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Incertezas nas medidas

• O objectivo de qualquer medição é avaliar um


produto ou o resultado, aceitando ou
rejeitando esse produto ou esse teste (ex.
calibração, inspecção, investigação científica,
comércio, indústria, etc.)

• É necessário ter confiança no resultado;


• É essencial ter uma incerteza associada;
• Erro ou incerteza de uma medição: diferença entre o
valor medido e o valor aceite como verdadeiro para
essa medida ou grandeza.

• Exactidão: proximidade entre o resultado de uma


medida e o seu verdadeiro valor.

• Precisão (repetibilidade): proximidade entre os


resultados repetidos de uma medida, nas mesmas
condições.

• Reprodutibilidade: repetibilidade da medida quando


feita em diferentes condições de medição.
O objectivo de qualquer medição não é obter o
verdadeiro valor, mas associar-lhe uma incerteza
aceitável para a medida em questão.

• Exactidão versus Precisão

• Desvio ou tendência de um aparelho de


medida
Exactidão e precisão (com e sem desvio)

- medidas
- “verdadeiro valor”
Apresentação da incerteza
• medida de x = xmed δx

• Valor de x: entre (x - δx) e (x + δx)

• A garantia de que o valor de x se encontra naquele intervalo


nem sempre é razoável;

• Nestas situações associa-se a este intervalo um nível de


confiança de que a medida aí se encontra.
• Para estabelecer este nível de confiança, necessitamos de um
estudo da estatística envolvida na medição.
Algumas regras básicas na
apresentação das incertezas
• As incertezas devem ser apresentadas com apenas 1
algarismo significativo (excepção se algarismo é 1):

– 9,82 0,0342 (m s-2) ; 9,82 0,03 (m s-2)

• O último algarismo significativo do valor medido deve ser da


mesma ordem de grandeza do que a incerteza:

- 6051,78 30 (m s-1) ; 6050 30 (m s-1)


• Nos cálculos intermédios, deve manter-se +1
algarismo significativo, para evitar erros adicionais
introduzidos por arredondamentos.

• O nº correcto de algarismos significativos deve ser


aplicado no resultado final.

• as unidades das incertezas são as mesmas do valor


medido:
(1,61 0,05)x10-12 F
Erro absoluto e erro relativo

xmed x
x
xmed O erro relativo é adimensional.
xmed
x
xmed 100 %
xmed

Como associar uma incerteza ou erro a uma


determinada medida?
Tipos de erros

- aleatórios: valores medidos estão dispersos


em torno do valor médio. Pode ser reduzida
através da repetição das medidas.

- sistemáticos: devidos a desvios não aleatórios


introduzidos nas diferentes medidas.
Geralmente causados pelo aparelho de medida,
observador e/ou condições ambientais
Algumas origens para os erros aleatórios:

- resolução do instrumento de medida;


- histerese
- ruído
- radiação
- contaminação de materiais
- correntes de ar …
Algumas origens para os erros sistemáticos:

Aparelhos de medida

- ajuste do zero do aparelho de medida


- alinhamento dos aparelhos de medida (ex: óptica)
- histerese
- uso e fatiga dos aparelhos de medida
- polarização deficiente (ex: aparelhos eléctricos)
Algumas origens para os erros sistemáticos:

Ambiente

-Temperatura
-Pressão
- humidade
- vibrações
- campos eléctricos e magnéticos externos
Algumas origens para os erros sistemáticos:

Erros de observação

-leitura
- paralaxe
- estimativa por interpolação
- memória
Avaliação da incerteza
GUM “Guide to Uncertainty in Measurement”, 1993

- Tipo A (erros aleatórios): aqueles que podem ser


avaliados através de processos estatísticos.
Cada resultado é expresso com uma incerteza que será
combinada para calcular a incerteza total.

- Tipo B (Erros sistemáticos ): avaliados de forma não


estatística.
A função de densidade de probabilidade é considerada
conhecida. A incerteza é também utilizada para calcular
a incerteza total.
Exemplo de medidas afectadas por erros aleatórios
Medidas do tempo de queda de um objecto de uma altura h=2m.

