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Notas
Interiores
de Aula:
– João
Andrade Arquitetura
Ademar
Lima 8 de de
(Baseado em “A história do
mobiliário brasileiro e da
cadeira, evo-
lução de um móvel”, Revista
Negócios, on line, edição 67,
www.revistanegocios.com.br,
acesso em 23/11/05, com
imagens
do Google)
O móvel brasileiro tem
origem no século XVI, com
influência marcante a cultura
indígena, com elementos
como
a rede e o jirau presentes já
nas primeiras casas construí-
das. Os bancos variam desde
os simples toros de madeira,
aos trabalhados com
decoração geométrica. Em
algumas tri-
bos, como os Omágua, os
bancos eram pintados e
enverni-
zados, para uso exclusivo dos
homens – às mulheres, cabia
a utilização do catre de
dormir (um tipo de cama
dobrável).
Junto com os portugueses,
vieram os primeiros
móveis e utensílios, inclusive
materiais luxuosos, já que a
maioria dos colonizadores já
havia estado na Índia e, lá, ad-
quirido o gosto pela riqueza
da decoração oriental. Entre
os
móveis rústicos executados
no Brasil nesta época têm-se
os
baús, feitos de madeira e
couro – mobiliário
rudimentar que
vai perdurar durante todo o
período das entradas e
fixação
dos colonizadores e ainda
hoje usado no interior do
Brasil,
sob a forma de mala de
madeira, coberta de pele de
bezer-
ro.
Com o desenvolvimento dos
engenhos de açúcar e
das fazendas de gado, e
conseqüente enriquecimento
de
seus proprietários, começou-
se a aparecer outros tipos de
móveis nas casas dos
colonizadores europeus e
seus des-
cendentes. Assim, a partir da
segunda metade do século
XVI,
desenvolve-se o chamado
mobiliário quinhentista
brasileiro
que, em geral, era uma mera
cópia dos raros móveis vindos
de Portugal, executados em
cedro, canela, vinhático e
outras
madeiras de lei aqui
encontradas.
Estes móveis, em sua maioria,
eram
reproduzidos em madeira
mais grossa e em proporções
mais
rústicas do que em seus
modelos originais.
Apresentavam
detalhes e ornamentos em
couro, com desenhos
originários
de Portugal, e eram
executados sem pressa nem,
tampouco,
com fins mercantis, sendo
motivado apenas pelo prazer
de
fazer bem feito, na maioria
das vezes, com ajuda de
escra-
vos.
Até meados do século XVII, de
acordo com inventá-
rios paulistas da época, a rede
ainda era comumente empre-
gada como cama e, nesta
época surgem os tamboretes.
As
caixas continuam sendo um
móvel para todas as
utilidades,
empregadas para armazenar
mantimentos, guardar roupas
e
valores.
Com a instalação de
diversas ordens religiosas no
Brasil,
durante os séculos XVII e
XVIII, e o
desempenho para a
construção de
igrejas, os móveis com
utilidades
religiosas (a exemplos dos
oratórios)
foram desenvolvidos,
inspirados nos
estilos da Península Ibérica,
sendo
peças sólidas e ricas.
Apesar da presença de
mestres em vários ofícios –
marceneiros, carpinteiros,
entalhadores – que se
dedicaram
à execução de móveis no
Brasil, já desde os primeiros
perío-
dos da colonização, o estudo
do móvel brasileiro do século
XVII torna-se difícil, devido à
falta de exemplares,
provocada,
principalmente, pelo hábito
da renovação e troca de
móveis
velhos durante o século XIX, o
que provocou o desapareci-
mento dos móveis antigos.
O banco, é uma peça rara nos
inventários paulistas
seiscentistas, seu primeiro
registro data de 1596,
aparecen-
do como “banco de mesa” ou
“banco comprido”. A partir da
primeira metade do século
XVIII surge um verdadeiro
estilo,
o “banco mineiro”, que, em
princípio, tinha uma tábua
por
encosto, suportada por duas
ou mais colunas de madeira e,
às vezes, braços.
O arquibanco (que deu
origem à expressão arqui-
bancada) é um termo pouco
usado nestes documentos,
mas
devido às suas grandes
proporções, acredita-se que
seja
mais usado em conventos. O
banco com caixa ou arca-
banco é peça típica do
mobiliário seiscentista
mineiro-goiano.
São móveis que surgiram da
evolução da caixa como
assen-
to.
A cadeira rasa, assento
individual, sem
braços, sem espaldar e de
estrutura
retilínea, foi uma das
primeiras peças
utilizadas no mobiliário
colonial, sendo
citada desde fins do século
XVI. Durante
o século XVII, caracteriza-se
pelas
pernas de corte quadrangular,
com suas
amarrações em planos
diferentes, de duas em duas.
