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UNIVERSIDADE TIRADENTES
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

ANÁLISE DO NÍVEL EM POÇOS EQUIPADOS COM


BOMBEIO MECÂNICO UTILIZANDO O SONOLOG

Autores: Saulo Sales Cruz


Tales Andrade Almeida

Orientador: Cláudio Borba

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia de
Petróleo e Gás, Universidade
Tiradentes, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Aracaju/SE
2017
1

SAULO SALES CRUZ

TALES ANDRADE ALMEIDA

ANÁLISE DO NÍVEL EM POÇOS EQUIPADOS COM BOMBEIO


MECÂNICO UTILIZANDO O SONOLOG

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia de
Petróleo e Gás, Universidade
Tiradentes, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientador: Claudio Borba

Aracaju/SE
2017
2

SAULO SALES CRUZ

TALES ANDRADE ALMEIDA

ANÁLISE DO NÍVEL EM POÇOS EQUIPADOS COM BOMBEIO


MECÂNICO UTILIZANDO O SONOLOG

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO A UNIVERSIDADE


TIRADENTES COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PETRÓLEO.

Examinado por:

Prof. Claudio Borba

M.Sc. Nelson Antônio Sá Santos

Eng. André Ornellas

Aracaju/SE
2017
3

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a todas as


pessoas que direto ou indireto
contribuíram para nossa formação.
4

AGRADECIMENTOS

O grupo agradece primeiramente a Deus e às famílias dos componentes por


promover a oportunidade de realização, a competência necessária e a saúde vital na execução
dos serviços.

Dentre os envolvidos, deve-se mérito a engenheira de petróleo Ana Luiza


Andrade da empresa GEP, que acompanhou os trabalhos dando imprescindível suporte às
operações e reunião de dados.

Na parte operacional dar-se valor ao senhor Alcides Ferreira o qual disponibilizou


o aparelho sem custos em nome da ciência e da construção do conhecimento e auxiliou na
análise dos dados.

Das empresas envolvidas ressalta-se as pessoas do operador Jeferson, da direção


da Wellcon Consultoria: Ivaldo Mesquita e Ig Ferreira e dos Instrutores e consultores
Sebastião Teles e Agnaldo Vilela pelo apoio prestado direta ou indiretamente.

Ao orientador Claudio Borba por acreditar que o presente trabalho iria render
bons frutos e por passar um pouco de seu conhecimento na presente oportunidade e durante
grande parte da graduação.

À equipe da coordenação Elayne Emília e Paulo Alexandre e aos professores,


dentre eles: M.Sc. Rafael Castro, Luah Walsh, Ana Paula, Josevaldo Feitosa, Dr. Ingrid
Guimarães, Dr. Claudia Santana e todos os outros professores da UNIT, pois o conhecimento
passado foi de grande valia.
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RESUMO

O acompanhamento das pressões no poço, o monitoramento do nível de fluido no anular


atrelado ao controle da produção são fatores que definem o ciclo produtivo de um campo.
Trata-se da forma mais eficaz e menos dispendiosa de avaliação de um poço. Os campos
maduros são especificamente especiais, pois a relação custo-benefício está muitas vezes no
limite da economicidade e a oportunidade de estuda-los pode reduzir despesas na produção.
Assim como a necessidade de avaliação do desempenho de um equipamento tende a aumentar
proporcionalmente ao seu tempo de utilização, os poços produtores de petróleo necessitam
cada vez mais de avaliação na medida em que sua produtividade tende a diminuir com o
tempo. Essa avaliação é primordial na capacidade de produção, pois é a partir dele que o
engenheiro de petróleo poderá definir diversos fatores que vão desde a escolha do método de
elevação até a decisão de abandono. Observando este aspecto peculiar aos poços maduros,
este trabalho visa avaliar os níveis de óleo e gás em dois poços a partir do teste acústico
utilizando o software TWM (Total Well Management) e o hardware Sonolog, da empresa
Echometer. Os poços são equipados com Bombeio Mecânico e características de reservatório
semelhantes, porém com ciclos de produção e propriedades de óleo diferentes. A partir da
análise dos dados foi identificado oportunidade de melhoria em ambos os poços, tanto no
tempo de restituição do poço, quanto na redução de custo com energia elétrica para o bombeio
sem perda significativa de produção.

Palavras-chave: Sonolog; nível; poços maduros.


6

ABSTRACT

Monitoring well pressures, monitoring the level of fluid in the annulus linked to the control of
production are factors that define the productive cycle of a field. This is the most effective and
least expensive way of evaluating a well. Mature fields are specifically special because the
cost-benefit ratio is often at the limit of the economy and the opportunity to study them can
reduce production costs. Just as the need to evaluate the performance of the equipment tends
to increase in proportion to its time of use, oil wells are increasingly in need of evaluation as
their productivity tends to decrease with time. This evaluation is fundamental in the
production capacity, since it is from him that the petroleum engineer can define several
factors that go from the choice of the method of elevation to the decision of abandonment.
Observing this peculiar aspect to mature wells, this work aims to evaluate the oil and gas
levels in two wells from the acoustic test using TWM (Total Well Management) software and
Sonolog hardware from Echometer. The wells are equipped with Mechanical Pump and
similar reservoir characteristics, but with different production cycles and oil properties. From
the analysis of the data, it was identified an opportunity of improvement in both wells, both in
the time of restitution of the well, and in the reduction of cost with electric energy for the
pump without significant loss of production.

Key-words: Sonolog; level; oilfiels.


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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................. 13

2.1 Elevação do Petróleo ..................................................................................................... 13


2.1.1 Bombeio Mecânico ...............................................................................................14
2.1.2 Componentes do Bombeio Mecânico ...................................................................14
2.2 Equipamentos de Subsuperfície .................................................................................... 16
2.3 Conceitos básicos e níveis dos Poços............................................................................ 17
2.3.1 Nível de poço estático ...........................................................................................17
2.3.2 Nível de poço dinâmico ........................................................................................18
2.3.3 Pressão no fundo do poço (BHP) ..........................................................................18
2.3.4 Pressão estática do reservatório ............................................................................19
2.3.5 Pressão de Fluxo ...................................................................................................19
2.3.6 Pressão hidrostática na coluna ..............................................................................19
2.3.7 Pressão do Reservatório ........................................................................................20
2.3.8 Capacidade Volumétrica .......................................................................................20
2.4 Ferramenta Sonolog ...................................................................................................... 20

3 ESTUDO DE CASO ................................................................................................................... 23

3.1 Campo Fazenda Vaza Barris ......................................................................................... 23


3.1.1 Poço 1-FVB-02-SE ...............................................................................................25
3.1.2 Poço 1-FVB-3D-SE ................................................................................................27
3.2 Materiais e equipamentos .............................................................................................. 30
3.2.1 Sonolog / Well Analyzer (hardware) .....................................................................30
3.2.2 Total Well Management (software) .........................................................................31
3.2.3 Montagem do equipamento .....................................................................................38
3.3 Análise de Nível ............................................................................................................ 38
3.4 Parâmetro do disparo .................................................................................................... 40

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 49


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição de Poços por método de elevação .................................................. 14

Figura 2: Componentes da Unidade de Bombeio............................................................... 15

Figura 3: Equipamentos de subsuperfície .......................................................................... 16

Figura 4: Bomba tubular e bomba insertável ..................................................................... 17