Nºmedida 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Valor (s) 0.69 0.84 0.55 0.66 0.68 0.59 0.62 0.75 0.63 0.64
Nº medida 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Valor (s) 0.66 0.69 0.59 0.58 0.63 0.71 0.52 0.62 0.69 0.49

t x =0,64 s
=0,079 s

N
1
x xi
N i 1
Desvios da média, di di x xi
1 1
d (x xi ) x xi x x 0
N N

Desvio padrão

2 Desta forma os desvios não se anulam


x xi
i
N 1

Quanto menor for , maior precisão terão as medidas:

x
Histograma de ocorrência
7

6 Função de Gauss

4
n. medidas

0
0 00,1 0,1
0,2 0,2 0,3 0,5
0,3 0,4 0,40,6
0,50,70,6
0,80,7
0,9 0,8
1 0,9 1 1,1 1,2
1,1 1,2
t (s)

Intervalos de tempo: 0,05 s


Função normal ou de Gauss:
valor mais provável desta distribuição
2
( x m)
2 G2
G ( x) K e
parâmetro relacionado com largura da
distribuição

probabilidade de ocorrência do valor mais provável

Nº total de ocorrências: Quando o número de medidas é elevado:

N G ( x)dx
x m
Curva da Gauss

Intervalos de confiança Cálculo da área


Intervalo área debaixo curva
m G

G ( x)dx
m G
68,3%
Desvio padrão N

m 2 G

G ( x)dx
m 2 G
95,5%
N
Para um conjunto de N medidas, xi:

xi
x i é o seu valor médio
N

2
x xi
i é o desvio quadrático médio ou desvio padrão
N 1

m é o desvio padrão da média


N

O valor de uma grandeza obtido a partir de um conjunto de N medidas será dado por

x m
maior nº de medidas maior precisão??

m
N

Para n 12, a melhoria em m deixa de ser significativa.


- Distribuição normal: geralmente aceite e escolhida para representar processos
aleatórios

- Pequenas amostras: Distribuição “Student-t”

Y0
Y N
- 2 2
t
1
N 1
X
t
N

http://mathworld.wolfram.com/Studentst-Distribution.html
Erros tipo B – avaliação não estatística

Pretende-se associar uma incerteza, determinada por:

-Calibração ou resolução dos aparelhos de medida;

- estimativa de efeitos ambientais

- monotorização de efeitos que influenciam as medidas

- desvios do observador, paralaxe….

- análise de dados obtidos anteriormente

- experiência desempenha papel importante ….


● 3 tipos de funções de distribuição de probabilidade
usadas:

- normal ou de Gauss. Ex. calibração de aparelhos

- Rectangular. Ex. escala dos aparelhos de medida

- “U-shaped” (utilizada em medidas de frequência)


Distribuição rectangular ou uniforme
http://mathworld.wolfram.com/UniformDistribution.html

xi-a-- xi xi+a+

1
xi a a
2

2 x 1 a a 2
i 12

xi 1 a
Desvio padrão associado à distribuição rectangular
3
Incertezas Tipo B

Incerteza padrão = Limite de incerteza x factor de transformação

Tipo de densidade de probabilidade Fator de correcção

Normal ou de Gauss 0,5

Rectangular ou uniforme 1/ 3 = 0,6

“U-shaped” 1/ 2 = 0,7
Fórmula de propagação de erros (Tipo A e B)
f (x,y,z) : função de várias variáveis
x dx, y dy, z dz : incertezas em cada uma das variáveis

Erro máximo em f(x,y,z) (grandezas correlacionadas)

f f f
f df dx dy dz
x y z

Estatística (grandezas não correlacionadas):

2 2 2
f f f
f x y z
x y z
Incerteza padrão combinada (GUM)

2 2
Uc U tipoA U tipoB
(Lei de propagação da incerteza)

Incerteza expandida
- Factor k

U exp Uc k

-Nível de confiança, p
- k=2 p=95%
- k=3 p=99%
Modelo para realizar medição

Medir os vários xi
Associar a cada xi uma incerteza u(xi)

Tipo A Tipo B

Dist. Normal Dist. Normal Dist. uniforme


Desvio padrão(Ua) Fator=1/k * Fator=0,6
média
UA,1,2,…n UB1,2,.. UB4,5,…

Incerteza padrão combinada (Uc)

Incerteza padrão expandida = Uc x k


* - k é definido em seguida
Relatório da Incerteza padrão (Uncertainty budget)
“Embora o GUM aconselhe procedimentos para a
obtenção de uma incerteza associada a uma
medição, não pode substituir o pensamento crítico, a
honestidade intelectual e o profissionalismo. A
avaliação da incerteza não é nem uma operação de
rotina nem de matemática apenas; depende
fortemente do conhecimento da natureza da
grandeza a medir e do processo de medição.”

ISO/TAG 4/WG3, “Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement”

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