Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ubiratan Teixeira - Dicionário de Teatro PDF
Ubiratan Teixeira - Dicionário de Teatro PDF
INSTITUTO GEIA
Av. Colares Moreira, Quadra 121, nº 1, Renascença
65075-440 – São Luís – Maranhão – Brasil
Tel. (55 98 3227 6655)
www.geia.org.br
e-mail: geia@geia.org.br
INSTITUTO GEIA
Empresas Associadas
Dicionário de Teatro
2ª edição
revista e aumentada
São Luís
2005
© Copyright 2005 by
Ubiratan Teixeira
Supervisão Editorial
Jorge Murad
Revisão
Nauro Machado e Sebastião Moreira Duarte
Digitação
Ubiratan Teixeira
Editoração Eletrônica
Elio Moraes e Roberto Sousa Carvalho
Capa
Albani Ramos e Jorge Murad
Impressão
Halley S.A. Gráfica e Editora
ISBN 85-89786-07-2
GENEALOGIA DA OBRA
Ubiratan Teixeira
p. 9
DICIONÁRIO
p. 15
CRONOLOGIA
de acontecimentos influentes na formação da cultura teatral
p. 287
BIBLIOGRAFIA
p. 307
GENEALOGIA DA OBRA
Toda obra tem suas razões para existir; didática, testemunhal, documen-
tal, lazer, profética, etc. Este dicionário não foi diferente; nasceu de um
mirrado glossário que eu ia engordando a partir das palestras, encontros,
pequenos cursos que eu ia ministrando no início de minha vida no teatro,
para um universo de curiosos que tentavam entender teatro, falar teatro, ver
teatro de forma mais participante. De repente eu tinha reunido um volume
considerável de expressões, termos, curiosidades e informações específicas
da linguagem teatral que chegou às mãos de Arlete Nogueira Machado,
então diretora do Departamento de Cultura do Estado, embrião da atual
Fundação Cultural, que no seu delírio histórico/cultural resolveu transfor-
mar em livro, que circulou numa primeira edição no ano de 1972 com o
nome de Pequeno Dicionário de Teatro, uma brochura de pouco mais de
cem páginas, apresentada aos leitores pelo padre/escritor João Mohana –
apresentação essa que fiz questão de reproduzir nesta 2ª edição.
Por vício e necessidade de crescimento continuei meu próprio auto-
aprendizado, através de leituras críticas de obras de formação e informa-
ção, de onde fui catando e catalogando a parte mais específica da lingua-
gem teatral, e ampliando de forma considerável o projeto original que
hoje, trinta anos passados, constituem o conteúdo desta obra, que volta à
circulação graças ao interesse do Dr. Jorge Murad e este precioso e ne-
cessário projeto que é o Instituto Geia.
Teatro é arte e como Arte, linguagem, que como tal nunca se estratifica,
donde continua seu processo de expansão, de crescimento natural. Aos
críticos severos peço caridade no julgamento e considerem que este hu-
milde coletor de palavras e expressões realizou um trabalho solitário,
morando numa cidade longe de tudo, carente de livrarias e das grandes
fontes de informação.
Ubiratan Teixeira
São Luís, fevereiro de 2005
PREFÁCIO DA EDIÇÃO ORIGINAL
João Mohana
O PALCO COMO EXISTÊNCIA
Nauro Machado
Dicionário de Teatro
ABREVIATURAS e CONVENÇÕES
usadas neste dicionário
20
ação Actor’s Studio
21
Actor’s Studio Adamov, Arthur
22
adaptação afinação
23
afinar agitprop
24
agon Alcazar
25
alegoria amador
26
amarração andamento
27
Andrade, Jorge animador(a)
28
animar antístrofe
29
Antoine, André antropofágico
30
antropologia (teatral) apoio
31
apontar apuro
32
arara Aristófanes
33
Aristófanes Arlequim
34
arlequinada arranjo
35
arremedo Artaud, Antonin
arremedo. Peça escrita nos moldes acabou propondo uma nova concep-
de outra; plágio literário; imitação. ção estética para o teatro, a partir da
qual o espetáculo dramático deveria
arremedilho. Durante a Idade Mé-
retomar o verdadeiro sentido de sua
dia, jogral palaciano português cons-
função sagrada e ritualística, tentan-
tituído de imitação mímica e falada
do, com isso, obter uma relação
de personalidades, com freqüentes
nova entre ator e espectador, visan-
tiradas jocosas; escaranho, no pa-
do uma comunhão mais estreita en-
drão lusitano da época. Com o pas-
tre o palco e platéia, proposta estéti-
sar dos tempos, passou a ser conhe-
ca desenvolvida a partir de 1926,
cido pela expressão entremez.
quando funda o Teatro Alfredo
arriar. Folgar as cordas – a curta, a Jarry e põe em prática o seu Teatro
do meio ou a comprida – para facili- da Crueldade, em que defende o prin-
tar a descida do objeto suspenso na cípio de que as forças elementares
manobra. ♦ Arriar tudo. Folgar si- da mente são expostas em forma de
multaneamente as três cordas. ♦ ritual, princípio que exerceu forte in-
Arriar tudo até o chão. Fazer des- fluência para a transformação esté-
cer a vara até o chão do palco. tica do espetáculo, modificando o
comportamento de muitos diretores
Ars poetica. V. Epistola ad Pisones.
de seu tempo. Essa proposta não fica
arsenal. Expressão usada pelo teó- apenas no campo material do espe-
rico e encenador polonês Jerzy táculo, mas avança de forma ousada
Grotowski*, no seu Teatro-Labora- na criação da idéia de um texto total,
tório de Wroclaw, para designar o antiliterário, concebido como espe-
elenco de métodos, artifícios, tru- lho do inconsciente coletivo, apoiado
ques e coleção de clichês que um essencialmente na direção do espetá-
ator ou diretor acumula consigo, culo: “Não se trata de suprimir a
transformando o artista no que ele palavra, mas de fazer com que ela
denominava de “ator cortesão”, que mude sua direção e, sobretudo, de
é o profissional cuja arte de repre- reduzir seu lugar, considerá-la como
sentar fica bem próxima da prosti- coisa diferente de um simples meio
tuição, porque só visa a ganhar os de conduzir caracteres humanos e
favores das platéias. seus fins exteriores”. Insatisfeito
Artaud, Antonin (1896-1948). Drama- com as mudanças que estava pro-
turgo e teórico francês, ator, diretor pondo e pondo em prática, Artaud
e poeta, com participação significa- sugeriu a substituição do palco e da
tiva no movimento surrealista, quer platéia por uma espécie de local úni-
como teórico, quer como ativista, co, sem separação nem barreiras de
não só dirigindo e secretariando jor- qualquer espécie. Só assim, pensa-
nais e revistas representativas do va ele, poder-se-ia estabelecer uma
movimento, como assinando mani- comunicação verdadeiramente dire-
festos. Adepto da teoria da catarse, ta entre ator e espectador, pelo fato
36
arte dramática assistente de direção
37
assoalho ato
38
ator ator
peça teatral, e que, por sua vez, pode ator. É ele que empresta plenitude
ser constituído de cenas e quadros. física e espiritual ao texto do drama-
O ato cria estrategicamente um in- turgo, usando seu corpo e sua voz
tervalo que serve para a troca de para comunicar ao público a perso-
cenários e “desliga” momentanea- nagem que interpreta. Por essa qua-
mente a platéia da tensão do espetá- lidade é que o ator é essencialmente
culo. Historicamente, a primeira re- o instrumento de expressão teatral,
ferência à divisão de uma peça em o elemento preciso de um espetácu-
atos está no Epistola ad Pisones* lo, desenvolvendo até as últimas
(versos 189-90) de Horácio, que fi- conseqüências o material que lhe é
xava o número obrigatório de cinco fornecido pelo autor e pelo diretor;
atos para cada peça, prática que se pessoa que, utilizando a arte da imi-
tornou norma durante a Renascen- tação, representa uma outra diver-
ça. Só no século XIX, sobretudo por samente contrária à sua personali-
influência do dramaturgo norueguês dade, no teatro, no cinema, no rádio
Henrique Ibsen*, esta norma foi ou televisão. A Enciclopédia fran-
quebrada, estabelecendo-se três cesa estabelece algumas distinções
atos como critério ideal para se de- de caráter teórico entre comediante
senvolver uma história e a duração e ator. Para ela, “o ator só pode re-
de um espetáculo. O século XX tem- presentar certos papéis – os outros
se mostrado indiferente a um crité- ele deforma na medida de sua perso-
rio rígido, diversificando ou mesmo nalidade –, enquanto o comediante
ignorando essa prática, que começa pode representar todos.” E mais: “O
a ser banida por algumas companhi- ator habita uma personagem, en-
as de teatro e em algumas casas de quanto o comediante é habitado por
espetáculos. ♦ Ato variado. Número ela – o ator impõe e exibe a própria
de canto, dança, cenas de humor, personalidade, enquanto o comedi-
sem nenhuma unidade episódica, ante se esconde por detrás do pa-
apresentado ordinariamente nos in- pel, apagando sua natureza em be-
tervalos de um espetáculo maior. Foi nefício da transmissão objetiva da
também uma forma de espetáculo imagem sugerida pela peça.” A figu-
misto muito usado até a metade do ra do ator tem sua origem no
século XX, nos chamados benefíci- hypokrités grego, que significa
os, onde acontecia de tudo: respondedor, e era aquele que re-
cançonetas, árias de ópera, atos de presentava todos os papéis requeri-
comédia ou drama, esquetes, qua- dos pelo coro; é o simulador, aquele
dros de revistas, exercícios circen- que finge, e é o único responsável
ses, números de mágica etc. pelo fenômeno teatral. A tarefa pri-
mordial do ator é transformar o texto
ator. Principal agente de expressão
literário em um fato artístico e cêni-
ou comunicação em um espetáculo
co. Tradicionalmente, os atores eram
teatral. O texto teatral, em princípio,
dispostos em cena obedecendo a
só adquire vida ao ser animado pelo
39
atrasar auto
40
auto avant-première
41
avant-scène Azevedo, Artur
42
Babau. Nome dado ao mamulengo para designar uma peça de má quali-
na Zona da Mata, em Pernambuco. dade. 2. Espetáculo sem nenhum
Popular e presença obrigatória nas mérito artístico; chanchada.
festas comunitárias, são persona-
bailado. Manifestação de dança,
gens características desta ocorrên-
quase sempre ilustrada com mímica
cia: Cabo 70, Preto Benedito, Zé Ras-
e acompanhamento musical, poden-
gado, Simão e Etelvina. Suas histó-
do constituir um espetáculo inde-
rias são normalmente ambientadas e
pendente, ou acontecer no meio de
refletem a vida nos engenhos e nas
uma comédia ou de uma ópera.
fazendas da região.
bailarino. Profissional especializado
baby. Nome pelos quais os técnicos
em dança, portador desse título de-
em iluminação identificam os peque-
pois de freqüentar, tradicionalmen-
nos refletores utilizados para ilumi-
te, um curso regular dessa arte. F.
nar pequenas superfícies.
Bailarina.
back light. Feixe de luz auxiliar situ-
baixa. Designação dada à área do
ado por trás do objeto.
palco que fica mais próxima à boca
background. A música de fundo; o de cena, em oposição à alta, que fica
tradicional BG. ao fundo, e dividida em esquerda e
direita. É um espaço subjetivo usa-
Baco. Nome latino de Dioniso*,
do na terminologia de direção duran-
deus do vinho e da embriaguez, da
te o trabalho de marcação, tanto do
colheita e da fertilidade. Era consi-
espetáculo como da luz e da contra-
derado o protetor das belas-artes,
regragem, servindo inclusive para
em particular do teatro, que se teria
orientar o projeto de cenografia.
originado das festas que os anti-
gos promoviam em sua honra, as baixo. No canto lírico, a voz mas-
Bacanais. culina mais grave, segundo a esca-
la clássica das vozes dos cantores.
bagaceira. 1. Expressão de gíria, fora
Subdivide-se em baixo cantante,
de uso, que serviu por muito tempo
baixo profundo e baixo bufo. ♦
43
balancim balé
44
balé balé
45
balé bambinelas
46
bambolinas barbas
47
barítono bastidor(es)
48
bater Beckett, Samuel
49
bel canto Bernhardt, Sarah
50
besteirol bidunga
o escritor francês Alexandre Du- culo Bar, doce bar, criado por Filipe
mas*, que lhe ensinou a recitar Pinheiro, Pedro Cardoso e o músico
Fedra, de Racine*. Temperamental, Tim Rescala. O gênero foi consagra-
tinha uma voz frágil e doce. Apesar do pelos trabalhos do grupo
de seu aprendizado em arte dramáti- Asdrúbal Trouxe o Trombone.
ca ter sido com os grandes mestres
bexigada. Gíria teatral, fora de uso,
de seu tempo, além de Dumas, só
para dizer caco.
conseguiu entrar para a Comédie
Française por influência de Mony, BG. Abreviatura para o inglês
outro grande artista de seu tempo. background, que identifica tudo
Em 1880, desligou-se da companhia aquilo que constitui o fundo de uma
oficial francesa, organizando seu cena – vozes, ruídos, música, etc.
próprio elenco, passando a fazer
Bibiena. Nome pelo qual ficaram
tournées pelo exterior. Em 1893, pas-
conhecidos os Galli, família de ar-
sou a dirigir o Théâtre de la
quitetos, cenógrafos, pintores e gra-
Rénaissance. Em 1898, transformou
vadores italianos do século XVII,
o Teatro das Nações, que havia alu-
que deram uma contribuição valiosa
gado, em Teatro Sarah Bernhardt.
para a história da cenografia teatral,
Nas suas viagens pelo exterior, es-
com a introdução das perspectivas
teve no Brasil, onde fez grande su-
em diagonal, ao invés da perspecti-
cesso, mas fraturou o joelho, tendo
va central, até então utilizada. Resi-
que amputar a perna, circunstância
dindo na cidade de Bolonha, os Galli
que não a impediu de continuar atu-
– Ferdinando (1657-1743); seu irmão
ando. Em 1922, fez sua última cria-
Francesco (1659-1739); Giuseppe
ção em Régine Armand, de Louis
(1696-175) e Antônio (1700-1774), fi-
Verneuil.
lhos de Ferdinando – percorreram
besteirol. Gênero tipicamente brasi- toda a Europa projetando teatros,
leiro, surgido nos anos 70 do século maquinarias de cena, cenários e todo
XX, composto de pequenos tipo de parafernália visual para ser-
esquetes que comentam, através de vir ao espetáculo teatral. Contribuí-
um humor escrachado e com toques ram fundamentalmente para o desen-
de absurdo, flagrantes do cotidia- volvimento do teatro barroco.
no, privilegiando como tema de sua
bidunga. Técnica usada pelos cenó-
especialidade assuntos da atualida-
grafos e maquinistas para tornar o
de política e social do País. Para atin-
cenário opaco, de maneira que as
gir mais integralmente o seu objeti-
luzes internas, na caixa do teatro,
vo, os textos e espetáculos são mes-
durante o espetáculo, não se refli-
clados com elementos do teatro de
tam através dele. Consiste na apli-
revista, do vaudeville e do café-tea-
cação de tinta preta na sua face tra-
tro, gêneros de feição européia. A
seira ou na aplicação de outro mate-
primeira manifestação registrada do
rial de vedação, quando o cenário é
besteirol aconteceu com o espetá-
51
bidungar Boal, Augusto
52
Boal, Augusto boneco
53
bonifrates boulevard
fora de uso, sacos de papel, etc. Se- uma palmilha de couro ou madeira
gundo o estilo de cada um e o gê- chamada calceus, e de uma parte
nero a que são destinados dentro de superior, de pele de animal ajustável
sua categoria, recebem designações à perna, a cáliga.
as mais variadas: luva, vara, som-
boulevard. Um conceito antigo de
bra, engonço, etc. V. Fantoche.
espaço cênico, entendido por fes-
bonifrates. Uma das várias designa- ta/circo/feira, e uma das várias for-
ções pelas quais são conhecidos os mas de linguagem estética pela qual
bonecos articulados de algumas re- passou a arte teatral ao longo de
giões do Brasil e de Portugal. Bone- sua história. O gênero caracterizou-
co de engonço; autômato; títere. se pela leveza do texto, discreta dose
de malícia, e temática envolvendo
borboleta. Tipo de porca com duas
o eterno triângulo amoroso e suas
aletas que facilitam o seu manuseio.
implicações sentimentais. O tom
Usadas em combinação com parafu-
melodramático e popularesco de
sos, são de grande utilidade para a
suas primeiras manifestações foi-
montagem e desmontagem de peças
se modificando ao longo do tem-
do cenário.
po, chegando a adquirir uma
bordão. Frase ou palavra repetida entonação burguesa nos últimos
com freqüência por uma personagem instantes de sua efervescência. De
para produzir efeito cômico. caráter eminentemente comercial e
sem nenhuma pretensão literária,
borderô. Palavra importada da lín-
o gênero estava voltado apenas
gua francesa, bordereau, para de-
para a distração fácil. Florescendo
signar o resultado bruto da renda de
na metade do século XIX, na Fran-
um espetáculo.