Figura 5: Ferramenta sonolog ............................................................................................ 21

Figura 6: Localização do FVB ........................................................................................... 23

Figura 7: Tanque de armazenamento ................................................................................. 24

Figura 8: Caixa API ........................................................................................................... 25

Figura 9: Poço 1-FVB-02-SE ............................................................................................. 25

Figura 10: Poço 1-FVB-03-SE ........................................................................................... 27

Figura 11: Estrutura do canhão de gás remoto ................................................................... 29

Figura 12: Tela Setup ......................................................................................................... 31

Figura 13: Tela Base Well File........................................................................................... 32

Figura 14: Tela Select Test ................................................................................................. 32

Figura 15: Tela do disparo ................................................................................................. 33

Figura 16: Tela Abort ......................................................................................................... 34

Figura 17: Tela Save ........................................................................................................... 34

Figura 18: Tela Select Liquid Level.................................................................................... 35

Figura 19: Tela Deth Determination .................................................................................. 35

Figura 20: Tela Casing Pressure........................................................................................ 36

Figura 21: Tela BHP .......................................................................................................... 36

Figura 22: Canhão de gás remoto conectada a válvula anular do poço. ............................ 37

Figura 23: Esquemático da propagação do gás carbônico no revestimento....................... 38


9

Figura 24: Layout do 1-FVB-02 no disparo 1 .................................................................... 41

Figura 25: Layout do 1-FVB-02 no disparo 2 .................................................................... 42

Figura 26: Transiente de pressão do segundo disparo no poço 1-FVB-02-SE. ................. 42

Figura 27: Layout do 1-FVB-02 nos disparos 3, 4 e 5. ...................................................... 43

Figura 28: Layout do 1-FVB-02 no disparo 6. ................................................................... 43

Figura 29: Layout do 1-FVB-03 no disparo 2 .................................................................... 45

Figura 30: Transiente de pressão do 1-FVB-03 no disparo 2. ........................................... 45

Figura 31: Layout do 1-FVB-03 nos disparos 2, 3, 4 e 5. .................................................. 46


10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados do poço 1-FVB-02-SE ............................................................................. 26

Tabela 2: Dados do revestimento 1-FVB-02-SE ................................................................ 26

Tabela 3: Dados do óleo do poço 1-FVB-02-SE ................................................................ 26

Tabela 4: Dados da bomba do poço 1-FVB-02-SE ............................................................ 26

Tabela 5: Dados do poço 1-FVB-03-SE ............................................................................. 27

Tabela 6: Dados do revestimento 1-FVB-03-SE ................................................................ 28

Tabela 7: Dados do óleo do poço 1-FVB-03-SE ................................................................ 28

Tabela 8: Dados da bomba do poço 1-FVB-03-SE ............................................................ 28

Tabela 9: Parâmetro dos disparados do poço 1- FVB-02 SE ............................................. 40

Tabela 10: Parâmetro dos disparados do poço 1-FVB-03-SE ............................................ 44


11

1- INTRODUÇÃO

Atualmente, vivencia-se na indústria petrolífera, o aumento do número de campos


depletados produtores de óleo pesado, viscoso e com alto BSW (basic sediments and water).
Apesar de apresentarem poços problemáticos, sua viabilidade ainda é considerada e este óleo
precisa ser elevado e destinado às refinarias para o posterior consumo.
Ao sair da rocha reservatório e adentrar no revestimento de produção através dos
canhoneados, o fluido do poço passa por diferentes temperaturas e pressões capazes de
modificar seu estado físico. Tal mudança pode ser prevista em laboratório e até ser elaborado
um gráfico específico de propriedades para cada composição. Entretanto, na prática, diversos
fatores como equipamentos danificados ou de má qualidade, vazões e pressões inesperadas e
até erro humano podem gerar dados ainda mais singulares para cada poço. O estudo
comparativo junto ao conhecimento empírico nos leva a entender a diferença entre esses
poços.
No fundo de um poço de petróleo, apesar do nome, não é encontrado apenas
petróleo. Junto com ele existem outros contaminantes indesejáveis que trazem uma série de
desafios para a produção. O fluido contido num poço pode apresentar, além do petróleo, gases
como H2S e gás de petróleo, água e até areia ou cascalhos. O nível de fluido em um poço pode
ser um indicativo de sua produtividade e pode ser determinado principalmente pela medida da
pressão estática, permeabilidade do reservatório e densidade do óleo produzido.
O fluido deve escoar para o interior da coluna de produção e posteriormente para
a superfície, só então ele pode ser chamado de óleo produzido. Quando a pressão estática da
formação é incapaz de vencer a pressão hidrostática exercida pela coluna de fluido contida no
interior do poço, é necessária a implantação de um método de elevação artificial. Geralmente
os métodos de elevação consistem na aplicação de um gradiente de pressão artificialmente
produzido através de uma bomba ou expansão de um gás.
Dentre os métodos de elevação, o mais conhecido e aplicado em poços
principalmente terrestres é o Bombeio Mecânico. Isto se deve ao fato de ser um método
versátil, barato e de fácil instalação e manutenção além de contribuir pouco para a poluição
visual e sonora quando comparado a outros métodos. O sistema de bombeio simplificado
torna-o acessível aos produtores e a sua larga utilização facilita o mercado de peças e reparos.
A depender das características do poço ainda é possível até economizar com horas de sonda
12

para a manutenção dos poços devido à utilização de hastes de bombeio mais leves e dúcteis
para sondas de pequeno porte.
O acompanhamento das pressões no poço é a forma mais eficaz e menos
dispendiosa de avaliação de um poço. É a partir do comportamento das pressões, do
levantamento geológico da região atrelado ao acompanhamento da produção que é definido o
ciclo produtivo de um campo. Os campos maduros são especificamente especiais, pois a
relação custo/benefício está muitas vezes no limite da economicidade e a oportunidade de
estudá-los pode reduzir despesas com tentativas frustradas de melhora na produção.
Assim como a necessidade de avaliação do desempenho de um equipamento tende
a aumentar proporcionalmente ao seu tempo de utilização, os poços produtores de petróleo
necessitam cada vez mais de avaliação na medida em que sua produtividade tende a diminuir
com o tempo. Essa avaliação é primordial na capacidade de produção, pois é a partir dele que
o engenheiro de poço poderá definir diversos fatores que vão desde a escolha do método de
elevação até a decisão de abandono.
É interessante ainda que a avaliação do poço não seja dispendiosa tendo em vista
que poços maduros sofrem declínio de produção, consequentemente declínio de lucro e
aumento de intervenções ligadas ao aumento do BSW, o que representa mais um custo
atrelado à produção.
Observando este aspecto peculiar aos poços maduros e a expectativa de venda de
campos maduros no Brasil, este trabalho visa avaliar os níveis de óleo e gás em dois poços
equipados com Bombeio Mecânico e com profundidade similares, mas com diferentes
características de óleo a partir do teste acústico a fim de servir como base de estudo para
futuros trabalhos e contribuir para a produção máxima de petróleo durante a vida útil dos
poços trazendo mais lucro, emprego e renda. Para este estudo foi utilizado o software TWM
(Total Well Management) e o hardware Sonolog, da empresa Echometer.
13

2- REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Elevação do Petróleo

Desde o surgimento da indústria de petróleo, os profissionais envolvidos nela


procuraram otimizar a extração de suas matérias primas, petróleo e gás natural. Na maioria
dos poços de petróleo que produzem em reservatórios “jovens”, sejam eles em terra (onshore)
ou no mar (offshore), a pressão do reservatório é suficientemente elevada para fazer emergir
os fluidos presentes em seu interior. Entretanto, com o passar dos tempos e a produção
contínua, a pressão do reservatório irá decrescer e os fluidos presentes em seu interior não
conseguem elevar-se até a superfície.
Os poços que produzem por elevação natural são denominados de poços surgentes
(flowing wells). Quando isso não ocorre, faz-se necessário a utilização de métodos de
elevação artificiais, sendo que estes, através do fornecimento de um diferencial de pressão
sobre o reservatório, conseguem aumentar a vazão de um poço. (CAMPOS, 2006)
De acordo com Jahn et al.(2012), os tipos de elevação artificial comumente
disponíveis hoje são:
 Bomba de Balancim (Bombeio Mecânico);
 Bomba de Cavidade Progressiva (BCP);
 Bombeio Centrífugo Submerso (BCS);
 Bomba Injetora;
 Gás-lift Contínua ou Intermitente.
A seleção do melhor método de elevação artificial para um determinado poço
ou campo depende de vários fatores. Os principais a serem considerados são: número de
poços, diâmetro do reservatório, produção de areia, razão gás-liquido, vazão, profundidade do
reservatório, viscosidade dos fluidos, mecanismo de produção do reservatório, disponibilidade
de energia, acesso aos poços, distância dos poços às estações ou plataformas de produção,
equipamento disponível, pessoal treinado, investimento, custo operacional, segurança, entre
outros. (THOMAS, 2004).
14

2.1.1 Bombeio Mecânico

O método de elevação artificial mais utilizado no mundo é o Bombeio Mecânico


(BM). Segundo Estevam (2006), cerca de 94% de todos os poços de petróleo do mundo são
equipados com algum método de elevação artificial. Destes, 71% são equipados com
Bombeio Mecânico como mostra a Figura 1.

Figura 1: Distribuição de Poços por método de elevação


Fonte: Costa (2008).

A popularidade do bombeio mecânico caracteriza-se pelo baixo custo com o


investimento e manutenção, flexibilidade na vazão e profundidade, boa eficiência energética e
possibilidade de operar com fluidos com diferentes composições e viscosidades em uma larga
faixa de temperatura. (NASCIMENTO, 2005; CAMPOS, 2006).

2.1.2 Componentes do Bombeio Mecânico

Segundo Takács (2003), os equipamentos utilizados no bombeio mecânico podem


ser divididos em dois conjuntos: equipamentos de superfície e de subsuperfície ou de fundo.
Como ilustra a Figura 2, os principais equipamentos são:
1. Equipamentos de superfície
• motor de superfície (prime mover): que pode ser um motor elétrico ou de combustão
interna;
• redutor (gearbox): que reduz a alta velocidade do motor e aumenta o torque no eixo de
carga da unidade de bombeio;
15

• unidade de bombeio (pumping unit): que transforma o movimento rotativo do motor


de superfície em movimento alternativo;
• haste polida (polished rod): que conecta a unidade de bombeio à coluna de hastes e
assegura uma vedação na cabeça do poço de forma a impedir que o fluido saia de dentro
do poço.

Figura 2: Componentes da Unidade de Bombeio


Fonte: Costa (2008).
16

2.2 Equipamentos de subsuperfície

Como mostra a Figura 3, são equipamentos de subsuperfície:


• Tubo de Produção (tubing): que guia o fluido bombeado no poço até a superfície;
• Coluna de hastes (rod string): que é composta por um conjunto de hastes que provê a
conexão entre os equipamentos de superfície e a bomba de fundo;
• Pistão (plunger): que é a parte móvel da bomba de fundo conectada à coluna de hastes;
• Camisa da bomba (pump barrel): que é a parte estacionária da bomba de fundo;
• Válvulas de pé e de passeio: são válvulas que permitem a passagem de fluxo em um
único sentido, operando segundo o princípio sede-esfera e funcionando por pressão.

Figura 3: Equipamentos de subsuperfície


Fonte: Silva et al (2002).

A bomba de fundo tem como função fornecer energia ao fluido, elevando-o para
superfície. Seu funcionamento é transformar os movimentos rotativos em alternativos, os
quais são transmitidos através da coluna de hastes para o pistão da bomba, em curso
ascendente e descendente. Durante o curso ascendente (C), a válvula de passeio existente na
parte inferior do pistão fecha, retendo o óleo que está na parte superior, enquanto que a
válvula de pé abre, permitindo a entrada do fluido no poço para a parte inferior da camisa.
Este curso é responsável pelo deslocamento do fluido do poço para a superfície.
17

No curso descendente (A e B) a válvula de pé fecha e o fluido que está na parte


inferior da camisa, passa livremente pela válvula de passeio do pistão, ocupando a parte
superior do mesmo.
Segundo Rossi (2003), existem dois tipos de bombas de fundo (Figura 4):
 Bomba Tubulares (tubing pumb): a camisa e a sapata da válvula de pé são
descidas junto com a coluna de produção, enroscadas em sua extremidade inferior. O pistão e
a válvula de passeio são enroscados na extremidade da coluna de hastes. A válvula de passeio
pode ser descida junto com a coluna de produção ou com a coluna de hastes. Neste caso, o
pistão deve estar equipado com um pescador.
 Bomba Insertáveis (insert pump): todas as partes da bomba descem conectadas
à coluna de hastes. Neste caso, existe a necessidade de um mecanismo para prender a parte
estacionária da bomba na coluna de produção. Existem dois tipos de travas: de fibra e de ação
mecânica.

Figura 4: Bomba tubular e bomba insertável


Fonte: Nascimento (2005).

2.3 Conceitos básicos e níveis dos Poços

2.3.1 Nível de poço estático

Segundo Rocha (1982), o nível estático é comumente definido como a posição


(profundidade) do nível fluido de um poço em repouso, quando este não está sob a ação de
18

bombeamento (medido em repouso), nem sob a influência de bombeamento anterior, e nem


sob a influência da ação de bombeamento que se processa (ou se processou) nas suas
imediações. É medida em relação à superfície do terreno, no local.
A posição real do nível estático depende do tempo de recuperação do poço, após a
parada da bomba, o qual, por sua vez, é função da vazão extraída, do rebaixamento atingido e
das características do reservatório. Assim, um nível do fluido medido a um dado tempo após
desligar a bomba pode ou não ser o nível estático real. Em poços de recuperação rápida e de
curto período de bombeamento é provável que o nível estático seja atingido diariamente, o
que não ocorrerá com os poços de recuperação lenta e longo bombeamento diário. Por esta
razão é preciso distinguir nível estático, que deve ser medido após um período
suficientemente longo de descanso do poço e o nível inicial, medido diariamente.

2.3.2 Nível de poço dinâmico

O nível dinâmico, para efeito de operação, significa a profundidade mais baixa do


nível do fluido no poço atingida ao final de um período de bombeamento a uma dada vazão.
A medida deve ser feita pouco antes de desligar a bomba, simultaneamente com a medida de
vazão, sempre com o cuidado de registrar o tempo de duração do bombeamento. Ele
representa a distância entre a boca do poço e a superfície de fluido no poço, durante o
bombeamento, ou quando o poço está em recuperação. A recuperação se dá a partir do
instante em que é desligada a bomba e o nível de fluido tende a voltar para a posição do nível
estático antes do bombeamento (LENCASTRE, 1983). Em qualquer poço, o nível dinâmico
fica abaixo do nível estático e é diretamente proporcional a vazão de bombeamento. O nível
dinâmico de maior importância é o que corresponde à vazão de projeto (vazão a ser fornecida
pelo poço).

