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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Instituto de Engenharia Mecânica

Projeto de EME 803

Dimensionamento de uma caixa de


transmissão com diferencial integrado

Alunos: Matrícula:

Rômulo Gaburro Fiorott 31073

Filipe de Anchieta Caponi 31218

Saulo Barbosa Coelho 29823

Luiz Mateus de Souza Italiano 32095

Professor: Bruno Silva de Sousa

Itajubá, 04 de dezembro de 2017


1. INTRODUÇÃO
As transmissões mecânicas são mecanismos manuais ou automáticos
que tem como objetivo transmitir movimento e potência. Podem ser formadas
por engrenagens, correias, correntes, rodas de atrito. A escolha dos elementos
que a constitui vai depender da aplicação da transmissão. O dimensionamento
de uma caixa de transmissão, composta basicamente por engrenagens, eixos e
mancais, envolve muitos aspectos, alguns deles são: material, potência, torque,
rotação, relação de transmissão, custo, nível de vibração, entre outros.

Neste trabalho será apresentado o dimensionamento básico de uma caixa


de transmissão para um veículo. O modelo usado como base é um Porsche 993
Carrera 2, que possui 285 [CV], torque de 34,67 [kgf.m] e rotação de 5250 [rpm].
As relações de transmissão são descritas abaixo:

• 1a marcha – 3,820
• 2a marcha – 2,150
• 3a marcha – 1,560
• 4a marcha – 1,240
• 5a marcha – 1,020
• 6a marcha – 0,820
• Diferencial – 3,440
O dimensionamento será baseado nas orientações de Norton (2011).
2. OBJETIVOS
Dimensionar e desenhar as engrenagens e eixos que compõe a caixa de
transmissão do Porsche 993 Carrera 2, com o intuito de aplicar os
conhecimentos adquiridos durante a disciplina de Elementos de Máquinas 2.

Envolver os participantes do projeto em um ambiente mais próximo do


que será presenciado na vida pós faculdade.

Fundamentar a teoria em sua aplicação.


3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Transmissões mecânicas

A transmissão de potência mecânica pode ser realizada por elementos


flexíveis ou rígidos, podendo atuar como redutor, multiplicador ou variadores de
velocidade.

Os redutores apresentam a velocidade de saída inferior a de entrada. Eles


são utilizados quando é necessário aumentar o torque no eixo de saída. Os
multiplicadores atuam de forma inversa aos redutores. O objetivo de utiliza-los é
aumentar a rotação no eixo de saída. Os variadores de velocidade são aplicados
em situações em que o torque ou rotação requerida pelo sistema estão sempre
sofrendo mudanças. Eles são formados por redutores e multiplicadores de
velocidade, é o caso da caixa de transmissão de um veículo.

As caixas de transmissão são formadas por engrenagens, elementos


rígidos, que trabalham em pares. Quando é necessário reduzir a rotação, a
transmissão do movimento é realizada de uma engrenagem menor (pinhão) para
uma maior, e o inverso ocorre para aumentar a rotação.

As engrenagens são componentes mecânicos que possuem dentes


igualmente distribuídos em sua periferia, são encontradas em vários formatos.
As figuras 1, 2 e 3 ilustram alguns tipos de engrenagens.

Figura 1 – Engrenagens cilíndricas com dentes retos.

Fonte: Adaptado de Norton (2013).


Figura 2 – Engrenagens helicoidais.

Fonte: Adaptado de Norton (2013). (a) Par de engrenagens de hélices de lados opostos
acopladas em eixos paralelos e (b) par de engrenagens de hélices de lados iguais acopladas em
eixos cruzados.
Figura 3 – Engrenagens cônicas.

Fonte: Adaptado de Norton (2013). (a) Engrenagens cônicas retas e (b) engrenagens cônicas
espirais.

A maioria das transmissões de potência são realizadas por engrenagens.


Elas apresentam algumas vantagens em relação as transmissão com elementos
flexíveis:

• Menor tamanho;
• Maiores potências transmitidas;
• Alta confiabilidade;
• Transmissão de potência entre eixos paralelos, perpendiculares, com ou
sem interseção.

3.2 Engrenagem helicoidal

As transmissões automotivas utilizam engrenagens helicoidais, pois são


mais silenciosas e tem menos vibração que as engrenagens retas. Isso ocorre
devido ao contato gradual dos dentes. Além de serem capazes de transmitir
potências elevadas (Norton, 2013).

Para iniciar o dimensionamento de um trem de engrenagens helicoidais


alguns parâmetros devem ser adotados. Eles são apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Alguns fatores para o dimensionamento.


 Ângulo de pressão graus
 Ângulo de hélice ou ângulo de espiral graus
Zc Relação de transmissão -
Pd Passo diametral dentes/pol
m Módulo métrico mm
Qv Índice de qualidade da engrenagem -
F Largura de face pol
Ka Fator de aplicação -
Ks Fator de tamanho -
Kb Fator de flexão de anel -
KI Fator de ciclo de carga -
Cs Fator de tamanho -
Cf Fator de acabamento superficial -
Kt, Ct Fatores de temperatura -
Kr, Cr Fator de confiabilidade -
Ch Fator de dureza -
 Coeficiente de Poisson -
E Coeficiente de elasticidade psi
Km Fator de distribuição de carga -
Ca Fator de aplicação -
Fonte: Autor.

