É notável a quantidade de casos de violência doméstica na unidade familiar que
acontece diante de nossos olhos sem que se possa intervir ou ajudar a solucionar. Principalmente nas redes sociais, nos jornais, e em outras mídias, é perceptível que a noção de poder centrada no homem, e a de inferioridade, na mulher, está introjetada na sociedade e arraigada na unidade familiar. Para perceber tal padrão, não é preciso ir muito longe, basta notar certos comportamentos submissos nas vizinhas, amigas ou colegas de trabalho ou de escola. Desse modo, é visível a desigualdade social entre os sexos, diferença essa naturalizada pela cultura e organização social. Nesse sentido, na própria unidade familiar, a subalternidade é interiorizada como algo inerente ou biológico do ser mulher. Essas características de dominação e submissão são instigadas desde a infância pela cultura da sociedade. A partir de brincadeiras, filmes e práticas sociais, a menina é ensinada a ser mãe e esposa. Já o menino, deve aprender a ser macho e independente. Essa ideologia alienadora edifica o padrão sexista e fundamenta estereótipos machistas. Porém, é compreensível que toda essa ideologia patriarcal seja resultado do processo histórico e cultural da sociedade. Ou seja, entendendo que somos produtos na nossa história, podemos compreender a construção das identidades submissas ou machistas. Compreender que a violência não é um fato natural, mas resultado de um processo de naturalização, é primordial para refutar a submissão e constituir-se como sujeito de direitos. A agressão, tanto física como verbal, precisa ser vista, reconhecida como tal e combatida. Não podemos nos silenciar. Problematizar e questionar o “normal” é necessário para descaracterizar o processo histórico de submissão.
1 Thaís Maciel de Oliveira é advogada e mestranda em Direito da Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo.