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Ricardo R. C. Solar
21 de agosto de 2009
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Sumário
1 O pensamento evolutivo pré-Darwiniano 4
2 A famı́lia Darwin/Wedgwood 5
3 Infância 5
5 Enfim, Beagle! 8
5.1 Não seria tão fácil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
5.2 A viagem do Beagle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.3 Galápagos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6 O Retorno do Beagle 10
6.1 Charles Darwin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
6.2 Malthus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6.3 A Origem das Espécies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
8 Bibliografia 12
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Resumo
Charles Robert Darwin é um dos pesquisadores de maior influência
da história da Ciência. Em biologia, não há sequer uma questão de
Por quê?, que não possa ser respondida, baseando-se em Evolução.
Como já fora dito por Theodosius Dobzhansky:
Nada em biologia faz sentido a não ser à luz da Evolução.
Mas, como Darwin chegou ao desenvolvimento de tal teoria na
forma que a conhecemos? Quais eram suas bases? Este texto tem o
objetivo de delinear alguns dos pontos principais da vida de Charles
Darwin que ajudam na resposta destas perguntas.
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1 O pensamento evolutivo pré-Darwiniano
Sim! Evolução é um conceito pré-Darwiniano! Entretanto, na Inglaterra
Vitoriana, século XIX, falar sobre qualquer assunto que desafiasse o poder
da criação Divina era algo fortemente combatido. Ao falar sobre Evolução,
portanto, tirava-se de Deus o pleno mérito por toda a perfeição das formas
vivas existentes!
Porém, com os avanços culturais proporcionados pela Revolução Cientı́-
fica do século XVII, era impossı́vel impedir o pensamento crı́tico das pessoas.
A ciência desta época fervilhava! Impulsionados pelas grandes descobertas
sobre Astronomia de Copérnico, Galileu, Newton, Kepler, era inevitável que
outros cientistas se sentissem compelidos a dar explicações naturais para os
fenômenos observados.
A Geologia era um dos ramos mais promissores. Disputas entre duas
correntes fervorosas tomavam conta das Sociedades de Ciência. Alguns dos
pensadores da época já notavam que a Terra era muito mais antiga do que
os meros 6000 anos calculados pelos Teólogos. Isto incitava o pensamento
sobre a origem da Terra, muito além dos dogmas religiosos.
A Biologia, por outro lado era uma ciência quase morta. O Gênesis
era interpretado literalmente e o criacionismo fixista1 era a regra da época.
Contudo, alguns pensadores não deixaram escapar as inegáveis evidências de
que ”o mundo vivo flui”. Ou seja, nada é estático.
Os fósseis, morfologia comparada, embriologia, espécies mais semelhantes
entre si não eram fatos que pudessem ser negados! Eles existem! Vários pen-
sadores dedicaram extensos livros e cartas à idéia de que os animais podem
compartilhar ancestrais comuns, ou seja, que o mundo vivo evolui! Mu-
pertius, Erasmus Darwin2 e outros pensadores já propunham evolução. A
principal diferença é que, nenhum deles lançava qualquer explicação de por
que isso acontecia, tampouco porque espécies surgem ou desaparecem. Desta
forma, a especulação dominou o conhecimento evolutivo desta época.
Porém, o filósofo natural francês Jean Baptiste de Lamarck foi além. Em
1809 3 , Lamarck publica seu livro mais importante Philosophie Zoologique.
Neste livro, Lamarck discute que as espécies são capazes de mudar no tempo,
evoluirem! Entretanto, para Lamarck, todas as espécies foram criadas, e
poderiam mudar para serem cada vez melhores. Lamarck não discute mecan-
ismos de como a vida pode surgir, ou ser extinta. A Figura 1 exemplifica a
diferença entre o pensamento de Lamarck (a) e o de Darwin (b).
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Entenda por criacionismo fixista a visão de que o mundo é, e sempre será, da forma
que fora criado por um Deus todo poderoso. Imutável
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Avô de Charles Darwin.
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Feliz coincidência, o ano de nascimento de Charles Darwin.
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Figura 1: Formas de evolução da vida propostas (a) Lamarck e (b) Darwin.
Lamarck não assumia ancestralidade comum, nem extinção.
