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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESTUDO DE CASO DA ESTIMATIVA DA EMISSÃO GASOSA DE CALDEIRAS DE


ACORDO COM O COMBUSTÍVEL UTILIZADO

PROCESSO PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 6
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 22
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 35
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 35
LISTA DE TABELAS

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE EQUAÇÕES

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5

1. INTRODUÇÃO

Após a Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII aumentou-se gradativamente


a concentração de poluentes no planeta Terra provocada pela queima de combustíveis fósseis.
A preocupação com o destino do planeta devido a essas atividades antropológicas fez com que
o ecocentrismo ganhasse cada vez mais espaço no cenário socioeconômico. Desta forma,
despertaram-se a consciência e a responsabilidade do homem para com o bem-estar do meio
ambiente, fortalecendo ainda mais o vínculo da ciência e da tecnologia em relação às questões
ambientais.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil: “Todos têm direito ao


meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL. Constituição, 1988). Após a década
de 1960 foram promulgadas leis ambientais importantes e criadas a Política Nacional do Meio
Ambiente, o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) para contribuir na elaboração de normas e padrões supletivos e
complementares ambientais.

O objetivo deste trabalho consiste em estimar as emissões de gases do efeito estufa


(CO2, NOx, SOx, hidrocarbonetos e materiais particulados) produzidas por uma caldeira
geradora de vapor utilizando diferentes tipos de combustíveis. A modelagem matemática
empregada neste trabalho é fundamental para o entendimento do comportamento da pluma
produzida pelas chaminés industriais quando em contato com o ar atmosférico. Ela simula a
concentração dos poluentes a diversas distâncias da fonte em função de vários cenários de
condições meteorológicas. Estudar a sua atuação significa entender quais fatores levam a
dispersão e transporte dos poluentes no meio atmosférico. Ademais, ajuda também a encontrar
soluções mais eficazes para a redução dos impactos negativos como o efeito estufa, aumento da
camada de ozônio e alteração da cadeia alimentar.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A modelagem matemática do transporte de poluentes atmosféricos é um recurso


essencial em qualquer estudo que pretenda avaliar os impactos ao meio ambiente decorrente da
emissão de fontes de poluentes (Braga et al, 2005). Através das equações provenientes de
modelos matemáticos é possível simular a concentração dos poluentes em diferentes distâncias
da fonte emissora, sendo possível desse modo, planejar e gerir de maneira mais racional as
fontes poluidoras (Braga et al, 2005).

A abordagem teórica proveniente dos modelos matemáticos para descrever a


concentração dos poluentes é dependente de dados da fonte emissora e das condições
atmosféricas. O fenômeno físico de fundamental importância no transporte de poluentes da
atmosfera é a movimentação do ar, que pode ocorrer por dois mecanismos: advencção e de
difusão turbulenta (Weiner e Matthews, 2003).

2.1. Composição atmosférica

Durante o tempo de vida de um ser humano as alterações vividas pela atmosfera são
praticamente imperceptíveis. Entretanto com o passar dos séculos, desde o surgimento do
planeta terra, as características da atmosfera já foram alteradas diversas vezes de forma
significativa, tendo isso em vista é importante dizer que a composição da atmosférica
enunciada aqui leva em consideração as características atuais da atmosfera terrestre (Braga et
al, 2005).

É na camada denominada troposfera que se encontram as variedades de elementos de


interesse deste estudo:

Tabela 1: Composição atmosférica.

Gases %
Nitrogênio 78,110
Oxigênio 20,950
Argônio 0,934
Gás Carbônico 0,033

Existem também outros elementos presentes na atmosférica em menores concentrações,


tais como o neônio, hélio, criptônio, xenônio e hidrogênio.
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2.2. Poluição do ar

A preocupação com a qualidade do ar é algo extremamente recente na história


humanidade. A primeira iniciativa voltada para o objetivo de melhorar a qualidade do ar nas
cidades é datada de 1273, quando o rei Eduardo da Inglaterra determinou as primeiras leis de
qualidade do ar que se têm registro. A motivação naquela época, no entanto, era muito mais
superficial e com muito menos embasamento teórico do que o que se vê atualmente (Braga et
al, 2005).

Hoje temos registros de inúmeros tipos de poluentes atmosféricos e as suas


características e formas de emissão apresentam uma variedade extremamente ampla. Os
poluentes hoje são classificados em primários, que são lançados diretamente no ar atmosférico,
como por exemplo CO e SO2, e secundários, que são oriundos de reações que ocorrem na
própria atmosfera quando há presença de espécies químicas específicas (em alguns casos pode-
se considerar inclusive os próprios poluentes primários como percursores de poluentes
secundários, como por exemplo o SO3 formado na reação entre o SO2 e o O2) (Braga et al,
2005).

Pode-se também classificar os tipos de poluição de acordo com a posição das fontes
poluidoras, sendo assim classificadas em fontes móveis ou estacionárias. Fontes moveis
emitem poluente de modo disperso (espalhamento) enquanto que fontes estacionárias emitem
poluentes sempre no mesmo local (ponto fixo). São exemplo de fontes móveis e estacionárias
respectivamente os veículos automotivos e as chaminés das fábricas (Braga et al, 2005).

Há ainda uma última classificação que merece ser contemplada no presente estudo, qual
seja a classificação de acordo com a dimensão da área impactada pelo poluente emitido. Para
tal classificação divide-se então os problemas gerados em globais (como por exemplo a chuva
ácida e a destruição da camada de ozônio) ou locais (como por exemplo os smogs fotoquímico
e industrial).

2.3. Dispersão de poluentes na atmosfera terrestre

A capacidade que a atmosfera tem em dispersar os poluentes está intimamente


relacionada com o perfil térmico da mesma. Sabe-se que quanto maior a altitude, menor será a
temperatura, a diminuição da temperatura em função do aumento da temperatura é chamada de
gradiente de temperatura.
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Considera-se gradiente de temperatura adiabático seco quando se tem uma variação de


temperatura de -0,65°C a cada 100m, e para os casos em que a temperatura diminui de forma
mais intensa (> -0,65°C a cada 100m) a atmosfera é chamada de superadiabatica. Quanto maior
for a variação de temperatura para um dado deslocamento vertical, melhor será a dispersão de
poluentes na atmosfera. Porém, existem casos em que a temperatura diminui mais lentamente
do que a adiabática, fazendo com que a poluição permaneça estagnada, a atmosférica nesse
caso é dita subadiabática (Braga et al, 2005).