Ao longo do dimensionamento esses parâmetros podem ser alterados


caso o projetista julgue necessário.
4. DIMENSIONAMENTO
4.1 Diâmetro do eixo do motor

De acordo com a recomendação da ASME e o conteúdo visto na disciplina


de Elementos de Máquina 1, fica explicitado que:

3 16
𝐷𝑚𝑖𝑛 = √ ∗ (𝐾𝑡 ∗ 𝑀𝑡 )
𝜋 ∙ 𝜏𝑎𝑑𝑚

A tabela 1 representa os valores de limite de resistência do aço utilizado


para confecção do eixo, a condição utilizada para o material é de recozimento,
ou seja, dados baseados na linha “recozido”.

Tabela 2- Limites de resistência.

Foi visto na mesma disciplina que tensão admissível pelo material é


equivalente a 30% do limite de escoamento ou 18% do limite de resistência a
tração, devendo-se escolher o menor dos valores, buscando maior segurança
do eixo.
𝜏𝑎𝑑𝑚 = 0,18 ∙ 𝜏𝑙𝑟𝑡 𝑜𝑢 0,3 ∙ 𝜏𝑒𝑠𝑐
𝜏𝑎𝑑𝑚 = 161,8 𝑜𝑢 321,9 [Mpa]

Como o menor valor deve ser escolhido, 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 161,8 [MPa]. Foi dado de
projeto, para o Porsche Carrera 993:

Mt = 34,67 [kgf ∙ m] = 34670 [kgf ∙ mm] = 340,11 [N ∙ m]

Para o projeto, será adotada condição extrema, logo, o fator de trabalho


𝐾𝑡 será o máximo, que é igual a 3.

Ao executar o cálculo, encontra-se o valor:

𝐷𝑚𝑖𝑛 = 0,03179 m = 31,79 mm


Com isso, de acordo com a especificação presente nas notas de aula do
professor Márcio Tadeu de Almeida, será selecionado o diâmetro de 40 [mm].

4.2 Diâmetro do eixo do diferencial

Utilizando a mesma metodologia para o dimensionamento do diâmetro


mínimo e condição de máxima tensão admissível do item anterior:

3 16
𝐷𝑚𝑖𝑛 = √ ∗ (𝐾𝑡 ∗ 𝑀𝑡 )
𝜋 ∙ 𝜏𝑎𝑑𝑚

𝜏𝑎𝑑𝑚 = 0,18 ∗ 𝜏𝑙𝑟𝑡 𝑜𝑢 0,3 ∗ 𝜏𝑒𝑠𝑐

𝜏𝑎𝑑𝑚 = 161,8 𝑜𝑢 321,9 [MPa]

Como o menor valor deve ser escolhido, 𝜏𝑎𝑑𝑚 = 161,8 [𝑀𝑃𝑎]. Buscando a
condição de máximo torque no diferencial, utiliza-se para o cálculo a relação de
transmissão da 1ª marcha:

𝑀𝑡 ∙ 𝑖 = 34,67 ∙ 3,82 = 132,44 [𝑘𝑔𝑓 ∙ 𝑚] = 132439,4 [𝑘𝑔𝑓 ∙ 𝑚𝑚]]


= 1299,24 [𝑁 ∙ 𝑚]

Considerando o fator de trabalho como máximo, na hipótese de condição


extrema:

𝐾𝑡 = 3

Ao executar o cálculo, encontra-se para o eixo do diferencial:

𝐷𝑚𝑖𝑛 = 49,69 [𝑚𝑚]

Utilizando a recomendação de diâmetros disponíveis da apostila de notas


de Aula do professor Márcio Tadeu de Almeida, foi selecionado o diâmetro para
o diferencial de 60 [mm].

4.3 Seleção dos mancais

Para os mancais dos eixos que foram dimensionados, foi selecionado o


tipo mancal de contato angular de esferas, carreira dupla. A seleção foi feita a
partir do catálogo SKF, em anexo, considerando a carga a que está sujeito o eixo
e seu diâmetro. A carga foi obtida a partir da razão do momento aplicado ao eixo
por seu diâmetro:

𝑀𝑡 ∙ 𝑖
𝐹𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 = = 43,408 [kN]
𝑅

𝑀𝑡
𝐹𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = = 17,005 [kN]
𝑅

Os esforços são inferiores ao valor de resistência dos rolamentos


selecionados, de forma que a escolha se mostrou adequada. O mancal do eixo
conectado ao diferencial escolhido foi 3212 A-2Z, e o do mancal conectado ao
motor foi 3208 A-2RS1. O esforço máximo de carga dinâmica do mancal do eixo
3212 A-2Z é 73.5 KN, enquanto que para o mancal 3208 A-2RS1 o esforço
máximo é de 48 KN.

4.4 Dimensionamento das engrenagens e pinhão

O dimensionamento das engrenagens e do pinhão são bem mais


complexas que as dos itens anteriores, e por isso os cálculos foram feitos em
através de tabelas no Excel, que estão anexadas no fim do projeto.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NORTON, Robert L. Projeto de Máquinas: Uma abordagem integrada, 4ª ed.


Porto Alegre: Bookman, 2013. 1028 p.
6. ANEXO

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