2.2.3 Pressão no fundo do poço (BHP)

A pressão do fundo do poço foi calculada a partir da soma da pressão de


revestimento da superfície mais a pressão da coluna do gás e as pressão hidrostática da coluna
líquida. (ECHOMETER, 2006).
19

2.3.4 Pressão estática do reservatório

Segundo Oliveira(2014), a pressão estática (em psi) pode ser determinada através
da seguinte equação:
𝑃𝑒=1,4217∗(𝐿𝑓−𝑁𝐹𝑒)∗𝑆𝐺𝑓+𝑃𝑟𝑒𝑣(1.1)

Onde:
𝑃𝑒 é a Pressão estática do reservatório (psi);
𝐿𝑓 é a profundidade dos canhoneados (m);
𝑁𝐹𝑒 é o nível estático no anular (m);
𝑆𝐺𝑓 é a densidade relativa do fluido (adimensional);
𝑃𝑟𝑒𝑣 é a pressão do revestimento na cabeça do poço obtido através do sonolog (psi).

2.3.5 Pressão de Fluxo

É a pressão medida devido à energia cinética do fluido em escoamento.


Para um fluido migrar para dentro do poço, devem existir algumas diferenças
entre a pressão do fluido no reservatório e à frente dos canhoneados. Desta maneira é
calculada a pressão de fluxo do poço: (Sclumberger, 1980).
𝑃𝑓 = 𝑃𝑒 − 𝑃𝑤𝑐 (1.2)
Onde:
Pf = Pressão de fluxo
Pe = Pressão estática na formação reservatório
Pwc = Pressão de fundo nos canhoneados

2.3.6 Pressão hidrostática na coluna

De acordo com Ferreira (2014), a pressão hidrostática é a pressão devida ao peso


de uma coluna de fluido se considerada isoladamente, mas se esta estiver entre outras pressões
de fluidos diferentes, poderemos dar uma definição entre a pressão na sua base e a pressão no
seu topo. A pressão hidrostática de uma coluna de fluido no poço é medida em lbf/pol² (psi), é
dada por:
Ph = Pbase – Ptopo = Fc . ρ . h (1.3)
Onde:
20

Fc = fator de conversão de unidades (0,17 gal/m.pol²);


𝜌 = densidade equivalente (lbf/gal);
h = altura da coluna de fluido (m).

2.3.7 Pressão do Reservatório

A pressão de um reservatório varia de acordo com as diferentes condições a que


está sujeito. Quando o reservatório está selado, está em equilíbrio, uma vez que a pressão é a
mesma tem todos os pontos – pressão estática original. Quando o poço é colocado em
produção, ou seja, no período de fluxo, dá-se uma queda da pressão na área de influência do
poço. Quando o poço é fechado após um período de fluxo dá-se uma recuperação da pressão
no reservatório na região do poço. (GALP, 2014).

2.3.8 Capacidade Volumétrica

A capacidade volumétrica do interior de um tubo ou do anular de uma seção é a


relação entre o volume da seção e s sua altura, ou seja, é o volume por unidade de
comprimento e é expressão em bbl/m ou dm³/m. em se tratando de tubos deve-se considerar a
capacidade média levando-se em conta o tool joint visto que o volume do aço interfere
diretamente na capacidade volumetria. (FERREIRA, 2014)
𝐶𝑣 = 0,00318 (𝐷𝑝2 − 𝐷𝑡2) (1.4)
Onde:
𝐶𝑣 é a capacidade (bbl/m)
𝐷𝑝 é o diâmetro do poço (pol)
𝐷𝑡 é o diâmetro da tubulação (pol)

2.4 Ferramenta Sonolog

O Sonolog (Well Analyzer) como representa a Figura 5, é um sistema integrado de


aquisição e diagnóstico de dados de levantamento artificial que permite ao operador
maximizar a produção de petróleo e gás e minimizar as despesas operacionais. A
produtividade do poço, a pressão do reservatório, a eficiência geral, o carregamento de
21

equipamento e o desempenho do poço são derivados da combinação de medições de pressão


superficial, nível de líquido acústico, dinamômetro, potência e resposta transitória de pressão.

Este sistema portátil é baseado em um conversor de precisão analógico a digital


controlado por um notebook com aplicativos baseados no Windows. O Sonolog adquire,
armazena, processa, exibe e gerencia no local do poço para dar uma análise imediata da
condição de funcionamento do poço (ECHOMETER, 2008).

Figura 5: Ferramenta sonolog


Fonte: Echometer (2008).

As aplicações e interpretações das medidas que são feitas com o Sonolog podem
fornecer respostas para inúmeras questões relacionadas à produção de poços bombeados.
Abaixo estão listas parciais de tópicos que podem ser respondidas pelo uso adequado e
interpretação das medidas feitas pelo Sonolog:

Das pesquisas acústicas:

 Se existe líquido acima da bomba e a que profundidade está o topo da coluna de líquido;
22

 Se existe gás fluindo no espaço anular e qual a vazão que está fluindo;
 A pressão no espaço anular (coluna de produção – revestimento de produção) e se esta
pressão varia com o tempo;
 O percentual de líquidos existente na coluna de fluido do espaço anular;
 A pressão nos canhoneados;
 O percentual de petróleo na vazão total de líquidos que está sendo produzida;
 O peso especifico do gás existente no espaço anular;
 Se há restrições ou anomalias no espaço anular do nível de líquidos.

Do monitoramento do nível de líquido:

 A profundidade ao nível de líquido;


 Se o nível de líquido está subindo ou caindo;
 Se o nível de líquido está dentro do que foi pré-estabelecido.
23

3 ESTUDO DE CASO

3.1 Campo Fazenda Vaza Barris

O campo Fazenda Vaza Barris (FVB) é localizado no município de Itaporanga


D’ajuda, à cerca de 27 km a sudoeste da cidade de Aracaju, em Sergipe, conforme
representado na Figura 6.

Figura 6: Localização do FVB


Fonte: Dias (2011).

O campo foi descoberto em 1988 com a perfuração do poço 1-FVB-02-SE, entrou


em produção em 1989 e fechado em 1997, com produção acumulada de 4 mil m³ (25,2 mil
barris) de óleo com média de 18°API e 174 mil m³ de gás.
O campo FVB possui 3 poços, sendo o primeiro poço 1-FVB-1-SE, localizado a
4,5 km ao sul, fora da área em concessão, e foi considerado seco e 2 poços produtores 1-FVB-
2-SE e 1-FVB-3D-SE com a mesma locação, os quais estão interligados, por meio de linhas, a
tanques de armazenamento localizados na mesma (Figura 7). O escoamento da produção é
feito por meio de carretas. O gás natural associado é lançado para atmosfera na sua totalidade
em função dos baixos volumes.
24

Figura 7: Tanque de armazenamento


Fonte: Acervo próprio (2017).