ça, durante a Belle Époque, sofreu
borla. Termo fora de uso, para iden- crítica severa, por parte dos adep-
tificar o prosaico convite. tos do teatro revolucionário russo
borracheira. Palavra fora de uso, de Stanislavski* e Meyerhold*, e
para qualificar o espetáculo em que uma repressão feroz movida pelo ex-
o nível artístico do texto e de todos pressionismo alemão, anterior ao
os elementos da encenação deixava nazismo, das associações de espec-
muito a desejar, e no qual figurinos, tadores criadas a partir do fim do
cenários, adereços e interpretação século XIX e conhecidas pelo nome
não mereceram, por parte da direção de Volksbühnem. Apesar de tudo,
e produção, um tratamento estetica- conseguiu espalhar-se por toda a
mente decente. Europa. O nome originou-se em ra-
zão das primeiras salas de espetá-
borzeguim. Calçado que os antigos culo estarem localizadas no
atores cômicos romanos usavam Boulevard du Temple, passando, a
durante o espetáculo, para lhes au- partir de sua popularização, aos
mentar a estatura. Compunha-se de grandes boulevards parisienses. A
54
boy Brecht, Bertholt
55
Brecht, Bertholt Brecht, Bertholt
56
brechtiano Broadway
57
Brook, Peter bufo
58
bufonear buraco
59
burla burleta
60
cabaré. 1. Gênero teatral, em que se onde se reuniam grupos políticos,
apresentam peças musicais curtas e ideológicos, e artisticamente mais
esquetes, normalmente de cunho avançados, que exerceram, inclusive,
satírico e picante. 2. No século XIX, grande influência na carreira do dra-
local de espetáculo onde o maturgo Bertholt Brecht* e do com-
freqüentador podia comer, beber e positor Kurt Weill.*
assistir a apresentação de canções
cabaretier. Palavra que esteve mui-
e esquetes que satirizavam aspec-
to em voga nas primeiras décadas
tos de sua atualidade social e políti-
do século XX, para identificar o pro-
ca. O primeiro cabaré historicamen-
fissional encarregado de anunciar os
te conhecido com essas caracterís-
números num espetáculo de varie-
ticas surgiu no bairro boêmio de
dades. Fora de uso, tanto a palavra
Montmartre, em Paris, criado pelo
como a função.
pintor Rodolphe Salis (1851-1897), por
volta de 1881, e era chamado de Le cabelereiro. Profissional especi-
Chat Noir. O tamanho reduzido da alizado no arranjo das cabeleiras e
área de atuação dos atores e a proxi- dos penteados dos intérpretes. É
midade com a platéia favoreciam o quem, em momentos especiais, se
tom intimista da representação, faci- responsabiliza pela confecção das
litando o desenvolvimento de um cabeleiras, postiços e demais apli-
humor mais incisivo, podendo ser ques a serem usados pelos intérpre-
considerado como o modelo que tes, em cena.
serviu ao music-hall tradicional. Di-
cabo. Nos teatros de grande estru-
fundindo-se por toda a Europa, de-
tura física, designa, entre as dife-
sempenhou papel importante na
rentes funções na caixa cênica, o
promoção de movimentos de van-
profissional mais hábil e mais capa-
guarda como o desenvolvido pelo
citado na função que exerce, res-
Cabaré Voltaire, em Zurique, onde
ponsável pelo funcionamento per-
nasceu o dadaísmo, e os cabarés de
feito de um determinado setor do
Berlim, na Alemanha pré-nazista,
palco. ♦ Cabo de comparsa. Com-
61
cabriola café-teatro
62
café-teatro cair
63
caixa Calderón de la Barca
64
calha camarote
65
campainha de aviso capa-e-espada
66
Capitão caráter
67
carda carpinteiro
68
carrapato Cartel
69
cartello (di primo) catarse
ação contra o amadorismo sem ta- cast. Elenco. Palavra da língua ingle-
lento, improvisado e irresponsável, sa, usada por influência americana.
que reinava à época. Dos pálidos
castelos. V. Mansões.
momentos em que vivia, o encenador
de repente voltou a ser a figura mais Castelvetro, Ludovico (1505-1571).
importante do espetáculo, reassu- Crítico italiano, que propôs, durante
mindo o primeiro plano na constru- a Renascença, a retomada da Regra
ção da obra. das Três Unidades* estabelecidas
por Aristóteles, visando reorganizar
cartello (di primo). Expressão ita-
o caos instituído pela Idade Média
liana com largo uso entre os
na carpintaria teatral.
freqüentadores de ópera, no Brasil,
para identificar os cantores que castrati. Cantores de ópera do sexo
exerciam grande influência sobre o masculino, emasculados antes da
público. puberdade, com a finalidade de con-
servar o registro de sopranos e con-
casa. No jargão teatral, a platéia ocu-
traltos, prática em uso notadamente
pada pelo público, nos horários de
na Itália, entre os séculos XVI e
espetáculos. ♦ Casa boa. Platéia ra-
XVII. Ao se desenvolverem total-
zoável. ♦ Casa à cunha. Platéia
mente, essas pessoas ganhariam a
lotada. ♦ Casa meia. Só a metade
vantagem de combinar a força da
dos ingressos vendidos. Casa da
emissão ao volume da voz do adul-
ópera. Nome pelos quais eram de-
to. Apesar da aberração, tal prática
signados os primeiros edifícios ou
recebia o estímulo e a proteção da
salões para representações teatrais
Igreja Católica, pois era vedada a
construídos no Brasil, por instrução
presença das mulheres nos coros
do alvará de 17 de julho de 1771, após
das igrejas. Representando um fe-
a proibição do bispo D. José Fialho
nômeno musical, social e cultural
que, por pastoral de 13 de março de
de sua época, este tipo de artista
1726, havia proibido as represen-
ganhou notoriedade no mundo da
tações teatrais no interior das igre-
música em toda a Europa. Chega-
jas brasileiras; casa de comédia.
ram a ser trazidos para o Brasil en-
Cassemiro Coco. Mamulengo de tre 1824 e 1826; castrados.
sotaque e manifestação essencial-
catarse. Conceito que vem da Grécia
mente maranhense, ainda em uso
Antiga, usado tanto pela tragédia
profissional, praticado pelas famí-
como pela medicina, podendo sig-
lias que guardam as malas tradicio-
nificar purificação, para o teatro, ou
nais completas. Esta manifestação
purgação, no sentido médico. Na
chegou a Roraima, levada pelos imi-
Poética de Aristóteles, designa um
grantes maranhenses durante o Ci-
dos traços fundamentais da tragé-
clo da Borracha.
dia: “Ao inspirar, por meio da ficção,
certas emoções penosas e malsãs,
70
catástase cena
71
cena cenário
no texto literário, das cenas que nar uma peça teatral. ♦ Roubar a
compunham os atos. A cena, no cena. 1. Diz-se do intérprete que con-
caso, equivale teoricamente às to- centra em sua figura, pelo força de
madas no cinema e aos takes na sua interpretação, determinadas
teledramaturgia. Por outro lado, con- passagens do espetáculo. 2. Diz-se
sidere-se os diferentes momentos também do intérprete que, por seu
do espetáculo ou da peça, que po- espírito criativo e sua extroversão
derá estar cheia de “cenas de amor” de temperamento, chama para si a
ou “cenas de violência” ou “cenas atenção da platéia, pela natureza das
de sobrenatural”. 4. O espetáculo em falas de sua personagem ou atitu-
si: “Está em cena, no Teatro Praia des sugeridas pelo texto. 3. Ação
Grande, um texto de Artur Azeve- do ator, de chamar, por qualquer ar-
do”. ♦ Cena cômica. 1. Momento tifício – gestos, acréscimos de fa-
hilariante ao longo de um espetácu- las de efeito ao texto do autor – a
lo. 2. A comédia. ♦ Cena especial. atenção da platéia, “roubando” para
Introdução de uma canção, dança, si a projeção que deveria estar em
ou qualquer outro artifício não pre- outro local da cena. ♦ Sair de cena.
visto no texto, para ilustrar, ampliar Diz-se quando a peça pára de ser
o tempo ou enriquecer o espetácu- encenada, ou porque cumpriu a
lo. ♦ Cena fechada. O tradicional temporada prevista, ou porque fra-
palco à italiana onde bambolinas e cassou; o mesmo que sair de car-
reguladores escondem da vista do taz. ♦ Tomar a cena. Ação do/da
espectador todo o equipamento que ator/atriz de sair de um local de pou-
produz a ilusão cênica, tais como as ca evidência para se colocar no cen-
varas de iluminação, urdimentos, tro de interesse, ocupando a área
gambiarras, etc.; palco fechado. ♦ forte da cena, transformando-se,
Cena francesa. Nome pelo qual era conseqüentemente, de figura sem
identificada, na linguagem de caixa projeção que era, em centro das
de teatro, cada uma das unidades de atenções; tomar o palco.
ação de uma peça, cuja divisão se
cenário. O ambiente sobre um pal-
fazia segundo as entradas e saídas
co, onde o espetáculo é formado
dos intérpretes. Terminologia fora
pelo conjunto dos diversos materi-
de uso. ♦ Cena lírica. A ópera. ♦
ais e efeitos que servem para criar a
Cena muda. A que se passa entre
realidade visual ou a atmosfera dos
duas ou mais personagens em cena,
locais onde decorre a ação dramá-
que se expressam apenas por ges-
tica; o dispositivo decorado, que si-
tos, sem o auxílio do diálogo falado
tua geográfica, política e socialmen-
(a pantomima, no caso). ♦ Cena trá-
te o ambiente onde o texto ocorre;
gica. A tragédia. ♦ Ir à cena. O texto
espaço limitado por paredes, árvo-
teatral quando vai ser encenado, le-
res, casas ou outro qualquer elemen-
vado à representação. ♦ Levar à
to que crie o ambiente necessário ao
cena. Montar um espetáculo; ence-
desenvolvimento dramático. – Se-
72
cenário cenário
gundo alguns teóricos, deve existir tral começou no interior das igrejas,
uma relação de interpendência entre tendo o próprio interior dos templos
o espaço cênico e aquilo que ele como cenário. Por volta do século
contém: o cenário tem que falar do X, quando o drama se contaminou
texto que está sendo ali representa- de elementos profanos, a represen-
do, dizer alguma coisa a respeito dos tação passou para o adro, tendo os
personagens, de suas relações recí- pórticos como moldura cenográfica.
procas e com o mundo; pode ser rico Com o tempo, porém, como os tex-
e deslumbrante, como o das óperas tos começaram a se tornar muito ex-
e revistas musicais; minucioso, como tensos e aumentava enormemente o
os realistas; fantástico, ou simples- número de personagens, o espetá-
mente despojado de qualquer ele- culo foi para a praça pública. Aí, os
mento decorativo, onde apenas os cenógrafos inventaram o palco si-
efeitos de luz criam a atmosfera e a multâneo, para atender às exigênci-
linguagem necessária para ampliar o as da variedade de locais onde as
clima do espetáculo. A idéia do ce- cenas dos mistérios* transcorriam,
nário no teatro ocidental nasceu na justapondo ao longo de um estrado,
Grécia, no século V a. C. As unida- de forma sumária e esquemática, as
des de ação, lugar e tempo da tragé- diferentes indicações de ambiente.
dia grega simplificaram bastante o Desse modo, um simples portão po-
problema da cenografia, que se re- dia sugerir uma cidade, e uma ligeira
duziu então a fachadas de palácios, elevação uma alta montanha. No can-
templos e tendas de campanha, com to esquerdo do cenário podia dese-
mecanismos que produziam efeitos nhar-se uma enorme goela escanca-
especiais e enriqueciam o aspecto rada de um dragão, através da qual
visual do espetáculo, como o eram enviadas as almas condenadas
ekyclema*, que podia mostrar de ao inferno, ou saíam os demônios,
improviso, ao público, uma cena enquanto do lado direito, um pouco
ocorrida no interior do palácio; a acima do nível do palco, ficava o céu.
mechané*, que elevava às alturas O cenário propriamente dito, como
deuses e heróis; o theologêion*, hoje o conhecemos, só começou re-
que trazia do “céu” para a cena uma almente a se desenvolver a partir da
divindade, alçapão que possibilita- Renascença, por volta do século
va as sombras dos mortos subirem XVI, quando foram descobertas as
para o palco. Em Roma, o cenário perspectivas sucessivas, que tinham
acompanhava a construção faustosa como objetivo alargar ilusoriamente
dos teatros, buscando impacto vi- o espaço onde se desenrolava a
sual de luxo e riqueza. Como na ação. Os princípios em que se base-
Grécia, havia uma parte construída avam as primeiras cenografias ela-
– as fachadas dos palácios – e ou- boradas foram criados por
tras móveis – os maquinismos. Na Baldassare Peruzzi (1481-1536) e por
Idade Média, a representação tea- seu discípulo, Sebastiano Serlio
73
cenário cenário
74
cenário cenografia
75
cenógrafo centro
76
Cervantes, Miguel de charriot
77
chaspulho Cinthio
78
circo Claudel, Paul
79
clichê Coates, Robert
80
cobrir comédia
81
comédia comédia
82
comédia comédia
83
comédia comédia
84
comédia Comediantes (Os)
85
Comédie Française cômico
86
comitê de leitura comoedos
87
comos comparsa
comos (em grego, komos). Na Grécia programar exibições para outras par-
antiga, um cortejo grotesco em hon- tes do país. Podem se organizar pela
ra a Dioniso.* Seus participantes, convocação de um ator-empresário,
instalados no alto de carros ou ca- um mecenas, um produtor influente,
minhando a pé, excitados pelo vi- ou mesmo o Estado. Fizeram histó-
nho farto, saltavam alegremente, ria no Brasil companhias lideradas
produziam algazarras, disfarçavam- pelo ator-empresário Jaime Costa
se, imitavam gestos e vozes, zomba- (1897-1967), Procópio Ferreira*,
vam de defeitos, inventavam e de- Dulcina/Odilon, Tônia/Celli/Autran.
turpavam cânticos e danças, num ri- Ficou na história do teatro brasileiro
tual muito parecido com o carnaval Os Artistas Unidos, de Henriette
de rua no Brasil, sobretudo o de Morineau (1907-1990), o Teatro Bra-
Olinda, Pernambuco, e o de São Luís, sileiro de Comédia*, o Teatro de
no Maranhão. A palavra e a prática Amadores de Pernambuco, o Tea-
deram origem à comédia. tro de Estudantes do Brasil*, entre
outros; grupo teatral, circense, co-
Compadre. Tipo tradicional das re-
reográfico, etc.
vistas do ano, gênero de teatro po-
pular que floresceu no Brasil entre Companhia Nacional. Historicamen-
meados do século XIX e o XX. Nor- te o primeiro elenco teatral de cará-
malmente hilário, o tipo é responsá- ter essencialmente brasileiro, criado
vel pelos comentários críticos e pela em 1833, por João Caetano*, cuja
ligação dos quadros entre si. Quan- estréia se deu a 2 de dezembro, com
do ocorria uma dupla de compadres, o drama O príncipe amante da li-
um deles era normalmente mais es- berdade ou a independência da
perto que o outro. Originário da Escócia.
França, o compère ganhava vida a
comparsa. Artista que entra em cena
partir do acordo feito entre um “ter-
apenas para fazer número; figurante.
restre” e o representante de um deus
Normalmente sem falas, finge gesti-
do Olimpo ou do Parnaso, onde o
cular ou conversar em cena ou, em
mortal tinha ido pedir ajuda para so-
alguns momentos, dependendo da
lucionar algum problema. Ao
necessidade, fazer algum tipo de ru-
retornar à terra, os compadres eram
ído: gritos, exclamações etc. Anô-
normalmente surpreendidos por
nimo, nessa figura podem participar
algum acontecimento estranho:
até mesmo os próprios funcionári-
podiam ser roubados, ser tomados
os do teatro onde o espetáculo es-
por outras pessoas, ou passavam a
teja sendo montado ou pessoas
ser perseguidos.
convocadas aleatoriamente, antes do
companhia. Grupo de atores pro- espetáculo. São, em alguns casos, os
fissionais ou amadores, organizados tradicionais N. N.* que aparecem
para a promoção de espetáculos, nos programas do espetáculo.
podendo se fixar numa cidade ou
88
comparsaria confidente
89
conflito contracena
90
contracenar contrato
91
convenção corda
92
cordelinhos coreografia
grupo de três, designadas pelos no- muito mais dispendioso que o coro
mes de curta, do meio e comprida. trágico. A instituição da coregia
♦ Corda comprida. É a corda mais manteve-se durante os séculos V e
longa da manobra, sustentando a IV a. C., sendo abolida em 308, quan-
vara no lugar mais distante do pon- do foi substituída por uma espécie
to de amarração. ♦ Corda curta. É de administração do Estado, confia-
aquela que fica mais próxima do pon- da a um magistrado, o agonoteta, que
to de sustentação da manobra. É a dispunha de fundos públicos para
menor das três. ♦ Corda dramática. esse fim.
Demonstração de sentimento, vigor
corego. No antigo estado grego, o
e expressão no desempenho do pa-
cidadão designado pelo arconte
pel, donde surgiu a expressão que já
epônimo, ou arconte-rei, para esco-
teve largo uso na linguagem de bas-
lher e selecionar os componentes
tidores: estar ou não estar nas suas
do coro e diretores para a represen-
cordas, querendo significar que o/a
tação da tragédia, responsabilizan-
intérprete teve ou não teve bom de-
do-se, inclusive, pelo pagamento
sempenho. ♦ Corda do meio. A cor-
dos salários e gratificações desse
da que fica no centro do ponto de
pessoal, além das despesas com
amarração da vara. ♦ Cordas mor-
montagem e vestuário: corrégio;
tas. Aquelas que suspendem os
choregus.
telões ao urdimento, normalmente
dotadas de ganchos de ferro numa coreografia. 1. A arte da dança, obe-
das pontas, prendendo-se a outra a decendo a regras e a um sistema
uma orelha do telão; cordas falsas. constituído de figuras e expressões
diversas, para registro dos movi-
cordelinhos. Na ópera, personagem
mentos a partir de um projeto técni-
sem peso visível na trama e sem
co e estético elaborado por um pro-
grande importância para o conteú-
fissional chamado coreógrafo. 2. A
do, mas de grande efeito emocional
técnica de conceber e compor a se-
junto ao espectador. Ficaram céle-
qüência de movimentos e gestos de
bres tradicionais cordelinhos como
um bailado e fazer a respectiva no-
as leiteiras, da Boêmia, de Puccini;
tação. 3. A arte de compor bailados.
o pastor do terceiro ato da Tosca,
4. O conjunto de passos e figuras
também de Puccini; o lanterneiro,
de um balé. – As notações dos pas-
de Manon Lescaut, ainda de
sos da dança foi iniciada numa obra
Puccini.
de Jehan Tabourot (1519/20-1595/
coregia. Nome pelo qual eram co- 96), Orchésographie, em 1588, e
nhecidos os recursos materiais for- desenvolvida no sistema publicado
necidos pelos cidadãos ricos, na em 1699 por Raoul Feuillet (c.
