes motivos
(KOETZ, 2009):
Pela integração do indivíduo com o grupo.
Os trabalhadores tendem a reagir como membros de grupos e não de
forma isolada.
O reconhecimento do grupo (formas de recompensas e punições) influen-
cia a motivação do trabalhador.
A existência de grupos informais dentro da organização e estes grupos
definem suas próprias regras de comportamento.
Percebeu-se, também, o aumento das relações humanas através da
participação nestes grupos e que o trabalho repetitivo torna a atividade
cansativa e monótona.
A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 71
1.8 Motivação
Você, prezado aluno, provavelmente já deve ter se indagado sobre como
motivar as pessoas no ambiente de trabalho ou em círculo de amigos. Então,
eu convido-o a ler e discutir o assunto a seguir.
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A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 75
Aut Autorrealização
Necessidades
Sociais
Necessidades
de Segurança
Necessidades Básicas
ou Fisiológicas
1.10 Behaviorismo
Os fisiólogos russos Vladimir Mikhailovich Bechterev e Ivan Petrovich
Pavlov(1849-1936) foram os primeiros a propor uma psicologia cuja pesquisa
se baseasse no comportamento. Pavlov, por sua vez, foi o primeiro a propor o
modelo de condicionamento do comportamento conhecido como condiciona-
mento reflexo. Pavlov se tornou famoso por utilizar os cães em suas pesquisas
experimentais, por isso o behaviorismo é uma área controversa do enfoque
comportamental dada a sua associação ao adestramento de animais. No en-
tanto, percebe-se que ele aborda conceitos que o administrador moderno deve
conhecer (MAXIMIANO, 2011).
O estudo behaviorista inspirou a publicação, em 1913, do artigo “A Psico-
logia: como os Behavioristas a veem”, de John B. Watson (1878-1958). A obra
foi o primeiro texto a usar o termo behaviorismo e inspirou o primeiro artigo
da vertente da behaviorista clássica.
O foco principal do behaviorismo é a previsão e controle do comporta-
mento, partindo do pressuposto de que a conduta dos indivíduos é observável,
mensurável e controlável similarmente aos fatos e eventos das ciências naturais
e nas exatas. O mais importante behaviorista depois de Watson foi B. F. Skinner,
que buscou trabalhar com o comportamento operante, por meio de uma filo-
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A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 77
Orgulho de crescimento.
Reconhecimento pelo trabalho bem feito.
Durante o desenvolvimento dos estudos Herzberg, identificou os fatores que
podem influenciar a motivação humana e que estão relacionados com o desen-
volvimento das tarefas (HERZBERG, 1968 apud MAXIMIANO, 2007, p. 268):
b) Fatores relacionados com as condições decorrentes
da profissão:
Estilo de supervisão do chefe.
Relações pessoais com os colegas.
Salários.
Política de administração de Pessoal.
Condições físicas e segurança no trabalho.
Herzberg (apud MAXIMIANO, 2007) evidenciou por meio de muitos estudos
práticos a presença de dois fatores distintos, que devem ser considerados na
satisfação do cargo; são eles: os fatores higiênicos e os motivacionais.
Os fatores higiênicos são aqueles que criam o clima psicológico saudável
e influenciam a satisfação com as condições necessárias para a realização do
trabalho. Quanto mais higiênico for o ambiente, melhor será o clima de traba-
lho. O bom clima tende a deixar as pessoas mais contentes e cria meios para
que haja aumento da satisfação no trabalho. Na visão de Maximiano (2007), o
ambiente de trabalho produz satisfação ou insatisfação com o próprio ambiente,
mas não a motivação para o trabalho.
Fatores motivacionais não são suficientes para produzir o estado de mo-
tivação para o trabalho. Para que haja motivação, de acordo com Herzeberg
(apud MAXIMIANO, 2007), é preciso que as pessoas estejam sintonizadas
com o trabalho que estão desenvolvendo e encontrem nele a oportunidade de
exercitar suas habilidades ou desenvolverem suas aptidões inatas. Na visão
dos pesquisadores comportamentais apenas o trabalho em si e seu conteúdo
produzem motivação para o trabalho.
ções passaram a ser revistas e alteradas. Dentre as críticas à Teoria das Relações
Humanas, Chiavenato (2007, p. 60, grifo do autor) alinha as seguintes
observações:
1. Oposição cerrada à Teoria Clássica — Em muitos
aspectos, a Teoria das Relações Humanas foi diame-
tralmente oposta à Administração Científica: os fatores
considerados decisivos e cruciais por uma escola, mal
eram focalizados pela outra, e as variáveis que uma
considerava centrais eram quase ignoradas pela outra.
2. Inadequada visualização dos problemas de relações
industriais — seja da compreensão do problema do
conflito e dos interesses conflitantes dos empregados
e da organização, seja da própria localização das
causas e das implicações desse conflito.
3. Concepção ingênua e romântica do operário — ima-
gem do um trabalhador feliz, produtivo e integrado
no ambiente de trabalho. Contudo essa imagem nem
sempre foi confirmada por pesquisas posteriores,
que descobriram, sobretudo, trabalhadores felizes e
também improdutivos, descaracterizando a correlação
entre satisfação e produtividade.
4. Limitação do campo experimental — restrito à fábrica,
deixando de verificar outros tipos de organizações,
como bancos, hospitais, universidades etc., o que
reduz a aplicabilidade das suas teorias e conclusões.
