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ARTIGO: A Coordenação Federativa de Políticas Públicas: uma análise das políticas brasileiras nas últimas décadas

A COORDENAÇÃO FEDERATIVA DE POLÍTICAS PÚBLICAS:


UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS BRASILEIRAS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

PUBLIC POLICY FEDERATIVE COORDINATION: AN ANALYSIS OF BRAZILIAN POLICIES IN RECENT DECADES


COORDINACIÓN FEDERAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS: UN ANÁLISIS DE LAS POLÍTICAS BRASILEÑAS EN LAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Resumo

Este artigo apresenta o panorama do processo de coordenação de políticas por parte do governo federal no período da pré-Constituição
Federal/88 e entre 1988-2012, contribuindo para explicitar, de modo empírico, a dupla tendência presente no contexto federativo
brasileiro: transferência de recursos e descentralização de competências e de coordenação federal das políticas. Parte-se da revisão
da literatura em que se fundamenta esse debate, acerca dos impactos e resultados do processo de descentralização de políticas sociais
no modelo federativo brasileiro desde a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988. Em seguida, sistematiza-se a evolução
de nove políticas públicas com ênfase em quatro marcos temporais: antes de 1988, as mudanças introduzidas pela CF de 1988, os
movimentos ocorridos ao longo da década de 1990 e os anos 2000. Por fim, apresenta-se uma síntese do panorama atual das políticas
a partir de categorias de análise que permitem identificar, no contexto federativo brasileiro, uma tendência geral de coordenação por
parte do governo federal.

Palavras-chave: Federalismo, políticas públicas, coordenação federativa, descentralização, relações federativas

Gabriela Spanghero Lotta - gabriela.lotta@gmail.com


Doutora em Ciência Política pela USP, mestre e graduada em administração pública pela FGV. Professora do curso de Políticas
Públicas da UFABC.

Renata Gonçalves - rerochagon@uol.com.br


Mestre em administração pública pela FGV, Ministério das Cidades.

Marina Bitelman - marina.bitelman@gmail.com


mestre em administração pública pela FGV

Artigo submetido no dia 04.10.2012 e aprovado em 16.04.2014

Abstract
Public Policy Federative Coordination: An Analysis of Brazilian policies in recent decades
This article presents an overview of the current process of policy coordination conduced by Brazilian federal
government in the period before Brazilian Federal Constitution (1988) and the period after it (1988-2012).
The paper aims to explain, empirically, a dual approach in this federal Brazilian context: transfer of resources
and decentralization of responsibilities and coordination of federal policies. It begins with a literature review
in which it appears that debate, about the impacts and outcomes of decentralization of social policies in the
model from the Brazilian federal enactment of the Federal Constitution of 1988.Then systematizes the evolu-
tion of nine public policies, focusing on four time frames: before 1988, changes introduced by the 1988 Con-
stitution, the movements during the 1990s and the present moment, especially since 2000. Finally, it presents
an overview of the current situation of policies, based on the categories of analysis to identify, in Brazilian
federal context, a general trend of coordination conduced by the federal government.
Key words: federalism, public policies, federal coordination, descentralization, federal relationships.

Esta obra está submetida a uma licença Creative Commons

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 19, n. 64, Jan./Jun. 2014
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Gabriela Spanghero Lotta - Renata Gonçalves - Marina Bitelman

Resumen
El presente artículo presenta el panorama del proceso de coordinación de políticas por parte del
Gobierno Federal en el periodo previo a la Constitución Federal de 1988, y a continuación, entre 1988-
2012, contribuyendo a explicitar, de modo empírico, una doble tendencia presente en el contexto fed-
eral brasileño - de transferencia de recursos y descentralización de competencias y de coordinación
federal de las políticas. De parte de la revisión de la literatura en la que se inserta este debate, acerca
de los impactos y resultados del proceso de descentralización de políticas sociales en el modelo
federal brasileño a partir de la promulgación de la Constitución Federal (CF) de 1988. Luego, se siste-
matiza la evolución de nueve políticas públicas, centrándose en cuatro marcos temporales: antes de
1988, los cambios introducidos por la CF de 1988, los movimientos que se sucedieron a lo largo de
la década de 1990 y los años 2000. Por último, se presenta una síntesis del panorama actual de las
políticas, a partir de categorías de análisis que permiten identificar, en el contexto federal brasileño,
una tendencia general de coordinación por parte del gobierno federal.
Palabras clave: federalismo, políticas públicas, coordinación federal, descentralización, relaciones
federales