Grécia, durante o Período Clássico, 1660/75-c. 1730), seguindo-se as
até os finais do século IV a. C., para contribuições de Magny (1765) e
a organização de um coro cômico, Saint-Léon (1852). No século XX,
93
coreográfico Corneille, Pierre
94
coro corrales
95
corrediça cortina
96
cortina costureiro (a)
97
coturno Craig, Gordon
atuação, a partir dos modelos e pro- dantes e suas lideranças, todos que
jetos fornecidos pelo figurinista. se interessassem pela reformulação
Estes/estas profissionais podem da cultura popular, em oposição às
também ajudar o elenco a se arrumar expressões artístico-literárias vigen-
para entrar em cena na hora do es- tes. O teatro, que seria usado como
petáculo. arma em favor das grandes trans-
formações sociais pregadas pela es-
coturno. Calçado de solas grossas
querda, foi o grande instrumento de
que os atores da tragédia grega usa-
mobilização de seus quadros. Para
vam no Período Helenístico, para
alcançar seus objetivos, foi monta-
aumentar a estatura e deslocar o
do um dinâmico esquema de ativi-
centro de gravidade de seu corpo.
dades Agitprop, viabilizado através
Modificava o andar natural, acentu-
da encenação de esquetes circuns-
ando o efeito de estranhamento pro-
tanciais feitas nos comícios, mani-
duzido pela máscara. Daí deriva a
festações de rua, etc. No Nordeste,
expressão popular “do alto do seu
os CPCs usavam as técnicas tea-
coturno”.
trais nas suas campanhas de
coxia. A parte interna do palco, situ- conscientização e catequese políti-
ada nas laterais e no fundo da caixa ca das populações interioranas. O
do teatro, em volta da cena e do es- Centro estava com a inauguração de
paço da representação, por onde cir- sua casa oficial marcada, que seria
culam técnicos e artistas no momen- na sede da UNE, na Praia do
to do espetáculo. Sempre mencio- Flamengo, no Rio de Janeiro, com a
nada no plural, coxias, fica oculta peça Os Azeredos mais os Benevi-
da vista do público pelos cenários e des, de Oduvaldo Viana Filho*, sob
rompimentos; bastidores. a direção de Nelson Xavier, quando
o edifício foi queimado pela organi-
CPC. Sigla do Centro Popular de
zação fascista Comando de Caça aos
Cultura, movimento cultural criado
Comunistas, o famigerado CCC, no
pelo dramaturgo Oduvaldo Viana
dia 1º de abril de 1964.
Filho*, o cineasta Leon Hirzsman
(1937-1987) e o professor Carlos Craig, Edward Gordon (1872-1966).
Estevam Martins. Nascido como ór- Cenógrafo, encenador e teórico in-
gão autônomo, ligou-se posterior- glês, defensor do princípio de um
mente à União Nacional de Estu- teatro como “rito religioso, obra de
dantes, sem perder sua autonomia arte absoluta para ser assistida de
financeira e administrativa, tendo longe pelo espectador”. Admirador
atuação efetiva de dezembro de dos simbolistas, considerava o na-
1961 a março de 1964. Com sede na turalismo uma arte desqualificada,
cidade do Rio de Janeiro, a entida- mera reprodução da vida, sem ne-
de congregava dramaturgos, artis- nhum valor artístico. Interessando-
tas de teatro, músicos, cineastas, se vivamente pela revolução
artistas plásticos, escritores, estu- cenográfica promovida por Adolph
98
crepe cruzar
99
cumprimentar curinga
100
Dadaísmo. Movimento de vanguar- no teatro, foi expressiva na rebeldia
da surgido em 1916, em Zurique, ten- da encenação.
do como centro irradiador o Cabaré
daikon. O mau ator, nos círculos do
Voltaire. De tendência essencialmen-
kabuki.* Corresponde ao tradicio-
te anárquica, caracterizou-se pela re-
nal canastrão do teatro brasileiro.
volta violenta contra os valores tra-
dicionais do racionalismo do século Dalang. O ator responsável pela ani-
XIX que desembocaram nos horro- mação – fala e movimentos – dos
res da Guerra, dando ênfase ao irra- bonecos de sombra, na ilha de Java.
cional e ao absurdo, acentuando com Além de artista e animador, essa pes-
exagero a importância do acaso na soa pode ser também o sacerdote,
criação artística. O maior animador pois em Java esse gênero de teatro
do movimento foi o romeno Tristan tem caráter religioso. Ali, quase to-
Tzara (1896-1916), juntamente com das as casas, ricas ou pobres, têm
artistas e intelectuais como Louis sempre um lugar reservado para o
Aragon (1897-1982), André Breton Dalang instalar sua tela. Além das
(1896-1966), Paul Eluard (1895-1952), funções acima enumeradas, ele é
Max Ernst (1891-1976), Oskar também o filósofo, o poeta, o orador,
Kokochka (1886-1980), Hans Arp o cantor, o regente de orquestra, o
(1886-1966), entre outros. O primei- músico e o metteur-en-scène.
ro texto deste movimento, de auto-
dama central. Personagem feminina
ria do pintor Oscar Kokochka, foi
que figurava quase que obrigatoria-
Sphinx und Strohmann (1917). Mas
mente nos elencos da Alta Comédia*,
é o texto teatral, Le coeur à gas, de
na velha escola de representar do
Tristan Tzara, que os estudiosos
teatro brasileiro. Interpretava o que
consideram a melhor manifestação
se convencionava classificar de cen-
no gênero, desse período. Com vida
tro nobre feminino, tipo considera-
curta, mas exercendo grande influ-
do de difícil composição, requeren-
ência na história do pensamento hu-
do, por parte da atriz que a represen-
mano, a manifestação do Dadaísmo,
tava, delicada sensibilidade. Costu-
dama-galã declamar
102
degrees desenvolvimento
103
desfecho diálogo
104
diánoia Dionísias
105
Dioniso diretor
106
diretor disparate
107
dispositivo cênico ditirambo
108
diva drama
109
drama drama
110
drama dramático
111
dramatis personae Dullin, Charles
112
Dumas, Alexandre duração
ção dramática dos repertórios clás- conta a história de uma cortesã que
sicos e modernos, adotando, tam- renuncia voluntariamente ao amor
bém, a proposta de um teatro total*, de um homem respeitável e morre
conforme preconizado por Wagner*, tuberculosa. Inspirou a ópera A
conferindo pesos iguais ao diálogo, traviata, de Verdi.* O sucesso de A
à idéia, à gesticulação, à mímica, ao dama das camélias levou o autor a
colorido, à música e à movimenta- se dedicar a temas cada vez mais
ção. Foi diretor do Teatro Sarah realistas, embora impregnados de
Bernhardt (hoje Théâtre de la Cité). idealismo romântico. Suas peças
mais importantes: A questão do di-
Dumas, Alexandre (1802-1870). Dra-
nheiro (1857), O filho natural
maturgo francês que se notabilizou
(1853), O romance de uma mulher e
principalmente por sua vasta produ-
Antonina (1849), O caso Clemen-
ção romanesca, publicada em folhe-
ceau (1866).
tins. Pouco fiel à verdade histórica,
mas muito hábil na construção dos Duncan, Isadora (1878-1927). Baila-
diálogos e intrigas, foi mestre no gê- rina norte-americana, responsável
nero de aventuras. Como dramatur- por importante revolução na dança
go, começou com Henrique III e sua como uma das pioneiras da dança
Corte (1829), considerado o primei- expressionista, da análise científica
ro drama romântico em prosa. do gesto e da capacidade de expres-
são do corpo humano. Opondo-se
Dumas, Alexandre, dito Dumas fi-
às normas do balé clássico, aparecia
lho (1824-1895). Filho natural do es-
freqüentemente em cena de pés des-
critor francês Alexandre Dumas
calços, envolta por túnicas diáfanas.
(1802-1870). Exímio conhecedor da
Sua carreira, iniciada na cidade de
construção dramática e um dos mais
Nova York em 1897, conquistou o
importantes artífices da chamada
público alemão em 1902, quando fez
pièce bien-faite, modelo de drama
uma récita em Berlim. Exibindo-se em
muito popular no teatro francês da
1905 em São Petersburgo, atraiu para
segunda metade do século XIX, é
seu estilo a atenção do coreógrafo
um dos mais bem sucedidos drama-
Mikhail Fokine (1880-1942), criador
turgos do Segundo Império. Produ-
de várias escolas de dança em Ate-
ziu um teatro em que combateu com
nas, Berlim e nos Estados Unidos.
veemência os preconceitos em to-
Em 1921, a convite de Konstantin
dos os níveis e defendeu com igual
Stanislavski*, fundou uma escola na
força os direitos da mulher e da cri-
Rússia.
ança. Seu grande sucesso foi A
dama das camélias, originalmente duo. O mesmo que dueto.
um romance escrito em 1848, trans-
duração. Tempo em que um espetá-
formado posteriormente, por ele
culo leva com a cena aberta.
mesmo, em peça teatral (1852), que
113
écart. Técnica de o bailarino levar para colocar em cena deuses e enti-
o pé, de lado, ao realizar determina- dades divinas; ekyclema.
do passo em sua exibição. Quando
efeito. Recurso de caráter mecâni-
o afastamento das pernas é exage-
co, usado pelo encenador, cenógra-
rado, de forma que a parte posteri-
fo ou figurinista para destacar uma
or das coxas chegue a tocar o piso
cena ou determinadas passagens do
do palco, está acontecendo o
espetáculo. ♦ Efeito brechtiano.
grand écart.
Jogo baseado no efeito do distan-
éclogas. Diálogos dramáticos, de ciamento* (ou em v) proposto por
caráter religioso ou pastoril, que ca- Brecht*, pelo qual o público não
racterizou as primeiras manifestações deve se envolver emocionalmente
do teatro espanhol, criado por Juan na ação dramática, mas refletir so-
del Encina.* bre ela. ♦ Efeito de fogo. Efeito lu-
minoso produzido no palco para dar
eclúclema. Elemento cenográfico
ao espectador a impressão de incên-
usado no antigo teatro grego, que
dio. ♦ Efeito de luz. O resultado que
consistia de um estrado monumen-
a direção do espetáculo consegue,
tal armado sobre rodas, localizado ao
usando com adequação o equipa-
fundo ou acima da cena que avança-
mento de luz que dispõe, não só
va ou descia para o centro da cena,
para iluminar o espetáculo e ressal-
revelando à platéia os acontecimen-
tar detalhes do cenário, como para
tos trágicos e violentos, como as-
criar clima, ambientes e determinar
sassinatos, suicídios, crimes bárba-
os locais da ação. Uma boa ilumina-
ros, que aconteciam no interior de
ção associa cores e intensidade dos
um palácio, fora das vistas do públi-
focos de luz para valorizar o cená-
co. Com esse artifício, os gregos ad-
rio, adereços de cena, figurinos e
mitiam poupar sua platéia de assistir
a própria maquiagem dos atores. ♦
as cenas de violência propostas pelo
Efeito de mar. Efeito visual con-
dramaturgo – apesar de expô-las,
seguido com o uso da coluna de
logo em seguida. Servia também
mar. ♦ Efeito de ondas. Efeito de mar.
ekyclema emploi
116
emplois encenador
117
encenar ensaio
118
ensaio ensaio
119
ensemble épico
120
épico episódio
121
Epistola ad Pisones Escaramuccio
122
Escaramuche espetáculo
123
espinha Ésquilo
124
estandarte Eurípides
125
exarconte Expressionismo
bretudo por causa das inovações que ponto, emitido preferentemente atra-
introduziu na tragédia, entre elas a vés de uma sirene, alertando o con-
análise psicológica, coros indepen- tra-regra, pessoal da varanda e
dentes da ação, introdução de per- cortineiros, para a execução de de-
sonagens do povo, como também terminada ação, que poderia ser a
por seu espírito crítico e seu ceticis- mudança de um cenário, a execução
mo filosófico e religioso. Sua obra de um efeito mecânico ou um sim-
distingue-se da de seus concorren- ples abaixar de cortina no final do
tes, justamente porque as cenas e as ato. O sinal de execução vinha logo
personagens por ele imaginadas se após o de prevenção.
aproximam mais da realidade mortal
exit. Palavra encontrada com fre-
da criatura humana, enquanto os
qüência nos antigos textos teatrais,
heróis imaginados por Ésquilo* e
para indicar que a personagem sai
Sófocles* identificam-se mais
de cena. Outrora, de largo uso, hoje
com as personagens míticas de sua
fora de cena. Do latim: sai. O plu-
época, deuses e super-heróis imor-
ral é exeunt.
tais. Em sua obra, Eurípides pro-
curou manter o interesse do públi- exódia. Nome pelo qual eram de-
co pela variedade das situações e signadas as saturae, peças romanas
pelo que havia de patético nos des- de fino lavor.
fechos dos episódios, já se notan-
exodiário. Entre os antigos roma-
do mais nítida a separação entre a
nos, ator cômico que representava
ação principal e os cantos do coro.
um exodus.
Foi ele o introdutor de uma tercei-
ra personagem, inovação ocorrida exodus. No antigo teatro romano, a
com a peça Orestes. Das mais de parte final de uma comédia ou o epi-
90 peças atribuídas à sua autoria, sódio cômico subseqüente à repre-
apenas 17 tragédias chegaram com sentação de uma tragédia.
texto integral até nossos dias, en- exposição. Uma das partes em que,
tre elas Medéia (431 a.C.), As teoricamente, está dividido o texto
troianas (415 a.C.), Electra (423 dramático, enquanto literatura. É a
a.C.), As bacantes, e o drama satí- etapa em que o autor explana seu
rico Cíclope. assunto. Os hindus dizem que é aí
exarconte. O condutor do coro gre- que está a semente ou circunstância
go, ao ser transformado por Téspis* donde nasce o entrecho. O grande
num dialogante; basicamente, o pri- requisito da exposição é a clareza.
meiro ator. Aristóteles* chamava a exposição de
lei do entrecho; introdução.
execução. Expressão largamente usa-
da na caixa do teatro para caracteri- Expressionismo. Movimento estéti-
zar a emissão de um sinal previamen- co de origem alemã que ocorreu no
te convencionado, transmitido pelo início do século XX, em oposição ao
126
Expressionismo extrema
127
Fábula. Artifício de invenção gre- falsa (rua). Série de quarteladas mais
ga para contar a trama, por meio da estreitas, com cerca de 25cm de lar-
qual o dramaturgo expõe e desen- gura, que se alternam com a rua pro-
volve os acontecimentos, estabe- priamente dita sobre o assoalho de
lecendo, inclusive, o clímax e o de- um palco.
senlace. Segundo Aristóteles*,
falsas (cordas). Cordas mortas.
conforme está em sua Poética, é
um dos seis elementos essenciais falso (proscênio). Prolongamento do
da obra teatral. Modernamente, a palco para além dos limites habituais
palavra contém a idéia do próprio do proscênio. Também conhecido
enredo e os acontecimentos prin- pelo nome de antecena.
cipais, como defende Bertholt
fandango. No Nordeste brasileiro, a
Brecht*, admitindo que a “fábula
representação do auto de chegança,
deve conter tudo em si”. A fábula,
em que os participantes, vestidos de
em síntese, é tudo aquilo que é con-
marujos, dançam carregando um pe-
tado e que dá forma à obra literária,
queno navio e depois contam aven-
ou seja: o conjunto de aconteci-
turas marítimas herdadas do folclore
mentos ligados entre si e comuni-
ibérico.
cados ao espectador no decorrer
do espetáculo; enredo. fantasia. Gênero teatral de caráter
simbólico, cujo assunto envolve nor-
face. A parte anterior do palco. malmente personagens irreais, e qua-
fala. Cada trecho do papel ou do tex- se sempre a trama se orienta para um
to que cabe a um ator, dentro do es- clima de sátira.
petáculo, que pode ter a forma de
fantoche. Gênero de boneco cujo
diálogo ou de um monólogo, consti-
corpo, tradicionalmente, é formado
tuindo o discurso primário do autor.
por uma luva onde o manipulador
♦ Fala final. Palavra ou frase que
enfia uma das mãos que dará vida ao
encerra o texto de uma peça ou de
personagem, enquanto o dedo indi-
um espetáculo.
cador é enfiado na cabeça, e o pole-
farsa farsa
130
fé cênica festivais (internacionais de teatro)
131
Feydeau, Georges figurante
132
figurão Fo, Dario
133
formas animadas (teatro de) frisa
134
fuga Futurismo
135
gabinete. Designação genérica para escola de representar, era sempre
os cenários que procuram reprodu- reservado o papel do mocinho, he-
zir o mais fielmente possível o interi- rói, ou do personagem apaixona-
or de uma residência. Armados com do. Os galãs eram divididos em
a ajuda de trainéis, reproduzem com amorosos e dramáticos no gênero
requintes de detalhes o interior de Alta Comédia*, havendo ainda os
uma habitação, constituindo-se, cínicos, os cômicos, os típicos, os
quando completos, de teto, portas, tímidos e os centrais; abreviação
janelas, arcos, rodapés, etc. Esse de galante. Quando mulher, dama-
gênero de cenário, usado teoricamen- galã. ♦ Galã cômico. Personagem
te para comédias e especialmente central de uma comédia, em torno
para dramas burgueses, surgiu por do qual gira o enredo.
volta de 1827, na Comédie Française,
galerias. Espaço reservado ao pú-
onde era chamado décor fermé. An-
blico, na parte mais alta da platéia,
tes do aparecimento deste tipo de
nos edifícios teatrais, acima dos ca-
cenário, os ambientes eram pintados
marotes, onde os ingressos são mais
em telões. Está incluído na classifi-
baratos; torrinha; geral. O popular
cação das cenoplastias.
poleiro ou galinheiro.
gabiru. Indivíduo que vive nas cai-
galharufa. Termo jocoso, usado pe-
xas de teatro tentando conquistar as
los veteranos em uma caixa de tea-
atrizes. Expressão fora de uso.
tro, ao receberem os iniciantes no
gag. Palavra inglesa para qualificar ramo, alertando-os de que o suces-
qualquer tipo de ação não prevista so no teatro depende de uma
nos ensaios, introduzidas, no ato da galharufa; trote.
representação, para produzir graça.
galinheiro. Termo popular para qua-
Pode ser uma palavra, um gesto ou
lificar os lugares de preço reduzido
até mesmo uma situação; caco.