5. Parcialidade das conclusões — restringindo-se à
organização informal e sofrendo de uma escassez
de variáveis, enfatizando os aspectos informais da
organização e relegando os aspectos formais a um
plano inferior.
6. Ênfase nos grupos informais — concentração no es-
tudo dos grupos primários como seu principal campo
de atuação. Supervaloriza a coesão grupal como
condição de elevação da produtividade.
7. Enfoque manipulativo das relações humanas — os
autores da Escola das Relações Humanas se preocu-
param mais com o bem-estar e com a felicidade dos
trabalhadores, esquecendo-se de que essa preocu-
pação não é a função principal da empresa, que é a
de produzir bens e gerar lucros. Essa teoria tem sido
criticada pelo fato de desenvolver uma sutil estraté-
gia manipulativa de enganar os operários e fazê-los
trabalhar mais e exigir menos.
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A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 81
8. C
onceito de manipulação — “[...] processo por meio
do qual se condiciona o indivíduo a fazer qualquer
coisa sem a sua participação realmente livre”.
9. Outras críticas — a Escola da Administração Cientí-
fica e a de Relações Humanas possuem ideias úteis,
mas que se aplicam a situações diferentes, embora
sejam exceções os casos em que suas abordagens não
podem ser aplicadas.
Muito embora as críticas feitas às Teorias das Relações Humanas serem
muito contundentes, um fato me parece verossímil: a motivação humana é
algo complexo e por isso tem se tornado uma área de bastante relevância nas
práticas administrativas.
Essa preocupação consiste na busca da construção de uma relação mais
satisfatória entre os colaboradores e a organização. Essa forma de pensar hoje
em dia ganha cada vez novos adeptos, pois se entende que o ser humano é
quem busca aprimorar os sistemas organizacionais, usa a criatividade para
encontrar alternativas plausíveis e ainda é dotado de sentimentos, valores e
comportamentos que merecem maior atenção por parte dos gestores.
A motivação é outro ponto de grande interesse nas relações trabalhistas
atuais, pois é vista como uma força interior propulsora, de importância decisiva
nas atitudes e escolhas do ser humano.
Na prática administrativa verificamos que quanto maior é o cargo, mais
sofisticado se torna o sistema de recompensas financeiras e simbólicas. Já o
sistema de punições tem como finalidade essencial mudar os comportamentos
considerados indesejáveis (faltas, atrasos e baixo desempenho) que se mostram
fatores impeditivos do alcance dos objetivos organizacionais.
As organizações durante muitas décadas implantaram modelos rígidos e
treinamentos sistemáticos para impor um padrão de conduta, de forma que o
trabalhador separasse os seus problemas pessoais da vida profissional. No en-
tanto, essa prática administrativa não trouxe os resultados concretos duradouros,
porque as pessoas não trancam os seus sentimentos de angústia, frustação ou
ansiedade em casa e vão para trabalho. Hoje, as organizações modernas veem
as pessoas com um todo. Um ser complexo em que convivem razão e emoção,
vida pessoal e profissional.
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A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 83
A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 87
2.2.1.1 Formalidade
O aspecto formal da organização é constituído de normas e regulamentos
explícitos (escritos) comumente, conhecido como leis (encontradas nos manuais
corporativos) que estipulam os direitos e deveres das pessoas no trabalho. Para
ficar mais clara essa questão, pense na organização formal que você trabalha
e procure perceber como as pessoas que lá trabalham estão subordinadas às
regras racionais que recebem dia após dia. O termo racional é empregado por
tentar estabelecer uma coerência lógica entre os meios empregados na execu-
ção de uma determinada atividade e os fins pretendidos pela organização. No
modelo burocrático o comportamento esperado na organização não depende
das preferências individuais dos administradores (MAXIMIANO, 2007).
Os deveres e direitos estão descritos nas normas e regulamentos organiza-
cionais, essas normas acabam criando cargos que são assumidos por pessoas
que assumem a figura de autoridade, o que dá a elas o direito de emitir ordens
e o poder de ser obedecida. Frequentemente, observa-se que as organizações
burocráticas estabelecem sistemas de punição quando é identificado o descum-
primento dos regulamentos. As punições são formas de garantir a funcionalidade
padronizada do sistema.
2.2.1.2 Impessoalidade
No contexto burocrático a palavra impessoalidade significa que nenhuma
pessoa é empregada da outra e as relações em uma organização burocrática
são governadas pelo cargo que as pessoas ocupam, bem como pelos direitos
e deveres investidos pelo cargo (MAXIMIANO, 2007).
As pessoas ocupantes dos cargos são vistas como superiores e estão su-
bordinadas ao conjunto de leis que estabelecem limites para os seus poderes,
dentro dos quais podem dar ordens e devem ser obedecidos. A obediência de
seus funcionários não lhe é devida pessoalmente, mas ao cargo que ocupa.
Na visão de Weber (apud MAXIMIANO 2007, p. 101), “[...] no tipo ideal
de burocracia o que conta é o cargo e não a pessoas”. As organizações formais
têm um forte componente impessoal. A formalidade e a impossibilidade fazem
a burocracia permanecer em detrimento das pessoas, de tal sorte que, na visão
do autor, mesmo em situações adversas a máquina burocrática continuará a
funcionar normalmente, da mesma forma que antes.