Em condições subadiabáticas, devido à grande estabilidade encontrada, não ocorre a


mistura vertical. E a concentração de espécies poluentes pode aumentar até níveis
preocupantes, causando quadros significativos de acumulo de poluição. O caso mais extremo é
quando a temperatura aumenta a cada patamar vertical da atmosfera, e nesse caso as espécies
dispersas no ar são lançadas em direção a superfície do globo, esse caso crítico é chamado de
inversão térmica. Quando a inversão térmica ocorre em áreas expostas a grande emissão de
gases poluentes tem-se o acumulo de poluição próximo a superfície, situação está
extremamente indesejável do ponto de vista ambiental (Braga et al, 2005).

A Figura 1 representa a interação entre as diferentes condições atmosféricas com a


altitude e com a temperatura. fonte da figura 1: (Braga et al, 2005).

Figura 1: Tipos de gradientes de temperatura em função da altitude.

2.3.1. Processo de dispersão

Para a situação em que uma chaminé (fonte estática) lança determinado tipo de poluente
no ar atmosférico tem-se a formação de um perfil de poluição denominado pluma. Entender as
características da pluma formada e relacionar com as características da atmosfera no local é de
9

suma importância para conhecer como os poluentes lançados irão se dissipar. A Figura 2
exemplifica os tipos de plumas conhecidos. Fonte da figura 2 (Braga et al, 2005).

Figura 2: Tipos de plumas de poluentes atmosféricos.

Looping: Ocorrem quando o perfil atmosférico é do tipo superadiabático. A formação


de turbilhão movimenta a camada de ar com grande intensidade resultando em uma rápida
dispersão (Braga et al, 2005).

Coning: Ocorrem quando o perfil atmosférico é do tipo subadiabático. Pluma na forma


cônica com dispersão mais lenta se comparada com as plumas do tipo looping, resulta em
aumento na concentração de poluentes em camadas mais próximas do solo em regiões
consideravelmente distantes da chaminé (Braga et al, 2005).

Fanning: Ocorrem quando a massa de poluentes em sua totalidade está confinada em


uma camada de inversão. O ar atmosférico é muito estável e impede que a pluma seja dispersa
verticalmente. Esse tipo de pluma é comum em locais com pouco vento, resultando também em
pouca mistura horizontal (Braga et al, 2005).

Lofting: Ocorre quando o efluente é lançado acima da camada de inversão. É comum a


sua formação na transição entre dia e noite, quando a radiação resulta na inversão. Quando a
camada de inversão ascende, esse tipo de pluma pode mudar e ocorrer a formação de pluma do
tipo fanning (Braga et al, 2005).

Trapping: Ocorre quando a pluma encontra-se confinada entre duas camadas de


inversão (Braga et al, 2005).
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2.3.2. Dispersão de poluentes – Modelagem matemática

Para desenvolver modelos apropriados representativos do processo de dispersão de


poluentes considerando uma dada fonte poluidora considera-se as entradas e saídas do poluente
em uma região de controle da atmosfera. Além disso consideração também geração de novas
espécies e degradação de espécies inicialmente presentes.

Deve-se ainda considerar os fenômenos da advecção – que é o transporte resultante do


movimento médio do ar, que carrega junto os poluentes – e da difusão turbulenta – que é
responsável pelo espalhamento tridimensional dos poluentes. O mecanismo de turbulência é
diretamente influenciado pelo perfil térmico da atmosfera, que podem inibir ou intensificar o
movimento vertical das massas de ar (Weiner e Matthews, 2003).

A concentração dos poluentes também é dependente das fontes de emissão, ou seja, da


taxa de emissão e da concentração, se são emitidos de forma continua ou variável e também da
posição espacial que a fonte emissora ocupa (Braga et al, 2005).

Além das condições meteorológicas, a circulação do ar é influenciada por fatores locais,


como a presença de edificações ou do relevo, que podem gerar caminhos preferencias para a
condução dos poluentes. As condições do vento e dos parâmetros de difusão podem ser obtidas
por medidas experimentais ou em modelos que se baseiam em distribuições estatísticas,
adotando valores médios dentro de certas escalas de tempo e espaço.

Um modelo clássico comumente adotado é o modelo de “pluma gaussiana”. Os modelos


de pluma gaussiana consideram que concentração do poluente assume uma distribuição normal,
com pico de concentração ao longo da linha do centro da pluma, conforme a Figura 3 (Boçon,
1998).
11

Figura 3: Modelo de Pluma Gaussiana

As equações do modelo de pluma gaussiana são soluções analíticas da equação de


transporte (Boçon, 1998), quando adotada hipóteses simplificadoras: Terreno plano; velocidade
unidirecional e constante do vento; as condições atmosféricas são constantes e homogêneas.
(Braga et al, 2005). A integração final resulta na Equação 1. (Lisboa, 2007)

2
𝑄 −1 𝑦 −1 𝑧 − 𝐻 2 −1 𝑧 + 𝐻 2 v
𝐶(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑒𝑥𝑝 [ ( ) ] {𝑒𝑥𝑝 [ ( ) ] + 𝑒𝑥𝑝 [ ( ) ]}
2𝜋𝜎𝑦 𝜎𝑧 𝑢 2 𝜎𝑦 2 𝜎𝑧 2 𝜎𝑧
Equação 1. Modelo de pluma Gaussiana

Onde x,y,z são as coordenadas cartesianas do ponto onde se deseja obter a concentração
[m]; C(x,y,z) as concentração do poluente [g/m³]; Q é a vazão na fonte emissora [g/s]; u a
velocidade média do vento na direção x [m/s]; H é a altura efetiva da fonte mais a elevação
inicial da fonte [m]; σy e σz são respectivamente o coeficiente de distribuição horizontal e
vertical [m]. (Lisboa, 2007)

Desta equação sabe-se que as maiores concentrações ocorrem ao longo do eixo da


pluma definida por y=0 (Braga et al, 2005). Desta forma, para uma maior verificação do efeito
da pluma simplifica-se a equação do modelo de pluma gaussiana para:

𝑄 −1 𝑧 − 𝐻 2 −1 𝑧 + 𝐻 2
𝐶(𝑥, 𝑦, 𝑧) = {𝑒𝑥𝑝 [ ( ) ] + 𝑒𝑥𝑝 [ ( ) ]}
2𝜋𝜎𝑦 𝜎𝑧 𝑢 2 𝜎𝑧 2 𝜎𝑧

Equação 2. Modelo de pluma Gaussiana para y=0


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Os parâmetros de dispersão (σy e σz) são dependentes das condições de estabilidade


atmosféricas, do vento e da turbulência (Boçon, 1998). Existem várias formulas para estimar os
coeficientes horizontal e vertical, dentre os quais se destacam os parâmetros de dispersão
urbana por Briggs para distâncias entre 100 m e 10.000m com média de 10 minutos. (Lisboa,
2007)

Tabela 2: Parâmetros de dispersão urbana por Briggs (para distâncias entre 100 e 10.000m) – Média de 10
minutos.

Categoria σy(m) σz(m)

A-B 0,32x(1+0,0004x)-0,5 0,24x(1+0,001x)-0,5

C 0,22x(1+0,0004x)-0,5 0,24x(1+0,001x)-0,5

D 0,16x(1+0,0004x)-0,5 0,24x(1+0,001x)-0,5

E-F 0,11x(1+0,0004x)-0,5 0,24x(1+0,001x)-0,5

Onde x representa a distância à sota-vento da fonte poluidora em metros e a categoria


corresponde ao nível de radiação solar no período diurno.

Um dado de entrada importante é a altura efetiva da fonte da fonte, que é constituída


pela soma da altura física da chaminé e a altura de elevação da pluma antes de tomar a direção
do vento, esta segunda é definida pelos efeitos do momento vertical, devido à velocidade de
saída do jato e pelo empuxo, ocasionado pela diferença de temperatura da emissão e do ar.
Dentre as equações proposta para estimar a elevação da pluma destaca-se a proposta por Briggs
(Boçon, 1998).

2.4. Altura efetiva da chaminé (Hef)

A altura efetiva da chaminé é a altura total para a qual a pluma de poluição deixa de
seguir o fluxo normal ascendente característico do interior da chaminé. Portanto deve-se
considerar a altura total da estrutura física da chaminé (hg) somada a altura de elevação da
pluma em relação ao topo da chaminé (∆ℎ), como escrito na Equação 2 e demonstrado na
Figura 3.(Lisboa, 2007)
13

Figura 4: Esquema ilustrativo para determinação da altura efetiva da chaminé.

𝐻𝑒𝑓 = ℎ𝑔 + ∆ℎ

2.5. Building Downwash

Embora saibamos que as características de dispersão da pluma dependem muito das


características da própria atmosfera local, é importante para a modelagem matemática conhecer
a tendência que uma pluma possui em se deslocar em direção ao solo. Esse fenômeno,
denominado Building Downwash pode ser visto na Figura 5 (Lisboa, 2007). Fonte da figura 5:
AIRES SERVIÇOS AMBIENTAIS
14

Figura 5: Building Downwash resultante de emissão de poluente em uma chaminé

Uma forma prática de se determinar se o efeito Downwash deve ou não ser levado em
consideração consiste na determinação da razão entre a velocidade do efluente na saída da
chaminé (VS) e a velocidade média do vento na altura da chaminé (ū). Desta forma pode-se
determinar a importância do Downwash no sistema analisado levando em consideração a
seguinte regra:

𝑉𝑠
Se ≥ 1,5 O efeito do Downwash pode ser desprezado.
ū

𝑉𝑆
Se < 1,5 Pode-se considerar a altura reduzida da chaminé (hg’).
ū

Tal que:

𝑉𝑠
ℎ𝑔′ = ℎ𝑔 + 2𝑑 [ − 1,5]
ū
15

A altura reduzida (hg’) deverá ser utilizada para o cálculo da altura efetiva, de acordo
com a Equação 3 (Lisboa, 2007).

𝐻𝑒𝑓 = ℎ𝑔′ + ∆ℎ

Equação 3. Cálculo da altura efetiva

2.6. Velocidade do vento no Topo da Chaminé

Como dito anteriormente, é necessário calcular a velocidade do vento na altura da saída


da chaminé (VS). Para tanto faz-se uso da Equação 4.

𝑃
𝑉𝑠 ℎ𝑐ℎ𝑎𝑚𝑖𝑛é
=( )
𝑉𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 ℎ𝑎𝑛𝑒𝑚ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜

Equação 4. Cálculo da velocidade do vento na altura da saída da chaminé

Em que: Vmedida é a velocidade do vento medida utilizando um anemômetro posicionado


em uma altura hanemômetro (normalmente 10m acima do solo). O expoente p é relacionado ao
estado atmosférico do local de acordo com a Tabela 4 (Lisboa, 2007).

Tabela 3: Relação entre as classes de estabilidade atmosférica e o expoente "p".

Classe de estabilidade atmosférica p


A (muito instável) 0,10
B (moderadamente instável) 0,15
C (levemente instável) 0,20
D (neutro) 0,25
E (moderadamente estável) 0,25
F (muito estável) 0,30

2.7. Modelo de Briggs

O modelo de Briggs é utilizado para estimar a sobre-elevação da pluma em função das


características da fonte emissora, das características meteorológicas e da distância a da fonte
(MURRAT et al., 1978). Especialmente para chaminés de alturas superiores a 100 m tal
método reproduz os melhores resultados, levando sempre em consideração as condições de
estabilidade atmosférica (BRIGGS, 1965).
16

Para a utilização do método de Briggs, primeiramente deve-se determinar para cada


categoria de estabilidade atmosférica (instável ou neutra e estável) se se a elevação da pluma é
controlada pelo momento ou pelo empuxo. O Fluxo de empuxo é determinado utilizando-se a
Equação 5 (Lisboa, 2007).

𝑔 𝑇𝑎
𝐹𝑏 = 𝑄𝑜 (1 − )
𝜋 𝑇𝑠

Equação 5. Cálculo do fluxo de empuxo

Já o fluxo de momento é dado pela Equação 6.