de uma casa de espetáculo, normal-
galã. Ator elegante, de belos do- mente localizados na parte mais alta
tes físicos, para o qual, na velha da platéia. São geralmente ocupados
gambiarra Gay, John
138
gelatina gênero (dramático)
139
Genet, Jean gesto
Royal, de Paris, foi especialista nes- nègres, encenado por Roger Blim em
se tipo de espetáculos. 1959. Les paravents, sobre a guerra
da Argélia, criada em Berlim em 1961,
Genet, Jean (1910-1234). Dramatur-
só é vista em Paris em 1965, na mon-
go francês, cujos temas deliberada-
tagem de Roger Blim. Genet detesta
mente provocantes fazem dele um
o teatro ocidental e a representação
dos autores mais polêmicos de sua
de suas peças deveria ser um ritual,
geração. Sua linguagem é carrega-
uma cerimônia, uma missa.
da de simbolismos, freqüentemente
desconcertante e de grande riqueza geral. 1. As localidades mais bara-
lírica, que oscila entre o preciosis- tas de uma platéia em casa de espe-
mo e a escatologia, conferindo à sua táculos, ocupadas normalmente por
obra uma aura poética, rigorosamen- estudantes e pessoas de pequeno
te anti-realista. Seu teatro é um tea- poder aquisitivo; torrinha; galinhei-
tro de falsa aparência, da ilusão e ros; poleiro. 2. Em maquiagem tea-
dos fantasmas irrefutáveis, retratan- tral, é o nome técnico da tinta que se
do a violência, a marginalidade e a aplica como aparelhamento funda-
injustiça social: antinaturalista, tem mental sobre a qual o/a artista – ou
uma dimensão mítica e poética, que o/a maquiador/a – faz a pintura do
o coloca entre os principais drama- rosto. Havendo dela em várias to-
turgos do século XX. Homossexu- nalidades, a mais usual é a de colo-
al, ladrão e pervertido, Genet nas- ração rósea; base.
ceu em Paris e começou a escrever
gesticulação. Movimento ou sé-
na prisão, em 1940. Apesar de seus
rie de movimentos expressivos que
textos teatrais denunciarem as infâ-
o intérprete faz com a finalidade de
mias de uma sociedade abjeta, o que
transmitir uma idéia, reforçar ou dar
no fundo eles promovem é o elogio
apoio à sua fala.
ao mal e pregam o refúgio no isola-
mento, numa existência marginal que gesto. Movimento da cabeça, dos
permita apreender a horrível beleza braços ou de todo o corpo, carrega-
deste mundo, considerado espetá- do de sentimento e expressividade,
culo por ele. Assediado pelos gran- para enfatizar falas ou dar força a ati-
des encenadores europeus, ansio- tudes, podendo, inclusive, transmi-
sos por um teatro menos formal e tir idéias ou realçar expressões. Al-
mais participante, escreve em 1947, guns teóricos, entre eles H. V. Wesp,
a pedido de Louis Jouvet*, Les admitem que deva haver entre o ges-
bonnes, que provoca um tremendo to e a palavra três formas de relação:
escândalo quando mostrado ao pú- acompanhamento, que reforça, pro-
blico parisiense. O mesmo ocorren- longa e amplifica a mensagem enun-
do com Le balcon, ensaiado por ciada; complementação, que cons-
Peter Brook* em 1957, em Londres, titui um prolongamento significati-
mas só mostrado em 1969 em Paris. vo do discurso, capaz de introduzir
A consagração acontece com Les sentido onde a palavra, por impotên-
140
gestus Goethe
141
Gogol, Nicolai Golfo Místico
142
gorne Grotowski, Jerzy
143
Group Theater guarda-roupa
144
Guarnieri, Gianfrancesco gwee
145
Hacks, Peter (1928-2003). Dramatur- palco principal, olhos perdidos no
go alemão, fortemente influenciado êxtase do mien.
por Brecht*, cuja obra dialética e
Handke, Peter (1942-1234). Um dos
progressista favoreceu-lhe a
mais notáveis dramaturgos contem-
reinterpretação brilhante das histó-
porâneos, de origem austríaca, que
rias populares de sua cultura, parti-
traduz, na sua obra, a angústia da
cularmente em Der Müller von
solidão e da incomunicabilidade,
Sanssouci (1958).
num estilo preocupado com a origi-
Hamlet. Personagem lendário, pro- nalidade e as criações verbais.
tagonista de uma narrativa do his-
happening. Forma parateatral situa-
toriador Sextus Grammaticus, His-
da entre o que até então se entendia
tória da Dinamarca do final do sé-
como arte dramática e o fato real.
culo XII, que teria simulado loucura
Espetáculo único, preparado, mas
para vingar seu pai, assassinado
nunca repetido, o happening foi visto
pelo próprio irmão, Fengo. Shakes-
pela primeira vez em outubro de 1959,
peare* transformou a lenda desse
na Reuben Gallery de Nova York, com
príncipe da Dinamarca numa de suas
a mostra dos Dezoito Happenings,
mais importantes tragédias, em cin-
em seis quadros, de Allan Kaprow
co atos, cuja trama tem paralelos evi-
(1927-1234). Constituído de uma sé-
dentes com a Orestíade, de
rie de acontecimentos baseados em
Ésquilo*; Amleth.
movimentos físicos violentos e sen-
hanamichi. Passarela que atravessa suais, difusão de sons, de luzes e de
a platéia pelo lado esquerdo, nos cheiros, a ação desenvolve-se num
espetáculos do teatro kabuki*, indo espaço restrito, podendo estar cheio
do palco até a parte frontal do teatro, de objetos utilizáveis pelos partici-
convencionalmente conhecida como pantes, sem que, entre eles, haja qual-
o “caminho da flor”. Nessa espécie quer prévio acordo. O espetáculo
de ponte de ação, muitas vezes o ignora a noção de tempo, podendo
personagem principal pára, ao som acontecer em qualquer lugar, a qual-
crescente de tábuas percutidas no quer hora, onde nada é exigido e nada
happening harmatia
148
Harpagão Heywood, Thomas
149
hierodrama hora
150
Ião (Ion). Rapsodo, natural de Éfeso, nacionalista, aderindo logo depois
vencedor de vários festivais de tea- ao realismo, quando apresentou de
tro em toda a Hélade, personagem forma crítica os dilemas morais de seu
do diálogo platônico Ião, recebendo tempo. Em suas peças, os valores
de Sócrates o título de divino, como éticos do individualismo liberal en-
intérprete dos intérpretes de Homero. tram em conflito com as pressões e
as convenções oriundas da organi-
Ibsen, Henrik (1828-1906). Dramatur-
zação social. Apologista da alegria
go norueguês, foi o renovador do
de viver, em luta contra a tristeza re-
teatro em seu tempo e criador do mo-
ligiosa da consciência individual,
derno drama realista. Sua vida e obra
escreveu peças com tendências filo-
são marcadas pela luta contra as con-
sóficas e sociais, nas quais exaltava
venções sociais, pregando fervoro-
o individualismo como opção de
samente a antiga concepção natura-
vida. Seus primeiros sucessos de
lista da vida humana. Após uma ado-
público e crítica foram as peças poé-
lescência marcada pela miséria, tor-
ticas idealistas Brandt (1866) e Peer
nou-se diretor de cena do Teatro Na-
Gynt (1867), em que ataca a hipocri-
cional de Bergen (1851), fase em que
sia, louvando o individualismo e a
escreveu dramas históricos que lhe
recusa ao comprometimento, consi-
valeram uma bolsa de estudos na
deradas precursoras do teatro
Alemanha e na Dinamarca. Por volta
expressionista. Peer Gynt tornou-se
de 1856, assumiu a direção do novo
um dos clássicos do século XIX, ga-
Teatro de Cristiânia, quando ence-
nhou música de seu compatriota
na Os vikings de Helgeland, drama
Edvard Grieg (1842-1907), a primeira
histórico baseado nas sagas
trilha sonora para uma obra dramáti-
islandesas e que caracteriza esse
ca. Ibsen aderiu em seguida a uma
período de produção, marcado por
forma peculiar de realismo, em que
uma tendência romântica, carregada
revelou criticamente os dilemas mo-
de nacionalismo. Começou sua car-
rais de seu tempo. Poucos dramatur-
reira de dramaturgo escrevendo pe-
gos atingiram domínio tão perfeito
ças enquadradas num romantismo
151
iluminação imitação
152
impertubável ingênua
153
ingresso Ionesco, Eugène
154
Ionesco, Eugène Ionesco, Eugène
155
Jacopo, Peri (1561-1633). Composi- dentes, ao mesmo tempo tentando
tor e cantor italiano, criador do estilo encobrir um do outro. De extrema
representativo ou recitativo na mú- comicidade, a farsa terminava quan-
sica, inspirando-se para isso na reci- do um dos pretendentes descobria
tação lírica dos gregos, dando ori- a trama.
gem à Ópera.
João Minhoca. Teatro de fantoches
jardim. Expressão de uso corrente muito popular na cidade do Rio de
na linguagem técnica das monta- Janeiro, entre os anos de 1880 e 1890.
gens dos espetáculos na França, in- O nome vem do apelido do proprie-
dicando o lado esquerdo do palco. tário de um desses grupos, que mos-
A terminologia teve origem no sé- trava seus espetáculos no mais im-
culo XVIII, na Comédie Française, portante dos teatros do Rio, na épo-
quando, para encenar seus espetá- ca, o Politeama, situado à Rua do
culos, o elenco utilizava a sala das Lavradio. V. Mamulengo.
Tulherias, cujo palco, do lado es-
jogo. Uma das mais antigas compo-
querdo, dava para o jardim do palá-
sições dramáticas da Idade Média,
cio, enquanto o direito, para o pá-
cujas ocorrências mais significativas
tio. No lugar do clássico à direita
foram registradas na Alemanha, Fran-
ou à esquerda, usavam jardim ou
ça e Espanha. Era constituído de bre-
pátio. V. Pátio.
ves diálogos, cenas ou recitações e
jarni. Espécie de juramento que os representações em praça pública, por
autores cômicos franceses do sécu- trovadores e jograis. ♦ Jogo às aves-
lo XIV punham na boca de suas per- sas. Estética criada pelo teórico e
sonagens camponesas. Corruptela encenador russo Meyerhold*, que
de je rénie (eu renego). induzia o/a ator/atriz a abandonar
subitamente seu trabalho de inter-
Jilt. Personagem típica do teatro in-
pretação para interpelar o público e
glês no período da Restauração. Era
lembrá-lo de que ele/ela, ator/atriz,
figurada por uma mulher que aceita-
estava apenas representando uma
va os galanteios de vários preten-
personagem fictícia, e que na reali-
jogral jornada
158
jôruri junção
159
kabuki. Gênero tradicional de tea- va, na sua origem, a ser uma peça
tro japonês, que mistura canto, dan- dramática, mas um gênero de dança
ça e mímica, surgido no século primitiva, conhecida pelo nome de
XVI, na era Keichô (1596 -1615), em nembustsu-odori, ou “dança da pre-
contraposição ao nô. É o resultado ce”. Okuni se apresentava sem más-
da fusão de duas expressões mais cara, com maquiagem carregada, de
antigas: o kyôgene, interlúdios cô- cor branca, vestia quimonos iguais
micos representados nos intervalos aos samurais, e portava um par de
das representações do nô, e do sabres, entoando cânticos budistas
Bunraku*, a arte das marionetes. e requebrando-se sensualmente.
Desenvolvido numa época em que Em outros momentos, ornamenta-
os mercadores se tornavam cada vez va-se com uma cruz dourada, usava
mais poderosos, os dramas do gê- um chapéu de pele de castor, man-
nero exprimem, de um modo geral, tos de veludos e outras peças de te-
as emoções e as aspirações de uma cidos estranhos a um país que só
classe em conflito com o regime feu- produzia algodão e seda. Florescen-
dal. Caracteriza-se pelo realismo dos do em Quioto e Edo, atual Tóquio,
argumentos e dos diálogos, pelo uso adotava o estilo segundo o caráter
amplo do canto e da dança de ori- da atividade predominante em cada
gem folclórica e de indumentárias de um dos centros onde ocorria. O es-
gosto popular. As peças, de enredo tilo wagoto, por exemplo, pratica-
muito complexo, são conhecidas do em Osaca, centro de atividade
pelo nome de kyugeki ou “peças da comercial, é suave, refletindo a ati-
escola antiga” e dramatizam tanto as vidade mais cortês e realista do co-
histórias tradicionais como os even- merciante. Em Edo, centro do go-
tos contemporâneos, de maneira verno militar guerreiro-cidadão, a
estilizada e exuberante. Criado por manifestação é altamente estilizada
Okuni, atriz e ex-sacerdotisa ligada e mais violenta. A partir de 1629,
ao templo Izumo-Taixha, em Quioto, devido a uma regulamentação ofici-
capital do antigo Japão, não chega- al que proibia a participação da mu-
kabuki katsura
lher nos palcos dos teatros, passou táculos kabuki, em Tóquio, locali-
a ser representada por artistas mas- zada no bairro de Ginza. Ainda mui-
culinos, os onogata*, pacientemen- to popular na atualidade, o kabuki
te preparados pela própria família exerceu forte influência sobre o te-
para esse mister desde o começo de atro ocidental.
sua infância. A partir da presença
kantata. Gênero de teatro praticado
dos homens, passaram a ser incor-
na África Ocidental – Togo, Gana –
porados elementos do nô, enrique-
sob a influência da Igreja Católica,
cendo-se o texto com um enredo.
onde fragmentos da Bíblia são asso-
Apóia-se na figura do ator, cujo cor-
ciados ao contexto sócio-cultural
po funciona como núcleo da ence-
africano.
nação, como verdadeiro feixe de sig-
nos. Como grande parte dos textos Karagós. Personagem típico do tea-
são inspirados nos do teatro de ma- tro de bonecos, na Turquia. Trapa-
rionetes, a voz do ator não é natural, lhão, hipócrita, brutal, egoísta, libi-
e sua entonação, ritmo, velocidade dinoso, vive enganando a todos e
ou intensidade, variam abruptamen- distribuindo pancadaria a torto e a
te ao sabor de modulações exagera- direito. Mente descaradamente, não
das, que vai dos tons mais surdos tem escrúpulos de qualquer espécie,
aos mais agudos, do mais baixo ao e sua sensualidade é anormal, sendo
mais alto. Os cenários e as caracteri- a luxúria sua principal característica.
zações são extraordinariamente so- Calvo, ostenta um ventre descomu-
fisticados, e o simbolismo por eles nal, uma corcunda proeminente e
representados tem significados pró- um órgão sexual monstruoso. Seu
prios, conhecidos antecipadamente companheiro inseparável é Hacivad,
pelo público. Até então, cerca de 20 tipo astucioso que sabe de tudo, co-
mil peças no gênero já foram produ- nhece tudo, vê tudo, já estudou tudo
zidas, só no Japão. O gênero firmou- e experimentou todas as coisas do
se no princípio do século XVIII, com mundo, mesmo assim levando sovas
o aparecimento de Chikamatsu homéricas porque todos os serviços
Monzaemon (1653-1724), considera- que tenta prestar a seu amo e parcei-
do por muitos o Shakespeare japo- ro dão errado.
nês. De origem popular, o kabuki
kathakali. Gênero de teatro origi-
persegue o maravilhoso, importan-
nário do sul da Índia, considerado
do tão-somente a visão poética que
como de origem divina. Faz uma
possa proporcionar, muito mais do
mistura estética de dança, mímica e
que a estrutura intelectual ou a men-
canto, que se junta a um texto dra-
sagem sentimental. O palco tradici- mático, cujos temas são extraídos
onal onde é apresentado é girató- do Ramayana e Mahabharata.
rio, amplo, próprio para a livre ex-
pressão dos bailarinos. Em 1889, foi katsura. As perucas usadas no tea-
inaugurada a grande casa de espe- tro kabuki*, que dão as característi-
162
Kazan korombo
163
koteba kyogen
164
Labiche, Eugène Marie (1815-1888). lambrequim. Fralda ornamental que
Comediógrafo francês, um dos pende da parte superior da boca de
mestres do vaudeville, autor de ópera, por dentro da parede que, em
mais de cem obras cômicas, nas algumas situações, pode servir para
quais as confusões e os qüipro- aumentar ou reduzir a altura da boca
quós se sucedem num ritmo de cena. Em algumas casas de espe-
alucinante, e o bom senso burguês táculos, esse ornamento aparece
se mistura à observação saborosa como uma estreita saliência, traba-
do ridículo. É um dos mais impor- lhado em madeira, massa ou metal,
tantes autores do seu tempo, e seu que se destaca no alto da fachada
humor reflete por vezes sobre o do palco; pequena sanefa que orna
sentido da vida. Iniciou sua carrei- o arco do proscênio; montalquém.
ra em 1838, com O senhor de
land art. Momento efêmero da ativi-
Coyllin (1838) ou o homem extre-
dade teatral, que aconteceu sobre-
mamente polido. Sua carreira pros-
tudo nos Estados Unidos, nos anos
seguiu, levando a farsa ao apogeu,
70 do século XX, e era uma forma de
com peças como Um chapéu de
aprovar ou desaprovar uma atitude
palha da Itália (1851), A viagem
governamental com frases ou ges-
do senhor Perrichon (1860), Poei-
tos improvisados, aproveitando uma
ra nos olhos (1861), A coleta (1864),
concentração política.
A gramática (1867). V. Farsa.
Lang, Jack (1939-1234). Teórico e
lado. As laterais de uma cena ou ce-
animador do teatro na França, cria-
nário, para efeito do trabalho de mar-
dor, em 1964, do Festival de Nancy,
cação. A nomenclatura italiana e fran-
direcionado só para estudantes, inau-
cesa difere da anglo-americana. A
gurado com o grupo americano
prática européia se refere à direita ou
Bread and Puppet* e pelo mexicano
à esquerda da platéia, enquanto a
Los Campesinos. Em 1967, o Festi-
anglo-americano designa a direita ou
val é aberto aos grupos de todos os
a esquerda do ator colocado de fren-
segmentos, inclusive profissionais.
te para a platéia.