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2.2.1.3 Profissionalismo
A palavra funcionalismo está relacionada aos cargos oferecidos pela orga-
nização burocrática que proporcionam uma carreira profissional e um meio
de obter a sua sobrevivência. O nome dado a um integrante da burocracia
é funcionário, que recebe regulamente o seu salário em troca dos serviços
prestados. Maximiano (2007, p. 101) refere que a “[...] escolha para ocupar o
cargo em geral, deve-se as suas qualificações profissionais”. Ao ingressar na
estrutura burocrática as suas qualificações vão sendo aprimoradas por meio
do treinamento especializado.
mais das pessoas do que das regras preestabelecidas. As conclusões dos estudos
apontaram alguns tipos de organizações que passaremos a conhecer em seguida.
A b o r d a g e m h u m a n í s t i c a e c o m p o r t a m e n t a l 93
Resumo
Quando nos propusemos a analisar a realidade da vida moderna,
constatamos que com o desenvolvimento da sociedade contemporânea as
organizações passaram a ganhar uma importância nunca antes imaginada.
Hoje se percebe que é por meio das organizações que os trabalhadores
da era moderna ganham os salários para garantir a sua sobrevivência e
de sua família. A outra constatação que pode ser feita é que passamos
trabalhando dentro das organizações boa parte de nossas vidas, antes de
nos aposentarmos de nossa atividade profissional.
As organizações modernas têm que lidar com temas complexos como
a globalização de mercados, a relação de interdependência das organiza-
ções, a fragmentação de mercado, e-commerce, e-bussines, entre outros
assuntos que assolam o mundo corporativo e desafiam a gestão de todos
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Atividades de aprendizagem
1. Quais são as origens da Teoria Humanística? E em que consiste a sua
abordagem?
2. Quais foram as principais contribuições que os estudos desenvolvidos
por Elton May em Hawthorne trouxeram à administração?
3. Como as necessidades afetam a motivação?
4. Descreva os vários meios que você poderia usar para motivar os
seguintes tipos de funcionários:
(a) funcionários que ganham salário-mínimo;
(b) funcionários com qualificação técnica;
(c) funcionários com graduação e especialização.
5. Como os administradores e gestores podem aplicar a concepção
behaviorista na administração das organizações?
6. De acordo com a Teoria dos Dois Fatores estudada por Frederick
Herzberg, o que leva à satisfação ou à insatisfação no trabalho?
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Unidade 4
Abordagem
estruturalista e
neoclássica
Samara Silva Headley
A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 97
Introdução ao estudo
Embora o estruturalismo não se constitua propriamente como uma linha de
pensamento específica dentro da administração e, por isso, muitos autores não
deem a ele o devido destaque para o seu contexto, seu conteúdo e importância
devem fazer parte do conhecimento do administrador, pois junto com as outras
teorias ele ajuda a compor o quadro evolutivo pelo qual passou a administração.
Para alguns autores, o motivo para relegar o estruturalismo ao segundo
plano está ligado ao fato de que a temática sobre ele é basicamente a mesma
abordada pela corrente comportamentalista e pelas relações humanas. A di-
ferença entre os humanistas e os estruturalistas só acontecem em função da
visão sistêmica que envolve o processo administrativo, fato que conferiu mais
ênfase ao assunto e proporcionou a amplitude da abordagem da Teoria Geral
dos Sistemas, que será abordada em estudos posteriores.
No tocante à Teoria Neoclássica, a característica mais marcante está no
estabelecimento de foco, na aplicação dos princípios administrativos e no
pragmatismo na busca de resultados concretos e palpáveis.
A Teoria Neoclássica será referenciada por meio da abordagem da Admi-
nistração Por Objetivos, em que o trabalho passou a se construir em meio para
obter os resultados desejados pela organização.
rarquia; (b) tanto mais importantes forem estas decisões tomadas nas escalas
baixas da hierarquia; (c) tanto maior for o número de funções afetadas pelas
decisões nas escalas baixas da hierarquia; (d) tanto menor for a supervisão de
decisão, observam Muniz e Faria (2007).
Passaremos a seguir a conhecer a respeito de uma importante corrente ad-
ministrativa que ficou conhecida por Administração por Objetivos.
1.4 P
rincipais contribuições da Administração
Por Objetivos
O idealizador da teoria da Administração Por Objetivos foi o renomado
estudioso Peter Drucker, em 1964. Ele recebeu a colaboração em momentos
diferentes de outros estudiosos. A Administração Por Objetivos é vista como um
processo pelo qual os gerentes, superiores e subordinados de uma organização
identificam objetivos comuns, definem as áreas de responsabilidade de cada
participante em termos de resultados esperados e usam esses parâmetros para
tomada de decisão.
Segundo a observação de Drucker (apud MUNIZ; FARIA, 2007, p. 101):
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A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 103
Fonte: Adaptado de Hellrigel e Slocum Junior (1974 apud MUNIZ; FARIA, 2007, p. 134).