𝑇𝑎
𝐹𝑚 = 𝑣𝑠2 𝑑 2
4𝑇𝑠

Equação 6. Cálculo do fluxo de momento

Em que:

Fb: Fluxo de empuxo (m4s-3);

Fm: Fluxo de momento (m4s-2);

g: gravidade (m.s-2);

Ta: Temperatura do ar ambiente (K);

Ts: Temperatura dos gases de saída da chaminé (K);

Qo: Vazão volumétrica de gases (m3.s-1);

d: Diâmetro da chaminé.

A vazão volumétrica de gases é calculada de acordo com a Equação 7.

𝑄𝑜 = 𝜋 𝑟𝑠2 𝑉𝑆

Equação 7. Cálculo da vazão volumétrica de gases

Em que:

rs: raio da chaminé (m);

VS: Velocidade de emissão dos gases (m.s-1).


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Faz-se necessário ainda definir xf como sendo a distância relativa à chaminé para a qual
a subida da pluma está totalmente desenvolvida, tal como é visto na Figura 6 (Lisboa, 2007).

Figura 6. Distância crítica

A equação de Briggs a ser utiliza deve obedecer a condição de estabilidade da


atmosfera de acordo com a Figura 7.

Figura 7: Equações de Briggs para cálculo da sobre-elevação

Em que S é o índice de estabilidade da atmosfera calculado através da Equação 8 e da


Equação 9.

𝐺 ∂𝜃
𝑆= ( )
𝑇𝑎 ∂z

Equação 8. Cálculo do índice de estabilidade da atmosfera


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∂𝜃 𝛥𝑇
( )= − 𝜎𝑑
∂z 𝛥𝑧

Equação 9. Cálculo do gradiente de temperatura potencial

Tal que:

∂𝜃
: Gradiente de temperatura potencial;
∂z

𝛥𝑇
: Gradiente vertical de temperatura;
𝛥𝑧

σd: Gradiente vertical de temperatura da adiabática seca.

σd = 0,0098 (Km-1)

Os gradientes térmicos verticais estão relacionados com as casses de estabilidade


atmosférica tal qual mostra a Tabela 4 (Lisboa, 2007).

Tabela 4: Relação entre as classes de estabilidade atmosférica e o gradiente térmico vertical.

Gradiente de Valor médio do


Classe de estabilidade temperatura ambiente gradiente δT /δz
δT /δz (°C/m) (°C/m)
A (extremamente instável) < -0,019 -0,020
B (moderadamente instável) de -0,019 até -0,017 -0,018
C (levemente instável) de -0,017 até -0,015 -0,016
D (neutra) de -0,015 até -0,005 -0,010
E (levemente estável) de -0,005 até -0,0015 -0,005
F (moderadamente estável) > 0,0015 -0,028

2.8. Coeficiente de estabilidade de Pasquill-Gifford

O coeficiente de Pasquill-Gifford é responsável por estabelecer a relação entre as


observações meteorológicas e as características da camada limite planetária (CLP). Assim
sendo, o estado turbulento da atmosfera é classificado em categorias diferentes que dependem
do vento na superfície, presença de nuvens e incidência de raios solares. A Tabela 5 apresenta a
classificação de pasquill-Giffors para a classe turbulenta. (Lisboa, 2007)
19

Tabela 5: classificação de Pasquill-Gifford de acordo com as condições meteorológicas.

Condições
Condições
Velocidade do Tempo de Tempo de Tempo de noturnas, fina
noturnas <
vento na insolação no insolação no insolação no cobertura de
3/8 de
superfície dia dia dia nuves ou >
cobertura
(m.s-1) FORTE MODERADA FRACA 4/8 de nuves
por nuvens
baixas

<2 A A-B B - -

2a3 A-B B C E F

3a4 B B-C C D E

4a6 C C-D D D D

>6 C D D D D
Sendo: A: Extremamente instável; B: Moderadamente instável; C: Levemente instável; D: Condição
neutra; E: Suavemente estável; F: Moderadamente estável.

2.9. Resolução 3/90 do CONAMA

A resolução 3/90 do CONAMA dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no


PRONAR. Utilizando desta ferramenta, é possível saber se a caldeira estudada emite uma
concentração de poluentes atmosféricos que ultrapassa os limites estabelecidos. Nela, ficam
estabelecidos os seguintes padrões de qualidade do ar, ilustrados na Error! Reference source
not found. abaixo:

Tabela 6. Padrões nacionais de qualidade do ar – Resolução CONAMA nº3, de 28/06/90

Padrão Padrão
Tempo de
Poluente Primário Secundário Método de medição
Amostragem
(µg/m³) (µg/m³)
Partículas totais 24 horas* 240 150
Amostrador de grandes
em suspensão
MGA** 80 60 volumes
(TPS)

24 horas* 150 100


Fumaça Refletância
MMA*** 60 40
20

Partículas 24 horas* 150 150 Separação inercial/


inaláveis MMA*** 50 50 Filtração

Dióxido de 24 horas* 365 100


Pararosalínica
enxofre MMA*** 80 40

Monóxido de 1 hora* 40000 (35 ppm) 40000 (35 ppm) Infravermelho não
carbono 8 horas* 10000 (9 ppm) 10000 (9 ppm) dispersivo

Ozônio 1 hora* 160 160 Quimiluminescência

Dióxido de 1 hora 320 190


Quimiluminescência
nitrogênio MMA*** 100 100
*Não deve ser excedido mais de uma vez ao ano.

** Média Geométrica Anual

*** Média Aritmética Anual

Dos poluentes estudados, os que são citados na resolução e que devemos fazer o
comparativo são: MP, SOx e NOx. Para realizar esta comparação é necessário fazer a correção
das concentrações calculadas considerando o intervalo de tempo de interesse para cada
poluente. Para tanto, foi utilizada a seguinte equação:

𝑇1 𝑃
𝐶2 = 𝐶1 ×
𝑇2

Equação 10. Correção da concentração determinada considerando o intervalo de interesse.

Onde:

C1 : Concentração do poluente calculada para o intervalo de tempo dos parâmetros de


dispersão do modelo (kg/m³);

C2 : Concentração do poluente corrigida para o intervalo de tempo de interesse (kg/m³);

T1 : Intervalo de tempo dos parâmetros de cálculo do modelo;

T2 : Intervalo de tempo de interesse;


21

p: Fator de correção que varia entre 0,20 e 0,30.

