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Marx parte do principio de que o valor de toda mercadoria depende

unicamente da quantidade de trabalho empregada em sua produção.


Marx coloca este princípio no ápice de sua teoria, dedicando-lhe uma
explicação extensa e fundamentada.
Marx encontra a solução dizendo que existe uma mercadoria cujo valor
de uso tem a singular faculdade de ser uma fonte de valor de troca.
Essa mercadoria é a 'capacidade de trabalho', ou seja, a força de
trabalho. No primeiro, Marx exclui todas as "características geométricas,
físicas, químicas ou quaisquer outras características naturais das
mercadorias". Isso porque "suas características físicas só serão levadas
em conta na medida em que as tornam úteis, portanto as transformam
em valores de uso. Mas por outro lado, a relação de troca das
mercadorias aparentemente se caracteriza pela abstração de seus
valores de uso". Pois "dentro dela (da relação de troca) um valor de uso
cabe tanto quanto outro qualquer, desde que exista aí em proporção
adequada".

Mas coisa pior acontece com o passo seguinte dessa cadeia de


argumentação. "Se abstrairmos do valor de uso das mercadorias", diz
Marx textualmente, "resta-lhes só mais uma característica: a de serem
produtos de trabalho". Será mesmo? Só mais uma característica?
Acaso bens com valor de troca não têm, por exemplo, outra
característica comum, qual seja, a de serem raros em relação à sua
oferta? Ou de serem objetos de cobiça e de procura? Ou de serem ou
propriedade privada ou produtos da natureza?

O que diria Marx do argumento que segue? Em um palco de ópera, três


cantores, todos excelentes — um tenor, um baixo e um barítono —,
recebem, cada um, um salário de 20.000 moedas por ano. Se alguém
perguntar qual é a circunstância comum que resulta na equiparação de
seus salários, respondo que, quando se trata de salário, uma boa voz
vale tanto quanto outra: uma boa voz de tenor vale tanto quanto uma
boa voz de baixo, ou de barítono, o que importa é que a proporção seja
adequada. Assim, por poder ser, "aparentemente", afastada da questão
salarial, a boa voz não pode ser a causa comum do salário alto

Portanto, para Marx, a mais-valia é uma consequência do fato de o


capitalista fazer o trabalhador trabalhar para ele sem pagamento
durante uma parte do dia. O dia de trabalho se divide, assim, em duas
partes: na primeira, o "tempo de trabalho necessário", o trabalhador
produz seu próprio sustento, ou o valor deste; por essa parte do
trabalho, ele recebe o equivalente em forma de salário. Durante a
segunda parte, o "superávit em tempo de trabalho", ele é "explorado", e
produz a "mais-valia", sem receber qualquer equivalente por
ela.Portanto, o capital não é apenas controle sobre o trabalho, como diz
Adam Smith. É essencialmente controle sobre o trabalho não-pago.
Toda a mais-valia, seja qual for a forma em que vá se cristalizar mais
tarde — lucro, juro, renda etc. — é, substancialmente, materialização de
trabalho não pago. O segredo da autovalorização do capital reside no
controle que exerce sobre determinada quantidade de trabalho alheio
não pago. Marx, as mercadorias produzidas pelos trabalhadores são
vendidas por um valor que é igual ao tempo de trabalho socialmente
necessário para produzi-las; sendo assim, em um mundo justo, cada
trabalhador deveria ganhar um salário equivalente ao fruto integral de
seu trabalho, isto é, equivalente ao valor exato da mercadoria que ele
produziu.

Consequentemente, o capitalista, que não efetua trabalho físico, retém


para si uma parte do valor desses bens que os trabalhadores
produziram, e ele consegue fazer isso graças ao seu monopólio dos
meios de produção

Falando mais especificamente, o capitalista remunera o trabalho com


$100 (D), esse trabalho gera mercadorias (M), e essas mercadorias são
vendidas por $120 (D'). Segundo Marx, isso só é possível de ocorrer
porque há uma parte do trabalho que não foi remunerada pelo
capitalista (D'-D), mas que de fato produziu mercadorias com um valor
de troca.

mas sim ao tempo que o capitalista tem de esperar para auferir essa
receita e ao risco que ele tem de assumir ao incorrer nesse processo
produtivo. Dito de outra maneira, assim como a mão-de-obra é um fator
de produção, o tempo e o risco também o são (se não estamos dispostos
a esperar e a assumir riscos, não há como haver produção, por maior
que seja a quantidade de trabalho abstrato em que incorramos).

Dado que o capital que é adiantado na forma de salários e na forma de


maquinário para os trabalhadores supõe também uma espera e uma
assunção de riscos para o capitalista, não seria mais correto dizer que a
"mais-valia" do capitalista advém não de um assalto ao trabalhador, mas
sim da remuneração desses fatores de produção (tempo e risco)?

Os capitalistas, ao adiantarem seu capital e sua poupança para todos os


seus fatores de produção (pagando os salários da mão-de-obra e
comprando maquinário), esperam ser remunerados pelo tempo de
espera e pelo risco que assumem. Por outro lado, os trabalhadores, ao
receberem seu salário no presente, estão trocando a incerteza do futuro
pelo conforto da certeza do presente.

O fato de o trabalhador não receber o "valor total" da produção futura


não tem nada a ver com exploração; simplesmente reflete o fato de que
é impossível o homem trocar bens futuros por bens presentes sem que
haja um desconto. O pagamento salarial representa bens presentes, ao
passo que os serviços de sua mão-de-obra representam apenas bens
futuros.
A relação trabalhista, longe de ser uma situação de exploração, é apenas
uma relação de troca entre bens presentes (o capital do capitalista) por
bens futuros (os bens que serão produzidos pelos trabalhadores e pelo
maquinário utilizado, e que só estarão disponíveis no futuro).

O capital acaba por determinar o metabolismo social de toda a sociedade, se impondo


pela força da lei e dos costumes. Marx coloca a seguinte expressão: “a história de todas
as sociedades não deixa negar que as idéias dominantes de uma época são as idéias da
classe social dominante”. No sistema do capital as idéias dominantes são as idéias da
classe burguesa (proprietários dos meios de produção, indústrias, bancos, terras...).
Seus valores: consumismo, individualismo, “endeusamento” da propriedade privada,
promovem a alienação do trabalho e da existência do ser humano, esse processo seria
definido por Gramsci, como ”desumanização do ser”. A ideologia (conjunto de idéias e
valores que visa manter uma determinada ordem social) para Lênin seria o elemento
necessário para a formação de uns tantos “operários de barriga, mas burgueses de
cabeça”, cegos diante de sua realidade e de sua condição de explorados

Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra


em constante processo de mudança. O motor da mudança são os
conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. A luta
de classes, que seria, portanto, o motor das mudanças
sociais, refletiria as diferenças materiais que se instauram
no meio social. Essas mudanças poderiam ocorrer de
forma gradual ou, em casos extremos de desigualdade, por
meio de revoluções.
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de
classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e
aprendiz; numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa
guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma
transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta

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