2 A famı́lia Darwin/Wedgwood
De ambos os lados da famı́lia, Charles 4 teve alguma ascendência pen-
sadora. Seu avô materno, Josiah Wedgwood era dono de uma fábrica de
vasos. Nas horas vagas, era pensador, formava o grupo dos ”Lunáticos”, in-
teressados em questões do mundo natural. Deste mesmo grupo, fazia parte
o avô paterno de Charles, Erasmus Darwin. Este sim, influenciaria Charles.
Apesar de nunca tê-lo conhecido, Erasmus deixou uma considerável obra es-
crita sobre história natural e Evolução. O pai de Charles, Robert Darwin,
foi um médico conhecido, que teve grande influência na vida do filho. Por-
tanto, nota-se que Charles advém de uma famı́lia tradicional e rica. Este
fato permite a Charles uma vida tranquila, com tempo e recursos para as
investigações que fez.
3 Infância
Charles Robert Darwin5 nasceu em 12.02.1809 na pequena cidade inglesa
de Shrewsbury. Foi educado até os oito anos em casa, pelas irmãs. Durante
toda a infância, foi um ávido colecionador. Conta-se que ele juntava tudo
o que pudesse se pensar: ovos, pedras, conchas, selos postais e etc. Seguia
sempre o jardineiro da famı́lia, com quem aprendeu a nomear coisas. Aos
oito anos foi matriculado na escola local, bastante rı́gida, aonde aprendeu
lı́nguas clássicas, como Latim e Grego. Neste mesmo ano, sua mãe morre.
Durante a infância, Charles aprendeu equitação, caça e pesca, além de de-
senvolver várias atividades laboratoriais com o irmão Erasmus (Eras). Jun-
tos, os dois montaram um laboratório de quı́mica, aonde Charles aprendeu a
manusear vários instrumentos e alguns pontos de metodologia cientı́fica. Du-
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Daqui em diante, apenas o nome Charles será usado em referência a Charles Darwin.
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O nome Charles foi uma homenagem ao tio, que morreu antes de se formar médico.
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rante este tempo, Charles e Eras eram leitores inveterados, podendo comprar
os livros que quisessem, leram de tudo.
Com a ida do irmão para Cambridge, Charles se dedica menos ao labo-
ratório e mais às caçadas, o que se tornou uma preocupação para seu pai.
Charles era demasiadamente bagunceiro e desatento, ”muito deificente para
um Darwin”! Assim, temendo um futuro trágico para o filho, Robert Darwin
decide mandar o filho de 16 anos para estudar medicina na Universidade de
Edinburgo.
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era o correto. Nesta época, grande parte dos naturalistas respeitados também
eram clérigos. Muito mais do que os ensinamentos Cristãos, em Cambridge,
Charles acha o lugar perfeito para se estudar história natural. Junto ao
seu primo, William Fox, Charles inicia a sua famosa coleção de Besouros.
A caçada por besouros, ou Beetling torna-se uma paixão na vida do jovem
Charles.
Em Cambrige, Charles conhece o homem que talvez seja a pessoa que mais
o influenciou em toda a vida, Jonh Stevens Henslow(Figura2). Henslow
era Naturalista, principalmente dedicado à botânica. Charles então começou
a frequentar os cursos ministrados por Henslow, e rapidamente tornou-se
o ”pupilo favorito”de Henslow. A proximidade era tanta que Charles era
conhecido como O homem que andava com Henslow. Neste meio tempo,
Charles passou por seus dois exames de curso - Little go e Final exam 6
- para os quais se dedicou e foi aprovado. Nestes exames, Charles leu os
livros de Paley,Evidences of Christianity e Principles of Moral and Political
Phylosophy, que neste momento fizeram bastante sentido. Não havia dúvida
que a vida necessitava de um designer. Nas palavras de Paley:
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4.2.1 A caminho do Beagle
Darwin terminou a graduação em Artes, agora poderia se dedicar inte-
gralmente à história natural. Neste momento, Henslow o aconselha a fazer
um tour pelas florestas tropicais. Era o incentivo que Charles precisava.
Florestas tropicais que ele leu nos livros de von Humboldt, e ficou mar-
avilhado. Charles iniciou os preparativos da viagem. Convenceu seu pai a
pagá-la; definiu o local, as ilhas Canárias e Tenerife; conseguiu um compan-
heiro, Ramsay e tomou aulas de Geologia com Sedgwick. Tudo pronto? Não,
Ramsay foi acometido de uma doença e foi a óbito.