2.10. Resolução 382 do CONAMA


A resolução Nº382 do CONAMA de dezembro de 2006 dispõe sobre o estabelecimento
dos limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas. Os limites de
emissão para poluentes atmosféricos provenientes de processos de geração de calor a partir da
combustão externa de derivados da madeira, segundo essa resolução, estão apresentados na
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Tabela 7. Limites de emissão para poluentes atmosféricos provenientes de processos de geração de calor a partir
da combustão de derivados da madeira - Resolução Nº382 do CONAMA

Potência Térmica Nominal (MW) MP(1) NOx(1)


Maior que 10 730 N.A.
Entre 10 e 30 520 650
Entre 30 e 70 260 650
Maior que 70 130 650
(1)
os resultados devem ser expressos na unidade de concentração mg/Nm 3, em base seca e corrigidos a 8% de
oxigênio.
N.A. - Não aplicável.
Para aplicação dessa resolução, devem ser consideradas as seguintes definições dos
termos:
a) capacidade nominal: condição máxima de operação da unidade de geração de calor
para o qual o equipamento foi projetado, determinado em termos de potência térmica, com base
no poder calorífico inferior (PCI), calculado a partir da multiplicação do PCI do combustível
pela quantidade máxima de combustível queimada por unidade de tempo;
b) condições típicas de operação: condição de operação da unidade de geração de calor
que prevalece na maioria das horas operadas;
c) derivados de madeira: madeira em forma de lenha, cavacos, serragem, pó de
lixamento, casca, aglomerado, compensado ou MDF e assemelhados, que não tenham sido
tratados com produtos halogenados, revestidos com produtos polimerizados, tintas ou outros
revestimentos;
d) plena carga: condição de operação em que é utilizada pelo menos 90% da capacidade
nominal;
22

e) processo de geração de calor por combustão externa: processo de queima de


derivados da madeira, realizado em qualquer forno ou caldeira, cujos produtos de combustão
não entram em contato direto com o material ou produto processado.
Em relação à conversão às condições referenciais de oxigênio, a conversão da
concentração medida para a condição referencial de oxigênio é apresentada a seguir, não sendo
aplicável quando ocorrer injeção de oxigênio puro no processo:

21 − 𝑂𝑅
𝐶𝑅 = 𝐶
21 − 𝑂𝑀 𝑀

Equação 11. Conversão da concentração de oxigênio medida para a condição referencial

Onde:
CR: Concentração do poluente corrigida para a condição estabelecida nesta Resolução;
OR: Percentagem de oxigênio de Referência, conforme esta Resolução; estabelecida
paracada fonte fixa de emissão,
OM: Percentagem de oxigênio medido durante a amostragem;
CM: Concentração do poluente determinada na amostra;

Utilizou-se a equação a seguir para o cálculo da potência térmica nominal:

𝑃 = 𝑄. 𝜌. 𝑃𝐶𝐼

Equação 12. Determinação da potência térmica nominal.

Onde:
P: Potência Térmica Nominal (MW);
Q: Consumo de combustível (m³/s);
ρ: Massa específica do combustível (kg/m³);
PCI: Poder Calorífico Inferior (MJ/kg).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. Cálculo da altura efetiva (Hef) da chaminé


DESCREVER AQUI TODOS OS PASSOS PARA O CÁLCULO DA ALTURA EFETIVA
DA CHAMINÉ.
23

3.2. Determinando as concentrações através do modelo de Pluma


Gaussiana
A CETESB (Companha Ambiental do Estado de São Paulo) estimou o nível de emissão
de poluentes (NOx, SOx, MP, HC e CO2) produzidos a partir da queima de diferentes tipos de
combustíveis do ano de 2009. Abaixo, a Tabela 8 mostra as concentrações de diferentes tipos
de poluentes lançados para a atmosfera oriundas da queima de lenha e cavaco, assim como as
suas respectivas vazões mássicas calculadas. As vazões mássicas foram obtidas a partir do
produto entre a concentração do poluente emitido e o consumo volumétrico da lenha e cavaco,
cujo valor é 6,5 m3.h-1, característico da chaminé deste tipo de caldeira.

Tabela 8. Emissões estimadas de poluentes em função do combustível lenha e cavaco

Poluente Emissão Q (kg.s-1)


NOx 0,75 (kg.m-³) 1,35E-03
MP 3,60 (kg.m-³) 6,50E-03
SOx 0,04 (kg.m-³) 6,69E-05
HC 0,11 (kg.m-³) 1,99E-04
CO2 1400 (kg.t-1) 1,26E+00
Fonte: (CETESB, 2009)
Sabendo-se que a equação do modelo de pluma Gaussiana é inversamente proporcional
aos coeficientes de dispersão horizontal e vertical, adotaram-se como método dos seus cálculos
os parâmetros de dispersão urbana por Briggs para distâncias entre 100 metros e 10.000 metros
com média de 10 minutos. Uma vez que as condições meteorológicas para um dia ensolarado
apresentam uma radiação solar de 850W.m2 com temperatura ambiente de 27oC, a sua
categoria para esta situação é considerada forte (A) de acordo com a classificação de
estabilidade Pasquill-Gifford. Desta forma, foram utilizadas as equações da Error! Reference
source not found. correspondentes a categoria A para os cálculos de coeficiente de dispersão
horizontal (σy) e vertical (σz) respectivamente, adotando 0,05km como intervalo de distância à
sota-vento da fonte. Os dados estão organizados na Tabela 9.