A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 105
A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 107
2.3 O
rganizações envolvidas em problemas complexos
Há na sociedade moderna aquelas organizações que estão incumbidas
especificamente de enfrentar problemas muito complexos. Muitas dessas
organizações não são singulares, mas resultam da interação e colaboração
de diferentes organizações. Portos e aeroportos, organizações multilaterais,
como consórcios de empresas, prefeituras de grandes cidades, entrepostos
de abastecimento, cooperativas, montadoras de veículos de todos os tipos,
organizações responsáveis por eventos como as Olimpíadas ou corridas de
Fórmula 1, e outros empreendimentos similares, são colmeias ou condomínios
de organizações.
O pensamento sistêmico, com sua perspectiva mais específica na aborda-
gem, interpreta e busca soluções para os problemas complexos, bem como
complementa e integra os conhecimentos especializados dos empreendedores.
Esse aspecto fica mais evidente ao analisarmos o enfoque da administração
científica, que não se preocupava com o desempenho da organização na sua
totalidade. Os esforços eram direcionados apenas para a eficiência fabril. Porém,
os gestores que se limitarem a atacar as questões de eficiência sem considerar as
implicações da poluição, do comportamento humano e muitas outras variáveis,
simultaneamente, sem negligenciar o desempenho da organização, certamente
estarão criando problemas em vez de resolvê-los.
2.5 Entradas
As entradas (inputs) envolvem todos os recursos físicos (máquinas, equi-
pamentos, processos, pessoas etc.) e abstratos (ideias e criatividade) que
contribuem para formar o sistema, incluindo todas as influências e recursos
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2.5.1 Processo
Considera-se que todo sistema obedece à determinada dinâmica e tem pro-
cessos que estão interligados aos principais componentes que proporcionam
meios de transformar os elementos de entrada em resultados.
Cada tipo de sistema tem um processo ou dinâmica própria, isso equivale
dizer que as organizações usam o sistema composto por pessoas, dinheiro,
materiais e informação, em diferentes partes dos seus processos internos para
obter resultados.
Portanto, o processamento consiste na transformação das entradas que se-
rão processadas e transformadas em produtos ou serviços que serão ofertados
para determinado público-alvo. Para realizar o processamento cada tipo de
organização utiliza diferentes tecnologias, possuem normas e regulamentos
próprios, e cultura diferenciada para produzir itens específicos. A definição da
natureza do sistema é determinada pelo próprio processo de transformação
que é composto de várias pequenas partes, se houver falha em qualquer parte
do sistema, a qualidade da saída será comprometida.
Um exemplo de sistema é a criatividade, tendo em vista que trabalha exclu-
sivamente com a matéria-prima do intelecto, por isso é formada por um sistema
conceitual, onde entram informações que são processadas para produzir novas
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A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 109
2.5.2 Saídas
As saídas (outputs) são os resultados produzidos pelo próprio sistema. As
saídas são formadas pelos objetivos que o sistema pretende atingir ou efetiva-
mente atinge. No mundo corporativo as saídas compreendem os produtos e
serviços que são ofertados para os clientes ou usuários dos serviços, os salários
e impostos que se paga, ou lucro dos acionistas. O sistema-empresa é formado
de inúmeros sistemas menores, como o sistema de produção e o sistema admi-
nistrativo, cada um dos quais tem suas saídas específicas (MAXIMIANO, 2007).
2.6 Sinergia
É uma palavra utilizada para indicar a noção de que a soma do todo é
maior que a soma de suas partes. Um sistema ou conjunto de recursos apre-
senta sinergia quando o resultado da interação das partes se torna maior que
a simples soma das partes. Por exemplo, um grupo de pessoas que interagem
podem formar uma família, empresa ou cidade. Sem interação, são apenas um
aglomerado de pessoas, como os passageiros de um ônibus. Sem interação, o
grupo não é mais do que a simples agregação de seus componentes. É a inte-
ração que produz o efeito que faz surgir o sistema.
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2.7 Feedback
Feedback está relacionado com o retorno da informação, efeito retroativo
ou realimentação. Maximiano (2007) estabelece que o feedback reforça ou
modifica o comportamento do sistema e pode ser intencional, projetado dentro
da própria estrutura do sistema, a fim de cumprir uma finalidade específica de
controle ou reforço.
O feedback se torna importante porque permite a adoção de medidas cor-
retivas quando ocorre alguma distorção no planejamento.
A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 111
A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 113
Resumo
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os aspectos que funda-
mentam a abordagem estruturalista e de destacar a contribuição da burocracia
para o desenvolvimento da organização. Outro ponto abordado é a Teoria
Neoclássica, que tem como pano de fundo a Administração Por Objetivos.
Durante os estudos da unidade podemos conhecer um pouco mais
sobre as suas principais contribuições e seus desdobramentos que ajuda-
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Atividades de aprendizagem
1. Explique em que consiste a Teoria Estruturalista e destaque as suas
principais características.
2. Para Max Weber, qual é o significado de burocracia?
3. Quais as características de uma organização burocrática?
4. Explique o que são as disfunções burocráticas e suas consequências
para os envolvidos no processo administrativo.
5. Explique as principais concepções do pensamento neoclássico e sua
contribuição para a administração.
6. O que é a Administração Por Objetivos e qual a sua contribuição para
o mundo corporativo?
7. Estudo de Caso: A Mermeid Ltda. Calçados e Seus Processos Buro-
cráticos.
A Merrmeid Ltda. está no mercado há 18 anos e tem uma sólida carteira
de clientes em função dos produtos de alta qualidade e preços compatí-
veis. Só que desde a entrada de Luís Maurício, novo gerente de produção,
surgiram alguns questionamentos que têm se tornado preocupantes a cada
dia que passa.
