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Apontamento – Herbert José de Souza

Como se faz Análise de Conjuntura

Em sua obra Como se faz Análise de Conjuntura, Herbert de Souza busca oferecer
elementos metodológicos para a análise da realidade política, com o intuito de que
percebamos mais claramente a conjuntura.
Em sua introdução, o autor explica que uma análise de conjuntura consiste em
identificar “os ingredientes, os atores e os interesses em jogo” (SOUZA, 2009, p.7). Além
disso, aponto que ao “tomarmos decisões baseadas em uma avaliação da situação vista
sob a ótica de nossos interesses ou necessidades” (SOUZA, 2009, p.7), estamos
realizando uma análise de conjuntura. Ademais, destaca que a análise de conjuntura
consiste em um ato político e, mesmo sendo objetiva, não pode ser neutra, pois sempre
estará relacionada a uma visão do sentido e do rumo dos acontecimentos. Toda a análise
de conjuntura só possui um sentido quando usado como um elemento de transformação
da realidade.
No primeiro capítulo da obra, Souza apresenta algumas características para a
análise de conjuntura, sendo elas: acontecimentos, cenários, atores, relações de força e
articulações (relação entre “estrutura” e “conjuntura”). A partir de então, o autor passa a
elucidar cada uma dessas categorias.
Souza inicia a explicação da primeira característica (acontecimento)
diferenciando-a de um fato. Segundo o autor, fato consiste nos mais diversos eventos que
ocorrem e somente quando ganham um caráter de relevância para o país, tornam-se
acontecimentos. Além disso, quando os acontecimentos ganham dimensões que afetam
milhares de pessoas, como uma greve ou uma eleição presidencial, passa a ser designada
como uma ocorrência. O estudioso ressalta que a importância de um fato é algo relativo
à ótica daquele que faz a análise. Ademais, a estratégia e a tática são úteis para se analisar
as ações dos diferentes atores.
A segunda categoria – cenários – consiste no espaço onde as tramas sociais e
políticas de desenvolvem. Esse exerce uma certa influência dentro dos acontecimentos,
uma vez que possui relações de força diferentes em cada cenário. A próxima característica
consiste nos atores, que são aqueles que interpreta um papel dentro da trama de relações
analisadas. A quarta trata-se das relações de força, que “ podem ser confronto, de
coexistência, de cooperação e estarão sempre revelando uma relação de força, de domínio,
de igualdade ou de subordinação. ” (SOUZA, 2009, p.13). Além disso, não são relações
permanentes, o que ilustra o caráter mutável da política.
A última característica para uma análise de conjuntura consiste nas articulações
entre estrutura e conjuntura. Como vimos acima, uma conjuntura consiste em um
acontecimento que impacte milhares de pessoas. Mas esses, não se desenvolvem sem um
pano de fundo. Fatores históricos, sociais e econômicos possuem um papel influenciados
na construção dessas conjunturas. Souza cita o exemplo da seca no Nordeste, essa
constitui uma conjuntura da região, porém tem origens anteriores que influenciaram o
ambiente a se tornar desse jeito, e nisso consiste a estrutura.
Por fim o autor apresenta as duas formas de se analisar a conjuntura, sendo a
primeira a partir da situação ou ponto de vista do poder dominante (lógica do poder) e a
outra, a partir da lógica ou ponto de vista dos movimentos populares, ou seja, das classes
subordinadas ao poder dominante. Vale lembrar o exposto acima, de que as análises de
conjuntura são vinculadas a interesses particulares.

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