Tabela 9. Coeficientes de dispersão horizontal e vertical

x (km) σy (m) σz (m)


0,05 16 12
0,10 31 23
0,15 47 34
24

0,20 62 44
0,25 76 54
0,30 91 63
0,35 105 72
0,40 119 81
0,45 133 90
0,50 146 98
0,55 159 106
0,60 172 114
0,65 185 121
0,70 198 129
0,75 210 136
0,80 223 143
0,85 235 150
0,90 247 157
0,95 259 163
1,00 270 170

Obtidos os valores dos coeficientes de dispersão e a altura efetiva da chaminé (H) foi
possível calcular as concentrações de cada poluente lançados à atmosfera por meio da equação
de Pluma Gaussiana. Para melhor verificação do efeito da pluma adotou-se como variação da
altura (eixo z) os seguintes valores: 5, 10, 20 e 50 m. Ademais, o valor de y manteve-se fixo e
igual a 0 e portanto, a Equação 2 foi utilizada para o cálculo das concentrações. Para cada
poluente a concentração foi determinada para distâncias horizontais de um intervalo de 100 m
até 1000 m, com variação de 50 m a cada ponto Os comportamentos de cada poluente estudado
estão representados nos gráficos a seguir:

A Figura 8 ilustra graficamente o resultado obtido para o poluente de óxidos de


nitrogênio (NOx).
25

3.2E-08

2.7E-08

Concentração (g.m-3)
2.2E-08
Z=5 m
1.7E-08
Z=10 m
1.2E-08
Z=20 m
7E-09 Z=50 m

2E-09

-3E-09 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9


Distância, x (km)

Figura 8 - Gráfico da concentração de NOx em diferentes distâncias e alturas.

Analisando o gráfico da Figura 8 observa-se que a concentração mássica máxima para o


poluente encontra-se na altura correspondente a 50 m e distância aproximadamente a 0,15 km.
Tal fato era esperado uma vez que a altura geométrica da chaminé da caldeira estudada é 30m e
acima deste valor a concentração dos poluentes tende aumentar até certo um ponto. Como o
valor de downwash calculado resultou em 1,82 que é maior que 1,5, cujo parâmetro serve para
determinar a tendência da pluma a ser dirigida em direção ao solo junto a chaminé, tal efeito é
desprezível, e, portanto, a pluma tende subir em relação à chaminé e a concentração de
poluentes tende a ser maior acima da sua boca. As curvas correspondentes às alturas diferentes
de 50 m apresentaram comportamentos semelhantes entre elas. No intervalo de distância de
aproximadamente 0,05 km até 0,3 km os valores de concentração são crescentes, cujo ápice
encontra-se em torno de 0,3 km.

Após o intervalo de aproximadamente 0,4 km, todas as curvas, independentemente do


valor da altura, decrescem e possuem valores de concentração praticamente equivalentes. Com
base nisso, pode-se afirmar que para grandes distâncias da chaminé, a altura da fumaça não
influencia no valor de concentração dos poluentes, que permanecem constantes e decaem
conforme a fumaça se distância do local de sua emissão.

A Figura 9 ilustra o procedimento para materiais particulados, a Figura 10 para óxidos


de enxofre, a Figura 10 para hidrocarbonetos e a Figura 10 para CO2.
26

1.50E-07

1.30E-07

Concentração (g.m-3) 1.10E-07

9.00E-08 Z=5 m
7.00E-08 Z=10 m

5.00E-08 Z=20 m
Z=50 m
3.00E-08

1.00E-08

-1.00E-08 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9


Distância, x (km)

Figura 9 - Concentração para MP em diferentes alturas e distâncias.

1.56E-09

1.36E-09

1.16E-09
Concentração (g/m-3)

9.6E-10
Z=5 m
7.6E-10
Z=10 m
5.6E-10 Z=20 m
3.6E-10 Z=50 m
1.6E-10

-4E-11
0.1 0.3 0.5 0.7 0.9
Distância, x (km)

Figura 10. Concentração de SOx para diferentes alturas e distâncias.


27

5E-09

4E-09

Concentração (g/m³)
3E-09
Z=5 m
2E-09 Z=10 m
Z=20 m
1E-09 Z=50 m

3E-24
0.1 0.3 0.5 0.7 0.9
-1E-09
Distância, x (km)

Figura 11. Concentração de HC para diferentes alturas e distâncias.

3.00E-05

2.50E-05
Concentração (g.m-3)

2.00E-05
Z=5 m
1.50E-05
Z=10 m
1.00E-05 Z=20 m

5.00E-06 Z=50 m

0.00E+00
0.05 0.25 0.45 0.65 0.85 1.05
-5.00E-06
Distância, x (km)

Figura 12. Concentração de CO2 para diferentes alturas e distâncias

Observando a Figura 8, a Figura 8, a Figura 8 e a Figura 12 nota-se que os poluentes


correspondentes ao material particulado (MP), aos hidrocarbonetos (HC) , ao óxido de enxofre
(SOx)e ao dióxido de carbono (CO2) apresentaram um resultado análogo ao discutido para o
óxido de nitrogênio (NOx).
28

3.3. Cálculo do Potencial de Aquecimento Global (PAG ou GWP)


utilizando a ferramenta GHG Protocol

INSERIR AQUI OS RESULTADOS OBTIDOS ATRAVÉS DA PLANILHA GHG


PROTOCOL PARA UMA QUANTIDADE DE HORAS E DIA DE OPERAÇÃO DA
NOSSA CALDEIRA. EXPLICAR O SIGNIFICADO DA QUANTIDADE DE CO2
EQUIVALENTE E DISCUTIR O POTENCIAL DE AQUECIMENTO GLOBAL.

3.4. Comparação com os padrões de qualidade do ar (Resolução 003 de


1990 do CONAMA)

3.4.1. Partículas totais em suspenção (MP)


Para este poluente, o intervalo de tempo de amostragem de interesse estabelecido pelo
CONAMA é de 24 horas. Dessa maneira, definimos o coeficiente p fazendo uma interpolação
de acordo com o intervalo que ele abrange, assim foi utilizado p = 0,2616. Já o intervalo de
tempo dos parâmetros de cálculo do modelo foi de 10 minutos em média para todos os
poluentes, já que os coeficientes de dispersão foram obtidos através do modelo de Briggs.
Desta forma, fazendo a correção das concentrações encontramos as corrigidas ilustradas na
Tabela 10 a seguir:

Tabela 10: Concentrações corrigidas para o MP

Z 5m 10 m 20 m 50 m
x (km) C2 (x,0,5) C2 (x,0,10) C2 (x,0,20) C2 (x,0,50)
0,05 1,23179E-11 3,4201E-10 1,5282E-07 0,17162731
0,1 0,066323141 0,14070403 0,68032926 26,1286801
0,15 3,324406648 4,12737756 7,61322968 40,2758454
0,2 10,86580735 11,7057691 15,0376798 36,2737724
0,25 16,41904292 16,9185384 18,8630124 30,1534438
0,3 18,65898938 18,9083429 19,8750851 25,3666649
0,35 18,77968343 18,8945153 19,338951 21,8330006
0,4 17,87468395 17,9228702 18,1086029 19,1171896
0,45 16,5719175 16,5879119 16,6485808 16,9351556
0,5 15,18251649 15,1832441 15,1845883 15,1284449
29

