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20/11/2015

Direito das
Obrigações
Fundamentos de Direito
Curso de Relações Internacionais

Diferenças entre direitos


pessoais e direitos reais

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Relação jurídica e relação


obrigacional

Conceitos de
Obrigação

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Fontes das Obrigações

Constituição Federal:
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
 .......................
 II - ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;

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A obrigação resulta
 1) da vontade do Estado, por
intermédio da lei

Exemplos

 obrigação de
prestar
alimentos

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 obrigação do
patrão
responder
pelo ato do
empregado

 obrigação do
pai responder
pelo ato do
filho

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A obrigação também resulta


 2) da vontade
humana, por meio dos
contratos (obrigação
de dar, fazer ou não
fazer), das
declarações
unilaterais da vontade
(promessa de
recompensa e título
ao portador)

E ainda resulta
 3) dos atos ilícitos (obrigação de reparar o
prejuízo causado a terceiro – ato ilícito
civil, previsto na Parte Geral do Código
Civil).

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Alguns autores entendem que a única fonte de


obrigação é a lei, porque é ela quem obriga as
pessoas a cumprirem os contratos que celebram
ou as declarações de vontade que expressam ou,
ainda, a repararem os danos que causam.

Elementos constitutivos
da obrigação
Subjetivo e Objetivo

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1. Elemento subjetivo
 Diz respeito aos
sujeitos da
obrigação.
 Os sujeitos da
obrigação são
chamados de
credor (sujeito
ativo) e devedor
(sujeito
passivo).

Sujeito ativo

 É o credor, aquele
a quem é devida a
prestação.
 Tem o direito de
exigir seu
cumprimento

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Sujeito passivo
 É o devedor,
aquele que tem o
dever jurídico de
cumprir a
prestação, sob
pena de responder
com seu
patrimônio

Multiplicidade de agentes nos polos

 Os polos – passivo
e ativo - da relação
obrigacional podem
ser ocupados por
uma ou mais
pessoas físicas ou
jurídicas

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Exemplo
 Proprietária dá imóvel em locação a várias
pessoas

Determinação subjetiva
 Os sujeitos
podem ser
pessoas naturais
ou jurídicas,
devendo ser
determinados
ou, ao menos,
determináveis.

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Indeterminação total é impossível


 Não se considera,
como capaz de
gerar uma
obrigação, um
contrato em que
os sujeitos sejam
indeterminados.

 Pode haver
contrato em que,
a princípio, um
dos sujeitos seja
indeterminado,
mas no qual
existam
elementos que
permitam
determinar o
sujeito

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Exemplo
 Alguém coloca um anúncio prometendo
recompensa para quem encontrar um
cachorro
 De imediato não se sabe quem é o credor
da obrigação, mas a declaração traz
elementos que podem determinar o
sujeito ativo: quem encontrar o
cachorro (= sujeito determinável).

2. Elemento objetivo
 Toda obrigação tem o seu objeto.
 O objeto da obrigação é sempre uma
conduta humana que se chama
prestação (dar, fazer ou não fazer).

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Objeto da prestação
 A prestação também
tem o seu objeto,
que se descobre com a
pergunta: o quê?
 Alguém se obriga a
fazer – fazer O QUÊ?

Ius creditoris
 Essa prestação
debitória, que é o
objeto da relação
obrigacional, é ação ou
omissão a que ficará
obrigado o devedor e
que o credor terá
direito de exigir.

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Requisitos de validade da prestação


 O objeto imediato da obrigação - a
prestação – deve ser
lícito, possível , determinado ou
determinável,
e não difere daquilo que se exige do objeto
da relação jurídica em geral, como estatui
o Art. 104 do CCB.

CCB
 Art. 104. A validade do negócio jurídico
requer:
 I - agente capaz;
 II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
 III - forma prescrita ou não defesa em lei.

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O objeto lícito
 Objeto ilícito
seria aquele que
atenta contra a
lei, a moral ou
os bons
costumes

O objeto possível
 A impossibilidade do
objeto poderá ser
física ou jurídica.
 Impossibilidade
física é a da
prestação que
ultrapassa as forças
humanas, real e
absoluta, alcançando
a todos
indistintamente.

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A impossibilidade relativa

 É aquela que atinge o devedor da prestação


mas não outras pessoas.
 Essa não constitui obstáculo ao negócio
jurídico

Impossibilidade jurídica
 O ordenamento jurídico proíbe
expressamente negócios a respeito de
determinado bem, como, por exemplo:

 a herança de pessoa viva (Art. 426 CCB)


 o bem público (Art. 100 CCB)

 os bens gravados com cláusula de


inalienabilidade

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 Qualquer que seja a obrigação


assumida pelo devedor, ela se
resume sempre a uma
prestação

A prestação será:
 de dar – coisa certa (Arts 233 e s CCB),
ou incerta (indeterminada quanto à
qualidade: Art. 243 CCB), ou restituir
 de fazer – que pode ser fungível ou
infungível (Arts. 247 e 249) e de emitir
declaração de vontade (CPC, Art. 466-B)
 de não fazer – Arts. 250 e s CCB

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Exemplo de dar coisa certa


 Na compra e venda, o vendedor se obriga a
entregar a coisa alienada (objeto da
prestação) ao adquirente e este o preço

Exemplo de restituição
 Ao final do comodato, o comodatário tem
a obrigação de restituir a coisa ao
comodante

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3. Vínculo jurídico
 É imaterial, abstrato
 É o liame legal que
sujeita o devedor a
determinada prestação
em favor do credor
 Abrange o dever da
pessoa obrigada
(debitum) e sua
responsabilidade em
caso de não-
cumprimento(obligatio).

Obrigação e
Responsabilidade

 A obrigação
difere da
responsabilidade.
 A obrigação,
quando
cumprida,
extingue-se.

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Nascimento da responsabilidade
 A obrigação não cumprida gera a
responsabilidade por perdas e danos (Art.
389 CCB).

A responsabilidade
somente nasce quando
não for cumprida a
obrigação!

Contratos Internacionais
Fundamentos de Direito – Relações Internacionais

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Contratos Internacionais

Aspectos Gerais:
contratos internacionais ≠ contratos internos
consensuais;
bilaterais;
onerosos;
comutativos;
típicos;
foro internacional.

Contratos Internacionais

Princípios:
autonomia da vontade;

pacta sunt servanda;

respeito a ordem pública;

boa-fé.

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Contratos Internacionais

Elementos do contrato:
capacidade das partes;

objeto lícito e possível;

forma prescrita ou não proibida em lei;

Contratos Internacionais

São Manifestações bi ou plurilaterais da


vontade livre das partes, objetivando relações
patrimoniais ou de serviços (c. comercial), cujos
elementos sejam vinculantes de dois ou mais
sistemas jurídicos extraterritoriais, pela força de
seus elementos de conexão que exprimam um
liame indicativo do Direito aplicável.

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Direito Internacional Privado

• Com a divergência legislativa interna entre


Estados, existem alguns elementos normativos
que permitem adaptar estas divergências a
situações específicas tendo em vista o possível
conflito de leis. Os mecanismos para a solução
de conflitos legislativos de direito estrangeiro
encontram-se no campo do Direito
Internacional Privado, o qual busca indicar
qual o direito aplicável na ocorrência de um
fato jurídico.

Elementos de Conexão

• São elementos que ligam de forma efetiva ou


potencial a dois ou mais sistemas jurídicos,
constituindo um vínculo que relaciona um fato
qualquer a determinado sistema jurídico.
• “Os elementos de conexão têm por função
justamente a condução de qual o direito
aplicável ao caso concreto, sobretudo se
houver inferência de mais de um sistema
jurídico relacionado à matéria” (Irineu
Strenger)

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Elementos de Conexão

Principais elementos de conexão:


 domicílio;
 nacionalidade;
 residência;
 lugar do nascimento ou falecimento;
 lugar da sede da pessoa jurídica;
 lugar da situação do bem;
 lugar da constituição ou execução da obrigação
 lugar da prática do ato ilícito.

Elementos de Conexão

Lei de Introdução ao Código Civil


 No Brasil a LICC estabelece os princípios que
dão normatividade ao nosso sistema de
aplicação espacial das leis, disciplinando as
condições para interpretação e
equacionamento das hipóteses de conflito.

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Contratos Internacionais

Capacidade para contratar:


Art. 8º. A lei do país em que domiciliada a pessoa
determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família. (domicílio como regra de conexão)

Regime de bens:
Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a
eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados.
(Princípio da lex rei sitae, lugar da situação da coisa)

Contratos Internacionais

Regime das obrigações internacionais


Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-
se-á a lei do país em que se constituírem.

Este artigo regulamenta a questão mais importante


no que diz respeito aos contratos internacionais no
direito brasileiro; a questão de obrigações.

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Contratos Internacionais

Cláusulas básicas:
 Identificação dos contratantes;
 Descrição detalhada da mercadoria;
 Forma de entrega dos bens;
 Forma de pagamento;
 Condições de venda;
 Moeda utilizada;
 Data de embarque;
 Seguros;
 Forma de transporte;

Contratos Internacionais

Cláusulas específicas:
 Amparar determinadas mercadorias que
exijam tratamento especial;
Cláusulas aleatórias:

 Força maior - fatos externos, independentes da vontade


humana, que impedem o cumprimento das obrigações.
 Hardship - significa na prática contratual internacional a
alteração de fatores políticos, econômicos, financeiros,
legais ou tecnológicos que causam algum tipo de dano
econômico aos contratantes: readaptação do contrato.

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Contratos Internacionais
Cláusulas relevantes

Incoterms(International Commercial Terms)

 Criados pela Câmara do Comércio


Internacional, de utilização facultativa;

 Possui quatro classes:


a)grupo “E”;
b)grupo “F”;
c)grupo “C”;
d)grupo “D”;

Ex-Works

• Significa que o vendedor limita-se a colocar a mercadoria à disposição do


comprador no local de origem convencionado e nos prazos estabelecidos.
• O vendedor não se responsabiliza pelo embarque da mercadoria ou pelo
desembaraço para exportação, a menos que tenha sido firmado algum
acordo em contrário.
• O comprador assume todos os custos e riscos envolvidos no transporte da
mercadoria do local de origem ao de destino.
• O "Ex works” representa o item de obrigação mínima para o vendedor e
não deve ser usado quando o comprador não está apto a, direta ou
indiretamente, cumprir as formalidades de exportação.
• O termo "Ex." é sempre seguido da indicação do local de entrega da
mercadoria: ex-warehouse (ex-armazém), ex-factory (ex-fábrica), ex-mine
(ex-mina), ex plantation (ex-plantação).

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FAS (LIVRE AO LADO DO NAVIO)

• Significa que o vendedor encerra suas obrigações no momento em que a


mercadoria for colocada ao longo do navio transportador, no cais ou em
embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria, no porto de
embarque designado.

• O termo FAS exige que o comprador providencie todos os documentos


necessários para a exportação e, portanto, não deve ser utilizado quando o
comprador não está apto para, direta ou indiretamente, desempenhar tais
funções.

• Este termo só pode ser utilizado no transporte marítimo ou fluvial.

FCA (LIVRE NO TRANSPORTADOR)

• O vendedor entrega as mercadorias ao transportador designado pelo


comprador, no local nomeado. O local escolhido de entrega possui um
impacto nas obrigações de embarque e desembarque das mercadorias
naquele local. Caso a entrega ocorra na propriedade do vendedor, este é o
responsável pelo embarque. Se a entrega ocorrer em qualquer outro lugar,
o vendedor não é responsável pelo desembarque.

• O termo FCA exige que o vendedor desembarace as mercadorias para


exportação e é usado sem restrição do modo de transporte, incluindo
multimodal.

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FOB (LIVRE A BORDO)

• Significa que o vendedor encerra suas obrigações quando a mercadoria


transpõe a amurada do navio no porto de embarque indicado. Isto
significa que o comprador assume todas as responsabilidades a partir do
momento em que a mercadoria é colocada a bordo do navio (no convés ou
porão).

• O vendedor tem que preparar a carga para a exportação. Este termo só


pode ser utilizado no transporte marítimo ou fluvial.

CFR (CUSTO E FRETE)

• Significa que o vendedor assume todos os custos, inclusive frete, para


transportar a mercadoria até o porto de destino indicado.
• O risco por perdas ou danos na mercadoria na mercadoria é transferido do
vendedor para o comprador no momento em que a mercadoria transpõe a
amurada do navio no porto de desembarque.
• O termo CFR (C&F) determina que o vendedor providencie os documentos
e prepare a carga para a exportação. Este termo só pode ser usado no
transporte marítimo ou fluvial.

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CPT (TRANSPORTE PAGO ATÉ...)

• O vendedor contrata e paga o frete para levar as mercadorias ao local de


destino designado;
• A partir do momento em que as mercadorias são entregues à custódia do
transportador, os riscos por perdas e danos se transferem do vendedor
para o comprador, assim como possíveis custos adicionais que possam
incorrer;
• O vendedor é o responsável pelo desembaraço das mercadorias para
exportação;
• Cláusula utilizada em qualquer modalidade de transporte.

CIP (TRANSPORTE E SEGURO PAGOS ATÉ...)

• Nesta modalidade, as responsabilidades do vendedor são as mesmas


descritas no CPT, acrescidas da contratação e pagamento do seguro até o
destino;
• A partir do momento em que as mercadorias são entregues à custódia do
transportador, os riscos por perdas e danos se transferem do vendedor
para o comprador, assim como possíveis custos adicionais que possam
incorrer;
• O seguro pago pelo vendedor tem cobertura mínima, de modo que compete
ao comprador avaliar a necessidade de efetuar seguro complementar;
• Cláusula utilizada em qualquer modalidade de transporte.

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CIF (CUSTO, SEGURO E FRETE)

- Significa que o vendedor tem as mesmas obrigações que no CRF e,


adicionalmente, a obrigação de contratar o seguro marítimo contra riscos
de perdas e danos durante o transporte.
- O vendedor contrata o seguro e paga o prêmio de seguro. O comprador
deve observar que no termo CIF o vendedor somente é obrigado a
contratar seguro com cobertura mínima.
- O termo CIF determina que o vendedor deve providenciar todos os
documentos e preparar a mercadoria para a exportação.
- Este termo só pode ser usado no transporte marítimo e fluvial.

DDP

Este é o Incoterm com maior responsabilidade do


comprador que assume todos os riscos e custos até a
entrega da mercadoria no local de destino designado,
entregando a mercadoria já desembaraçada para
importação, ou seja, já com o recolhimento dos tributos
necessários.

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DAT

DELIVERED AT TERMINAL (named terminal at port or place of


destination) ENTREGUE NO TERMINAL (terminal nomeado no
porto ou local de destino)

O vendedor completa suas obrigações e encerra sua


responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição
do comprador, na data ou dentro do período acordado, num
terminal de destino nomeado (cais, terminal de contêineres ou
armazém, dentre outros), descarregada do veículo transportador
mas não desembaraçada para importação.

DAP

DELIVERED AT PLACE (named place of destination) ENTREGUE


NO LOCAL (local de destino nomeado)

O vendedor completa suas obrigações e encerra sua


responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do
comprador, na data ou dentro do período acordado, num local
de destino indicado que não seja um terminal, pronta para ser
descarregada do veículo transportador e não desembaraçada
para importação.

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Contratos Internacionais
Lei aplicável e Foro competente
 Art. 9 da LINDB (Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á
a lei do país em que se constituirem );

 Art 12 da LINDB (É competente a autoridade judiciária brasileira,


quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação);

 Art 88, Incisos I, II, III e Parágrafo Unico do CPC


É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de fato praticado no Brasil.

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