A empresa tem como procedimento interno não realizar contratações e
nem demissões entre os dias 20 até 30 ou 31 de cada mês. Essa norma tem
o objetivo de facilitar e agilizar o fechamento da folha de pagamento dos
funcionários, evitar atrasos e correrias para o setor de Gestão de Pessoas, e
ainda assegurar que o salário dos funcionários seja pago rigorosamente até
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A b o r d a g e m e s t r u t u r a l i s t a e n e o c l á s s i c a 115
Unidade 5
Funções do
administrador
Samara Silva Headley/Ivan Ferreira de Campos
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 119
Introdução ao estudo
Nesta parte dos estudos vamos abordar as funções administravas que são
conhecidas modernamente como processos administrativos. Os processos ad-
ministrativos são atividades que devem ser desempenhadas em toda e qualquer
situação que exija a coordenação de esforços combinados para a realização de
um determinado objetivo. O processo administrativo também passou por um
sistema evolutivo ao longo das décadas, mantendo sempre o mesmo foco de
possibilitar a análise da situação atual e estabelecer resultados, objetivos e metas.
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 121
1.2 O planejamento
Para as organizações alcançarem tudo o que precisam e almejam é ne-
cessário o uso da técnica de planejamento. Uma das etapas que compõem o
planejamento remete o gestor a analisar o presente e pensar de forma sistê-
mica no futuro organizacional, com o intuito de estabelecer diretrizes mais de
acordo com a realidade identificada. As organizações devem evitar trabalhar
com base no improviso, já preconizava Taylor nos primórdios da administra-
ção. Hoje se sabe que para atuar no mercado competitivo de forma eficiente
e eficaz é necessário estabelecer claramente onde se pretende chegar, qual a
forma, quando e como.
O planejamento é visto por algumas organizações como um conjunto
de tarefas que são desempenhadas para alcançar as metas e os objetivos,
proporcionando, dessa maneira, uma concentração de esforços e utilização
de recursos de forma mais eficiente. O ato de elaborar o planejamento es-
tratégico está atrelado ao pensar a organização como um todo e, especial-
mente, a sua relação com o ambiente, em uma perspectiva a ser alcançada
no futuro.
Em situações específicas o planejamento serve de base para a preparação
do plano de negócios, que é um elemento fundamental para a criação de novos
negócios que visam nascer melhores estruturados. Podemos destacar, ainda, o
fato de que o planejamento pode ajudar a entender melhor a situação atual da
organização e a enxergar as melhores alternativas ou os meios mais adequados
para atingir os objetivos e as metas que foram previamente estabelecidas.
Vejamos algumas definições sobre a função do planejamento:
O processo de planejamento é a ferramenta para administrar
as relações com o futuro. É uma aplicação específica do pro-
cesso decisório. As decisões que procuram de alguma forma,
influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no
futuro são típicas de decisões de planejamento (MAXIMI-
NANO, 2011, p. 339).
O planejamento representa o processo de fixar objetivos de
desempenho e determinar quais ações devem ser executadas
para sua consecução. Através do planejamento, um gerente
identifica os resultados desejados para o trabalho e os meios
de alcançá-lo (SCHERMERHORN, 2006, p. 245).
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 123
Estratégico
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 125
1.3 Organizar
A outra atividade que ajuda a complementar o processo administrativo e
que compreende a função do administrador é organizar para dar suporte ao
que foi planejamento estrategicamente.
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 129
Links
Veja um exemplo de departamentalização no link: <http://www.professorcezar.adm.br/Textos/
Departamentalizacao.pdf>.
Links
Leia o artigo na mídia eletrônica disponibilizada no link abaixo. Esse artigo destaca o processo
administrativo e propõe uma reflexão acerca do processo de ordenação nas organizações
contemporâneas.
Acesse: <http://www.professorcezar.adm.br/Textos/DecorrenciaTeoriaNeoclassica.pdf>.
1.4 Dirigir
Uma importante função administrativa é dirigir o trabalho das pessoas. A
palavra dirigir está associada ao ato de dar direção a alguma coisa. Para fins
didáticos e para melhor compreensão a palavra dirigir será substituída por
liderança, uma vez que ambas têm o mesmos sentindo.
Verifica-se que a liderança pode ser entendida como um processo de condu-
zir um grupo de pessoas em busca de alcance de resultados. Devemos lembrar
que no centro do processo administrativo estão localizadas as pessoas e, para
se tornar um bom gestor na atualidade, são necessárias não só as competências
do chefe, mas principalmente as habilidades do líder.
A palavra liderar corresponde ao processo de despertar o envolvimento das
pessoas para que realizem as suas atividades com presteza e determinação.
A liderança nos dias atuais é um dos temas considerados mais relevantes no
universo corporativo. Isso acontece não só pela importância estratégica no de-
sempenho da empresa como um todo, mas, sobretudo, devido à contribuição
do seu papel no desenvolvimento das organizações e da sociedade contem-
porânea que está às voltas com grandes desafios.
Schermerhorn (2006 p. 9) explica que é “[...] através da liderança que os
gerentes consolidam compromissos, encorajam atividades que apoiam os obje-
tivos e influenciam outras pessoas para que façam melhor o seu trabalho para o
benefício da organização”. Para Sant’anna (2010, p. 2) a liderança é vista como
um processo de “[...] dirigir e influenciar as atividades relacionadas às tarefas
dos membros de um grupo” na busca de atingir objetivos definidos.
