Você está na página 1de 1

O silêncio sobre a violência doméstica

Thaís Maciel de Oliveira1

É notável a quantidade de casos de violência doméstica na unidade familiar que


acontece diante de nossos olhos sem que se possa intervir ou ajudar a solucionar.
Principalmente nas redes sociais, nos jornais, e em outras mídias, é perceptível
que a noção de poder centrada no homem, e a de inferioridade, na mulher, está
introjetada na sociedade e arraigada na unidade familiar. Para perceber tal padrão, não
é preciso ir muito longe, basta notar certos comportamentos submissos nas vizinhas,
amigas ou colegas de trabalho ou de escola.
Desse modo, é visível a desigualdade social entre os sexos, diferença essa
naturalizada pela cultura e organização social. Nesse sentido, na própria unidade
familiar, a subalternidade é interiorizada como algo inerente ou biológico do ser
mulher. Essas características de dominação e submissão são instigadas desde a
infância pela cultura da sociedade. A partir de brincadeiras, filmes e práticas sociais, a
menina é ensinada a ser mãe e esposa. Já o menino, deve aprender a ser macho e
independente.
Essa ideologia alienadora edifica o padrão sexista e fundamenta estereótipos
machistas. Porém, é compreensível que toda essa ideologia patriarcal seja resultado do
processo histórico e cultural da sociedade. Ou seja, entendendo que somos produtos na
nossa história, podemos compreender a construção das identidades submissas ou
machistas.
Compreender que a violência não é um fato natural, mas resultado de um
processo de naturalização, é primordial para refutar a submissão e constituir-se como
sujeito de direitos. A agressão, tanto física como verbal, precisa ser vista, reconhecida
como tal e combatida. Não podemos nos silenciar. Problematizar e questionar o
“normal” é necessário para descaracterizar o processo histórico de submissão.

1 Thaís Maciel de Oliveira é advogada e mestranda em Direito da Universidade Regional Integrada


do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo.

Você também pode gostar