Em 2005 ocorreu a primeira rodada de licitações de blocos contendo área inativas


com acumulações marginais, pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis), arrematada por uma empresa particular. Durante o mês de julho de 2006
foram efetuadas reentradas em ambos os poços e após o corte dos tampões que isolavam os
intervalos produtores, foram colocados em produção com o emprego de bombas de cavidade
progressiva (BCP).
Após outubro de 2008, os poços voltaram a apresentar problemas no sistema de
elevação artificial, ocasionando a parada de produção, com retorno em 2011 por dois meses.
Em 2012, após ter sido dada nova licença ambiental para a produção dos poços do campo, o
concessionário voltou a produzir intermitentemente por meio de surgência, com produção
diária menor do que 1 barril por dia, enquanto realizou estudo para mudança do método de
elevação artificial. Está mudança ocorreu em 2014, quando foram colocadas duas unidades de
bombeio mecânico, que produzem satisfatoriamente até os dias atuais.
Os principais reservatórios do campo são arenitos e conglomerados do membro
Carmópolis da formação Muribeca, com 16% de porosidade e 24 mD de permeabilidade,
saturados com óleo de densidade média de 18° API. O mecanismo primário de produção é o
gás em solução e atualmente não é injetado qualquer fluido nos reservatórios com o objetivo
de recuperação secundária e/ou melhorada. A locação de aproximadamente 15 mil m² possui
três tanques de armazenamento, sendo um horizontal e dois verticais, uma caixa API (Figura
8), duas unidades de bombeio, uma unidade de carregamento de carreta e containers de
equipamentos.
25

Figura 8: Caixa API


Fonte: Acervo próprio (2017).

3.1.1 Poço 1-FVB-02-SE

Ao verificar o histórico de operação deste poço (Figura 9), encontram-se relatos


da produção de gás em quantidade insuficiente para sua produção econômica, entretanto,
suficiente para pressurizar entorno de 400 psi na cabeça. Em 2014, após um período sem
elevação artificial, verificou-se que o poço era capaz de surgir, embora não sendo considerado
surgente, devido à baixa vazão encontrada. Tal fato leva a interpretar que mesmo com a alta
densidade do óleo, a pressão estática é suficientemente capaz de elevar o nível até a
superfície. Atualmente o poço trabalha em regime de 8 horas funcionando e 16 horas parado.
De acordo com relatos da operação, foi verificada a necessidade de efetuar o condicionamento
e limpeza do fundo do poço.

Figura 9: Poço 1-FVB-02-SE


Fonte: Acervo próprio (2017).
26

De acordo com a Tabela 1 estão dispostas as últimas informações que se tem de


profundidade do poço em 2004.

Profundidade do poço (m) Profundidade dos canhoneados (m)


1832,8 em 30/03/2004 Topo à 1814,5 e base à 1819,5
Tabela 1: Dados do Poço 1-FVB-02-SE
Fonte: Elaboração própria.

Pode-se perceber na Tabela 1 que há apenas 5 metros de zona canhoneada e que o


poço quase não apresenta espaço abaixo dos canhoneados. Outros dados importantes para se
conhecer a engenharia do poço estão citados na Tabela 2 referentes aos revestimentos, em
especial o de produção onde se fixam as ferramentas de produção.

Diâmetro Peso Grau do Comprimento Colar Sapata


Tipo
OD (pol) (lb/pé) aço (m) (m) (m)
Superfície 13 3/8 54,5 204,0 - 204,0
Intermediário 9 5/8 43,5 1043,0 1043,0
Produção 5½ 17,0 N-80 1878,0 1842,0 1878,0
Tabela 2: Dados do Revestimento 1-FVB-02-SE
Fonte: Elaboração Própria

Na Tabela 2 observa-se o grau do aço N-80 e o peso do revestimento, dados


especialmente importantes ao se definir composições de condicionamento e produção ao
longo da vida do poço.
Foi ainda coletados dados do óleo com na Tabela 3, a fim de entender seu
comportamento dentro do espaço anular do poço e a interferência do gás.

Ensaio Método Resultado


BSW (%) ASTM D1796 5
Densidade API (°API) NBR 7148 28,1
Densidade relativa à 20°C Real NBR 7148 0,8819
Viscosidade Cinemática à 60 °C (mPas) ASTM 445/NBR 10441 39
Salinidade (mg/L) SMEWW 4500 CI G 8872,6

Tabela 3: Dados do óleo do poço 1-FVB-02-SE


Fonte: Elaboração Propriá
27

Na Tabela 3 observa-se grau API de 28,1 com densidade relativa intermediária e


BSW baixo indicando presença de frações leves de hidrocarbonetos.

Nos equipamentos de subsuperfície destacam-se as características da bomba


como na Tabela 4.

Profundidade da bomba (m) Tipo da bomba Modelo


1814,00 Insertável API 228

Tabela 4: Dados da bomba do poço 1-FVB-02-SE


Fonte: Elaboração Própria.

Com os dados da Tabela 4 pode-se entender a que pressões a bomba esta exposta
abaixo da coluna de fluido do anular.

3.1.2 Poço 1-FVB-3D-SE

Este poço, apresentado na Figura 10, possui condições semelhantes ao poço 1-


FVB-02-SE, diferenciando-se pela característica do óleo, por ser direcional e por trabalhar em
regime contínuo.
De acordo com relatos da operação, foi verificada a necessidade de efetuar o
condicionamento, limpeza do fundo do poço e aprofundamento da bomba sem o risco de
entupimento da admissão e prisão do pistão.

Figura 10: Poço 1-FVB-3D-SE


Fonte: Acervo próprio (2017).
28

A Tabela 5 apresenta as últimas informações que se tem de profundidade do poço de


2004.

Profundidade do poço (m) Profundidade dos canhoneados (m)


1965,63 em 01/04/2004 Topa à 2031,50 e base à 2036,05

Tabela 5: Dados do Poço 1-FVB-3D-SE


Fonte: Elaboração própria (2017).

Pode-se perceber na Tabla 5 que o topo e a base dos canhoneados encontram-se


abaixo da profundidade do poço em 2004. Estima-se que esta situação se mantenha até os dias
atuais devido a ausência de condicionamento do poço no período.

Outros dados importantes para se conhecer a engenharia do poço são os citados na


Tabela 6 referentes aos revestimentos.

Diâmetro Peso Grau do Comprimento Colar Sapata


Tipo
OD (pol) (lb/pé) aço (m) (m) (m)
Condutor 20 - - - - 151,0
Superfície 13 3/8 54,5 - 599,0 - 599,0
Intermediário 9 5/8 43,5 - 1719,0 - 1719,0
Produção 5½ 17,00 N-80 2098,0 2073,0 2098,0

Tabela 6: Dados do Revestimento 1-FVB-3D-SE


Fonte: Elaboração Própria.

Na Tabela 6 observa-se o grau do aço N-80 e o peso do revestimento, dados


especialmente importantes ao se definir composições de condicionamento e produção ao
longo da vida do poço.

Foi ainda coletado dados do óleo citados na Tabela 07, a fim de entender seu
comportamento dentro do espaço anular do poço e a interferência do gás.
29

Ensaio Método Resultado


BSW (%) ASTM D1796 20
Densidade API (°API) NBR 7148 21,1
Densidade relativa à 20°C Real NBR 7148 0,9227
Viscosidade Cinemática à 60 °C (mPas) ASTM 445/NBR 10441 -
Salinidade (mg/L) SMEWW 4500 CI G 20578,7

Tabela 7: Dados do óleo do poço 1-FVB-3D-SE


Fonte: Elaboração Própria.