0,55 13,84712339 13,8408881 13,8152138 13,6048186


0,6 12,62168166 12,6125756 12,5758236 12,3049251
0,65 11,5218634 11,5118989 11,471913 11,1867782
0,7 10,54511295 10,5352611 10,4958232 10,2186492
0,75 9,681366696 9,67207096 9,63490454 9,37559931
0,8 8,918163968 8,90960016 8,87538237 8,63758881
0,85 8,242998374 8,2352076 8,20408966 7,98830762
0,9 7,644318779 7,63727659 7,60915408 7,41437277
0,95 7,1118779 7,10553036 7,08018437 6,9047372
1 6,636775089 6,6310575 6,60822785 6,45023592

A partir das concentrações obtidas, foi possível plotar a Figura 13 das


concentrações pela distância da chaminé. É possível notar que o padrão da Pluma Gaussiana se
repete, apenas os valores se ajustaram ao intervalo de tempo de amostragem.

45
40
35
Concentração (μg.m-3)

30
25 Z=5 m
20 Z= 10 m
15 Z=20 m
10 Z=50 m
5
0
-5 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Distância, x (km)

Figura 13: Gráfico das concentrações corrigidas para o MP

Comparando os valores de concentrações corrigidas obtidas e os definidos pela


resolução do CONAMA, é possível observar que, se tratando do material particulado, esta
caldeira está emitindo uma quantidade de poluentes dentro do permitido pela legislação, não
ultrapassando os valores de 240µg/m³ (padrão primário) e de 150µg/m³ (padrão secundário).
30

3.4.2. Dióxido de enxofre (SOX)

Fazendo o mesmo procedimento para o SOx, considerando o mesmo tempo de


amostragem, logo, o mesmo coeficiente p, obtemos os resultados apresentados na Tabela 11 a
seguir:

Tabela 11: Concentrações corrigidas para o SOx

Z 5m 10 m 20 m 50 m
x (km) C2 (x,0,5) C2 (x,0,10) C2 (x,0,20) C2 (x,0,50)
0,05 1,266E-13 3,5151E-12 1,5707E-09 0,00176395
0,1 0,000681655 0,00144612 0,00699227 0,26854477
0,15 0,034167513 0,04242027 0,07824708 0,41394619
0,2 0,111676353 0,12030929 0,15455393 0,37281377
0,25 0,168751274 0,17388498 0,19386985 0,30991039
0,3 0,191772946 0,19433575 0,20427171 0,26071295
0,35 0,193013413 0,19419363 0,19876144 0,22439473
0,4 0,183712029 0,18420728 0,1861162 0,19648223
0,45 0,170322485 0,17048687 0,17111041 0,17405577
0,5 0,156042531 0,15605001 0,15606382 0,1554868
0,55 0,142317657 0,14225357 0,1419897 0,1398273
0,6 0,129722839 0,12962925 0,12925152 0,12646729
0,65 0,118419152 0,11831674 0,11790577 0,11497522
0,7 0,108380328 0,10827907 0,10787374 0,10502501
0,75 0,099502935 0,0994074 0,09902541 0,09636033
0,8 0,091658907 0,09157089 0,09121921 0,08877522
0,85 0,084719706 0,08463963 0,08431981 0,08210205
0,9 0,07856661 0,07849423 0,07820519 0,07620328
0,95 0,073094301 0,07302906 0,07276856 0,07096535
1 0,0682113 0,06815254 0,0679179 0,06629409

A Figura 14 é o gráfico das concentrações obtidas ajustando o tempo de


amostragem.
31

0.45
0.4
Concentração (μg.m-3) 0.35
0.3
0.25 Z= 5m
0.2 Z= 10m
0.15 Z=20 m
0.1 Z= 50 m
0.05
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Distância, x (km)

Figura 14: Gráfico das concentrações corrigidas para o SOx

Assim como para o material particulado, concluiu-se que este poluente também não
ultrapassa os limites estabelecidos pelo CONAMA, estando dentro do permitido pela
legislação.

3.4.3. Dióxido de nitrogênio (NOX)


Na Tabela 12 a seguir é possível observar as concentrações corrigidas calculadas para o
NOx. Diferentemente do MP e do SOx, para o NOx o tempo de amostragem abrangido pelo
CONAMA, nesta resolução, é de 1 hora, portanto também foi necessário ajustar o coeficiente p
para o valor mínimo para um intervalo de tempo maior do que 1 hora, utilizando então p=0,25.

Tabela 12: Concentrações corrigidas para o NOx

Z 5m 10 m 20 m 50 m
x (km) C2 (x,0,5) C2 (x,0,10) C2 (x,0,20) C2 (x,0,50)
0,05 6,017E-12 1,6706E-10 7,465E-08 0,08383685
0,1 0,0323977 0,06873139 0,33232861 12,7633903
0,15 1,6239129 2,01614971 3,71892577 19,6740261
0,2 5,3077515 5,71805769 7,34563614 17,7190854
0,25 8,0204072 8,26440174 9,21424232 14,729415
0,3 9,1145807 9,23638542 9,70862162 12,3911596
0,35 9,1735376 9,22963088 9,44672972 10,6650281
0,4 8,7314616 8,75499975 8,84572685 9,33840331
32

0,45 8,0950836 8,1028966 8,1325323 8,27251893


0,5 7,4163862 7,41674167 7,4173983 7,38997325
0,55 6,7640707 6,7610249 6,74848348 6,64570921
0,6 6,1654645 6,16101632 6,14306365 6,0107346
0,65 5,628223 5,62335559 5,60382318 5,46453995
0,7 5,151098 5,14628554 5,12702086 4,99162633
0,75 4,7291735 4,72463271 4,70647758 4,57981164
0,8 4,3563627 4,35217943 4,33546466 4,21930678
0,85 4,0265565 4,0227508 4,00755024 3,9021446
0,9 3,7341122 3,73067225 3,71693492 3,62178775
0,95 3,4740244 3,47092378 3,45854272 3,37283994
1 3,2419453 3,23915233 3,22800045 3,15082424

Assim como para os outros poluentes, a Figura 15 mostra o gráfico das concentrações
corrigidas para o NOx.

