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Jayce Gustafson

26 fevereiro 2018

PORT 451

A verdadeira lição do conto Um Apólogo

A palavra “apólogo” é definida como “narrativa que, geralmente em prosa ou verso, traz

consigo uma lição moral, sendo os personagens seres inanimados, animais ou objetos que

dialogam como humanos” (Dicionário Online de Português). Então, podemos esperar que a obra

Um Apólogo por Machado de Assis tenha sido feita para nos ensinar alguma lição sobre a vida.

Ao ler o texto pela primeira vez, parece que a mensagem que o Machado está ensinando é algo

como “não ajuda os outros a terem sucesso na vida”. Esta mensagem seria bem diferente que

qualquer outra ensinada por outros escritores. Mas ao examinar bem, podemos perceber que o

Machado está usando a ironia. Pelo uso da ironia no conto Um Apólogo, Machado de Assis

realmente comenta na existência de orgulho e egoísmo na sociedade.

Os personagens principais deste conto são uma agulha e um novelo de linha. A agulha

provoca um argumento sobre qual é o mais útil. Podemos entender bem o argumento ao ler esta

duas linhas: “(linha) Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro,

dou feição aos babados… (agulha) Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,

puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando…” (de Assis). No final do

conto, a agulha e a linha acabam sendo usadas para coser o vestido da baronesa para ela usar

num baile. A agulha se entristece ao ver que a linha vai para o baile no vestido, junto com a

baronesa, enquanto ela fica. Ao ver a tristeza da agulha, um alfinete diz “anda, aprende, tola.

Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha

de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém…” Também, percebemos afinal
que o narrador estava contando esta história para um “professor de melancolia”, que diz também

que já serviu “de agulha a muita linha ordinária” (de Assis).

Ao apenas ler a história, parece que o Machado de Assis está procurando ensinar para o

leitor que não deve servir nem ajudar outras pessoas. Afinal, ambos a agulha e o professor estão

tristes por terem ajudados o seu próximo. Mas o Machado de Assis é conhecido pelo seu ironia e

a mensagem de suas obras raramente é tão clara assim. Na verdade, este conto é um comentário

sobre o orgulho e egoísmo na sociedade. Se a agulha fosse inocente na história, então

poderíamos sentir pena dela. Mas o problema surgiu por causa de seu orgulho no início. Ela

desafiou a linha, dizendo que era melhor. Foi justamente isto, não a ajuda que ela prestou, que

ultimamente foi a causa da sua aflição. Encontramos mais evidência ao perceber que o professor

no final é chamado de professor de melancolia. Isto não é professor de verdade, nem é uma voz

de razão ou sabedoria. Ele também, por ser melancólico, certamente sofreu do mesmo orgulho e

egoísmo que a agulha.

Podemos ver assim ao contrário que podemos pensar no início, a agulha não é o

protagonista deste conto. Ela, junta com o professor da melancolia, são maus exemplos que o

Machado de Assis usa para ensinar a sua mensagem por meio da ironia. A verdadeira mensagem

não é que não devemos ajudar o nosso próximo na vida, mas que o egoísmo e orgulho nos fazem

tristes na vida. Assim, o Machado de Assis continua neste conto a sua prática de usar a ironia

para ensinar os leitores lições sobre a vida e a sociedade.


Obras Consultadas

“Apólogo.” Dicionário Online De Português, 8 Dec. 2009, www.dicio.com.br/apologo/.

Palavras Novas

1. Apólogo

2. Coser

3. Alfinete

4. Melancolia

5. Ínfimo

6. Baronesa

7. Abanar

8. Abotoar

9. Acolchetar

10. Mofar

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