Na Tabela 7 observa-se um baixo grau API com densidade relativa alta e BSW
considerável indicando possíveis dificuldades de produção.

Nos equipamentos de subsuperfície destacam-se as características da bomba


como na Tabela 8.

Profundidade da bomba (m) Tipo da bomba Modelo


1740 Insertável API 228

Tabela 8: Dados da bomba do poço 1-FVB-3D-SE


Fonte: Elaboração Própria.

Com os dados da Tabela 8 pode-se calcular a pressão atuante na admissão da


bomba tanto fora quanto dentro da coluna de produção através do nível de fluido no espaço
anular.
30

3.2 Materiais e equipamentos

3.2.1. Sonolog / Well Analyzer (hardware)

O Sonolog é um equipamento é composto por:

1- Well Analyzer - trata-se de uma unidade eletrônica compacta. Esta unidade adquire
e digitaliza os sinais do microfone e do transdutor de pressão. Estes dados são
então enviados para o computador para processamento.
2- Notebook (com o software TWM);
3- Canhão de gás remoto – A Figura 11 apresenta a estrutura do canhão de gás,
onde gera um pulso acústico e detecta as reflexões no fundo do poço. O canhão de
gás inclui uma câmara de volume que é preenchida com gás comprimido para
disparar o pulso acústico ao poço. Um microfone alojado no canhão detecta o tiro,
colar e outras reflexões do poço, e também o nível do líquido. A unidade padrão é
fabricada inteiramente com aço inoxidável 316 e tem uma pressão de trabalho de
1500 PSI, mas o design pode ser modificado para operar até 3000 PSI.;

Figura 11: Estrutura do canhão de gás remoto


Fonte: Adaptado de Echometer (2006).

4- Cabos do Solenoide, do transdutor e microfone - O sonolog é conectado aos


sensores e acústicos usando cabos apropriados. Os conectores são à prova de
intempéries;
31

5- Válvula solenóide - O solenóide serve como um mecanismo de gatilho para iniciar


o pulso acústico. Quando energizado, o solenóide levanta o êmbolo e permite que
a pressão do gás saia da parte superior da válvula de gás. A pressão do gás abaixo
da válvula, em seguida, força a válvula de gás de volta. E aberto, faz com que um
impulso acústico seja fornecido ao poço à medida que o gás flui da câmara de
volume para dentro do poço.
6- Válvula de gás - A válvula de gás, por si só, não mantém a pressão do poço.
Portanto, a câmara de volume da pistola de gás deve ser pressurizada acima da
pressão do poço antes de abrir a válvula da anular, senão os fluidos fluirão para
trás através da pistola até a câmara de volume de gás. O fluxo de fluidos do poço
pode transportar partículas sólidas (areia, sedimentos) e scales, com isso eleva o
grau de corrosão e que acabarão causando avarias, mal funcionamento do
equipamento e, consequentemente, requerem manutenções mais frequentes. Para
minimizar este problema potencial é aconselhável carregar a câmara de volume
com gás limpo assim que os dados do plano anterior tiverem sido exibidos na tela,
pois isso impedirá que os fluidos do poço entrem no mecanismo da válvula.
7- Medidor de pressão – o medidor de pressão mede a pressão na câmara de volume
do canhão de gás. Deve ser usado para determinar se a câmara de pressão é
suficientemente maior do que a pressão do poço (modo de explosão) para gerar um
pulso acústico de boa qualidade.
8- Transdutor de pressão – Um transdutor de pressão, às vezes chamado
de transmissor de pressão, é um equipamento que converte o valor da pressão em
um sinal elétrico analógico. As medições da pressão são feitas com um transdutor
tipo strain gauge. O transdutor de pressão padrão possui uma pressão de trabalho
de 0 a 1500 psi.

3.2.2. Total Well Management (software)

O software TWM foi concebido para ser o mais simples possível de usar. A
interface gráfica usada segue todas as convenções do Windows. A maioria dos módulos são
executadas seguindo os avisos que são apresentados na tela que exige a entrada de dado ou
teclando uma tecla da função ou uma combinação Alt-tecla. Sempre que possível as teclas de
função foram designadas para produzir resultados semelhantes nas várias aplicações. O
usuário, muitas vezes, tem que escolher as ações de um menu na tela. As teclas tab, shift tab,
32

enter, PageDown, PageUp, Arrow, function e escape são comumente usados para mover
dentro de uma tecla ou no menu e na execução das instruções. É também possível utilizar um
mouse externo ou embutido e clicar para mover dentro de uma tela e selecionar as ações a
serem concluídas. Menus adicionais e funções são acessados por right-click ou left-click
botões do mouse, os detalhes são dados nas seções correspondentes destes passos.

Para realização do disparo é necessário a realização das seguintes etapas:

1- Abrir o programa Total Well Management (TWN) e selecionar a opção “Acquire


Mode” como mostra a tela na Figura 12;
2- Selecionar o número do Transdutor. Usar o “Create New”, se o número de série não
for encontrado, certificar-se que todos os coeficientes foram digitados corretamente,
deve-se introduzir os parâmetros do canhão também;
3- Zerar para compensar os valores obtidos pelo Transdutor. Selecionando o botão
“Obtain Zero Offset” (Alt-3), uma vez que a leitura exibida no “Present Offset Zero”
se estabilizou, pressione o botão “Update Zero Offset” para que o valor seja gravado;

Figura 12: Tela Setup


Fonte: TWM.
33

4- Abrir o “Base Well File”(F3) onde os dados dos poços são adquiridos. Usar o “New”,
representado na Figura 13, para criar um “Base Well File” caso não exista. Deve-se
introduzir pelo menos as profundidades da bomba e da formação;

Figura 13: Tela Base Well File


Fonte: TWM.

5- Na tela “Select Test” (F4), na Figura 14, selecione a guia “Acustic” para indicar que os
dados de teste acústico devem ser adquiridos;

Figura 14: Tela Select Test


Fonte: TWM.
34

6- Preparar para efetuar o disparo (F5) seguindo as etapas no painel “Instructions”;


Obs: Neste ponto o gráfico exibe o ruído de fundo.
7- Efetuar o disparo pressionando o botão “Fire Shot” (Alt-S), como ilustra a Figura 15;

Figura 15: Tela do Disparo


Fonte: TWM.

8- A mensagem “Shot Pulse was from Gun” é exibido quando é efetuado o disparo. Em
seguida, os dados do disparo são adquiridos em segundos com base na profundidade
da formação.

Obs: Se o disparo não foi detectado, deve-se pressionar o botão “Abort” (Parar a
aquisição dos dados do disparo) de acordo com a tela da Figura 16, recarregar o canhão com
uma pressão mais alta e voltar ao passo 6.
35

Figura 16: Tela Abort


Fonte: TWM.

9- Uma vez que o disparo foi adquirido uma caixa de diálogo aparece. Neste ponto, os
dados podem ser salvos ou descartados, como mostra a Figura 17. Pode inserir um
breve comentário, caso contrário, basta clicar “Enter” para salvar o conjunto de dados.
Uma vez que o disparo é salvo, o TWM continua a adquirir pressão de revestimento a
cada 15 segundos por no máximo 15 minutos ou até ser parado manualmente.