165
lanterna mágica lazzo
166
Lei das Três Unidades ler no ponto
167
levantar Lied
168
lingada Living Theater
169
livro de ponto Lorca, Federico García
bido de atuar em vários países e fes- uma produção entre 1.200 a 1.500 tex-
tivais, seus atores chegaram a ser tos teatrais. Teve uma vida sentimen-
presos pelos generais no Brasil, em tal muito agitada, mesmo depois de
1971, e a organização teatral acabou ter se ordenado sacerdote em 1613, e
se fracionando em pequenos gru- várias das mulheres com que mante-
pos que passaram a fazer teatro de ve ligações amorosas influenciaram
guerrilha, até se dissolver integral- sua obra. Conquistou muitos adver-
mente em 1972. sários literários de peso, entre eles
Cervantes* e Góngora (1561-1627).
livro de ponto. Texto integral da peça
Criou a comédia de cunho nacional,
teatral que está sendo encenada,
com elementos cômicos, trágicos,
para uso do ponto pelo profissional
eruditos e populares. Muitas de suas
que serve de apoio para os intér-
peças se caracterizam pela vitalida-
pretes durante o espetáculo, com
de e pelo enredo intrincado. O
indicações para orientação dos ato-
alcaide de Zalamea (1600),
res em cena.
Peribánez y el comendador Ocaña
localidade. Cada um dos assentos (1614), Fuenteovejuna (1618), La
da sala de espetáculos, seja uma fri- dorotea (1632) estão entre suas prin-
sa, um camarote, a poltrona da pla- cipais obras para o teatro. Deixou
téia, ou o assento das galerias. também poesias líricas, peças religi-
osas e históricas, a novela autobio-
logeion. Tablado de pouca profun-
gráfica La dorotea, uma epopéia
didade, historicamente o primeiro
burlesca, algumas imitações de
palco teatral onde os atores repre-
Ariosto e de Tasso, novelas pasto-
sentavam na antiga Grécia. Foi uma
ris, poemas.
evolução do primitivo estrado do in-
térprete solitário, com o aparecimen- Lorca, Federico García (1898-1936).
to de mais um ator. Poeta e dramaturgo espanhol, tor-
nou-se um dos grandes nomes do
logos. Elemento grego usado em
gênero no século XX, associando a
composição, para indicar a idéia da
seu talento literário um ativismo po-
palavra; discurso. “Se a epopéia, a
lítico revolucionário intenso. Sua pre-
grande narrativa mítica, é manifes-
sença foi significativa como líder da
tação primeva do logos, no drama
chamada Geração de 27, que domi-
que surge em fases posteriores já
nou o panorama cultural espanhol,
se manifesta o dia-logos, o logos
no período. Poeta de extrema sensi-
fragmentado.”
bilidade, cantou a alma popular da
Lope de Vega, Félix de Lope de Andaluzia, identificando-se com o
Vega y Carpio, dito (1562-1635). sofrimento dos mouros, judeus, ne-
Historicamente, o primeiro grande gros e ciganos, perseguidos na re-
dramaturgo espanhol e provavel- gião desde o século XV, ele mesmo,
mente o escritor mais prolífico da sendo homossexual, discriminado
história literária do Planeta, com pela obsessão que os espanhóis têm
170
Lorca, Federico García lugar teatral
171
Lully luz de serviço
172
Maccus. Personagem característi- maestro. Profissional responsável
co das Fabulae Atellanae*, cujas pela condução da orquestra e do
características eram rusticidade e coro vocal. ♦ Maestro auxiliar. Res-
glutonaria, no linguajar e no com- ponsável pelo ensaio isolado dos
portamento, e estupidez de caráter. músicos e dos cantores, preparan-
do-os para passá-los ao regente ti-
Machado, Maria Clara (1921-2001).
tular; o segundo maestro. Maestro-
Dramaturga, diretora de teatro e
regente. O titular do elenco ou do
atriz. Em 1952, fundou O Tablado,
teatro que, teoricamente, só deveria
grupo experimental que acabou se
assumir sua função junto aos músi-
transformando em escola de arte
cos e cantores, depois de estes te-
dramática, responsável pela publi-
rem passado por um preparo prelimi-
cação dos Cadernos de Teatro
nar com o maestro auxiliar.
(1956), uma das raras publicações es-
pecializadas do país. Transformadora Magalhães, Domingos José Gonçal-
da dramaturgia infantil, tem uma vasta ves de (1811-1882). Primeiro drama-
obra, com títulos clássicos: Pluft, o turgo brasileiro a escrever sobre
fantasminha (1951), O cavalinho tema brasileiro, com a peça Antônio
azul (1960), Gata Borralheira (1962), José ou o poeta e a Inquisição
A bruxinha que era boa (1950), en- (1839), representada por um elenco
tre outras. genuinamente brasileiro, o do ator
João Caetano.*
Machiavelli, Niccolò (1469-1527).
Diplomata e cientista político mágica. Gênero popular, de monta-
florentino, autor de O príncipe, um gem deslumbrante. Consistia numa
dos clássicos da ciência política uni- peça de ação fantástica, normalmen-
versal, e de uma das grandes sátiras te musicada, podendo ocorrer enxer-
do século XVI, A mandrágora tos cômicos, fundamentada no so-
(1520). [Cf. Maquiavel.] brenatural e grandiloqüente, plena de
transformações, sortilégios e efeitos
maestrino. Compositor de música
visuais, na qual era comum a exis-
ligeira.
173
Magno, Paschoal Carlos Mambembão
174
mambembar manobra
das 70/80 do século XX, que consis- mentar o boneco: o dedo indicador
tia no patrocínio de grupos de tea- trabalha com a cabeça, e os dedos
tro, amadores e profissionais, em polegar e médio, com os braços; mão
turnês e festivais pelo país, privile- mole, mão que se move. No Nordes-
giando as regiões culturalmente pou- te brasileiro, principalmente em
co favorecidas. Pernambuco, essa manifestação se
faz através de representações dra-
mambembar. Representar num
máticas, usando-se um palco ou al-
mambembe.
gum espaço elevado, onde são re-
mambembe. 1. Grupo de artistas sem presentadas de preferência cenas de
grandes requintes, quer de formação assuntos bíblicos ou de atualidade
artística, quer de talento, que monta local. Tem lugar preferentemente por
um repertório com textos de qualida- ocasião das festividades da igreja. O
de duvidosa, quase sempre apelan- mamulengo é conhecido por outros
do para o riso fácil ou o dramalhão nomes, em diferentes partes do Bra-
carregado de lugares-comuns e sil: João Redondo, no Rio Grande
cacoetes pré-fabricados, saindo en- do Norte; João Minhoca, no Rio de
tão pelo interior do país em tempora- Janeiro. Na França, tem o nome de
das caça-níqueis. O mambembe dife- Marionette ou Polichinelle; na In-
re da chanchada*, que qualifica o glaterra, Punch; Jen Klassen, na
espetáculo isolado, enquanto aque- Áustria; Hans Pikelharing, na
le envolve todo o conjunto de artis- Holanda. V. Fantoche.
tas e o repertório, quase sempre em
mamulengueiro. Aquele que traba-
excursão. O dramaturgo maranhense
lha com mamulengos.
Artur Azevedo caricaturou de forma
magistral esse tipo de teatro em sua mané-gostoso. V. Fantoche.
comédia O mambembe. 2. Espetácu-
manipulador. O técnico que dá vida
lo de qualidade duvidosa.
a todos os gêneros de bonecos: fan-
mamulengo. Gênero de teatro de bo- toches, marionetes, bonecos de vara,
necos muito popular no Nordeste mamulengos, etc.
brasileiro. De um modo mais geral, o
manobra. Mutação ou parte da mu-
boneco para teatro de fantoches, rico
tação dos cenários. Essa operação é
em situações cômicas e satíricas. O
normalmente feita da varanda. Por
nome talvez tenha se originada da
extensão, pode-se chamar de mano-
junção das palavras mão e mole, ine-
bra a todos os movimentos neces-
rente à técnica de dar vida ao bone-
sários às mudanças de cena. Numa
co, que é constituído de uma cabe-
outra concepção, é o conjunto de
ça, moldada em massa de papel
três cordas que servem para movi-
(papier-mâcher), argila, pano, ou
mentar cenários e telões na vertical.
outro material de fácil modelação, e
Essas cordas são designadas pelos
um corpo com saiote por onde o
nomes de comprida, a que fica à es-
manipulador enfia a mão para movi-
175
mansion maquinária
176
maquinismo marionete
177
marionete Marlowe, Christopher
178
Martins Pena máscara
179
máscara mascarada
180
masques matar
181
material de cena meia-entrada
material de cena. Móveis, objetos letras e das artes de seu tempo, entre
de decoração do cenário e de uso as quais Virgílio, Horácio, Vário,
dos atores e, em alguns países, até Propércio, chegando a sustentá-los
mesmo as árvores cenográficas que materialmente para que produzissem,
são usadas ao longo do espetáculo. sem restringir-lhes a liberdade. De
♦ Material de cena dramático. Toda substantivo próprio, seu nome,
a matéria contida no texto literário Mecenas, transformou-se em subs-
ou por ele sugerida, que reúne des- tantivo comum, para identificar o
de as falas das personagens às idéi- patrocinador generoso, protetor das
as, gesticulações, etc. letras, artes e ciências, ou dos artis-
tas e sábios.
matinal. Espetáculo feito pela manhã.
mecenato. Condição, título ou papel
matinê. Palavra de origem francesa
de mecenas.
que serve para designar, em algumas
regiões brasileiras, o espetáculo apre- medidas de cena. As medidas da área
sentado durante o dia, em geral no de representação.
fim da tarde, eventualmente pela ma-
medieval. Período histórico em que a
nhã. Em outras regiões, para cada
arte teatral tomou rumos diferentes,
momento do dia são usadas expres-
criando gêneros e formas próprias
sões específicas, como matinais, para
de expressão dramática, rompendo
espetáculos pela manhã, e vesperais,
inclusive com a velha tradição
para os realizados durante à tarde.
helenística das três unidades dramá-
mecané. Mecanismo cenográfico ticas, passando a ação de sucessiva
usado nos antigos teatros gregos, o para simultânea. Aproveitando-se,
qual se constituía de uma viga hori- inclusive, das novas concepções
zontal estendida sobre a orchestra, cenográficas, a cena passou a refle-
partindo do teto da skené, próprio tir a imagem reduzida do mundo.
para “transportar para os céus” deu-
megárica (farsa). Gênero que explo-
ses e heróis.
rava a crítica de determinadas clas-
Mecenas, Gaio. Estadista romano que ses e funções sociais, encontrando
viveu de 60 a. C. a 8 a. D., de signifi- no cozinheiro um dos seus melhores
cativa projeção política no seu tem- alvos. A importância atribuída à co-
po, tendo participado de grandes zinha, à comida e à boa vida são aí
negociações internacionais. Quando descritas com intuito de denúncia.
Otávio foi sagrado imperador e lhe Entre os melhores autores do perío-
ofereceu cargos e honras, recusou a do e do gênero, estão Epicarmo,
todos, alegando ser-lhe suficiente a Antífanes e Aléxis.
amizade das pessoas. De gosto bas-
meia-entrada. Ingresso colocado à
tante refinado, dedicava-se a escre-
venda pela metade do preço para
ver poesias e reuniu em torno de si
determinadas categorias sociais, tais
as figuras mais representativas das
como estudantes, militares, crianças,
182
Meiningen, Duque de melodramático
183
mélodrame mesa de controle
184
mestre de bailado Meyerhold, Vsevolod
feito o controle dos quadros de luz e Método. Uma das inúmeras expres-
de efeitos; mesa de comando. sões usadas para designar o conjun-
to de regras de comportamento, ela-
mestre de bailado. Bailarino, não ne-
boradas pelo encenador e teórico
cessariamente o coreógrafo, que pre-
russo Konstantin Stanislavski*,
para e ensaia os demais para os nú-
adotadas na época áurea do realis-
meros de bailado no espetáculo.
mo pelo Teatro de Arte de Moscou,
mestre coreógrafo. O que dirige a para uma estética de representar fora
parte coreográfica, ensaiando os do modelo aristotélico tradicional. O
grandes bailes e todas as marcações, Método resume-se numa técnica de
desfiles e evoluções, indicados no adestramento, que conduz o ator a
texto da peça e sugeridos pelo um processo de educação do duplo
ensaiador, a cuja orientação artística instrumento de que o artista dispõe
está imediatamente subordinado. – alma e corpo – através de técnicas
psicofísicas. Seu criador partiu do
mestre-de-cerimônias. Figura liga-
princípio de que a criação dramática
da ao teatro elisabetano, cuja princi-
exige em primeiro lugar uma concen-
pal função ou tarefa era fazer com
tração completa de todo o ser, quer
que os grupos teatrais ensaiassem
física, quer espiritual; formalização
diante dele os textos que deveriam
codificada da técnica de interpreta-
ser encenados para o público. Foi a
ção; Sistema.*
forma embrionária dos modernos
encenadores, coordenando de for- metteur-en-scène. Expressão france-
ma bastante elementar os diferentes sa, para qualificar o profissional que
elementos que contribuíam para a re- dirige um espetáculo; especialista
alização do espetáculo, segundo os que faz a mise-en-scène; o diretor ou
critérios admitidos entre as partes encenador.
envolvidas.
Meyerhold, Vsevolod Yemilyevitch
meter em cena. Organizar o conjun- (1874-1940). Diretor e teórico russo
to de uma peça com todos os porme- de origem alemã, discípulo de
nores da encenação. Nemirovitch-Danchenko (1858-
1943) e mais tarde de Stanislavski*,
Method. Adaptação norte-america-
defensor intransigente do constru-
na feita pelo Actor’s Studio, para uso,
tivismo e da estilização do ato de
nos seus laboratórios, da teoria de
representar, que exerceu uma influ-
Konstantin Stanislavski* sobre atu-
ência poderosa no teatro de van-
ação, criação e direção, defendendo
guarda do Ocidente. Introduziu uma
o princípio de que o ator deve
série de inovações na mecânica do
encarnar a personagem até perder-
espetáculo e na genética do palco,
se nela. Os mais importantes expo-
começando sua revolução propon-
entes americanos desse sistema são
do a eliminação de uma série de con-
os encenadores Lee Strasberg* e Elia
venções cênicas do teatro natura-
Kazan.* V. Actor’s Studio.
185
Meyerhold, Vsevolod mezzanino
186
mie (mostrar) mímica
187
mímico mimodrama
188
mimodramático mistério
189
mito Molière
190
molinete monstro sagrado
191
monta-cargas moralidade
192
Moreyra, Álvaro Müller, Heiner
193
Multidão music-hall
194
Musset, Alfred de mutação
195
N. N. Convenção usada nos impres- não só elevou o gênero à perfeição
sos do espetáculo, onde figura o artística, como lhe deu uma base fi-
elenco, ao se referir às personagens losófica centrada nas manifestações
sem importância para o contexto; fi- do zen-budismo da cultura japone-
gurante; comparsaria. sa. Gênero que ganhou de pronto a
preferência da classe guerreira medi-
nirami (olhos quase fora das órbi-
eval do Japão, não só por sua rigidez
tas). Forma de expressão que o ator
estética, como por apresentar mui-
do teatro kabuki* imprime no olhar
tos pontos em comum com o rigor
ao final dos mie.*
do samurai. Os intérpretes são ho-
nô. Gênero de drama lírico e intelec- mens, usam máscaras tradicionais de
tual do teatro clássico japonês, cria- madeira e o elenco é formado por um
do pelo ator Kan-Ami Kiyotsugu, na coro, uma orquestra e duas persona-
segunda metade do século XIV, por gens: o waki, sem máscara, que pre-
solicitação do shogun Yoshimitsu para a ação, e o shité, mascarado, o
Asi Kaga, ficando sob a proteção da verdadeiro protagonista, que pode
corte, exercida prioritariamente pelos representar um deus, um demônio,
nobres samurais. Originado da fusão um samurai, uma mulher ou um lou-
de várias formas de danças e panto- co. O espetáculo se inicia sempre
mimas, as peças eram representadas com uma espécie de prólogo coreo-
originalmente durante as funções re- gráfico, em que o naki apresenta-se
ligiosas nos festivais xintoístas e dra- ao público dançando e proferindo
matizavam normalmente a vida espi- palavras, num sânscrito ininteligível,
ritual do personagem central, utili- colocando a máscara em seguida,
zando diálogos em prosa, alternados como querendo “informar” que a fun-
com declamações feitas por um coro, ção teatral propriamente dita está
canções, música instrumental, dan- começando. O espetáculo é caracte-
ça e mímica, num estilo altamente rizado pelo simbolismo, pelo lirismo,
ritualizado. A sua forma primitiva, o pelos movimentos altamente
saragakuno-no, foi aperfeiçoada estilizados dos intérpretes, que obe-
por Zeami, filho de seu criador, que decem a convenções cênicas perma-
nô nobre
198
nome de guerra número
199
Obaldía, René de (1918-1955). Escri- Broadway e Off-off. ♦Off Broadway.
tor francês, romancista e dramatur- Teatro não comercial, de caráter ex-
go, autor de comédias de inspiração perimental, surgido nos Estados
surrealista, entre elas, Vento nos ga- Unidos a partir dos anos 40 do sécu-
lhos de sassafrás (1965) e Os bons lo XX. Incorporando a tendência re-
burgueses (1980). volucionária do teatro europeu em
voga, como o Teatro da Crueldade*,
objeto de controvérsia. Expressão da
de Antonin Artaud*, e as propostas
teoria do gênero, para indicar a per-
estéticas de Bertholt Brecht*, o mo-
sonagem central que, pela sua forma
vimento tinha como objetivo
esquemática, tem o poder de centra-
rechaçar a organização comercial ti-
lizar a controvérsia do drama.
picamente competitiva e alienante da
Odets, Clifford (1906-1963). Ator, Broadway, cuja produção de espe-
roteirista e dramaturgo norte-ameri- táculos começava a revelar uma ten-
cano, um dos mais destacados do dência para substituir o nível artísti-
Group Theater, com vasta obra co dos espetáculos por uma apre-
publicada e representada nos palcos sentação apenas comercialmente lu-
do Planeta: A vida impressa em dó- xuosa. Praticado em sótãos, depósi-
lares (1935), Paraíso perdido (1935), tos e armazéns adaptados, os inte-
O menino de ouro (1937), A grande grantes dessa onda renovadora fi-
chantagem (1949), entre outras. zeram uma releitura inteligente e aten-
ta da obra de dramaturgos como
off (teatro). Nos Estados Unidos,
Tennessee Williams*, Eugene
designação para os espetáculos re-
O’Neill*, William Inge (1913-1973),
presentados fora dos circuitos cir-
que já haviam passado pela
cunscritos às zonas urbanas centrais
Broadway, onde sofreram tremendos
da Broadway, em Nova York. Por ex-
fracassos e revelaram o talento de
tensão, passou a designar toda uma
outros dramaturgos que se encon-
corrente de teatro experimental nor-
travam incubados, como Edward
te-americana, desde a opereta rock,
Albee*, Arthur Kopit (1937-1234),
ao teatro off-off, e underground. V.
