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1395
Eng. Israel Rodrigo de Freitas Martins (1); Profa. Dra. Mônica Pinto Barbosa (2); Carlos
Rogério Lazari (3); Eng. Flávio Moreira Salles (4)
(1) Mestrando, Departamento de Engenharia Civil da FEIS – UNESP, Ilha Solteira – SP. rf@dec.feis.unesp.br
(2) Livre Docente, Departamento de Engenharia Civil da FEIS – UNESP, Ilha Solteira – SP.
mbarbosa@dec.feis.unesp.br
(3) Discente da Faculdade de Engenharia Civil de Ilha Solteira – FEIS – UNESP; Bolsista IC - FAPESP, Ilha Solteira
– SP. crlazari@aluno.feis.unesp.br
(4) Companhia Energética de São Paulo; Laboratório CESP de Engenharia Civil, Ilha Solteira – SP.
flavio.salles@cesp.com.br
Resumo
O Concreto de Alto Desempenho (CAD) prima por estabelecer uma excelente seleção dos
seus materiais constituintes os quais devem ser dosados numa proporção ótima para que
sua performance seja a melhor possível.
Os métodos de dosagem consagrados e específicos para CAD são divididos em dois
grupos: os baseados no critério do volume absoluto e aqueles baseados na otimização do
esqueleto granular.
Este trabalho apresenta os resultados de um programa experimental desenvolvido para a
definição da composição ótima de agregados e do traço de CAD, usando como referência
o desempenho da resistência à compressão do concreto.
O método de dosagem escolhido foi o AITCIN, o qual além de bastante criterioso é de
fácil execução.
Os materiais empregados nas composições foram: cimento Portland CP V ARI,
superplastificante de última geração, sílica ativa, agregado graúdo britado de origem
basáltica com diâmetros máximos 19 e 9,5mm e como agregado miúdo areia natural.
A otimização do esqueleto granular foi feita com os agregados disponíveis, nas
dimensões mencionadas, resultando em composições de maior compacidade.
A análise dos resultados obtidos permitiu escolher o traço de desempenho mais elevado,
os materiais compatíveis de melhor performance e a comprovação da adequação da
metodologia empregada.
1 Introdução
Nas últimas décadas, com a evolução do cálculo estrutural e projetos arquitetônicos mais
arrojados, houve a necessidade de melhoria das propriedades do concreto a ser utilizado.
Através de pesquisa aplicada e desenvolvimento de novos materiais possibilitou-se a
evolução tecnológica do material concreto, resultando assim no Concreto de Alto
Desempenho (CAD).
O CAD é um material com resistência à compressão superior a dos concretos
convencionais, proporcionando uma redução, nas seções transversais dos elementos
estruturais, permitindo assim elaboração de projetos com áreas úteis mais amplas,
especialmente nos térreos e subsolos de edifícios.
As vantagens do Concreto de Alto Desempenho em relação aos concretos convencionais
não param por ai. O CAD apresenta: menor porosidade, maior durabilidade, resistência à
tração e módulo de elasticidade mais elevados, melhor resistência ao fogo, melhor
resistência a ataques químicos, entre outros.
Segundo MEHTA e MONTEIRO (1994), as altas resistências são possíveis pela redução
da porosidade, da heterogeneidade e da micro-fissuração na pasta e na zona de
transição, o que leva o Concreto de Alto Desempenho a apresentar comportamento
diferente do concreto convencional sob vários aspectos.
A alta reatividade da sílica ativa com o hidróxido de cálcio produzido na hidratação do
cimento Portland, juntamente com as baixas relações água/aglomerante, propiciadas
pelos aditivos superplastificantes, contribuem diretamente para se produzir um concreto
com elevada resistência à compressão.
Segundo PEREIRA NETO (1994), com o aumento na resistência da pasta do CAD, se faz
necessário uma atenção especial ao agregado graúdo, pois a ruptura na maioria das
vezes é do tipo trans-granular.
No CAD a seleção dos materiais constituintes tem grande importância, pois a ruptura
acontecerá na fase mais fraca do concreto, que deverá ser resistente o bastante para
suportar os esforços a que será submetido, garantindo assim uma ótima performance do
conjunto.
A indústria da construção civil tem investido pesado no desenvolvimento de novas
tecnologias. Atualmente o mercado dispõe de uma infinidade de produtos - cimentos,
aditivos químicos, aditivos minerais, entre outros -, que exigem estudos para otimizar as
composições e melhor explorar as características e propriedades do CAD.
Os métodos de dosagem consagrados são divididos em dois grupos: os baseados no
critério do volume absoluto e aqueles baseados na otimização do esqueleto granular.
Nos métodos que constituem o primeiro grupo, as quantidades dos componentes são
calculadas de acordo com os procedimentos das metodologias adotadas, e ao fim, o
volume de um metro cúbico de concreto é fechado pelo agregado miúdo.