Figura 17: Tela Save


Fonte: TWM.
36

10- Quando os dados são salvos, vai automaticamente para o guia “Select Liquid Level”,
na sessão “Analyze” representada na Figura 18. O TWM calculou e selecionou o local
da melhor curva. Usar os botões “Left” e “Right” para ajustar a imagem. O gráfico na
parte inferior na direita mostra um close-up da curva.

Figura 18: Tela Select Liquid Level


Fonte: TWM.

11- Na aba “Depth Determination” da Figura 19, o TWM exibe a profundidade calculada
para a curva previamente selecionada. A profundidade é calculada usando a
velocidade acústica determinada pela análise automática do filtro, no gráfico inferior
esquerdo.

Figura 19: Tela Deth Determination


Fonte: TWM.
37

12- No guia “Casing Pressure”, apresentado na Figura 20, exibe os dados de pressão que
o TWM adquire a cada 15 segundos. Pressionar “END”;

Figura 20: Tela Casing Pressure


Fonte: TWM.

13- Finalmente, no guia “BHP”, o TWM exibe os resultados com base no nível do líquido
determinado, pressão do revestimento e dados de arquivos de poço, como mostra a
Figura 21.

Figura 21: Tela BHP


Fonte: TWM.
38

3.2.3 Montagem do equipamento

Para desenvolvimento desse trabalho foram empregadas técnicas para coleta de


dados diretamente nos poços de petróleo 1 –FVB-02-SE e 1-FVB-3D-SE, a cada duas horas.
Durante o recolhimento das informações procuramos efetuar o procedimento com o máximo
de precisão e assim colher informações mais coerentes dos referidos poços.
Primeiramente o canhão do Sonolog foi conectado na válvula de 2” rosqueável no
anular do poço. Foi conectado o transdutor de pressão na mesma. Logo em seguida foram
inseridos os três cabos (solenóide, microfone e transdutor de pressão) realizando assim a
comunicação entre a canhão e o TWM (computador) como na Figura 22;

Figura 22: Canhão de gás remoto conectada a válvula anular do poço.


Fonte: Acervo próprio (2017).

A Figura 22 relata uma aplicação pratica do Sonolog instalado em um poço de elevação a


partir de bombeio por cavidades progressivas (BCP).
O próximo passo foi abrir o programa TWM no computador e checar a comunicação
entre os equipamentos. Com a válvula do poço ainda fechada, a pistola foi carregada com o gás (CO2)
até 350 psi; E por último, abrimos a válvula que conecta ao poço (caso haja, fechamos as outras
válvulas que são ligadas ao anular) e no aplicativo clicamos para efetuar o disparo. Os disparos foram
efetuados a cada duas horas.

3.3 Análise de Nível

O choque mecânico do gás carbônico injetado pelo canhão do Sonolog com o


fluido contido no espaço anular do revestimento gera o pulso acústico necessário para se
identificar o nível a partir do conhecimento da velocidade de propagação do som.
39

Figura 23 – Esquemático da propagação do gás carbônico no revestimento.


Fonte: Acervo próprio (2017).

A Figura 23 demonstra o caminho que o gás carbônico faz desde seu disparo até o
encontro com a lâmina de fluido no anular. Para mensurar o volume de óleo no anular a partir
do nível é necessário o conhecimento de parâmetros do revestimento, em especial a
capacidade do revestimento.

Ao multiplicar a capacidade do revestimento (revestimento de 5,5” peso 17 lb/pé


grau N-80 = 0,0763 bbl/m) pela altura da coluna de líquido livre define-se o volume
disponível para a produção, volume este que se encontra a temperatura e a pressão do interior
do poço.

É importante salientar, que ao expor o óleo à mudança de pressão e temperatura


haverá também alteração no seu comportamento físico, podendo assim, haver divergência no
volume contido no revestimento e/ou produzido no tanque. É comum ainda haver o
aparecimento de gás devido a redução da pressão promovida pelo bombeio no interior da
coluna, gás esse, que pode ajudar na elevação do fluido.
40

3.4 Parâmetro do disparo

Ao analisar um poço alguns parâmetros são de fundamental importância para


entender o comportamento do fluido contido nele. A coluna de fluido deve estar disponível
acima da bomba, de preferência em seu estado líquido, para que haja produção. A presença de
gás disperso no liquido pode vir a desfavorecer a produção caso ele exista na admissão da
bomba.

O trabalho do operador de campo é garantir o bom funcionamento dos


equipamentos contidos no poço. Caso a produção esteja satisfatória e o nível dinâmico
encontre-se elevado possivelmente seja o momento de redimensionar estes equipamentos.
Caso o nível dinâmico esteja imediatamente na admissão da bomba pode ser o caso de
produzir em regime.

Neste aspecto, o sonolog traz além do nível e do estado físico do fluido alguns
parâmetros como: potencial de produção do poço, a pressão inicial do revestimento, a pressão
construída no revestimento durante o teste, a pressão na interfase gás/líquido, o percentual de
líquido no anular, a pressão na admissão da bomba, o BHP de produção, a altura da coluna de
emulsões, a altura da coluna livre de gás e a contagem de luvas acima do líquido.
Aumentando assim a importância do emprego da mesma.

Os dados coletados foram:

1-FVB-02-SE

Após uma sequência de 6 disparos no poço 1-FVB-02-SE dentro de um intevalo


intercalado no período de 24 horas, foi analisado os dados e dispostos na Tabela 09.
41

Ordem do
1 2 3 4 5 6
disparo
03/05/201 04/05/201 04/05/201 04/05/201 04/05/201 04/05/201
Data
7 7 7 7 7 7
Hora 16:44:45 09:37:32 11:15:32 12:59:57 15:08:24 15:23:00
Profundidad
e do nível 1331,57 1569,77 1612,08 1638,14 1691,20 1290,17
(m)
Coluna de
líquido livre 90 244 202 176 123 111
de gás (m)
Coluna de
fluidos totais 481 244 202 176 123 524
(m)
Volume (bbl) 6,87 18,62 15,41 13,43 9,38 8,47
Variação da
pressão
construída no 220,42 -17,43 -2,89 -3,16 -4,81 4,45
revestimento
(psi)
% líquido no
19 100 100 100 100 21
anular
Tabela 9: Parâmetro dos disparados do poço 1-FVB-02-SE
Fonte: Elaboração própria

A Tabela 09 resume os dados mais expressivos na interpretação que ocorrem com


a produção ainda dentro do revestimento antes mesmo de ser bombeada para a coluna de
produção e posteriormente para os tanques.
O primeiro disparo foi realizado ao final das 8 horas de bombeio com pressão na
cabeça do dia 03/05/2017. Foi despressurizado o poço e constatado a elevação no nível
dinâmico de emulsão devido ao surgimento do gás. Comportamento esperado para o óleo que
se encontrava em equilíbrio com pressão e temperatura constantes. Em decorrência da
liberação deste gás foi verificado um aumento no transiente de pressão a curto espaço de
42

tempo. A Figura 24 demonstra o layout ilustrativo fornecido pelo programa TWM no


momento do disparo 1. Foi desligado o poço as 16:30 minutos do mesmo dia.

Figura 24: Layout do 1-FVB-02 no disparo 1.


Fonte: TWM adaptado.

Para este disparo foi despressurizado o poço e constatado a elevação no nível


dinâmico de emulsão devido ao surgimento do gás como na Figura 24.

