BERTINI JUNIOR, Nestor; TASSONI, Elvira Cristina Martins. A Educação
Física, o docente e a escola: concepções e práticas pedagógicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 467-483, Jul-Set/2013.
Bertini Junior e Tassoni (2013) iniciam o texto destacando como a
Educação Física era vista perante a sociedade ao longo da história e as suas mudanças. Durante muito tempo, a educação física foi vista como uma área tecnicista que buscava apenas o físico e não o intelectual. Freire (2009) apud Bertini Junior e Tassoni (2013), diz que a disciplina vem deixando de exercer só a prática e traz a partir do esporte, reflexões ligadas ao nosso cotidiano. Um currículo bem estruturado é de grande importância tanto na vida de um estudante quanto na vida de um professor. Tendo em vista a formação do docente, os currículos em educação física vêm incluindo disciplinas que contribuem para formação humanística e pedagógica do professor, pois a partir de um referencial teórico articulado com as áreas técnicas, que será formado um docente qualificado para exercer tal profissão, afirmam Bertini Junior e Tassoni (2013). Porém, essa mudança no currículo em educação física gerou uma discussão ainda maior em relação à formação do profissional, devido a matriz curricular das Instituições Superiores de Ensino, diz Bertini Junior e Tassoni (2013). Essas matrizes curriculares estariam focando em disciplinas que se relacionavam as áreas biológicas ou áreas técnicas desportivas. Com o passar do tempo, surgiu uma organização que atendia a necessidade de um profissional para escola e outro para fora dela. Bertini Junior e Tassoni (2013) realizaram uma coleta de informações em matrizes curriculares de algumas universidades, com o objetivo de ver o docente que será formado por elas. De acordo com Bertini Junior e Tassoni (2013), as matrizes analisadas buscam se adequar a realidade em que vive a educação, voltando exclusivamente para o âmbito escolar. Em contrapartida, Bertini Junior e Tassoni (2013) afirmam que os professores continuam priorizando o esporte e a prática nas escolas, afastando-se do perfil de educador e se aproximando de perfil que busca formar atletas, prezando o alto rendimento esportivo do aluno e desprezando seu real papel na escola. Bertini Junior e Tassoni (2013) realizaram entrevistas com quatro professores de educação física que trabalharam apenas em escolas de ensino público, formados nas décadas de 70, 80, 90 e 2000 para identificar quais foram as mudanças da área em concepções diferentes. Segundo Bertini Junior e Tassoni (2013), a área ainda não é compreendida pela sociedade e pelos professores. As pessoas não compreendem o papel da educação física na vida dos alunos por falta de informação sobre ela. Além disso, os docentes não tem conseguido passar o conteúdo de forma clara, pois não tem conhecimento sobre o seu próprio papel dentro da área em que ele atua. Bertini Junior e Tassoni (2013), afirmam que o lado financeiro contribui para desvalorização do professor, pois estão sujeitos a péssimas condições de trabalho e ganha muito pouco, por isso a falta de comprometimento. A nova organização curricular dos cursos de educação física não assegura o perfil do professor que será formado pela instituição, por isso ainda prevalece a ideia que apenas a quadra é o suficiente em uma aula, basta apenas ter uma bola e o professor passa a ser visto melhor em relação às outras disciplinas. Isso facilita muito a docência, já que se percebe uma preferencia a aula de educação física, afirmam Bertini Junior e Tassoni (2013). Segundo Bertini Junior e Tassoni (2013), mesmo que haja mudança na legislação ou na formal inicial do professor, as mudanças na educação física acontecem coletivamente, dentro da escola. Onde todos buscam uma solução pedagógica para melhorar suas concepções e práticas, incentivando assim uma melhoria para Educação Física.