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 133
1.4.1.1 Autocrático
A gestão autocrática normalmente não emprega esforços para saber o que
os liderados pensam sobre o que pode levar ou desestimular inovações. A lide-
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1.4.1.2 Democrático
Uma das características da liderança democrática é que os líderes, junta-
mente com os membros do grupo, participam do processo decisório. Nesse
tipo de liderança todos os participantes do grupo são incentivados a partici-
par com suas ideias e sugestões para melhorar o desempenho do processo
organizacional.
O aspecto negativo desse estilo de liderança fica a cargo da dificuldade
de se tomar decisões em função do maior tempo envolvido no processo de
participação. O fato fica ainda mais evidente em tempos de crises, em que as
decisões têm que ser tomadas rapidamente.
Quanto aos principais pontos positivos, verifica-se que predomina o senti-
mento de insegurança coletiva e alto nível de interdependência, o que acaba
levando a um maior envolvimento, podendo, contudo, tornar o processo mais
demorado. Na gestão democrática o líder “[...] exerce a influência sobre ou-
tras pessoas, inspira, motiva e dirige as suas atividades para ajudar a atingir os
objetivos do grupo e da organização” (JONES; GEORGE, 2008, p. 495).
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 135
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 137
1.6 Controle
A palavra controle pode apresentar muitos significados, alguns mais comuns
são: (a) controle com uma função restritiva e coercitiva, que tem sentido de limitar
e coibir determinados tipos de comportamentos, (b) controle pode ser visto como
um sistema automático de regulamentação em que o sentido é manter automati-
camente o fluxo de funcionamento de um determinado sistema, (c) e por fim, o
controle pode ser percebido como uma função administrativa em que o sentido
é medir e corrigir desvios que foram previamente calculados pelo planejamento.
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Maximiano (2011, p. 91) pontua que o “[...] processo de controle está ligado
à realização de objetivos. Para realizar objetivos, é preciso dispor de informa-
ções sobre os próprios objetivos e atividades que procuram ser realizadas”. É
por meio do controle que os administradores sabem que as atividades efetiva-
mente realizadas estarão de acordo com as atividades planejadas (OLIVEIRA;
PRADO; SILVA, 2005).
Dessa forma compreendemos pelas definições que controlar é fazer com
que as coisas aconteçam da forma como foram devidamente planejadas, e é
justamente nesse ponto que fica mais evidente a ligação do controle com o
planejamento.
O controle nesse caso tem como finalidade assegurar que tudo que foi
planejado, organizado e liderado seja ajustado frequentemente para atingir o
objetivo traçado da melhor forma possível. Portanto, o controle é necessário
para medir e avaliar o desempenho organizacional.
Robbins (2003) afirma que a maioria dos esforços de controle está voltada
para uma das quatro áreas presentes nas empresas: comportamento humano,
finanças, operações ou informações, com isso ele demonstra que o controle é
algo abrangente e deve ser adequado a cada área funcional da empresa.
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 141
Visão de Confronto
Ontologia
Realismo Nominalismo
Epistemologia
Positivismo Antepositivismo
Natureza Humana
Determinista Voluntarista
Metodologia
Nomotética – Objetiva Ideográfica – Subjetiva
Fonte: Do autor (2013).
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 143
continuação
Busca analisar que fatores precisam ser adaptados
dentro da estrutura organizacional, visto que não há
uma estrutura ótima conforme Donaldson nos co-
loca. Considera o ambiente como fonte de pressões,
e que as estruturas organizacionais são adaptáveis.
Contingência estrutural Observa o fator humano e as questões da troca de
poder, bem como da centralização ou descentraliza-
ção como condições para adaptação e inovação. Di-
vide estruturas formais (tecnologia e burocracia) que
dão forma à organização, dos subsistemas (sociais)
que alimentam o sistema formal.
Merton questiona Weber quanto à ênfase nas fun-
ções e atendimentos positivos da organização bu-
rocrática, argumentando como método, prudência,
Disfunções burocráticas
disciplina e conformidade devem ser aceitos pelos
membros da organização, e que isso nem sempre
ocorre por seus interesses particulares.
A teoria pluralista está relacionada ao estudo do
poder e do conflito, pois se propõe a observar as
Teoria pluralista organizações e seus ambientes principalmente como
arenas de combate, sugerindo um pluralismo teórico
que foge da ortodoxia tradicional.
Fonte: Do autor (2013).
2.2 A
teoria institucional no centro da teoria
organizacional
A Teoria Institucional surgiu a partir da década de 1940 quando problemas
sociais nas organizações passaram a reconhecidos como fatores a serem con-
siderados nos estudos organizacionais. Barley e Tolbert (1997) citam Merton
(1979) que parecia preocupar-se em oferecer por meio do empirismo um sig-
nificado à teoria social funcionalista, comparando várias organizações.
Ele observou nesses estudos duas premissas, a covariação e o equilíbrio
dinâmico, sendo a primeira de que os componentes estruturais de um sistema
devem ser integrados para que o sistema sobreviva, já a segunda de que as
estruturas existentes contribuem para o funcionamento de um sistema social
e a manutenção de seu equilíbrio, sendo que as mudanças ocorrem quando o
sistema não tem mais como se manter.