Offenbach, Jacques Oficina (Teatro)
202
Oficina (Teatro) O’neill, Eugene
203
onkos ópera
204
ópera ópera
205
opereta opereta
206
opinião orquestra
207
outer stage oyama
208
paixão. Cantata ou oratório em que acordo com a influência de teóricos
são musicados os textos dos evan- e engenheiros, segundo concepções
gelhos descrevendo a Paixão de Cris- de escolas e tendências estéticas. Em
to. A partir do cantochão, evoluiu Roma, com a eliminação do coro, o
para o drama musical medieval e para espaço da orquestra diminuiu e do
o motete renascentista. proscênio aumentou. Os romanos
foram os criadores da cortina, usada
palco. Espaço da caixa do teatro re-
ao fim de cada ato e antes da apre-
servado para a atuação dos intérpre-
sentação. No período elisabetano, na
tes. Modernamente, o palco é forma-
Inglaterra, os atores se exibiam num
do por um conjunto que engloba
proscênio que avançava sobre a pla-
proscênio ou ribalta, boca de cena,
téia, no fundo do qual se erguia uma
coxias ou bastidores, urdimentos,
pequena construção que eventual-
camarins, porões e tudo o mais que
mente servia como cenário e que era
fica abrigado por trás do pano de
ocupada por espectadores privilegi-
boca. O assoalho de um palco é ba-
ados. Em 1919, Max Reinhardt (1873-
sicamente formado por elementos
1940) aboliu o palco fechado, insta-
independentes uns dos outros, cha-
lando em sua casa de espetáculos,
mados quarteladas. – Na sua origem,
em Berlim, um grande proscênio que
era um singelo tablado onde o fato
se lançava em direção à platéia, o pal-
teatral acontecia. No século V a. C.,
co aberto. O teatro de arena, mais
com a construção dos primeiros edi-
tarde, foi outra renovação, podendo
fícios especialmente reservados para
o palco adaptar-se a qualquer espa-
as funções teatrais, o palco compre-
ço, onde cadeiras ou arquibancadas
endia a orchestra, local reservado ao
possam ser colocadas em torno de
coro, a skené, uma fachada por trás
um círculo, quadrado ou retângulo.
do proskenion, que funcionava tam-
♦ Palco aberto. Aquele em que não
bém como cenário, e o proskenion,
há preocupação em camuflar os ins-
onde se movimentavam os atores.
trumentos do espetáculo, como
Mas, desde os gregos, o palco tem
acontecia no teatro medieval, no pal-
sofrido transformações radicais, de
209
palco palco
210
palhaçada pano
211
panorroto parábase
ladores, serve também como intérprete; parte que cabe a cada ator/
complementação ao tema cenográfi- atriz representar; texto destinado a
co iniciado pelos rompimentos; um ator/atriz, com falas, rubricas e
rotunda. ♦ Pano-telão. Grande tela marcações, compondo determinada
cenográfica, ligada à opereta ou à personagem. – Como houve um tem-
revista, que reproduzia um panora- po em que a reprodução de todo o
ma, uma alegoria, um motivo dramá- texto da peça era altamente onerosa,
tico ou uma crítica bem humorada, a produção tinha o cuidado de man-
montada no primeiro plano, logo atrás dar tirar cópias, em separado, dos
do comodim* ou da cortina corredia. papéis de cada personagem, que
eram entregues a seus intérpretes,
panorroto. Termo e recurso fora de
donde provém o nome; parte. ♦ Mar-
uso, que consistia num grande telão
car o papel. Diz-se das anotações
com aberturas fingindo portas e jane-
feitas por cada intérprete, em suas
las, colocado em frente ao pano de
falas, de todas as observações fei-
fundo. Fingia uma parede de fundo.
tas pelo diretor do espetáculo, inclu-
Pantaleão. Máscara clássica da sive a movimentação e postura. ♦
Commedia dell’Arte, que pode re- papel-título. Papel do personagem
presentar o protótipo do cidadão que dá título a uma peça.
simples e pai bondoso, ou do velho
parábase. Fala inicial na comédia gre-
mercador avarento, libertino, meticu-
ga, dirigida ao público, e que exigia
loso, às vezes lúbrico e ridículo, sem-
dos coristas o domínio de sete técni-
pre vítima de Arlequim*, Escapino*
cas vocais específicas, entre elas, a
e de outras personagens considera-
commation, que era uma breve aber-
das espertas. Na escala social do
tura cantada, a anapestes, que era o
século XVIII, representava a burgue-
solo falado do corifeu, e o pnigos,
sia e todas as manobras dessa clas-
que era um amplo período dito sem
se para se sobrepor à aristocracia
tomar fôlego, provocando aparente-
decadente. Descendente direto do
mente um efeito de histeria cômica,
“tentador” das farsas religiosas me-
técnica que vamos encontrar mais
dievais, veste-se de preto e verme-
tarde no galimatias medieval, ou nos
lho e, da mesma maneira como surge
discursos em linguagens incompre-
sem piedade diante dos seus ricos
ensíveis do dramaturgo francês
fregueses, é cheio de ternura e dedi-
Molière*, e até mesmo em Eugène
cação para com sua família.
Ionesco.* Outra peculiaridade da
pantomima. V. Mímica. Designação parábase é quando ela surge sob a
particular das representações teatrais forma de um corte na ação, ocasião
dos finais de espetáculos dos circos em que o autor, através do corifeu,
de cavalinhos; pantomina. expõe suas idéias pessoais, seus sen-
timentos e suas advertências sobre
papel. O texto de cada personagem
determinados assuntos, com um li-
dentro da peça, a ser vivido pelo/a
geiro acompanhamento de cânticos.
212
Paradoxo (sobre o comediante) passarela
213
passe-par-tout pátio (lado do)
214
pau de Molière peça (teatral)
215
Pécora, Renato peripécia
216
permanente pertence
te a direção da ação dramática. Foi das figuras que aparecem num texto
recurso usado fartamente na comé- teatral, recriadas pelo dramaturgo, a
dia latina, sobretudo por Plauto*, partir dos traços fundamentais de uma
nos espetáculos da Commedia criatura a ser interpretada por um pro-
dell’Arte, nas peças românticas do fissional sobre um palco; figura hu-
século XIX, nos vaudevilles do iní- mana incluída numa história teatral;
cio do século XX, sobretudo nos de figura dramática. Do latim persona,
autoria de Georges Feydeau.* máscara de ator de teatro. ♦ Perso-
nagem aberta. Qualificação usada
permanente. Credencial fornecida
por vários diretores e teóricos de
pela direção da casa de espetáculos,
teatro, a partir da década de 60 do
ou empresários e produtores, que dá
século passado, para identificar a
direito a seu portador de assistir aos
personagem que, pelas característi-
espetáculos sem necessidade de pa-
cas especiais de sua criação, ultra-
gar ingresso.
passa todas as interpretações pos-
perna. Elemento cenográfico, de co- síveis, podendo, independente dos
locação vertical, cuja parte virada quadros sociais, impor-se a grupos
para o palco é recortada de modo que diferentes, suscitar uma participa-
sirva tanto de bambolina como de ção universal. Hamlet, Fedra,
rompimento; fraldão de pouca lar- Lorenzaccio, Henrique IV são pro-
gura que pende da mesma vara de tótipos de personagens abertas,
uma bambolina. Perna de afinação. porque sugerem interpretações e
Nome pelo qual é designado o se- símbolos sociais em maior número
gundo travessão da varanda, onde as do que explicam, e porque não põem
manobras mantêm os panos devida- termo a uma experiência. ♦ Perso-
mente afinados. ♦ Perna de susten- nagem-tipo. Aquela que representa
tação. Barra de madeira ou de ferro um padrão de comportamento. ♦
fixada na varanda, onde se enfiam Personagem-título. A que dá título
malaguetas para amarração das cor- a uma obra: Otelo, de Shakespea-
das de sustentação das varas.* re*; Galileu Galilei, de Bertholt
Brecht*; Maria Cachucha, de
pernas. V. Rompimento.
Joracy Camargo (1878-1973); Irene,
persona. Palavra latina para dizer de Pedro Bloch (1914-1997).
máscara. Especificamente, significa
personas. Pessoas disfarçadas em
a máscara do teatro antigo que de-
personagens e agindo como tais,
signava as feições da personagem
propiciando a existência do gênero
que o ator representava.
dramático.
personagem. Instrumento da
pertence. Adereço de uso pessoal
dramaturgia que conduz a ação e pro-
de cada ator/atriz, nas cenas ou em
duz o conflito. É o ser humano recri-
todo o espetáculo – cigarros, lenços,
ado na cena por um/a artista-autor/a
armas, etc.; adereço.
e por um/a artista-ator/atriz; cada uma
217
peso Pinto, Apolônia
218
Pirandello, Luigi pitões (de escora)
219
placement planos
220
planta pochade
221
pocket show (show de bolso) ponta
222
pontar postiços
223
praça (fazer a) presença
224
presépio programa
225
projetor protagonista
226
prótase putti-wallah
do, e muitas vezes é a chave de toda Pisístrato (c. 600-527 a. C.). Tirano
a peça. O protagonista, muitas ve- grego que, no ano 534 a. C., insti-
zes, é indicado no próprio título da tuiu em Atenas os concursos para a
peça, como no caso de Britânico representação de tragédias, cujo pri-
(1669), de Jean Racine*, e Cândida meiro vencedor foi Téspis.*
(1895), de Bernard Shaw.* O herói.
publicidade. Conjunto de medidas
prótase. No antigo teatro grego, a tomadas junto aos órgãos de impren-
primeira parte da ação dramática, na sa, ou outros instrumentos, como
qual o argumento é anunciado e ini- panfletos, cartazes, anúncios, etc.,
cia seu desenvolvimento. À para atrair a atenção do público para
prótase, seguia-se a epítase* e a o espetáculo.
catástase.* Dentro da divisão clás-
público. Pessoas que se reúnem na
sica de um drama, é o momento da
platéia de um teatro para assistir a
exposição do assunto.
um espetáculo.
protofonia. Introdução orquestral
pulpitum. O antigo palco dos roma-
de uma ópera. Neologismo criado
nos, separado das primeiras fileiras
por Castro Lopes para substituir o
do auditório pela orquestra, onde
galicismo ouverture. Famosíssima
permanecia o coro.
no Brasil, como uma espécie de se-
gundo hino nacional, é a protofonia pureza. Diz-se das falas, em um tex-
da ópera O guarani, de Carlos Go- to dramático, que estão de acordo
mes (1836-1896). com as leis e as normas das regras
gramaticais.
prova de papéis. Prática em uso até a
terceira década do século XX, que Essas regras são quebradas quando
consistia na primeira leitura dos pa- a personagem fala usando regiona-
péis feita pelos/as intérpretes e aten- lismos, ou quando sua condição so-
tamente acompanhada pelo ponto. cial a obriga a desobedecer às regras
Como os/as intérpretes até então não de linguagem estabelecidas pelo sis-
recebiam o texto integral da obra, tema.
essa primeira leitura servia para as
putti-wallah. Expressão pela qual é
possíveis correções nas cópias, e
conhecido na Índia o manipulador
para que cada intérprete tomasse
de fantoches, popularmente encon-
conhecimento do texto integral.
trado em festas como as de
prova de roupas. Ensaio de figurino. Dussehra, Diwali e por volta da épo-
ca do Natal cristão. O titereteiro indi-
provérbio. Comédia ligeira, cujo en-
ano costuma ir de casa em casa le-
redo se desenvolve em torno de um
vando seus bonecos e marcando
provérbio que lhe serve de título. Um
espetáculos. A arte do fantoche tem
autor clássico de provérbios foi o
grande receptividade na Índia, onde
poeta e dramaturgo francês Alfred
é uma ocupação tradicional que pas-
de Musset.*
sa de geração em geração.
227
Qorpo-Santo, José Joaquim de Cam- sido escritas no auge do romantis-
pos Leão, dito, (1833-1883). Drama- mo, nada têm de românticas: apre-
turgo brasileiro, precursor do teatro sentam, muito pelo contrário, situa-
praticado em nosso século por ções conflituosas peculiares à soci-
Samuel Beckett*, Eugène Ionesco*, edade gaúcha do século XIX, des-
Harold Pinter*, e que, por isso mes- prezando por completo a linguagem
mo, quando descoberto por ornamental, em que a frase seca, des-
Guilhermino César, em 1962, foi con- carnada e despida de adjetivos dá o
siderado precursor do Teatro do ritmo de sua prosa e a tônica predo-
Absurdo.* Produzindo sua obra na minante é a farsa. Hostilizado de for-
segunda metade do século XIX, ma cruel na sua época, o autor vin-
Qorpo Santo escrevia com uma rapi- ga-se da sociedade e dos desacer-
dez incrível, tendo produzido quase tos humanos, retratando-os na sua
todas as suas comédias em 1866, ano dramaturgia. Muito próximas da pan-
em que, só no mês de maio, compôs tomima circense, suas peças só fo-
oito delas, entre as mais notáveis de ram encenadas pioneiramente a par-
sua rica bibliografia: Mateus e tir de 1966, pelos alunos do Curso de
Mateusa, no dia 14; Hoje sou um: e Arte Dramática da Universidade Fe-
amanhã outro, dia 15; Eu sou vida; deral do Rio Grande do Sul, sob a
eu não sou morte, dia 16; A separa- direção de Antônio Carlos de Sena,
ção de dois esposos, dia 18; O mari- que, por sugestão do escritor
do extremoso ou o pai cuidadoso, Guilhermino César, montou Mateus
dia 24; e Um credor da Fazenda e Mateusa e Eu sou vida; eu não
Nacional, dias 26/27. Escrevendo sou morte.
nos gêneros mais diversos, suas pe-
quadro. Divisão dos atos, ou de cada
ças despertam o interesse pelo cará-
ato de uma peça, em cenas menores,
ter inusitado que apresentam, no
com direito inclusive a mudança de
quadro da dramaturgia brasileira de
cenários. ♦ Quadro de aviso. Local
costumes, quebrando, inclusive,
onde as ordens administrativas da
aquela noção rigorosa da época da
casa de espetáculos são afixadas,
“pièce bien faite”. Apesar de terem
quarta parede Quinault, Philippe
230
rábula. O mesmo que ponta; papel raisonneur. Palavra transplantada da
sem muita projeção. Expressão fora língua francesa, aplicada à persona-
de uso. gem da comédia ou da sátira, incum-
bida da responsabilidade de estar
rabulista. Ator habituado a fazer
sempre com a razão ou sempre pron-
rábulas. Expressão fora de uso.
ta para explicar as razões e idéias
Racine, Jean Baptiste (1639-1699). desenvolvidas pelo texto. De pouca
Considerado o maior poeta trágico autenticidade, está ali adrede para
francês, escreveu tragédias formal- expressar exclusivamente os pontos
mente perfeitas e que se tornariam de vista do autor, sendo uma forma
clássicas no gênero, como Andrô- híbrida deste. Criado por Molière*,
meda (1667), Britânico (1669), Fedra na sua comédia O misantropo
(1677). Sua grandiosidade está não (1666), para comentar a situação e
só na beleza de seus versos, que ex- o comportamento dos demais per-
primem perfeitamente emoções for- sonagens, tornou-se mais tarde uma
tes e sutis, como na criação do característica marcante no teatro
suspense trágico, de feição classi- francês da época, ganhando posição
camente contida. nas chamadas peças de tese.
raconto. Na música lírica, a ária em rampa. 1. O mesmo que ribalta. 2. Na
que o cantor faz uma narração. A linguagem técnica de cenografia, re-
Boêmia, de Puccini (1858-1924), tem cortes horizontais representando
o célebre raconto de Mimi. normalmente montanhas distantes.
radiator. Ator que atua em 3. Nos espetáculos de revista, a pas-
radioteatro. Fem. Radiatriz, radioatriz. sarela que avança em direção à pla-
téia para exibição das coristas, vede-
radiatro. Neologismo criado pelo tes, ou evoluções coreográficas.
dramaturgo brasileiro Pedro Bloch
rapsodos. Menestréis na Grécia An-
(1914-1997), mas de uso escasso,
tiga, oriundos da Jônia, no litoral da
para qualificar o teatro adaptado e
Ásia Menor, que andavam de cidade
apresentado pelo rádio; radioteatro.
em cidade recitando poemas épicos,
231
rebolado régie
232
régisseur remontar
233
remonte representação
234
representar revista
235
rezar Rodrigues, Nelson
236
rolimã Rostand, Edmond
237
roteiro rubrica
238
saída falsa. Recurso de marcação salada. Referência jocosa aos perso-
utilizado pelo ator, por sugestão do nagens Salério e Solano, papéis de
texto ou da direção do espetáculo, pouca relevância que figuram em O
que consiste em interromper a saída mercador de Veneza, de Shakespea-
de cena; movimento falso de saída re*: quando a personagem fala, “Es-
de cena. tou fazendo uma salada”, ela quer
dizer que tanto faz estar falando de
sainete. Criação dramática espanho-
uma coisa como de outra.
la, variante do entremez, de curta
duração e caráter alegre, do qual par- saltimbanco. Artista popular
ticipam duas, no máximo três perso- itinerante, de origem italiana, que exi-
nagens. Depois de algum tempo de be sua arte na rua, feiras e circos por
uso e algumas alterações, passou a sua conta e de forma histriônica. Os
designar um gênero mais ligeiro e saltimbancos eram possivelmente os
sintético, popularizado pela palavra únicos atores profissionais durante
inglesa sketch. a Idade Média; bufão; pelotiqueiro.