INTRODUÇÃO em sua maioria, propõem a estruturação de


políticas nacionais a partir de princípios de
Na literatura brasileira, diversos transferência de recursos e descentralização
autores têm analisado o processo de de ações coordenadas pelo governo federal, o
descentralização de políticas públicas qual, em geral, exige contrapartidas dos entes
promovido a partir da Constituição Federal subnacionais, oferece incentivos e promove
(CF) de 1988 e ao longo da década seguinte, induções que interferem na distribuição das
verificando que isso produziu distintos competências dentro da federação.
resultados ao longo do território nacional, Entretanto, os diversos planos e
tanto entre os estados e municípios, como sistemas nacionais de políticas setoriais
entre as políticas (Arretche, 1999; Almeida, discutidos ou aprovados recentemente não
2000 e 2005). estão ainda retratados na literatura de forma
Junto a essa tendência sistematizada. Assim, este artigo sistematiza
descentralizadora, parte da literatura e apresenta um panorama do modelo atual de
observa, sobretudo recentemente, uma nove políticas públicas, buscando explicitar,
tendência, por parte do governo federal, de modo empírico, a dupla tendência
de coordenação federativa na maioria das presente no contexto federativo brasileiro
áreas de políticas sociais (Abrucio, 2005), (transferência de recursos e descentralização
também identificada por outros autores como de competências), juntamente com a
um processo de recentralização (Almeida, coordenação, realizada pelo governo central,
2005; Arretche, 2005). Esse movimento das políticas nos três níveis da federação.
de coordenação, que pode ser observado Além desta introdução, em que são
em algumas políticas desde a década de apresentados os objetivos pretendidos e
1990 e, em outras, a partir dos anos 2000, a metodologia utilizada, o artigo se divide
expressa-se na formulação de políticas, em três seções. Na primeira, apresenta-
programas e planos nacionais, assim como se uma breve revisão da literatura, em que
na constituição de sistemas únicos, em são discutidos os impactos e resultados do
que se busca a integração das ações dos processo de descentralização de políticas
diferentes entes governamentais. Como se sociais no modelo federativo brasileiro a partir
verá, esses programas, planos e sistemas, da promulgação da Constituição Federal de
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1988 e sua importância ao longo do território anos 2000 com o propósito de destacar
nacional. Na segunda seção, apresenta-se a a tendência geral verificada nas políticas
evolução de nove políticas públicas: Saúde, públicas no Brasil, e são apresentadas
Educação, Assistência Social, Combate à algumas considerações finais sobre os
Pobreza, Habitação, Saneamento, Segurança principais achados deste trabalho.
Pública, Meio Ambiente e Cultura, com ênfase
em quatro marcos distintos de temporalidade: a Descentralização com coordenação?
estrutura das políticas até 1988, as mudanças
introduzidas pela Constituição Federal de 1988, A partir da promulgação da
os movimentos ocorridos ao longo da década Constituição Federal de 1988 e ao longo
de 1990 e, mais recentemente, a primeira da década de 1990, o contexto institucional
década dos anos 2000.1  brasileiro foi marcado por significativas
A metodologia empregada na análise transformações, sobretudo no eixo das
consistiu, inicialmente, em uma breve políticas sociais, cujas transformações
apresentação da evolução de cada uma estão associadas à transferência de um
das políticas, ao longo da temporalidade conjunto expressivo de atribuições e
descrita, quanto à presença de normas competências para os níveis subnacionais
regulamentadoras e de formas de distribuição de governo. Parte da literatura atribui
de competências entre os níveis de governo o movimento de descentralização das
e fontes de financiamento. Em seguida, políticas públicas no Brasil à luta pela
apresenta-se uma síntese do panorama democracia dos anos 1970 e 1980, em
atual das políticas, utilizando as seguintes oposição ao período do regime militar,
categorias de análise: formas institucionais de caracterizado pela excessiva centralização
coordenação federativa (sistemas, políticas, no governo federal que teria produzido
programas ou planos nacionais); princípios; ineficiência, corrupção e ausência de
distribuição de competências e atribuições entre participação no processo decisório
os níveis de governos; fontes de financiamento (Arretche, 1996). Desde a Constituinte, “o
e formas de repasse de recursos; normas país vive um processo de construção das
regulamentadoras e data de aprovação; instituições de um federalismo cooperativo
formas de adesão dos entes subnacionais e descentralizado, que supõe competências
propostas pelo governo federal; existência compartilhadas e um processo permanente
de vinculação constitucional; existência de de negociação dos termos de cooperação”
sistemas de monitoramento e avaliação; (Almeida, 2000:1).
agentes envolvidos na política; presença de Ao longo da década de 1990,
tipos de enquadramento de gestão dos entes os princípios constitucionais foram se
subnacionais, e característica síntese da consolidando a partir da promulgação de
política. O trabalho foi desenvolvido a partir leis e normas que reforçaram a tendência à
de revisão da literatura, estudo das diferentes descentralização na maioria das áreas de
legislações, normas e textos das políticas e política social. A partir do primeiro Governo
análise comparativa deles, considerando, para Fernando Henrique Cardoso, houve uma
tanto, as descrições formais dos programas. alteração da distribuição de competências
Por fim, na terceira seção, analisa- entre municípios, estados e governo
se o padrão de cada uma das políticas nos federal para provisão de serviços sociais,

