Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1– FATOS
2 – PRÓDROMOS
1
Apud LIMA, Ruy Cirne. Conceito fundamental de direito administrativo. Revista
Forense, set./1948, p. 48-50.
2
LIMA, Ruy Cirne. Princípio de direito administrativo, 3. ed., Porto Alegre: Sulina, 1954,
p. 21.
2
O princípio da separação dos poderes, ou melhor, da segregação das
funções é o pressuposto político para a existência do direito administrativo,
enquanto o Estado de Direito é seu pressuposto jurídico.3 O direito
administrativo surge, portanto, como reflexo das revoluções burguesas do
Século XVIII – sobretudo a partir da Declaração francesa dos Direitos do
Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de 1789 – fincado na necessidade de
imposição de limites ao poder estatal, de modo a assegurar o exercício das
garantias e liberdades individuais. Daí a relevância do princípio da legalidade
que “estabelecido como fundamento de direitos individuais e, por natural
desdobramento, de direitos políticos da representação popular na constituição
dos poderes reprime o absolutismo do Poder estatal e condiciona a atividade
da Administração Pública.”4
3
CUESTA, Rafael de Entrena. Curso de derecho administrativo. 11. ed., Madrid:
Tecnos, 1995. Vol. 1.
4
TÁCITO, Caio. O princípio da legalidade: ponto e contraponto. In: Estudos em
homenagem a Geraldo Ataliba., MELLO. Celso Antônio Bandeira (Coord.). São Paulo:
Malheiros, 1998.
5
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Mutações do direito administrativo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1999, p. 11.
6
LIMA. Princípios..., cit. p. 22
7
FERRAZ, Luciano. Controle da Administração Pública, Belo Horizonte: Mandamentos,
1999. p. 99.
3
O abalo do modelo burocrático reclama formas menos rígidas de
organização, numa onda de resgate da colaboração entre Estado, sociedade e
indivíduos. O modelo de administração gerencial que se anuncia decanta –
não exclui – a burocracia; prestigia fins e não meios; “o racionalismo cede
espaço a novas concepções [...] a ênfase em conexões, a relatividade e a
incerteza, acrescentando-se, porque interessantes para o tema em foco, a
flexibilidade, a interdisciplinariedade e a idéia de finalidade.”8
8
MOREIRA, João Batista Gomes. Modelos de administração pública – correspondente
evolução no conceito e objeto do direito administrativo. Monografia vencedora do prêmio
professor Vitor Nunes Leal, XIIIº Congresso Brasileiro de Direito Administrativo, Florianópolis,
1999.
9
MOREIRA NETO. Op. cit., p. 40.
10
WALD, Arnold. Novas tendência do direito administrativo: flexibilidade no mundo da
incerteza. Revista de Direito Administrativo, n. 202, out./dez., 1995. p. 44.
4
2.2 – Considerações sobre a interpretação dos contratos administrativos
11
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro, 20. ed., São Paulo:
Malheiros, 1995, p. 202.
5
receber. Tal equilíbrio é traduzido, em linguagem matemática, por uma
equação, que se resume, em sua simplicidade, no equilíbrio financeiro
do contrato. É a chamada equação financeira.”12
12
CRETELLA JÚNIOR, José. Direito administrativo brasileiro, 2. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2000, p. 367.
13
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos,
7. ed., São Paulo: Dialética, 2000, p. 409.
14
JUSTEN FILHO. Op. cit., p. 557.
6
Como se vê, a garantia do contratado nos ajustes administrativos,
residente na intangibilidade da cláusula de remuneração, engloba reajustes –
provenientes da corrosão do poder aquisitivo da moeda (art. 3º da Lei 10.192,
de 14 de fevereiro de 2001) –, e recomposições – oriundas de alterações nos
parâmetros equacionais da proposta.
3 – MÉRITO
15
MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e contrato administrativo, 11. ed., São Paulo:
Malheiros, 1997. p. 197.
7
dependência do seu implemento. [...] É a eficácia do ato que fica
subordinada. A condição não afeta sua existência, mas somente a
execução.”16
“Art. 57 ................................................................
.............................................................................................
“............................................................................................
16
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 10.ed., Rio de Janeiro: Forense, 1990.
p. 401-404.
17
Segue-se o magistério de Hans Kelsen para quem um mínimo de eficácia é condição
de vigência da norma jurídica, dentre as quais está o contrato. (KELSEN, Hans. Teoria pura do
direito, trad. João Batista Machado, São Paulo: Martins Fontes, 1995.)
8
Não obstante, ainda que se entendesse que a vigência do contrato
estava expirada (desprezando-se a condição suspensiva) a devolução do prazo
afigura-se medida factível, com base nos dispositivos citados da Lei de
Licitações. Orienta, nesse sentido, Carlos Pinto Coelho Motta:
18
MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos, 7. ed., Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 294.
19
Considera-se ‘fato da administração’ “toda ação ou omissão do Poder Público que,
incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retarda ou impede sua execução.”
(MEIRELLES. Direito administrativo...., cit. p. 223).
20
MEIRELLES. Licitação..., cit., p. 201.
9
cujos pressupostos estão arrolados no texto legal. Não se remete à
liberalidade da Administração escolher entre conceder ou não a
prorrogação. A lei exige, isto sim, a rigorosa comprovação da presença
dos requisitos legais. Uma vez presentes, surge o direito do particular a
obter a prorrogação.”21
21
JUSTEN FILHO. Op. cit., p. 527.