Os métodos pertencentes ao segundo grupo, como o próprio nome diz, baseiam-se na
melhoria da composição do agregado graúdo utilizado, quanto a sua granulometria,
podendo ser uma composição garimpada dentre diversas britas com materiais retidos em
diferentes peneiras, o que muitas vezes é inviável para produção em grande escala ou,
uma otimização mais simples, provinda por exemplo, da junção de duas britas de
granulometria comercial.
Este trabalho apresenta os resultados de um programa experimental desenvolvido para
definir a composição ótima de agregados e do traço de CAD, selecionando, dentre várias
opções de materiais disponíveis na região noroeste do Estado de São Paulo, aqueles que
melhor se comportam, usando como referência o desempenho da resistência à
compressão do concreto.
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 II.1382
IBRACON - Volume II - Construções em Concreto - Trabalho CBC0164 - pg. II.1381 - II.1395
2 Programa Experimental
O programa experimental foi dividido em quatro etapas:
Tabela 4: Composições
MATERIAIS CONSTITUINTES VARIANTES
TRAÇOS COMPOSIÇÕES
Cimento Aditivo SuperplastificanteAgregado Graúdo (DMC)
A CP V ARI PLUS 1 19mm
B CP V ARI RS 1 19mm
Padrão
C CP V ARI PLUS 2 19mm
D CP V ARI RS 2 19mm
E CP V ARI PLUS 1 19mm + 9,5mm
F CP V ARI RS 1 19mm + 9,5mm
Modificado
G CP V ARI PLUS 2 19mm + 9,5mm
H CP V ARI RS 2 19mm + 9,5mm
Figura 3: Aspecto da mistura, já com a água Figura 4: Aspecto da mistura após a ação do
introduzida, faltando apenas o superplastificante superplastificante
3 Resultados Experimentais
Caracterização do Agregado
Quantidade
Graúdo de DMC 19 mm 100
90
AGREGADO B1
% retida acumulada
80
DIÂMETRO MÁXIMO (MM) 19 70
60
MÓDULO DE FINURA 6,99
50
PESO ESPECÍFICO S.S.S. (G/CM³) 2,895 40
PESO ESPECÍFICO SECO (G/CM³) 2,840 Especificação B 30
1 20
PESO UNITÁRIO (G/CM³) 1,537 Brita 1 10
ABSORÇÃO (%) 1,93 0
PULVERULENTO (%) 0,31 1 10
abertura (mm) 100
70
AGREGADO B0 60
DIÂMETRO MÁXIMO (MM) 9,5 50
MÓDULO DE FINURA 5,86 40
30
PESO ESPECÍFICO S.S.S. (G/CM³) 2,900 Especificação B 0 20
PESO ESPECÍFICO SECO (G/CM³) 2,839 Brita 0 10
0
PESO UNITÁRIO (G/CM³) 1,520
1 10 100
ABSORÇÃO (%) 2,08 abertura (mm)
PULVERULENTO (%) 2,16 Figura 8: Granulometria do agregado graúdo
de DMC 9,5 mm
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 II.1386
IBRACON - Volume II - Construções em Concreto - Trabalho CBC0164 - pg. II.1381 - II.1395
100
90
% retida acumulada
80
70
60
50
Especificação B 40
1 30
Brita 1 20
10
0
1 10 100
abertura (mm)
Figura 9: Granulometria resultante de 70% DMC 19 mm + 30% DMC 9,5 mm
100
Resistência á Compressão (MPa)
90
A
B
80 C
D
70
E
F
G
60
H
50
0 20 40 60 80 100
Idade (dias)
2,5
2,0 A
Fator de Rendimento
B
1,5 C
D
1,0 E
F
0,5 G
H
0,0
3 7 Idade (dias) 28 90
Figura 11: Rendimento das composições de CAD
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 II.1388
IBRACON - Volume II - Construções em Concreto - Trabalho CBC0164 - pg. II.1381 - II.1395
Optou-se, no decorrer deste trabalho, pela comparação das composições aos pares,
analisando assim os resultados em relação a cada variante. As variantes foram: cimento,
superplastificante e esqueleto granular.