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sobretudo no sentido da municipalização, sociais universais, um fator fundamental a


como no caso da saúde, em que a totalidade ser observado foi o compromisso (e a efetiva
dos serviços de atenção básica foi transferida realização) do governo federal de liberar
para os municípios, e da educação, na regularmente os recursos acordados. Além
qual houve municipalização significativa da desse fator, ela aponta que é importante
oferta de matrícula no ensino fundamental ressaltar o desenho institucional das
(Arretche, 2002). políticas, o aspecto de que a transferência
Nesse processo, incentivou-se a de recursos foi pautada por mecanismos
participação direta de estados e municípios que envolvem recompensas e sanções
na implementação de políticas originalmente relacionadas à adesão dos municípios,
executadas pelo governo central, transferindo- como também o estabelecimento de regras
se para os governos subnacionais a gestão claras e universais. No entanto, em países
e a prestação de serviços em setores como marcados por alto grau de heterogeneidade,
a educação e a saúde. No entanto, como como é o caso do Brasil, a descentralização
evidencia Arretche (2012), esse processo apresenta resultados contraditórios e cria
de descentralização veio combinado com novas tensões para problemas já existentes,
uma tentativa de não diminuir a importância como os das expressivas desigualdades inter
estratégica do poder central em relação a e intrarregionais (Souza, 2002).
seu papel redistributivo (Faria, 2003), à sua Segundo Souza e Carvalho (1999), as
capacidade de arrecadação tributária e, desigualdades existentes no país se refletem
especialmente, a seu poder de coordenação em significativas diferenças nas condições
das políticas que envolvem outros entes financeiras, institucionais, políticas e técnico-
federativos. administrativas dos entes subnacionais,
De modo geral, a coordenação pode interferindo diretamente em sua capacidade
ser definida como o processo de criação ou de resposta às necessidades e demandas
utilização de regras de decisão pelas quais da população. Sobretudo na esfera local,
diferentes atores se ocupam coletivamente tais heterogeneidades revelam que a maior
de um mesmo campo (Ariznabarreta, parte dos municípios brasileiros, de reduzido
2001), o que, no caso das políticas sociais porte, depende fortemente do governo
brasileiras, se concretiza com o governo federal e dos governos estaduais. Ainda
federal normatizando-as e financiando-as e, segundo as autoras, na década de 1990,
na maioria das vezes, os governos estaduais essa dependência teria aumentado, o que
e municipais implementando as ações. contribuiu para a redução da autonomia e
Segundo Souza (2004), as novas da capacidade de atuação dos estados e
políticas voltadas para a municipalização municípios, aumentando sua dependência
adotadas no final dos anos 1990 tiveram em relação ao poder central e, sobretudo,
suas motivações diversas daquelas que reforçando as desigualdades municipais inter
prevaleceram no processo constituinte, e intrarregionais.
uma vez que seu principal decisor e Alguns argumentos são apresentados
indutor foi o próprio governo federal. A por Arretche (1996) para problematizar e
autora analisa que, no processo brasileiro demonstrar que várias das associações
de descentralização e implementação de positivas acerca da descentralização
políticas de municipalização de programas consensuadas na década de 1980 não se