Com base nessa inquietação acerca dos fatores sociais, surgiram os ques-
tionamentos à estrutura formal das organizações, sendo que Meyer e Rowan
passaram a buscar entender o uso da estrutura formal para propósitos simbó-
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 145
2.5 O
estudo das organizações na visão
interpretativista
O paradigma interpretativista rejeita que o mundo social tenha uma rea-
lidade que independa da ação humana, enfatizando o mundo como uma
construção subjetiva destes, onde conforme Burrell e Morgan (2006) o estudo
organizacional estaria mobilizado em criticar o senso comum.
Pode-se dizer que na teorização das organizações essa linha adere a uma
visão da natureza humana altamente voluntarista, com uma análise das organi-
zações sob o prisma do interacionismo, que busca demonstrar como “realidade”
e “fatos” são essencialmente criações sociais.
Também nessa linha de análise, os defensores da fenomenologia buscam
provar que as organizações são construções sociais, entrando no que Burrell
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 149
2.7 O
humanismo radical — teoria crítica e
pós-modernismo
Burrell e Morgan (2006) esclarecem que o humanismo radical originou-se
do idealismo germânico sob a égide de que o mundo é uma criação dos indi-
víduos, portanto, a mente do homem seria o campo fértil e criativo de ideias
que moldaria o mundo. Por esse prisma, o homem estaria preso à realidade
que ele cria, sendo separado do seu ser ao criar o mundo externo através de
atos intencionais, em uma linha de pensamento voltada aos estudos de Sartre
e Hesserl.
Já em outra perspectiva, Burrell e Morgan bebem da ideologia objetiva, em
que Hegel e a fenomenologia da mente defendem que a realidade se apoia no
espírito, onde o homem viveria em constante interação com o mundo externo
objetivado em relação à sua consciência individual.
As bases do paradigma humanista radical têm em sua estrutura o solipsismo,
o existencialismo francês, o individualismo anarquista, o pós-modernismo e a
teoria crítica, sendo esta última a que melhor desenvolveu-se, e tendo como
expoente maior as contribuições da Escola de Frankfurt.
A teoria crítica surgiu com Luckács que dissertou acerca da noção de
totalidade que se encontra na íntima conexão entre as dimensões objetiva e
subjetiva dentro da realidade social, sintetizadas na mente do proletariado. Sua
maior defesa está em romper com a reificação, defendendo que o mundo não
é nem nominalista, nem realista ao extremo, sendo epistemologicamente um
defensor da revolução voluntarista em buscar mudar o mundo.
Seguindo a linha crítica, Gramsci defendia uma filosofia práxis, rigorosa como
metodologia política para a classe operária, com foco no rompimento, criticando
que o marxismo tinha perdido sua linha revolucionária ao incorporar noções
positivistas. Gramsci acreditava que a dominação do capitalismo era coercitiva e
oprimia inclusive a consciência do homem, assim, ele defendia a mudança radical.
Burrell e Morgan (2006) colocam que a teoria crítica aprofundou-se na
Escola de Frankfurt, com acadêmicos como Horkheimer, Adorno, Benjamim,
Fromm, Lowenthal, Marcuse e Habermas, que defendiam uma filosofia com ob-
jetivos emancipatórios, especialmente em relação ao paradigma funcionalista.
Marcuse, por exemplo, criticou vorazmente o capitalismo, defendendo a
filosofia emancipatória, incorporando as ideias e insight de Freud e Weber
dentro da perspectiva hegeliana-marxista. De acordo com tais pressupostos, ele
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 151
para que algo bom emanasse no sistema social (algo que os pós-modernistas
sequer vislumbram).
Para a teoria crítica, segundo Burrell e Morgan (2006), as organizações são
contributos da alienação humana, e, portanto, a análise da organização baseia-se
em uma teoria antiorganização por estas terem um status ontológico precário,
por considerarem uma totalidade específica sem observar as discretas unidades
de análise, pela reificação dos construtos sociais que alienam seus membros,
e por defender a destituição da teoria organizacional funcionalista com seu
determinismo alienante que retira do homem sua condição de ser pensante.
Os autores destacam que essa visão antiorganização é ainda embrionária,
isolada pelo fato da norma vigente dominante não dar espaço para questio-
namentos baseados em estudos isolados ou muito limitados em termos de
abrangência, porém propondo realidades alternativas.
continuação
Foco nos fins, controle e entendimento da
subjetividade com o objetivo de enriquecer a
Racionalidade instrumental
objetividade. Racionalidade técnica amplia o
domínio dos grupos com poder.
Arranjos econômicos de subordinação e
recompensa como formas de dominação.
Hegemonia Sugestão de grupos que dominam grupos e de
indivíduos que se deixam dominar para manter
privilégios.
Fonte: Do autor (2013).
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 153
quanto ser pensante. Burrell e Morgan (2006) pontuam que Marx já criticava
essa limitação por meio da observação do idealismo objetivo.