25

20
Concentração (μg.m-3)

15
Z=5 m
10 Z=10 m
Z=20 m
5 Z=50 m

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
-5
Distância, x (km)

Figura 15: Gráfico das concentrações corrigidas para o NOx

Este poluente também não ultrapassou os limites estabelecidos pelo CONAMA.

Portanto, dentre todos os poluentes emitidos pela caldeira e limitados pela resolução
03/90, temos que nenhum deles se encontra dentro das faixas de padrão primário ou secundário.
33

3.5. Comparação dos resultados obtidos com os limites máximos de


emissões de poluentes atmosféricos por fontes fixas considerando o tipo de
combustível (Resolução 382 de 2006 do CONAMA – ANEXO IV)
Com base nas definições da Resolução 382 de 2006 do CONAMA, realizou-se o
cálculo da potência térmica nominal, em MW, para comparar com os limites de emissão dos
poluentes MP e NOx. Primeiramente, definiu-se a lenha seca (12% de água) como o material
que será o combustível da caldeira. Tal combustível possuí cerca de 3680 kcal/kg de PCI
(fonte: http://www.teccalor.com.br/PDF/TabelaPoderCalorifico.pdf). Baseado nesse valor,
usou-se a Equação 12 para o cálculo da potência térmica nominal. O valor obtido foi de 13,9
MW. Em relação à conversão às condições referenciais de oxigênio, a conversão da
concentração medida para a condição referencial de oxigênio não é aplicável, pois não há
medidas de oxigênio realizadas, uma vez que os resíduos gerados não contém oxigênio em sua
composição (ele é consumido completamente durante a combustão).

3.5.1. Partículas totais em suspenção (MP)


Como já dito no item anterior, para o poluente MP, o intervalo de tempo de amostragem
de interesse estabelecido pelo CONAMA é de 24 horas. Dessa maneira, o coeficiente p
permanece com o mesmo valor do que foi calculado (p = 0,2616). Portanto, as correções das
concentrações já estão contidas na Error! Reference source not found..
Consultando a Tabela 7, pode-se observar que o limite de emissão para MP
provenientes de processos de geração de calor a partir da combustão de derivados da madeira é
de 520 mg/Nm³ ou 520000 µg/Nm³ para potência térmica nominal entre 10 MW e 30 MW.
Comparando os valores de concentrações corrigidas mostradas na Tabela 10 e os
definidos pela resolução do CONAMA, pode-se afirmar que a caldeira está emitindo uma
quantidade de poluentes abaixo do limite permitido pela legislação, quando se trata de material
particulado (MP).

3.5.2. Dióxidos de Nitrogênio (NOX)


Para o poluente NOX, o intervalo de tempo de amostragem de interesse estabelecido
pelo CONAMA, nesta resolução é de 24 horas. Dessa maneira, o coeficiente p permanece com
o mesmo valor do que foi calculado (p = 0,2616). Portanto, as correções das concentrações
foram efetuas e estão contidas na Tabela 13.
34

Tabela 13. Concentrações corrigidas para o NOx

Z 5m 10 m 20 m 50 m
x (km) C2 (x,0,5) C2 (x,0,10) C2 (x,0,20) C2 (x,0,50)
0,05 2,56622E-12 7,12517E-11 3,18377E-08 0,035755689
0,1 0,013817321 0,029313339 0,141735263 5,443475027
0,15 0,692584718 0,859870325 1,586089517 8,39080112
0,2 2,263709865 2,438701904 3,132849965 7,557035916
0,25 3,420633941 3,524695509 3,92979426 6,281967451
0,3 3,887289453 3,939238102 4,140642734 5,28472186
0,35 3,912434049 3,936357348 4,028948116 4,548541784
0,4 3,723892489 3,733931294 3,772625614 3,982747841
0,45 3,452482813 3,45581497 3,468454341 3,528157418
0,5 3,163024268 3,163175857 3,163455902 3,151759359
0,55 2,884817373 2,883518352 2,878169549 2,834337213
0,6 2,629517012 2,627619909 2,619963253 2,563526064
0,65 2,400388207 2,39831228 2,389981878 2,330578793
0,7 2,196898531 2,194846054 2,186629835 2,128885244
0,75 2,016951395 2,015014783 2,007271779 1,953249856
0,8 1,857950827 1,8561667 1,849037993 1,79949767
0,85 1,717291328 1,71566825 1,709185345 1,664230753
0,9 1,592566412 1,59109929 1,585240434 1,544660994
0,95 1,481641229 1,480318825 1,47503841 1,438486917
1 1,382661477 1,381470313 1,376714136 1,343799151

Assim como para os outros poluentes, a Figura 16 mostra o gráfico das concentrações
corrigidas para o NOX.
35

45
40
35
Concentração (μg.m-3)
30
25 Z=5 m
20 Z= 10 m
15 Z=20 m
10 Z=50 m
5
0
-5 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Distância, x (km)

Figura 16. Gráfico das concentrações corrigidas para o NOx

Consultando a Tabela 7, pode-se observar que o limite de emissão para NOX


provenientes de processos de geração de calor a partir da combustão de derivados da madeira é
de 650 mg/Nm³ ou 650000 µg/Nm³ para potência térmica nominal entre 10 MW e 30 MW.
Comparando os valores de concentrações corrigidas mostradas na Tabela 13 e os
definidos pela resolução do CONAMA, pode-se afirmar que a caldeira está emitindo uma
quantidade de poluentes abaixo do limite permitido pela legislação, quando se trata de dióxidos
de nitrogênio (NOX).

4. CONCLUSÃO

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
16 set. 2017.

2 – BOÇON, Fernando Tadeu. Modelagem Matemática do Escoamento e da Dispersão


de Poluentes na Microescala Atmosférica. 1998. 307p. Tese (Doutorado em Engenharia
Mecânica). Universidade Federal de Santa Catarina.
36

3 – BRAGA, Benedito et al. Introdução a Engenharia Ambiental. 2ª ed. São Paulo:


Pearson, 2005.

4 – WEINER, Ruth F; MATTHEWS, Robin A. Environmental Engineering. 4ª ed.


Burlington: Butterworth-Heinemann, 2003.

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