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sustentam. Cabe destacar aqui o argumento às políticas desenhadas e coordenadas em


defendido pela autora que aponta que, ao nível federal.
contrário da ideia de que a descentralização Os incentivos poderiam ser
implicaria o esvaziamento das funções do caracterizados como vantagens
nível central de governo, reduzindo seu escopo destinadas a estimular o desenvolvimento
de atuação, o sucesso da descentralização de determinadas ações e a realização
depende sobretudo da redefinição do papel de objetivos, concedidas, no caso, pela
estratégico do governo federal em um novo União a outros entes subnacionais, por
arranjo federativo. De acordo com ela, meios tributários e outros. A indução
a supremacia da União, mesmo em um envolve iniciativas que buscam provocar
contexto de incentivos à descentralização, ou iniciar ações, para que certo objetivo
estava colocada na própria CF de 1988, que esperado se realize. A adesão dos entes
transferiu, de modo geral, apenas a execução subnacionais a uma determinada política,
das políticas para estados e municípios, programa ou sistema pode ser voluntária
mantendo ainda o poder do governo federal ou coercitiva, e os incentivos, por sua vez,
para normatização e financiamento da maioria podem representar soluções atraentes
das políticas. Analisando as competências para estados e municípios, mas, em geral,
constitucionais, a autora conclui que o governo são repassados pela União mediante
federal “tem autoridade regulatória para influir condicionalidades preestabelecidas.
decisivamente na agenda política dos governos Sobre esse processo, como analisado
subnacionais” (Arretche, 2012:17). por Almeida (2000), a literatura aponta um
De fato, em concomitância à tendência movimento – já nos finais da década de 1990
descentralizadora reforçada pela Constituição – de recentralização ou de coordenação
de 1988, especialmente a partir da metade federativa na busca de formas eficientes
da década de 1990, ocorreram movimentos para enfrentar a pobreza extrema, buscando-
centralizadores, tanto referentes à regulação se evitar a instrumentalização clientelista
das relações fiscais entre os níveis de governo de programas pelas elites locais. A autora
quanto à redefinição das responsabilidades na afirma que é possível perceber diferentes
provisão de serviços sociais, produzindo-se um graus de descentralização e cooperação,
arranjo complexo em que coexistem tendências ao mesmo tempo em que em algumas
centralizadoras e descentralizadoras no áreas reintroduziram a centralização da
cenário federativo brasileiro (Almeida, 2005). decisão, os recursos e a implementação na
Embora a literatura apresente esfera federal. Para Arretche (2008), esse
argumentos distintos para esse movimento, processo de recentralização teve o propósito
seja analisando-o como tendência em de construir patamares homogêneos de
direção à recentralização, seja em direção à políticas públicas para estados e municípios,
coordenação, fala-se aqui de um movimento de considerando-se a dificuldade de alguns
fortalecimento do governo federal no sentido municípios, durante os anos 1990, de
de coordenar políticas e diretrizes nacionais investirem em algumas áreas de políticas
a serem implementadas pelos estados e públicas. Ao longo desse processo, afirma
municípios, considerando padrões comuns de a autora, em muitas áreas de políticas
ações e repasses de recursos a elas, além de sociais, os municípios deixaram de tomar
incentivos e induções para a adesão dos entes decisões sobre macropolíticas e passaram