Salacrou, Armand (1899-1234). sanefa. Bambolina que cobre a parte
Dramaturgo francês, ligado ao superior do pano de boca, junto ao
surrealismo, na década de 20, quan- arco do proscênio.
do escreveu A ponte da Europa
sapatas. Peças de metal para fixar o
(1927), sob a influência dos escri-
cenário ao piso do palco. Podem ser
tores Alfred Jarry (1873-1907) e
rígidas, com dobradiças ou planas.
Antonin Artaud.* Depois de pro-
São também conhecidas pelo nome
duzir algumas comédias naturalis-
de pé.
tas de temática burguesa, como
Uma mulher livre (1934), envere- sapatilha. Sapato especial para uso
dou para o chamado teatro de tese, dos/das bailarinos/as.
de feição ontológica. Ligou-se pos-
sarilho. Fio ou corda fina, usada para
teriormente ao ator e diretor fran-
amarrar dois sarrafos de trainéis um
cês Charles Dullin*, no Théâtre de
ao outro, fazendo-os passar em li-
l’Atelier (1921).
239
sarrafo sátiros
nha sinuosa por entre pregos enfia- Nobel de Literatura em 1964, que
dos pela metade nos sarrafos de cada ele recusou ir receber.
uma das partes a serem juntadas.
sátira. 1. Forma de teatro grego que
sarrafo. Ripa de madeira, preferen- trata de maneira burlesca os temas
temente de madeira mole e leve, que mitológicos. Na Grécia antiga, du-
serve para a construção de cenários. rante os festivais em honra a
Dioniso*, cada autor concorria nor-
Sartre, Jean-Paul (1905-1980). Dra-
malmente com uma trilogia: três tra-
maturgo, filósofo e romancista fran-
gédias e um drama satírico, que era
cês, um dos principais expoentes
uma forma burlesca do tema trágico
do movimento existencialista, pro-
que o precedera. 2. Gênero caracte-
pôs uma visão do homem como
rizado pelo humor desabrido, uso
dono de seu próprio destino e cuja
ilimitado da paródia e intensa iro-
vida é definida pelo projeto pesso-
nia, geralmente carregado de forte
al de cada um e suas próprias
conteúdo crítico, moral ou político,
ações. Sua visão da existência hu-
visando ridicularizar tipos ou deter-
mana, a partir de uma rigorosa aná-
minadas categorias sociais. ♦ Sáti-
lise filosófica, orientada pelo mé-
ra menipéia. Gênero de sátira sério-
todo fenomenológico, desenvolvi-
jocosa, criada por Menipo.* O gê-
do e exposto em O ser e o nada,
nero foi introduzido em Roma por
está refletida nas peças As moscas
Varrão (116-27 a. C.). Geralmente em
(1943), Mortos sem sepultura
prosa, caracteriza-se pela varieda-
(1946), As mãos sujas (1948) e
de de temas e pelo interesse na ex-
O Diabo e o bom Deus (1951). As
posição de idéias. Utilizando dois
posições iniciais de Sartre sofrem
ou mais interlocutores, o interesse
transformações radicais, determina-
dramático da sátira menipéia é sus-
das, por um lado, pelo caráter aber-
tentado mais pelo conflito de idéias
to de sua visão existencialista, por
e não de caráter.
outro, por seu progressivo
engajamento político. Desse modo, Sátiros. Entidades mitológicas que
Sartre foi levado a inserir o representavam, na cultura antiga, os
existencialismo dentro de uma con- espíritos masculinos das florestas e
cepção filosófica mais ampla, en- montanhas, freqüentemente retrata-
contrando no marxismo essa con- dos como tendo uma metade huma-
cepção. Sartre participou da resis- na e outra metade na forma de um
tência francesa contra o nazismo, e caprino, que agitavam as festas
fundou, em 1945, a revista Les dionisíacas com gritos, obscenida-
Temps Modernes. De sua vasta pro- des e imprecações. Afastados pos-
dução dramática, ainda podem ser teriormente do corpo da tragédia, por
distinguidas Entre quatro paredes serem julgados incompatíveis com o
(1945) e A prostituta respeitosa valor das composições, criou-se para
(1946). Foi-lhe atribuído o Prêmio eles o drama satírico.
240
satura lanx Schiller, Friedrich von
241
Schlegel senha
242
seqüência Shakespeare
243
Shakespeare show
244
sinal sketch
245
sofita spot-light
246
Stanislavski, Konstantin Stanislavskiana (Escola)
247
Strasberg, Lee subtexto
virtuose. Mas não basta ao ator ser universal, teve uma vida atormenta-
um ginasta do imaginário: ele tem da, chegando muitas vezes aos limi-
que ser seu próprio auto-analista. tes da insanidade. Suas peças, em
geral mordazes e pessimistas, exer-
Strasberg, Lee (1901-1982). Profes-
ceram profunda influência sobre o
sor de arte dramática e diretor de te-
drama moderno, como O pai (1887) e
atro norte-americano. De descendên-
Senhorita Júlia (1888). Strindberg
cia austríaca, começou sua carreira
escreveu também dramas históricos,
artística como ator do Teatro Guild,
como Erik XIV (1899) e Rainha
onde realizou as mais interessantes
Cristina (1903).
produções dos anos 20. Abandonou
o elenco do Guild em 1931, em sinal strip-tease. Espetáculo que consis-
de protesto contra o que considera- te no desnudamento radical do/da
va um “comportamento apolítico” do executante.
grupo, indo formar seu próprio gru-
Studio. V. Actor’s Studio.
po, o Group Theater*, escola de arte
dramática que utilizou o Método* de Sturm und Drang. Expressão ale-
Stanislavski, e que funcionou de mã, que pode ser traduzida por
1931 a 1937. Com o Group Theater, “tempestade e ímpeto”, cunhada no
Strasberg montou as primeiras pe- fim do século XVIII, para caracte-
ças de Clifford Odets* e o primeiro rizar o movimento estético que
musical americano, de autoria de Kurt exerceu forte influência sobre a li-
Weill.* Em 1947, é convidado por Elia teratura alemã, entre 1770 e 1790,
Kazan* a se juntar ao Actor ’s e cujas idéias definiram o pré-ro-
Studio.* mantismo alemão. Entre os anima-
dores do movimento, estavam os
Stratford-on-Avon ou upon-Avon. Ci-
dramaturgos Goethe* e Schiller.*
dade do centro-oeste da Inglaterra,
próxima a Londres, que se glorificou subir. Movimento do ator ao se des-
na história da cultura inglesa por ter locar do proscênio para o fundo do
sido o berço de nascimento de cenário. O termo foi criado na Fran-
William Shakespeare*, onde cresceu ça, onde os palcos, até a construção
e estudou esse dramaturgo, até se do Théâtre des Champs-Elysées,
transferir definitivamente para Lon- em 1913, tinham um declive acen-
dres. Possui um teatro à margem do tuado para facilitar a visão da pla-
Avon, onde a Royal Shakespeare téia. V. Descer.
Company realiza anualmente o famo-
subtexto. Designação surgida nos
so Festival Shakespeare.
laboratórios de Konstantin Stanis-
Strindberg, Johan August (1849- lavski* e de Bertholt Brecht*, para
1912). Teatrólogo sueco, o mais legí- identificar toda a fala mental, não
timo representante do naturalismo escrita, mas existente em potencial
europeu e precursor do expressio- no entrecho dramático; fala de apoio
nismo no teatro. Dotado de talento para a criação do papel, não dita nem
248
superior Svoboda, Joseph
249
Tabarin, Antoine Girard, dito (1584- ral para todo o elenco. V. Quadro
1622). Bufão de feira e autor de far- de avisos.
sas, que se tornou extremamente
tabernária. No antigo teatro roma-
popular ao lado do seu comparsa e
no, a comédia de inspiração popular,
irmão Maître Mondor. Famoso por
cuja ambientação e personagens
sua eloqüência, armava um tablado
eram copiadas das classes mais po-
para a venda de seus bálsamos e
bres; fábula tabernária.
elixires, de onde representava suas
farsas para atrair compradores. Usa- Tablado. 1. Nomenclatura dada ao
va meia-máscara, barba em tridente, assoalho do palco, em sentido res-
espada de madeira, acessórios obri- trito, e ao próprio palco e ao teatro
gatórios da farsa, envolvendo-se em sentido mais amplo; estrado
com uma veste talar, de onde a improvisado em um palco. 2. Gru-
corruptela tabar, à qual possivelmen- po de teatro fundado no Rio de Ja-
te deva o seu codinome. Sua compa- neiro, em 1951, por Maria Clara
nhia era formada de sete pessoas, Machado.* Dedicado inicialmen-
entre músicos e um criado marroqui- te apenas ao teatro para crianças,
no. Ficou célebre o seu chapéu, que diversificou o gênero ao longo de
usava de diferentes modos e servia sua vasta experiência, instituindo,
para diferentes misteres. inclusive, um curso de arte dramá-
tica donde saíram os maiores ex-
tabarinades. Espécie de diálogo de
poentes das novas gerações de in-
rua criado por Antoine Girard
térpretes do teatro brasileiro.
Tabarin, muito em voga em Paris, por
volta de 1624, no Teatro da Pont- tableaux vivants. Gênero dramáti-
Neuf, casa de espetáculos de caráter co ocorrido na França medieval, que
popular. consistia na realização de temas pios,
na frente de telões pintados.
tabela. Espécie de ordem do dia onde
consta horário dos ensaios, hora do tacha. Espécie de prego curto de ca-
espetáculo, modificação de ordem beça grosas, ligeiramente achatada,
administrativa e comunicação ge- apropriado para prender a fazenda
tacharola Tartufo, O
aos sarrafos dos cenários e os pró- e mais importantes de seu tempo, que
prios cenários ao piso do palco. certa vez escreveu: “Ele se preocupa
em patetizar o personagem trágico
tacharola. Tacha de cabeça dupla,
para trazê-lo de volta à vida. Ele gri-
uma após a outra, sendo que a pri-
ta, ele é natural demais. Nos furores
meira cabeça impede a inteira pene-
de Orestes, ele faz grande sucesso,
tração no sarrafo, enquanto a segun-
mas tem a extravagância de um lou-
da facilita sua retirada. Apropriada
co de asilo...”. Talma era o preferido
para fixar os cenários no piso do pal-
de Napoleão.
co. V. Tacha.
tambor. Cilindro em que se enrolam
tafife. Estria de madeira que, pela sua
as cordas que prendem o panejamen-
flexibilidade, é usada para fortalecer
to de uma caixa de teatro, principal-
e acompanhar o contorno de um de-
mente o de boca de cena, equipa-
senho na orla de um trainel ou de um
mento substituído por equipamento
reprego.
mecânico nos teatros mais moder-
talco. Folha de chumbo ou zinco fle- nos. Quando curto, em sentido hori-
xível que, por seu brilho coruscante zontal, serve para movimentar o pano
e sua variação de cores, foi larga- de boca; quando longo e em posi-
mente usada pelos cenógrafos e ção vertical, em número de dois e
iluminadores para efeitos especiais colocados em extremidades opostas,
de iluminação nos espetáculos de são utilizados para a movimentação
fantasia e revistas musicais. Com os giratória da rotunda panorâmica.
meios modernos da tecnologia e o
tangão. Conjunto de lâmpadas dis-
avanço técnico dos refletores, ficou
postas verticalmente numa caixa de
fora de uso.
ferro ou madeira, disfarçada da vista
talento. meias/calções enchumaça- da platéia pelos bastidores ou rom-
dos, usados para disfarçar os defei- pimentos. Serve para a iluminação
tos das pernas dos intérpretes. lateral da cena.
Talia. Na mitologia grega, a musa da tapadeira. Dispositivo cenográfico
comédia, representada por uma más- que serve para disfarçar as abertu-
cara e uma guirlanda de louros. ras do cenário, impedindo que a pla-
téia devasse o interior do palco.
Talma, François Joseph (1763-1826).
O maior ator trágico francês de sua tapete de grama. Extenso tapete
época. Tentou regenerar a tradição recoberto de ráfia para simular gra-
do grande estilo declamatório da re- mado.
presentação, reintroduzindo o toque
Tartufo, O. Peça do dramaturgo fran-
patético que já começava a ser es-
cês Molière*, escrita em 1664, cuja
quecido, o que ele fez sem medir as
personagem-título é um beato faná-
conseqüências. Os críticos de sua
tico que se hospeda na casa de
época não o poupavam, como foi o
Orgon, um rico burguês, que lhe
caso de Geoffrey, um dos mais duros
252
Tchekhov teatrão
oferece todos os seus bens em troca tação. ♦ Golpe teatral. Efeito dra-
do casamento com sua filha. Com o mático súbito ou imprevisto, que
tempo, a palavra tartufo transfor- muda radicalmente a linha da ação;
mou-se em substantivo comum para intervenção inesperada de uma
significar “indivíduo hipócrita e ga- nova personagem na trama. ♦ Lu-
nancioso”. Na peça de Molière, a fi- gar teatral. Espaço onde é apresen-
gura é mais patética e contraditória tado o espetáculo teatral, estabele-
do que a de um simples vilão. cendo a relação cena/público. O es-
paço teatral independe do local
Tchekhov, Anton Pavlovitch (1860-
onde possa estar instalado, que
1904). Dramaturgo russo, que locali-
pode ser no edifício teatral, na nave
zou sua obra dramática na zona rural
de uma igreja, numa praça pública,
russa, envolvendo personagens da
numa estação de estrada de ferro
pequena burguesia e da aristocracia
ou num vagão de metrô. O lugar te-
decadente. Em suas peças, os diálo-
atral é formado pelo lugar do espec-
gos tradicionais são muitas vezes
tador e pelo lugar cênico, onde o
substituídos por monólogos parale-
ator atua e a cena acontece.
los, em que cada personagem deixa
entrever suas mágoas ou sentimen- teatralidade. Qualidade do que é
tos mais profundos, principalmente teatral.
a frustração e a impotência. A valori-
teatralização. Ato ou efeito de
zação de sua obra dramática deveu-
teatralizar alguma coisa, que pode ser
se muito a Stanislavski* e ao Teatro
um romance, um poema, uma cena
de Arte de Moscou, que montou suas
de rua, um gesto, etc. O que foi trans-
melhores peças, entre elas A gaivo-
posto para a linguagem teatral.
ta (1897), Tio Vânia (1899), As três
irmãs (1901), O jardim das cerejei- teatralizar. Adaptar um texto de ou-
ras (1904). tro gênero literário para a cena do
teatro; dar forma teatral a obra de
te-ato. Expressão proposta pelo en-
outro gênero.
cenador brasileiro José Celso
Martinez Correia*, para substituir teatrão. Expressão usada para iden-
o tradicional e consagrado teatro, tificar o espetáculo montado com
pretendendo com isso uma re-vo- todos os preciosismos de uma esté-
lição, ou seja, um processo de “vol- tica ou escola historicamente ultra-
tar a querer”. passada, nutrida das linhas tradicio-
nais dos movimentos cênicos padro-
teatrada. Função teatral.
nizados, gestos estereotipados, ce-
teatral. Relativo ao teatro, que bus- nários com rigidez clássica, dicção e
ca produzir efeito sobre o especta- iluminação tradicionais, o intérprete
dor. Toda manifestação própria para seguindo as normas de fala e postu-
se transformar em espetáculo, ra em cena, falando obrigatoriamen-
independendo de enredo e de um te de frente para a platéia e nunca
local específico para sua apresen- ficando de costas para esta. Um tea-
253
teatro teatro
254
teatro teatro
255
teatro teatro
256
teatro teatro
257
teatro teatro
258
teatro teatro
ta, poderia fazer do teatro um meio param da sua primeira versão, cada
de comunicação. Foi seu primeiro es- uma delas representada por um úni-
boço para o que viria denominar Te- co elenco, dez anos mais tarde já con-
atro do Oprimido. ♦ Teatro livre. Mo- tava com mais de vinte países e mais
vimento empreendido pelo teórico de trinta elencos no seu quadro so-
francês André Antoine* no fim do cial. Seu segundo diretor foi Claude
século XIX, visando liberar o teatro Panson, que esteve no cargo até
da submissão às regras tradicionais, 1966, seguido de Jean-Louis
demonstrando que se podia fazer Barrault*, seguido pelo Ministro da
“teatro que não seja teatro”. Ele fez, Cultura Francesa, André Malraux
à época, um apelo a todos os escri- (1901-1976). Reintegrado à função em
tores notórios, mesmo que não tives- 1972, Barrault transforma o Teatro
sem conhecimento e experiência em das Nações em Festival Internacio-
dramaturgia, para que escrevessem nal, onde cada país mostrava aquilo
textos cheios de sinceridade e calor que considerava mais significativo
para ser interpretados com fé. ♦ Te- de sua cultura teatral. ♦ Teatro da
atro lírico. 1. Casa de espetáculo natureza. Experiência de teatro ao
própria para a apresentação de mu- ar livre, promovida em 1916, no Rio
sicais, óperas e operetas. 2. gênero de Janeiro, por João do Rio (1880-
que caracteriza a ópera e a opereta. 1921) e Alexandre Azevedo, seme-
♦ Teatro em movimento total. Proje- lhante à experiência feita na França
to do diretor e cenógrafo francês pelo Teatro Livre, de Orange, em
Jacques Polieri (1928-1234), criador Nimes. O local escolhido para a ex-
de um revolucionário e fantasioso periência brasileira foi o Campo de
espaço cênico – ou de comunicação, Santana, e dela participaram artistas
como ele preferia (1970) –, que pro- famosos da época. O primeiro espe-
punha colocar o público em plata- táculo exibido foi Orestes, de Ésquilo,
formas móveis, instaladas no interi- na tradução de Coelho de Carvalho,
or de uma esfera, onde se desenvol- a 23 de janeiro. O local estava equi-
veria o espetáculo. ♦ Teatro das pado com setenta camarotes, mil ca-
Nações. Organização de caráter in- deiras e espaço para dez mil pessoas
ternacional, proposta ao governo em pé. ♦ Teatro Oficina. V. Oficina.