22
DOU de 15.10.1996, p. 20931.
10
Como se vê, a legislação de regência das licitações (Lei 8.666/93, art.
57, § 1º e 79, § 5º), a doutrina e a jurisprudência do TCU, reconhecem, em
casos tais como o do Contrato n.______, a possibilidade de prorrogação.
11
... ainda que os contratos originais de remanescentes de obras sejam
considerados extintos por decurso de prazo, assim mesmo vejo que, à
luz do novo mandamento legal (Lei 8.666/93) e com base nas
circunstâncias que motivaram as correspondentes extinções contratuais,
os novos contratos firmados de remanescentes de obra encontram
arrimo legal, nos termos do preceito contido no inciso XI do art. 24 da Lei
8.666/93, que diz, verbis:
(...)
12
da norma administrativa à espécie não prevista, mas compreendida no seu
espírito.”23
23
MEIRELLES. Direito administrativo..., cit. p. 40.
24
MAXIMILIANO. Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 12. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 1992. p. 212.
13
é a simples variação numérica expressiva de um mesmo valor que permanece
inalterado e tão-somente passa a ser expresso por números diferentes.”25
Nesse sentido, prescreve o art. 65, II, ‘d’ da Lei 8.666/93, com a redação
dada pela Lei 8.883/94:
“Art. 65 – Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com
as devidas justificativas, nos seguintes casos:
............................................................................
.............................................................................
25
MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de direito administrativo, 11. ed., São Paulo:
Malheiros, 1999, p. 455.
26
JUSTEN FILHO. Op. cit., p. 554.
14
Enquadram-se no prescritivo citado diversos fatores que podem conduzir
à necessidade de as partes pactuarem o reequilibro econômico-financeiro do
contrato. Ao caso vertente amolda-se a teoria da imprevisão. Com efeito,
adverte Celso Antônio, “a condição de imprevisibilidade tornou-se menos
severa. [...] O imprevisível passou a se referir apenas ao imprevisto, ao
razoavelmente não-previsto, e a indenização de imprevisão transmudou-se de
ajuda parcial temporária em meio de garantia do equilíbrio econômico-
financeiro estipulado por ocasião do contrato, nele incluído o lucro.”27
27
MELLO. Op. cit., p. 472.
28
TCU, TC-500.125/92-9, Rel. Min. Bento José Bugarin, 27/10/94, Boletim de Direito
Administrativo n 12/96. P. 834.).
29
TCMG, Consulta n. 612.523, Rel. Cons. José Ferraz, publicada na Revista do
Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, n. 1, 2000. p. 243-248.
30
WALD. Op. cit., p. 44.
15
Em se tratando de contrato de obra, o reflexo das variações econômicas
irradiam-se sobre os custos do empreendimento, os quais, em regra, constam
de tabelas existentes nos próprios órgãos públicos. De fato, durante a fase
interna da licitação, é dever elaborar orçamento detalhado em planilhas que
expressem a composição de todos os custos unitários do objeto (art. 7º, § 2º,
II). A propósito dos custos e sua distinção em relação aos preços, registrei:
"tais custos foram, ou deveriam ter sido, estimados de acordo com o que
a Administração apurou no mercado; este é o referencial permanente e
obrigatório das aquisições administrativas. Nada mais revelam, portanto,
do que os dados que todas as empresas do ramo já conhecem, que são
os preços praticados no mercado. Não se percebe como a exibição, no
ato convocatório desses custos e valores estimados no mercado, possa
comprometer a competitividade." 32
31
FERRAZ, Luciano. Licitações. 2. ed. (no prelo),
32
PEREIRA JÚNIOR. Op. cit., p. 7.
33
O TCMG utilizou parâmetro semelhante na resposta à consulta citada no corpo do
texto, verbis: “Para fins de aferição do montante a ser recomposto, via termo aditivo entre as
partes, deverão ser consideradas as planilhas constantes dos anexos ao instrumento
convocatório que descrevam os preços (custos) unitários [...]; na ausência estas planilhas
acostadas ao edital ou convite, outra idônea... A recomposição dar-se-á na exata proporção do
aumento pecuniário para o custeio do número de litros de combustíveis, consoante o menor
preço da praça.”
16
certame, entregando a obra à sociedade com maior rapidez e com sensível
redução de custos. Ademais, estará ciente de que a proposta aceita não é
inexeqüível, nem contém sobrepreço e de que o contratado possui condições
de habilitação suficientes para honrá-la.
17
Em regra, a Administração tem o dever de cumpri-los, sob pena de
violação ao princípio geral do enriquecimento sem causa. É bem
verdade que no último caso (contratos em execução), pode ser
conveniente ao administrador pretender a rescisão unilateral do contrato,
com fulcro no art. 78, XII da Lei 8.666/93, observando, para tanto, as
precauções previstas nos arts. 79, I, § 1º e 2º da mencionada Lei, e
aquilatando a economicidade da medida, em face do que dispõe o § 2º
do citado art. 79.
34
FERRAZ. Luciano et. alli. Lei de Responsabilidade Fiscal: abordagens pontuais. Belo
Horizonte: Del Rey, 2000, p. 177.
18
b) É possível acordar com a __________ a realização do objeto,
observado o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, utilizando-se, para
tanto, tabelas de custos atuais, que refletem a realidade do mercado?
É o parecer.
Luciano Ferraz
OAB/MG 64.572
Publicação Impressa:
Informação não disponível.
19