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a ser executores de decisões tomadas Com a redemocratização, a


em nível federal, a partir de regulações e descentralização de políticas passa a
contrapartidas estabelecidas. depender da adesão dos níveis de governo
Arretche (2005) também afirma que, subnacionais, e o jogo federativo de barganhas,
por um lado, maiores graus de autonomia dão negociações, coalizões e induções das esferas
aos entes subnacionais a possibilidade de superiores de poder, exigindo processos de
não aderirem às políticas federais, diminuindo coordenação intergovernamental (Abrucio,
o poder do governo central de colocar em 2005). Segundo Abrucio (2005), nos
prática os programas federais que envolvem últimos anos, a complexidade das relações
estados e municípios; contudo, por outro intergovernamentais aumentou, sobretudo
lado, a dependência de estados e municípios devido à convivência de tendências
fracos exige que a União despenda maiores conflituosas, entre as quais se destacam:
esforços e transferências para alcançar seus maior exigência ao desempenho dos
objetivos. Nesses casos, ao menos, como governos, com fortes pressões por economia,
aponta a autora, governos sem capacidade eficiência e efetividade; aumento da demanda
para arrecadar tributos em montante por autonomia de governos locais e/ou grupos
suficiente para suprir as demandas de seus étnicos, somado ao fato de que governos
cidadãos “tendem a incorporar à sua agenda e coalizões nacionais se deparam com a
as orientações políticas do nível de governo necessidade de enfrentamento de problemas
que de fato tem controle sobre tais recursos”; causados pela fragmentação, e urgência
além de que, ainda que tenham recursos, de reforço das instâncias nacionais para
podem “dispor de limitada autonomia para organizar melhor a inserção internacional
definir sua própria agenda, porque suas do país e reduzir os aspectos negativos da
políticas são financiadas basicamente com globalização, quando, por outro lado, também
transferências vinculadas” (Arretche, 2005). aumenta a interface dos governos locais
As transferências federais são hoje com outras estruturas de poder que não os
a principal fonte de receita dos governos governos centrais.
locais e, em segundo lugar, as transferências Nos primeiros anos do Governo Lula,
condicionadas universais. Ambas as formas algumas ações institucionais foram iniciadas
acabam operando para reduzir desigualdades em relação à coordenação federativa,
de receita entre as unidades federativas e conforme destaca Abrucio (2005), as quais
criar incentivos com o objetivo de alinhar abrangem o fortalecimento da Secretaria de
as prioridades dos governos locais às do Assuntos Federativos, a criação do Ministério
governo federal. Como resultado dessas das Cidades, unificando as políticas urbanas
transferências, argumenta Arretche (2012), em um só órgão, e a reestruturação da política
as prioridades de gastos dos governos regional, com o Ministério da Integração
municipais não têm comportamento caótico, Nacional.
mas seguem um padrão previsível com base Assim, esses conflitos e dilemas
na regulação federal. É possível, portanto, colocam a coordenação federativa como
nesse contexto, combinar a execução uma questão fundamental para as políticas
descentralizada de serviços públicos com a sociais, implicando a discussão de questões
centralização de autoridade sobre as regras que vão além da dicotomia centralização
de execução. versus descentralização. Nesse sentido,