francês em 1954, pelo Instituto Inter- ♦ Teatro de ópera. Casa de espetá-
nacional de Teatro, como resultado culos onde prioritariamente são en-
pelo êxito do Primeiro Festival Inter- cenados os gêneros ópera e opereta,
nacional de Arte Dramática, realiza- ou grandes musicais. ♦ Teatro Pâ-
do em abril daquele ano, em Paris. nico. Movimento estético-político
Esse primeiro evento, sob a direção criado em 1962 pelos freqüentadores
de A. M. Julien, funcionou no do Café de la Paix, em Paris, lidera-
Théâtre Sarah Bernhardt, estenden- do pelos dramaturgos e encenado-
do-se, nos subseqüentes, a outras res Fernando Arrabal* (espanhol),
salas. Das doze nações que partici- Alejandro Jodorowsky (1929-1234) –
259
teatro teatro
260
teatro teatro
261
teatro telari
262
teleta Terêncio
263
Téspis tetralogia
264
tetralógico tipo
265
tipo Tirso de Molina
266
títere tragédia
267
tragédia trágico
tituíam-se de danças, cantos e pre- depois, o coro, que tinha papel sali-
ces, dos quais participavam toda a ente quando de sua origem, foi cain-
população. Seu conteúdo, em prin- do de importância, perdendo, inclu-
cípio, foi inspirado no mito extraído sive, o caráter lírico primitivo. Segun-
das antigas lendas que alimentavam do as concepções clássicas, os prin-
a trama nos primeiros tempos de sua cipais elementos da tragédia são a
ocorrência. Mas logo o acervo de intriga, a idéia ou pensamento, a dic-
narrativas sobre Dioniso* começou ção, a melodia e o espetáculo. A tra-
a ficar tão escasso, que foi preciso gédia clássica grega atingiu seu apo-
recorrer aos deuses e heróis huma- geu com as obras de Ésquilo*,
nos, mudança que começou a ocor- Sófocles* e Eurípides.* O gênero
rer a partir do século V a. C., numa entrou em declínio a partir do século
fusão enriquecedora entre mitos di- IV a. C., para depois ressurgir em
vinos e heróicos. O termo, na sua Roma, com Sêneca.* Após o
origem, não traduzia o sentido que Renascimento, a tragédia desponta
hoje temos, de amarga severidade, com outra roupagem, nos fins do
mas era a informação de que homens século XVI, com Shakespeare*, na
envoltos em peles de bode, protegi- Inglaterra. Diferente da tragédia gre-
dos com grotescas máscaras de ani- ga, que normalmente mostrava o ho-
mais, cantariam e dançariam no dia mem acabrunhado pelo destino, a
da prova do vinho. Com o passar dos tragédia isabelina libertava, numa
tempos, a característica mímica e explosão anárquica, todas as forças
grosseira foi sendo ultrapassada e boas ou más da alma humana. Final-
substituída por solenidades realiza- mente, ela acaba se transformando
das por homens, especialmente es- ou se diluindo em outros gêneros,
colhidos entre os integrantes da como o drama e o romance.
orchestra. Em relação à fabulação,
tragédia burguesa. Comédia séria;
cabia ao autor encadear os aconteci-
drama burguês. O nome parece ter
mentos de forma a provocar na pla-
sido criado por Beaumarchais (1732-
téia uma tensão permanente, desper-
1799), mas foi precisamente Nivelle
tando o temor ou a piedade, que logo
de La Chaussée (1692-1754) quem
seria aliviada pela catarse. Para con-
definiu com precisão a natureza des-
seguir manter a tensão constante e
se tipo de drama: “meio termo entre
obedecer ao princípio da verossimi-
tragédia e comédia”. Diderot* foi o
lhança, a peça deveria obedecer ao
seu mais apaixonado teórico.
Princípio das Três Unidades – de
espaço, tempo e ação –, preconiza- tragediógrafo. Autor de tragédias;
do por Aristóteles*. Quanto à for- trágico.
ma, compunha-se inicialmente de
trágico. Até meados do século XX,
uma sucessão de momentos dramá-
o ator especializado na interpretação
ticos, intercalados por passagens lí-
de personagens trágicas, de tragé-
ricas, onde o coro intervinha. Mas,
dia. Fem. Trágica.
268
tragicomédia travesti
269
treinamento tritagonista
Godot, de Samuel Beckett.* Foi tam- panhias, entre elas, mais freqüen-
bém antológico o papel feminino in- temente, as lideradas por Jaime
terpretado pelo encenador e ator na- Costa (1897-1967), Leopoldo Fróes
turalizado brasileiro, Zbigniew (1882-1932), Procópio Ferreira* e
Ziembinski (1908-1978), numa nove- Lucília Peres (1881-1962). Uma das
la de televisão. características típicas da Geração
Trianon era que só aos chamados
treinamento. Ato de treinar algo com
primeiros atores era permitido usar
objetivo específico. Em teatro, o
o proscênio e o centro do palco –
treinamento difere do trabalho de di-
as conhecidas áreas nobres da
reção. No treinamento, o diretor
cena – como espaço de represen-
lida com cada ator individualmente,
tação, de onde quase sempre brin-
com o objetivo de atingir o aprimora-
davam a platéia com um improviso
mento integral de quem a ele se sub-
caloroso, em que pouco ou nada
mete. V. Picadeiro.
importava a verossimilhança. Es-
Trianon (Geração). Estilo e com- tes atores eram os únicos que não
portamento peculiar de encarar o ensaiavam, o que constituía outra
teatro como texto e como espetá- característica desse período e des-
culo, adotado pelo Teatro Trianon, sa casa de espetáculo.
casa de espetáculos com mil luga-
trilogia. Na Grécia antiga, o poema
res, inaugurada no Rio de Janeiro
dramático formado de três tragédias,
em 1915, cujas histórias, que fanta-
cujos temas se sucediam e se interli-
siadas, apimentadas ou simples-
gavam, para serem representadas nos
mente copiadas do cotidiano, atra-
concursos e jogos solenes. A
íam diariamente centenas de espec-
interligação dos temas foi quebrada
tadores. Os textos ali encenados,
a partir de Sófocles*, quando cada
exclusivamente de autores nacio-
um dos poemas adquiriu sua própria
nais, tratavam de fatos ao mesmo
autonomia; trilogia livre. ♦ Trilogia
tempo atemporais – amores e qüi-
da Devoração. Com esse título, fica-
proquós – e circunstanciais. Entre
ram conhecidos os textos dramáti-
os autores ali mais representados,
cos de Oswald de Andrade* envol-
estavam Gastão Tojeiro (1880-
vendo seu “teatro antropofágico”,
1965), Paulo Magalhães (1900-
formado pelas peças O rei da vela e
1972), Bastos Tigre (1882-1957),
O homem e o seu cavalo (1934) e o
Joracy Camargo (1878-1973),
ato lírico A morta (1937).
Oduvaldo Viana (1892-1973) – o pri-
meiro dramaturgo a escrever em trio. 1. Trecho de música cantada por
“brasileiro”, em oposição à três artistas. 2. Conjunto ou grupo
prosódia portuguesa normal e obri- de três artistas.
gatória da dramaturgia nacional.
tritagonista. Criado por Sófocles*,
Sem elenco próprio, o Trianon era
foi historicamente o terceiro ator a
alugado por temporada pelas com-
surgir no espetáculo teatral.
270
trololó tutu
271
Underground. Palavra inglesa que regente, para que a orquestra e a
identifica o movimento de vanguar- cena (entenda-se, o cantor), entida-
da que animou a vida cultural nos des encarregadas de construir o dis-
Estados Unidos nas décadas de 50 curso musical da obra, estejam no
e 60 do século XX, sobretudo nas mesmo nível de tensão.
áreas do cinema, teatro e impren-
urdimento. Todo o espaço que vai
sa, caracterizado pelo baixo custo
do alto da boca de cena para cima,
da produção, pela exibição em pe-
invisível para a platéia e fartamente
quenos espaços e pela característi-
equipado, para uso variado dos téc-
ca não convencional dos espetácu-
nicos na realização de um espetá-
los. Os principais centros under se
culo. É guarnecido de forte e firme
localizaram em Nova York e São
madeiramento, ao qual se fixam rol-
Francisco. Significa subterrâneo.
danas, moitões, gornes, ganchos e
unidade de tom. Conhecimento outros dispositivos usados nos tra-
subjetivo que um elenco, na pre- balhos das manobras. O urdimento
paração de um espetáculo, adquire se compõe de varandas.
através do conjunto de ações do
utilidade. Termo aplicado aos ato-
texto, e que facilita o nivelamento
res de uma companhia habituados a
da representação.
fazer pequenos papéis (rabulistas*),
unidade dramática. No gênero mas que, numa eventualidade, po-
ópera, a identificação que deve dem ser aproveitados em outros de
existir entre o processo de inter- maior responsabilidade.
pretação e recriação, proposta pelo
vácuo. Diz-se do espaço morto entre lizações mais altas da platéia; o po-
as falas, ou qualquer tipo de ação pular poleiro; as gerais.
que quebre a unidade de andamento
varanda. Espaço de serviço consti-
do espetáculo.
tuído de balcões ou plataformas a
vaia. Manifestação ruidosa de de- meia altura do urdimento, acima da
sagrado a um espetáculo ou a um boca de cena, onde estão os supor-
dos/das intérpretes, podendo ser tes para fixação das varas que sus-
individual, em grupo ou coletiva. tentam cenários e equipamento de
[Cf. Apupo.] iluminação, servindo de passagem
aérea para os maquinistas; local,
vale. Entrada de favor, isenta de pa-
sempre protegido da vista da pla-
gamento de impostos.
téia, onde são feitos os movimentos
vamp. Corista “fatal”, provocante. dos cenários, quando suspensos
Abreviatura para vampira. pelo urdimento; espécie de balcões
vanguarda. V. Teatro de vanguarda. estreitos utilizados pelos maquinis-
tas para fazer subir ou descer, com a
vão wagneriano. Tradicionalmente, ajuda de cordas, os elementos dos
o espaço entre o proscênio e a pla- cenários; ponte móvel que estabe-
téia, reservado aos músicos; poço lece a comunicação entre as passa-
da orquestra. relas direita e esquerda, no palco à
vara. 1. Elemento horizontal, de ma- italiana. ♦ Varanda de lastro. Local
deira ou metal, onde ficam pendura- onde se colocam as caixas de con-
dos os panos, os refletores e os pró- trapeso com as cargas adequadas
prios cenários, que podem ser abai- para cada vara; varanda de carrega-
xados ou levantados por meio de mento. ♦ Varanda de manobra. Bal-
cordas. As varas ficam presas ao cão instalado em toda a extensão
urdimento e são em números ade- do urdimento, onde são afixadas as
quados às necessidades do espetá- manobras. Na afinação ideal, a tra-
culo. 2. Também receberam por mui- dição faz fixarem-se permanente-
to tempo essa denominação as loca- mente, na da esquerda, as mano-
varandista vaudeville
276
vazante Verdi, Giuseppe
277
verniz Viana, Renato
278
Viana, Renato Vicente, Gil
279
Vidouchaka voz
280
Wagner, Richard (1813-1883). Com- onde escreveu suas teorias revolu-
positor alemão, que se tornou expo- cionárias sobre a arte, publicadas
ente do romantismo e produziu uma nos livros A obra de arte do futuro
obra altamente revolucionária. Des- (1850) e Ópera e drama (1851). Essa
de suas primeiras óperas, que par- nova visão da ópera ele revela de
tem do romantismo de Weber e da forma mais completa na tetralogia O
tradição sinfônica de Beethoven, anel dos Nibelungos: O ouro do Reno
afastou-se radicalmente da concep- (1854), As valquírias (1856), Siegfried
ção italiana, rompendo, sem conces- (1856/69) e Crepúsculo dos deuses
são, com a ópera convencional e (1874), apresentadas pela primeira
concebendo o gênero como arte to- vez em 1876, na inauguração do Te-
tal que devia reunir num mesmo pla- atro de Ópera de Bayreuth, que
no a música, o teatro dramático, a Wagner projetou para atender a seus
dança e as artes plásticas, funda- ideais dramático-musicais, constru-
mentos que defende nos textos teó- ído (1872/1876) graças à ajuda de
ricos, escritos quando de seu exílio Luís II da Baviera. Ele volta a mos-
e postos em prática pela primeira vez trar seu novo conceito de ópera nas
nas óperas Tanhäuser (1844) e obras Tristão e Isolda (1859) e Os
Lohengrin (1848). Renunciando aos mestres cantores de Nuremberg
floreios vocais, Wagner impôs uma (1862/67). Sua última obra foi Parsifal
ação musical contínua, intensifican- (1877/1882). Adepto de um teatro
do a participação orquestral, além de mítico/simbólico, chegou a uma fu-
valorizar a importância do libreto são estreita entre texto e música, a
como fundamento do drama lírico. uma unidade temática criada pela ex-
Com ênfase nos temas da mitologia ploração do leitmotiv e por uma
germânica, tornou-se o precursor do simbiose bem sucedida entre as vo-
nacionalismo alemão agressivo. zes e os instrumentos. O cromatismo
Proscrito por ter participado da re- de Tristão e Isolda é o ponto de par-
volução de 1846, em Dresden, onde tida da música do século XX, influen-
exercia a função de regente da corte, ciando compositores como Saraus,
viajou por Zurique, Veneza e Paris, Mahler, Debussy e Schönberg, que
281
Weill, Kurt Williams, Tennessee
282
Wilson, Bob workshop
283
workshop Worttondrama
284
Zanni. Criado, ora esperto e malici- amor, de Lope de Veja*, com música
oso, ora bonachão e estúpido, em de autor desconhecido, apresenta-
qualquer situação glutão, figura po- da em 1629, seguindo-se El jardin
pular e obrigatória no elenco da de Falerina, de Calderón de La Bar-
Commedia dell’Arte. Usava sem- ca*, estreada na presença dos reis
pre uma meia-máscara feita de cou- espanhóis, na Casa de Recreio La
ro, barba descuidada, chapéu de Zarzuela, sendo que, a partir de en-
abas largas, e, na cintura, uma ada- tão, tais gêneros de espetáculos pas-
ga de madeira. É provável que seu saram a receber a denominação de
nome seja uma redução de Fiestas de Zarzuela, para logo em
Giovanni, aparecendo sob dife- seguida reduzir-se para zarzuela. Foi
rentes variantes: Zannoni, Zan, largamente cultivada pelos drama-
Sanni. Outra etimologia leva à pa- turgos mais significativos da época.
lavra grega sannos, bobo, e ao la-
zarzuelista. Autor de zarzuelas.
tim sannio, pantomimeiro.
Zibaldoni. Repertório de canovacci*
zarzuela. Espécie de ópera cômica
da Commedia dell’Arte, elaborado
espanhola, em que eram alternados
por famosos comediantes, nos
os cantos e a declamação. Origina-
quais figuram falas, definições, pi-
da das antigas composições musi-
adas, anedotas, e até mesmo pe-
cais intercaladas nas representa-
quenos trechos de diálogos que
ções dramáticas dos séculos XV e
serviam de guia para diversas com-
XVI, é cantada geralmente pelas
panhias, em diferentes épocas da
atrizes. A primeira peça digna des-
História do Espetáculo.
se nome foi a égloga La selva sin
285
CRONOLOGIA
de acontecimentos influentes na formação da cultura teatral
288
UBIRATAN TEIXEIRA
289
CRONOLOGIA
290
UBIRATAN TEIXEIRA
291
CRONOLOGIA
292
UBIRATAN TEIXEIRA
293
CRONOLOGIA
294
UBIRATAN TEIXEIRA
295
CRONOLOGIA
296
UBIRATAN TEIXEIRA
297
CRONOLOGIA
298
UBIRATAN TEIXEIRA
299
CRONOLOGIA
300
UBIRATAN TEIXEIRA
301
CRONOLOGIA
302
UBIRATAN TEIXEIRA
303
CRONOLOGIA
304
UBIRATAN TEIXEIRA
dos pela Ditadura Militar que governou o país a partir de 1964. O AI-
5 impôs uma censura odiosa a todas as manifestações artísticas e
culturais brasileiras, considerando o Teatro como manifestação ini-
miga do Estado.
1981 – O Serviço Nacional de Teatro é transformado em Instituto
Nacional de Artes Cênicas, INACEM, incluindo no seu círculo de
interesse o circo, a dança e a ópera.
1982 – Renato Arocolo e Raffaela Rosselini, do Teatro dell’ IRAA –
Instituto de Pesquisa de Arte do Ator – sediado em Roma, lançam,
com a ajuda da UNESCO, um projeto intitulado Teatro Fora do Tea-
tro, cujo objetivo é o de explorar “as possibilidades de um teatro de
comunicação, que promova o conhecimento e a compreensão entre
culturas de povos diferentes”. A primeira experiência foi feita no sul
do Chile, numa reserva de índios mapuche.
1995 (30 de dezembro) – Morre em Berlim, de câncer no esôfago,
aos 66 anos de idade, o dramaturgo alemão Heiner Müller, uma das
personalidades mais importantes do moderno teatro ocidental. Müller
dirigia a companhia Berliner Ensemble, criada na década de 50, em
Berlim Oriental, pelo seu amigo Bertholt Brecht. Marxista filiado,
Müller avançava o sinal até onde lhe permitia o regime comunista da
extinta Alemanha Oriental, com peças que colocavam em xeque os
dogmas ideológicos do partido. Entre seus principais textos estão
Hamletmachine e Quartet, ambos encenados no Brasil.
1999 (14 de janeiro) – Morre na Itália o teórico polonês Jerzy
Grotowski, aos 65 anos de idade. Grotowski esteve no Brasil em
1966, a convite do SESC São Paulo.
2004 (24 de fevereiro) – Morre no Rio de Janeiro, aos 90 anos de
idade, o teatrólogo Pedro Bloch, autor de As mãos de Eurídice, Os
inimigos não mandam flores, Esta noite choveu prata, entre ou-
tros grandes sucessos de público e bilheteria.
305
BIBLIOGRAFIA
308
UBIRATAN TEIXEIRA
309
BIBLIOGRAFIA
310
UBIRATAN TEIXEIRA
SOUZA, J. Galante de. O teatro no Brasil. São Paulo: Edições de Ouro, 1948.
______. Minha vida na arte. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1989.
VV. AA. Teatro Vivo – Introdução e história. São Paulo: Abril Cultural,
1976.
VV. AA. Teatro e vanguarda. Trad. e seleção de Luiz Cari e Joaquim José
Moura Ramos. Lisboa: Editorial Presença, 1976.
YOUNG, Stark. Teatro. Trad. Bárbara Heliodora. s. l.: Letras e Artes, 1963.
311