O as-
sento de forma retangular,
pode ser de couro curtido e
la-
vrado, de couro cru ou, ainda,
madeira. Já no século XVIII es-
te tipo de móvel, torneado ou
entalhado, aparece sempre ci-
Notas
Interiores
de Aula:
– João
Andrade Arquitetura
Ademar
Lima 9 de de
tado como tamborete raso ou
mocho, ficando a
denominação
“cadeira” rara nesta época.
Durante o século XVII, no
Brasil, a cadeira é
um móvel simples, dentro da
estrutura
retilínea das cadeiras e
tamboretes
portugueses seiscentistas, de
espaldar baixo
ou sem espaldar,
confeccionadas de madeira e
couro ou sola. Somente no
final deste mesmo
século é que aparecem nas
cadeiras o
espaldar ligeiramente
inclinado para trás,
como nas cadeiras
portuguesas. Quando
possuíam braços, as cadeiras
desta época
eram chamadas cadeiras de
espaldar,
quando sem braços,
aparecem designadas por
tamboretes.
Na primeira metade do
século XVIII, o
mobiliário brasileiro, da
mesma forma que o
português, passa por um
período de transição,
conservando-se a estrutura
do estilo nacional
português e acrescentando-se
um novo
elemento, a perna encurta e
contracurva ou
perna de cabriola, de
joelheira volumosa, com
saída brusca sob o assento ou
caixa do móvel,
que anuncia o aparecimento
do estilo de
influência inglesa,
denominada D. João
V. Em meados do século, são
encontradas, também,
reproduções de
móveis portugueses no estilo
barroco,
às vezes com dourado.
Nesta época, os móveis aqui
confeccionados eram
a interpretação brasileira dos
estilos portugueses da época
e
que receberam a
denominação de luso-
brasileiro.
O mobiliário do século XVIII
no Brasil, assim como o
de Portugal, sofre as
influências inglesas e
francesas. Neste
período, as nossas cadeiras
vão se assemelhar bastante às
do estilo Rainha Ana, com o
aparecimento do espaldar
alto e
de tabela recortada que desce
até o assento, com predomí-
nio das formas de balaústres
ou de vaso. Aparece em segui-
da, no mesmo tipo de cadeira,
o assento em palhinha.
Em meados do século XVIII,
os móveis rústicos e
regionais brasileiros
continuam a se inspirar nos
seus simila-
res portugueses, embora,
adquirissem características
especí-
ficas, criando um estilo
próprio como é o caso do
mobiliário
mineiro-goiano. A talha rasa
predomina na decoração do
mobiliário feito no Brasil,
sendo a rocalha desdobrada,
os fu-
sos em “C” ou “S” e, mais
adiante, elementos vegetais –
pe-
quenas folhagens e flores, em
guirlandas ou isoladas – as
principais formas utilizadas.
A influência francesa vai se
fazer notar principal-
mente nos espaldares das
cadeiras, que passaram a
apre-
sentar a forma de violão, com
assentos estofados em tecido.
No final do século XVIII, e
princípios de XIX, o mobi-
liário brasileiro passa a
apresentar elementos novos,
sendo
raro o móvel de pernas retas,
afinando para baixo. Nesse
período aparecem cadeiras de
encosto oval, de influência
francesa, com a parte inferior
e decoração no estilo D. José I.
Houve, também, um período
em que o moderno vi-
rou mania, o que transformou
o conceito de moderno em
modernoso. A funcionalidade
é um termo que marca a mo-
dernidade e a idéia do móvel
funcional ganha força a partir
das décadas de 1920 e 1930,
iniciando uma reviravolta no
conceito mobiliário. Foi tirado
o verniz da cadeira e
substituí-
do pelo metal cromado da
racionalidade alemã da
Bauhaus.
Saíram os exemplares
eternizados da sensualidade
moderna do belo, aliado ao
funcional. Depois do POP, da
dé-
cada de 60, a cadeira
abandonou os conceitos
modernos e
descambou para a diversão.
Os anos 70 e 80 assistem ao
triunfo e a consolida-
ção do pós-moderno em
todos os setores do design
utilitário
de ponta, da arquitetura à
escova de dentes, passando
no-
vamente pela cadeira.

O design, no Brasil, se
desenvolveu a partir dos
anos 50, ou seja, duas décadas
após as primeiras obras ar-
quitetônicas modernistas e
alguns anos antes da
instalação
da indústria automobilística.
Sua origem está ligada a euro-
peus que trouxeram o
racionalismo para o país e o
introduzi-
ram no curso organizado por
P.M. Bardi, no Museu de Arte
de São Paulo. Durante um
bom tempo, a Faculdade de
Arqui-
tetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo foi
o gran-
de núcleo de Desenho
Industrial e Comunicação
Visual, até o
surgimento da ESDI (Escola
Superior de Desenho
Industrial),
no Rio de Janeiro, base para
criação dos demais curso do
país.
Carlos Motta, Lina Bo Bardi,
Irmãos Campana (Fer-
nando e Humberto), Sérgio
Rodrigues, Joaquim Tenreiro
e
outros, são algumas das
grandes referências
(especificada-
mente em relação ao
mobiliário) do design no
Brasil.

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