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torna-se necessária a busca por caminhos que estabelecer políticas, diretrizes ou normas
possibilitem melhor adequação e equilíbrio gerais cabe à União, enquanto se confere
entre competição e cooperação, entre o aos estados, ou mesmo aos municípios,
governo central e os demais níveis e governo. competência suplementar (Silva, 2008).
Considerando esse debate da literatura, a No tocante à maioria das políticas
seguir são apresentadas e analisadas nove sociais, a CF definiu competências comuns
políticas sociais, a fim de se observar como à União, aos estados e aos municípios
essa possível coordenação federativa tem nas áreas de saúde, assistência social,
se efetivado, levando em conta as mudanças educação, cultura, habitação e saneamento,
históricas e institucionais das políticas, bem meio ambiente, proteção do patrimônio
como a distribuição de autoridade sobre a histórico, combate à pobreza e integração
normatização e regulamentação atuais. social dos setores desfavorecidos e
educação para o trânsito (art. 23). Foram
As políticas sociais duas décadas após a estabelecidas competências concorrentes
Constituição Federal de 1988 aos governos federal e estaduais em
áreas como proteção ao meio ambiente
Como mencionado, a CF de 1988 e aos recursos naturais, conservação do
constituiu um importante marco institucional no patrimônio cultural, artístico e histórico,
contexto federativo brasileiro, cujos impactos saúde e previdência social (art. 24). A partir
e transformações foram se desdobrando ao da CF, a “tendência à descentralização
longo das duas últimas décadas. Entre as várias se impôs em todas as áreas de política
mudanças introduzidas, destaca-se a definição social, exceto previdência e ciência e
de competências exclusivas, privativas e tecnologia, que continuaram basicamente
principiológicas combinadas a competências sob responsabilidade federal”. (Almeida,
comuns e concorrentes, repartidas de acordo 2000:4).
com o princípio da predominância do interesse. A seguir, apresenta-se, de maneira
A essa separação de campos específicos, sistematizada, com base nos marcos de
combinam-se ainda possibilidades de temporalidade, a evolução de cada uma
delegação, áreas comuns em que se prevêem das políticas quanto à presença de normas
atuações paralelas da União, estados, DF regulamentadoras, formas de distribuição
e municípios, e setores concorrentes entre de competências entre os níveis de governo
União e estados em que a competência para e fontes de financiamento.

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Saúde

1
Fonte: Almeida (2000).2 Fonte: Portarias, NOBs e Leis referentes ao SUS. GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; SUS =
Sistema Único de Saúde; FPAS = Fundo de Previdência, Assistência e Saúde; NOAS = Norma Operacional da Assistência à Saúde; AB =
Atenção Básica

Assistência Social

1
Fonte: Almeida (2000). 2 CNM (2013). U = União; GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; FPAS = Fundo de Previdência; AS =
Assistência Social; PNAS = Política Nacional de AS; NOB = Norma Operacional Básica.

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Habitação

1
Fonte: Almeida (2000).2 Arretche (1996).3 Lei de criação do SNHIS e FNHIS, Lei de criação do PlanHab
U = União; GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; FGTS = Fundo Garantidor de Tempo de Serviço; SNH = Secretaria
Nacional de Habitação; SNHM = Sistema Nacional de Habitação de Mercado; SNHIS = Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social;
Planhab = Plano Nacional de Habitação.
Saneamento

1
Fonte: Almeida (2000).2 Lei de criação do SNSA, Lei de Criação do Plansab
GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; FGTS = Fundo Garantidor de Tempo de Serviço; SNSA = Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental; Plansab = Plano Nacional de Saneamento Básico.

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Cultura

1
Fonte: Almeida (2000).2 Lei de criação do Sistema Nacional de Cultura, Lei de Criação do Plano Nacional de Cultura. GF = Governo
Federal; E = Estados; M = Municípios; EC = Emenda Constitucional.

Segurança Pública

1
Fonte: Almeida (2000).2 Lei de criação do Pronasci, Proposta de criação do SUSP
GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; SP = Segurança Pública; GGI = Gabinete de Gestão Integrada; PL = Projeto de Lei.

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Meio Ambiente

1 Fonte: Almeida (2000). GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; Sisnama = Sistema Nacional do Meio Ambiente.

Educação

1
Fonte: Almeida (2000).3 Lei de criação do Fundeb. GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios; ES = Ensino Superior; EM =
Ensino Médio; EF = Ensino Fundamental; EI = Ensino Infantil; EJA = Educação de Jovens e Adultos.

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Combate à pobreza

1 Fonte: Almeida (2000).3 Normas do Programa Bolsa Família e do Fome Zero


GF = Governo Federal; E = Estados; M = Municípios

A seguir, apresenta-se um quadro geral com uma síntese comparativa do panorama recente
das políticas, organizado a partir de algumas categorias de análise.