Todos os meses de preparação pareciam então, perdidos. Se não fosse um
envelope, gordo, que encontrava-se a espera de Charles em Shrewsbury. Este
envelope trazia uma indicação de Henslow para que Charles embarcasse no
HMS (Her Majesty Ship) Beagle (Figura 3)
5 Enfim, Beagle!
5.1 Não seria tão fácil
Após convencer o pai, totalmente contra a viagem, Charles vai para Lon-
dres, para aceitar o convite. Entretanto, ele não foi o único a ser convidado.
Entretanto, Charles tinha todos os requisitos para o cargo, acompanhante
do Capitão, Robert Fitz Roy. Nas palavras de Henslow ”Garanto que ele é
o homem mais correto para o que procuram”. Muito mais do que isso, nesta
altura Charles era um naturalista formado, completo para exercer muito mais
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do que apenas companhia para Fitz Roy. Depois de muita insistência, e de
uma semana de convı́vio experimental com o capitão, Charles é aceito para
o cargo, pelo qual pagou uma valiosa quantia.
5.3 Galápagos
Na costa do Pacı́fico, Galápagos foi um dos pontos mais importantes da
viagem. Todavia, não foi lá que Charles conseguiria fazer todas as associações
devotadas a estas ilhas. Durante o tempo em Galápagos, ele as taxou de
ilhas feias e pretas, com animais esquisitos (Iguanas) e bobos (Albatrozes).
Coletou diversos animais, os quais não etiquetou devidamente. Coletaram
tartarugas, porém principalmente como fonte de alimento.
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Galápagos tem grande importância durante a fase de análise de material.
Charles nota sua falha na etiquetagem, pois descobre que vários pássaros
diferentes pertencem à um mesmo gênero, Geospyza, ou melhor dizendo,
Tentilhões de Darwin. Por sorte, o naturalista da expedição havia coletado
e etiquetado muito bem todos os pássaros. Impressionante, cada ilha tinha
seu conjunto especı́fico de pássaros! Como poderia haver uma Criação
especı́fica para cada ilha?
6 O Retorno do Beagle
Cinco anos de viagem haviam gerado muito material de coleta. Agora,
Charles era conhecido e respeitado como cientista. Durante grande parte
dos anos posteriores, ele se dedicou a publicar livros sobre a fauna e flora
da viagem do Beagle. Além disso, as várias contribuições em Geologia os
tornaram ainda mais respeitado, principalmente a descrição da formação dos
Atóis.
Em segundo plano, cadernos intitulados ”A, B, C ...”foram escritos, nos
quais Charles lentamente construiu suas idéias acerca de Evolução. Entre-
tanto, estas idéias necessitavam muito mais suporte, pois carregavam uma
mudança de paradigma muito grande, e seriam fortemente combatidas. Uma
das primeiras idéias a serem expostas foi a de ancestralidade comum.
As idéias de Paley, sobre design Divino não eram mais aceitas, como na
época da faculdade. Não era mais necessário um relojoeiro, as leis naturais
faziam esse papel! Parecia existir algum mecanismo capaz de governar a
diversificação dos organismos vivos, e era gradual! E cada vez mais, a coleta
de evidências continua. Charles percorreu vários breeders em Londres, um
dos mais interessantes são os criadores de pombos. Quanta variação partindo
de uma coisa simples!
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6.2 A leitura de Malthus
Com a leitura do livro An Essay on the Principle of Population do
economista Thomas Malthus, Charles nota como pode haver extinção das
espécies. Ele realiza que o potencial biótico tende a ser maior que a disponi-
bilidade de recursos. Na luta por estes recursos, apenas os mais aptos são
capazes de sobreviver.
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cientistas da época, Seleção Natural foi fortemente combatida. Não haviam
evidências de um mecanismo de transmissão de caracateres que fosse com-
patı́vel com o mecanismo selecionista. Duas idéias eram vigentes, a teoria
Lamarckiana e a teoria de ”Herança por Mistura”, ambas incompatı́veis.
Desta forma, somente depois de 1930, com a reformulação da teoria Dar-
winiana, incluindo o mecanismo de herança proposto por Mendel, a Seleção
Natural foi finalmente aceita como mecanismo de evolução. Esta reformu-
lação é amplamente conhecida como Nova Sı́ntese.
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8 Bibliografia
Darwin, C. 1859 The Origin of Species. London: John Murray.
LATEX
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