Aponta-se ainda nesse caso que as organizações constrangem seus atores,
que as relações sociais construídas nessa lógica são assimétricas em virtude da
especialização e dos níveis de hierarquia; que existe segregação sexual; que o
intelecto dos empregados é controlado pela realidade social a que estão presos;
que os controles dos atores sociais se estendem para fora das organizações,
através da mídia e do consumismo; além de que o ambiente natural é destruído
pelo consumo, desperdício e poluição. Isso gera um processo de neutralidade
racional, com forte exaltação à tecnologia e profissionalização da gestão, que
buscam resolver conflitos em função dos interesses não dos atores sociais, mas
sim da plena funcionalidade do sistema.
Destaca-se aqui que Habermas e sua linha de pensamento voltada à ação
comunicativa geram uma busca ao empirismo da teoria crítica, algo explorado
por Burrel e Morgan (2006), que teria uma teoria crítica organizacional, com
orientação empírica através dos seguintes princípios: empiria sólida e descri-
tivamente significativa; interpretatividade tangível e fenomenologicamente
expressiva; e, por fim, criticamente orientada para um parecer esclarecedor.
Os autores também observam que organizações são estruturas de comu-
nicação sistematicamente distorcidas, algo que não seria acidental e poderia
ser evitável, entrando em uma lógica de distúrbios inevitáveis e socialmente
desnecessários. Nesse sentido a teoria crítica poderia compreender e oferecer
entendimento das organizações enquanto locais onde haveria a possibilidade
do discurso, e da relação entre a teoria e a prática das estruturas sistematica-
mente formadas. Partindo dessa perspectiva, embasado em Habermas, coloca-se
como as organizações podem ser entendidas para explorar as relações sociais
e políticas, reordenadas e reproduzidas sistematicamente na medida em que
o pessoal de uma equipe fala e escuta.
Pressupostos Caracterização
Observação da distorção das comunicações; foco na lin-
Centralidade do discurso guagem enquanto constructo da realidade não objetiva,
mas sim subjetiva.
Rejeição do homem autodeterminado; aceitação da
consciência; concepção de que o homem cria identida-
des seguras, reproduzindo a dominação; presunção de
Identidades fragmentadas
que identidades estáveis são possíveis em sociedades
com pouca variedade de discursos e que na sociedade
pluralista contemporânea, a fragmentação é inevitável.
Assume que o homem cria objetos; assume que a in-
teração entre linguagem e indivíduo cria reduções do
Crítica da filosofia de
mundo; observa que o ator social em um grupo com
presença
mesma linguagem tende a submeter-se à dominação por
sentir-se confortável.
Observação das narrativas como forma de legitimação
Perda de fundamentações do processo vigente; perda de identidade das narrativas
e narrativas-mestre dominantes; ceticismo em relação às narrativas de eman-
cipação e revolução.
O poder é uma combinação entre linguagem, raciocínio
e práticas que moldam os sujeitos conforme quem o
Conexão entre poder, detém; redução dos grupos inferiorizados; utilização do
conhecimento e hiper- conhecimento como forma de subordinar, e como forma
-realidade de manter o sistema; exteriorização como ponte para
ampliação dos sistemas de linguagem através da hiper-
-realidade carregada de significados dos indivíduos.
Fonte: Do autor (2013).
F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 155
Resumo
Ao finalizamos esta unidade, podemos compreender que o exercício
da função administrativa é o estabelecimento de objetivos, pois as orga-
nizações precisam saber onde estão e onde pretendem chegar. Assim,
começamos a entender melhor que após o estabelecimento dos objetivos
é necessário planejar as ações que irão nortear o percurso a ser percor-
rido. Verificamos no momento seguinte que a função de organizar tem a
finalidade de estabelecer as atividades a serem desenvolvidas, alocar as
pessoas e recursos de maneira mais eficiente possível. Em seguida, tive-
mos a oportunidade de entender mais detalhadamente os aspectos que
envolvem a liderança e que vêm sendo amplamente discutidos. Sobre lide-
rança pudemos verificar pontos importantes a respeito dos seus conceitos,
mecanismo e avaliação da eficácia do líder. Afinal, de nada irá adiantar o
planejamento e a organização se não houver pessoas que possam seguir
o líder e se comprometer com a realização dos resultados. E finalizamos
o estudo da Unidade 5 com as informações sobre a função do controle
que tem como premissa verificar se o que foi estabelecido previamente
está sendo alcançado, ou se há necessidade de medidas corretivas.
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F u n ç õ e s d o a d m i n i s t r a d o r 157
Atividades de aprendizagem
1. Que itens devem ser considerados imprescindíveis para a realização
de um bom planejamento?
2. Qual a diferença entre o planejamento corriqueiro das atividades e
o planejamento estratégico?
3. Descreva as principais características dos diferentes tipos de plane-
jamento:
(a) planejamento estratégico;
(b) planejamento tático;
(c) planejamento operacional.
4. Em que consiste o processo de organização? E por que as empresas
precisam organizar?
5. Como podem ser estruturadas as organizações modernas?
6. Quais são as características de um líder?
7. Qual a diferença entre chefe e líder?
8. Estabeleça as principais características dos estilos de liderança:
(a) autocrática.
(b) democrática.
(c) liberal.
(d) situacional.
9. Análise a seguinte questão e responda:
Quais são as semelhanças entre as atividades desenvolvidas por um
proprietário de uma pequena empresa fabricante de portas e janelas
residenciais em uma cidade do interior brasileiro e o presidente de
uma multinacional que tem operações no Brasil e no exterior?
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Referências
R e f e r ê n c i a s 161
Sugestões de leitura