Na manhã seguinte, após 16 horas em repouso com o anular fechado, foi efetuado
o disparo com o poço pressurizado, constatou-se seu nível mais elevado e líquido estável livre
de gás, como na Figura 25. Na comparação do nível entre o início e final do ciclo de repouso
observa-se uma elevação de 154 metros de fluido livre de gás. Na análise de diferença de
nível pelo tempo de restituição o poço apresentou uma taxa restituição de nível de 9,63 m/h.
43

Figura 25 – Layout do 1-FVB-02 no disparo 2.


Fonte: TWM adaptado.

Como pode-se observar na Figura 25 não houve interferência de gás no nível,


dando a entender que o fluido se encontra estável. Na pressão construída no revestimento
observou-se uma leve queda de 17,43 psi como mostra a Figura 26.

Figura 26 – Transiente de pressão do segundo disparo no poço 1-FVB-02-SE.


Fonte: TWM adaptado.

Esta delicada perda mostrada na Figura 26 está ligada a algum vazamento nas
válvulas de acesso ao anular ou relativa ao aumento de espaço livre para o gás no
revestimento devido ao início da diminuição do nível de fluido, ocasionado pelo bombeio.
Os próximos três disparos apresentaram o comportamento esperado, com a
redução do nível durante as 8 horas do bombeio como mostrado na Figura 27. Observou-se
44

novamente, uma discreta redução na pressão construída no revestimento reforçando a ideia de


vazamento das válvulas do anular ou aumento do espaço livre para o gás no revestimento.

Figura 27 - Layout do 1-FVB-02 nos disparos 3, 4 e 5.


Fonte: TWM adaptado.

A Figura 27 demonstra a redução do nível durante o período de bombeio do ciclo


intermitente apresentando uma taxa ponderada de produção de 21,96 m/h. Imediatamente
após o 5° disparo o revestimento foi despressurizado e realizado um disparo extra como visto
na Figura 28, a fim de verificar o comportamento do fluido.

Figura 28 - Layout do 1-FVB-02 no disparo 6.


Fonte: TWM adaptado.
45

A quantificação de gás que surge na emulsão contida no anular ratifica a ideia de


interferência da pressão na cabeça de produção na estabilidade do fluido. Observou–se um
aumento do nível de fluidos totais de 401 metros com o decaimento de 91 psi na cabeça,
voltando a restituir pressão em 4,5 psi/min.

1-FVB-3D-SE

Foram efetuados 05 disparos no 1-FVB-3D-SE dentro de 24 horas de bombeio a


fim de averiguar a definição do nível dinâmico. Os dados mais expressivos foram agrupados
na Tabela 10.

Ordem do disparo 1 2 3 4 5
Data 03/05/2017 04/05/2017 04/05/2017 04/05/2017 04/05/2017
Hora 16:57:50 09:57:52 11:05:54 13:09:54 14:55:41
Profundidade do 1588,66 1708,42 1717,48 1724,06 1721,66
nível (m)
Coluna de líquido 121 32 23 16 18
livre de gás (m)
Coluna de fluidos 151 32 23 16 18
totais (m)
Volume (bbl) 9,23 1,53 1,75 1,22 1,37
Variação da pressão -14,7 238,2 459,4 363,3 408,6
construída no
revestimento (psi)
% líquido no 80 100 100 100 100
anular
Tabela 10: Parâmetro dos disparados do poço 1-FVB-3D-SE
Fonte: Elaboração própria

Na Tabela 10, encontra-se o desempenho apresentado pelo poço 1-FVB-3D-SE


durante o período de monitoramento. No disparo número 1 o poço foi despressurizado
imediatamente antes da medição. Observou-se uma elevação no nível de fluido junto com a
presença de gás, resultando em uma coluna de líquido livre de gás de 121 metros como
demonstrado na Figura 29. Não foi registrado o transiente de pressão, possivelmente devido a
conexão ineficiente do Well Analyzer com o Notebook.
46

Figura 29 – Layout do 1-FVB-3D no disparo 2.


Fonte: TWM adaptado.

A Figura 29 retrata o comportamento do fluido logo após a despressurização do


poço. Foi verificado a presença de 20% de gás contido na emulsão, bem menor que no 1-
FVB-02-SE, um resultado bastante provável. A bomba encontra-se bastante acima dos
canhoneados em decorrência de possíveis entupimentos causados por sujeira sempre que é
tentado aprofundar mais a mesma.
No primeiro disparo da manhã do dia seguinte, após 17 horas de bombeio, com o
poço pressurizado com 238,2 psi, foi observado o decaimento de 98 metros de coluna de óleo,
gerando uma taxa de produção noturna de 5,23 m/h e redução de 10,77 psi/min no transiente
de pressão como na Figura 30.

Figura 30 – Transiente de pressão do 1-FVB-3D no disparo 2.


Fonte: TWM adaptado.
47

Na Figura 30 observa-se o decaimento da pressão em decorrência de vazamento


nas válvulas do anular ou do aumento do espaço disponível para o gás devido à diminuição do
nível de fluido.

Durante o decorrer do dia foram realizados mais 3 disparos até que fosse definido
o nível dinâmico alcançado por volta das 13 horas, no quarto disparo como mostrado na
Figura 31.

Figura 31 - Layout do 1-FVB-3D nos disparos 2, 3, 4 e 5.


Fonte: TWM adaptado.

A Figura 31 demonstra comparativamente a estabilização do nível de líquido no


anular. Foi calculada a média ponderada de produção diurna em torno de 3,24 m/h e nível
dinâmico de 16 metros de coluna de fluido livre de gás. Nestes 3 últimos disparos foi
observado uma ligeira queda na pressão construída no revestimento como no primeiro disparo
na manhã.
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4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A partir da análise dos dados foi identificado oportunidade de melhoria em ambos


os poços. No poço 1-FVB-02-SE, devido a não identificação do nível dinâmico sugere-se a
diminuição do tempo de restituição de 16 horas para 12 horas intermitentes em 6 horas sem
bombeio X 6 horas com bombeio, durante as 24 horas do dia. Esperando-se assim, atingir o
nível de cerca de 40 metros de coluna de fluido livre de gás acima da admissão da bomba
produzindo com o revestimento pressurizado.
No poço 1-FVB-3D-SE foi identificado a eficiência da bomba em produzir quase
que integralmente a coluna de óleo do início dos disparos até que fosse atingido o nível
dinâmico de 16 metros acima da admissão da bomba. Sugere-se então, a mudança para um
ciclo intermitente com 4 horas de restituição X 20 horas de bombeio e posterior reanalise de
nível. Espera-se dessa maneira reduzir o custo de energia elétrica para o bombeio em 20%
sem perda significativa de produção.
Portanto, o uso da ferramenta para poços de petróleo visou contribuir para um
processo mais eficiente e confiável, através da otimização dos recursos disponíveis com
qualidade e segurança, pois com uma ferramenta preditiva é possível assegurar o intervalo
mínimo entre funcionamento e paradas, sem prejudicar a bomba. Reduzindo os custos com
eletricidade (caso o poço possibilite um maior tempo de restituição) como também permitindo
que os ajustes obtenham máxima produção com base em dados e não em suposições.

Para trabalhos futuros recomenda-se a integração da análise de nível com a carta


dinamométrica da haste polida e aferição do nível de fluido nos tanques, afim de averiguar a
integridade da bomba.
49

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