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Quadro com o panorama das políticas públicas em 2010

GF: Governo Federal; E: Estados; M: Municípios. *As receitas vinculadas são os recursos orçamentários que têm destinação especificada
em lei. Os recursos são transferidos automaticamente para os entes subnacionais.

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Considerações finais Analisando-se, ainda que de maneira


sintética, as nove políticas públicas, verificou-
Dado que expressivas desigualdades se que, no atual contexto federativo brasileiro,
e heterogeneidades regionais caracterizam caminha-se para um claro movimento geral
o Estado federativo brasileiro e, ainda, que de coordenação federal, o qual se expressa
mais de uma esfera de governo atua sobre na criação de sistemas, planos ou programas
um mesmo território e população, é de fun- nacionais com incentivos à adesão dos en-
damental importância o debate a respeito tes subnacionais, combinada à exigência de
da coordenação de políticas. Coordenação, contrapartidas a serem cumpridas por parte
que, por parte do governo federal, envolve, desses entes, como a institucionalização de
além da articulação entre diferentes níveis de conselhos e fundos, por exemplo, e o atendi-
governo, os mecanismos de incentivos e in- mento a padrões de execução das políticas.
dução, as normatizações, os bons desenhos Nos anos 2000, as políticas apresentam em
de programas, a redefinição da atribuição comum a lógica da transferência de recursos,
de responsabilidades e competências, as muitas vezes fundo a fundo (ao menos em
transferências de recursos e a organização sua concepção), da regulamentação federal
e capacitação de quadros técnicos (tanto do de padrões e definição de competências, da
órgão coordenador quanto dos órgãos de adesão voluntária e da previsão de sistemas
quem está na ponta da implementação), en- de informação e de monitoramento e avalia-
tre outros aspectos. ção que permitem coordenação federal.
Quadro síntese da coordenação das políticas no contexto federativo dos anos 2000

Esses movimentos corroboram as por outro gera maior homogeneidade em


evidências encontradas por Arretche (2012) termos de investimentos e políticas a serem
a respeito do movimento de fortalecimento realizadas por todos os entes federativos,
do governo federal como normatizador e como argumenta parte da literatura.
financiador enquanto estados e municípios Nesse sentido, é possível perceber
aparecem como executores das políticas. arranjos que, embora dêem caráter
Esse movimento tem ao menos duas normatizador ao governo federal, criam
consequências: se, por um lado, enfraquece instâncias específicas e institucionalizadas
municípios e estados no âmbito da federação, para negociação entre os vários entes

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federativos – como é o caso do SUS e do homogeneizadora das políticas no território,