COMPOSIÇÃO A X COMPOSIÇÃO B
100
93,9 97,7 A - CPV
88,2 ARI PLUS
Resistência à Compressão
80 76,1 77,3
69,5 B - CPV
ARI RS
53,2
60 56,9
40
20
0 B - CPV ARI RS
Figura 12: Evolução da resistência à compressão, entre a composição A – CP V ARI PLUS e B – CP V ARI
RS
COMPOSIÇÃO C X COMPOSIÇÃO D
120 C - CPV
ARI PLUS
Resistência à Compressão
Tipo de
3 7
C - CPV ARI PLUS
28 cimento
90
Idades
Figura 13: Evolução da resistência à compressão, entre a composição C – CP V ARI PLUS e D – CP V ARI
RS
COMPOSIÇÃO E X COMPOSIÇÃO F
100 E - CPV
95,7 ARI PLUS
80,286,2 94,5
Resistência à Compressão
40
20
0 F CPV ARI RS
Tipo de
3 7
E - CPV ARI PLUS
28 cimento
90
Idades
Figura 14: Evolução da resistência à compressão, entre a composição E – CP V ARI PLUS e F – CP V ARI
RS
COMPOSIÇÃO G X COMPOSIÇÃO H
100 G - CPV
98,8 93,9 ARI PLUS
82,0 85,9
Resistência à Compressão
80 78,3 H - CPV
67,8 67,1 70,1 ARI RS
60
40
20
0 H - CPV ARI RS
Tipo de
3 7
G - CPV ARI PLUS
28 cimento
90
Idades
Figura 15: Evolução da resistência à compressão, entre a composição G – CP V ARI PLUS e H – CP V ARI
RS
Observa-se que as composições com cimento CPV ARI PLUS apresentaram maiores
valores de resistências à compressão, em relação aos resultados das composições com
CPV ARI RS. Desempenho esperado, em razão das resistências apresentadas pelos dois
cimentos – Tabelas 7 e 8.
COMPOSIÇÃO A X COMPOSIÇÃO C
120
A - aditivo 1
88,2 92,0 101,6
Resistência à Compressão
100 C - aditivo 2
88,2 93,9 97,7
80 60,8
60 56,9
40
20
0 C - aditivo 2
Tipo de
3 7
A - aditivo 1
superplastificante
28 90
Idades
Figura 16: Evolução da resistência à compressão, entre a composição A – aditivo 1 e C – aditivo 2
COMPOSIÇÃO B X COMPOSIÇÃO D
100 B - aditivo 1
Resistência à Compressão
D - aditivo 2
80 71,576,174,3 80,5
58,8 69,5 77,3
60 53,2
40
20
0 D - aditivo 2
Tipo de
3 7
B - aditivo 1
superplastificante
28 90
Idades
COMPOSIÇÃO E X COMPOSIÇÃO G
100,0 98,8 E - aditivo 1
82,0 85,9 95,7
Resistência à Compressão
66,1
60,0
40,0
20,0
0,0 G - aditivo 2
Tipo de
3 7
E - aditivo 1
superplastificante
28 90
Idades
COMPOSIÇÃO F X COMPOSIÇÃO H
100,0 F - aditivo 1
94,5 93,9
Resistência à Compressão
40,0
20,0
0,0 H - aditivo 2
Tipo de
3 7
F - aditivo 1
superplastificante
28 90
Idades
COMPOSIÇÃO A X COMPOSIÇÃO E
100
88,2 93,9 97,795,7 A - DMC 19mm
Resistência à Compressão
40
20
0 E - DMC 19mm+9,5mm
3 7
A - DMC 19mm Tipo de esqueleto
28 90
granular
Idades
Figura 20: Evolução da resistência à compressão, entre a composição A – DMC 19mm e E – DMC 19mm +
9,5mm
COMPOSIÇÃO C x COMPOSIÇÃO G
120 C - DMC 19mm
Resistência à Compressão
3 7
C - DMC 19mm Tipo de esqueleto
28 90
granular
Idades
Figura 21: Evolução da resistência à compressão, entre a composição C – DMC 19mm e G – DMC 19mm +
9,5mm
COMPOISIÇÃO D X COMPOSIÇÃO H
100
93,9 D - DMC 19mm
Resistência à Compressão
80 78,3
67,1 70,174,3 80,5
H - DMC
71,5 19mm+9,5mm
60 58,8
40
20
0 H - DMC 19mm+9,5mm
3 7
D - DMC 19mm Tipo de esqueleto
28 90
granular
Idades
Figura 22: Evolução da resistência à compressão, entre a composição D – DMC 19mm e H – DMC 19mm +
9,5mm
COMPOSIÇÃO B X COMPOSIÇÃO F
100 94,5 B - DMC 19mm
80,2 83,8
Resistência à Compressão
80 F - DMC
61,469,5 76,1 77,3 19mm+9,5mm
60 53,2
40
20
0 F - DMC 19mm+9,5mm
3 7
B - DMC 19mm Tipo de esqueleto
28 90
granular
Idades
Figura 23: Evolução da resistência à compressão, entre a composição B – DMC 19mm e F – DMC 19mm +
9,5mm
4 Considerações Finais
5 Referências
AÏTCIN, P. C. Concreto de alto desempenho. 1°ed. São Paulo: PINI, 2000. 667p.
HELENE, P.; TERZIAN, P. Manual de Dosagem e Controle do Concreto.1°ed. São
Paulo: PINI, 1993. 349 p.
METHA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais.
1°ed. São Paulo: PINI, 1994. 573 p.
PEREIRA NETO, P. M. O efeito do agregado graúdo em algumas propriedades do
concreto de alta resistência com microssílica, São Paulo, 1994. 173 p. Dissertação
(Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.