SUAS. ao menos em termos dos desenhos
Outra consideração importante que construídos. Embora se esteja observando,
se pode extrair das evidências apresentadas em comum entre as políticas, a constituição
é a respeito do papel destinado aos estados de sistemas, planos e programas nacionais
no arranjo federativo brasileiro. Boa parte da com a coordenação federal, eles também
literatura argumenta o enfraquecimento dos resultam das especificidades, naturezas
governos estaduais no desenho apontado pela e legados históricos de cada uma das
Constituição. O que se percebe nos esboços políticas, assim como das distintas
dos arranjos apresentados é que, na maioria capacidades dos entes subnacionais nas
das vezes, os governos estaduais aparecem diferentes áreas setoriais.
como apenas mais um ente federativo, em As políticas analisadas carregam
graus similares aos dos municípios, com distintos legados e desenvolvimentos
poucas responsabilidades diferenciadas, institucionais, inserem-se em diferentes
inclusive em termos de coordenação de arenas e envolvem atores e coalizões que
municípios. Essa evidência, que merece ser variam entre as políticas e ao longo do tempo,
mais bem explorada, parece corroborar o que colocando ainda uma série de desafios
parte da literatura sinaliza e demonstra que há que demandam estudos específicos
um enfraquecimento ou indefinição do papel mais aprofundados. O panorama geral do
dos estados nesses sistemas e programas quadro das políticas públicas, no Brasil
nacionais construídos. na primeira década dos anos 2000, revela
Destaca-se, ainda, a partir dos anos uma tendência convergente entre as
2000, o aumento significativo da incorporação políticas no sentido da coordenação por
de processos e instâncias participativas parte do governo federal, indicando novos
no âmbito das políticas, que se traduzem padrões de relações intergovernamentais
na realização de conferências nacionais no contexto federativo brasileiro.
organizadas pelo governo federal, bem como na Contudo, ao final da década, já é
criação de conselhos nacionais das políticas e possível identificar os rumos que esse
conselhos gestores de fundos setoriais, ambos padrão de políticas foi seguindo. As
com previsão similar no âmbito das esferas previsões de criação de institucionalidades,
subnacionais. competências e mecanismos de
É interessante destacar também que descentralização constantes nas
alguns sistemas e programas apontam, normativas das políticas nacionais
ao menos em temos normativos, para tomaram rumos e graus de efetivação
uma tendência à integração entre políticas distintos. Na prática, aspectos como
de diferentes áreas, contribuindo-se para repasse fundo a fundo, implementação
o rompimento de padrões de excessiva das ações previstas nos planos nacionais
fragmentação setorial. e fortalecimento de conselhos deliberativos
Pode-se considerar que esse movimento não se concretizaram em todas as políticas
de coordenação expressa, de certo modo, um setoriais.
fortalecimento do papel do governo central na A partir do segundo Governo Lula
coordenação de políticas o que, entretanto, e primeiro Governo Dilma, identifica-se
não significa necessariamente uma tendência um movimento do governo central para

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Gabriela Spanghero Lotta - Renata Gonçalves - Marina Bitelman

fortalecer grandes programas federais – a Sociais, São Paulo, a.10.


exemplo do Programa Brasil sem Miséria,
Programa de Aceleração do Crescimento, Ariznabarreta K. (2001). Capital social,
Programa Minha Casa Minha Vida –, cultura organizativa y transversalidad en la
que aportam montantes significativos de gestion pública. In Congreso Internacional
recursos federais e são formulados e geridos Del Clad Sobre La Reforma Del Estado Y La
diretamente pelo governo federal, de modo Administración Pública (6, 5-9 nov). Buenos
geral, ao largo das institucionalidades Aires.
previstas no âmbito das políticas nacionais.
De maneira geral, esses programas inserem- Ariznabarreta K. (2006). Métodos de
se em um contexto no qual o governo federal constituição das instâncias decisórias –
vem ocupando um papel de protagonismo Federalismo. In Reforma Política no Brasil.
no planejamento e na condução de grandes Belo Horizonte: Editora UFMG.
projetos, sejam eles relacionados aos
megaeventos esportivos que serão sediados Arretche, M. (2012). Democracia, federalismo
no país, ao desenvolvimento da rede de e centralização no Brasil. (Vol.1, 1 ed., 227
infraestrutura brasileira, ao enfrentamento do p.) Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas/
deficit habitacional ou à redução da pobreza. Fiocruz.
Contudo, essas são apenas indicações
de uma nova tendência característica dos Arretche, M. (2008, maio). Palestra
últimos governos – inserida em um marco apresentada ao Seminário do Departamento
temporal não abarcado no âmbito da de Ciência Política da Universidade de São
elaboração deste trabalho –, mas pode ser Paulo.
apontada como um movimento recente, que
merece novas investigações. Arretche, M. (2005). Quem taxa e quem gasta:
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A Coordenação Federativa de Políticas Públicas: uma análise das políticas brasileiras nas últimas décadas

Estado, descentralização e desigualdades.


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públicas? Revista Brasileira de Ciências
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no Brasil: da constituição de 1988 aos sistemas recentes disponíveis em sítios eletrônicos) parte do
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(Vol. 7, n. 3, pp.431-442). como periodização três marcos: Antes de 1988;
Constituição de 1988 e Normas e Políticas Atuais
Souza, C. e Carvalho, I. (1999). Reforma do (2000).

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