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A Reforma Trabalhista um mês

após a vigência – o que nos


dizem as primeiras decisões
Rafael Lara Martins
Contextualizando a Reforma
• Lei 13.467/2017, em vigor 11/11/2017;
• MP 808, de 14/11/2017;

Os juízes não vão aplicar as novas leis trabalhistas?


Nem eles se entendem:
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/20
17/11/07/nem-os-juizes-chegam-a-acordo-sobre-
as-novas-leis-trabalhistas.htm
A intertemporalidade material...

MP 808/2017

Art. 2º O disposto na Lei nº 13.467, de 13 de


julho de 2017, se aplica, na integralidade, aos
contratos de trabalho vigentes.
A intertemporalidade processual...
• aplicação imediata dos atos processuais;
• teoria do isolamento dos atos processuais

• Princípio da não surpresa;


• Natureza jurídica híbrida
Precisamos de criatividade!

• Advogados mapeiam juízes após a Reforma:


http://m.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1
942119-por-whatsapp-advogados-mapeiam-
juizes-apos-reforma-trabalhista.shtml
VT de Luziânia
DA APLICABILIDADE DA LEI Nº 13.467/2017 - DO DIREITO
INTERTEMPORAL
A Reforma Trabalhista imposta pela Lei 13.467 e as modificações
geradas não se aplicam às relações de emprego regidas e
extintas sob a égide da Consolidação de Trabalho, sob pena de
violação ao direito adquirido do empregado e às condições de
trabalho muito mais vantajosa. Para contratos extintos ou que
ainda estão em vigor aplica-se as estipulações que já o regiam,
não se podendo alterar situações já consolidadas e que fazem
parte do patrimônio jurídico do trabalhador.
O Direito intertemporal visa a estabelecer a aplicabilidade da
nova lei a situações jurídicas em curso e iniciadas na vigência na
lei antiga em relação a uma sucessão de regras jurídicas.
VT de Luziânia
(...)
Considerando os fundamentos expostos, julgo aplicável a esta
demanda a legislação de ordem material anterior a Reforma
Trabalhista, em respeito às garantias previstas em sede
constitucional, com destaque para os princípios da
Estabilidade e Segurança Jurídica.

JUSTIÇA GRATUITA
Defiro os benefícios da justiça gratuita ao reclamante, na forma
do art. 790, §3º, da CLT, face a presunção legal absoluta de
insuficiência de recursos para a demanda, uma vez que o salário
do autor e inferior a 40% do limite do Regime Geral da
Previdência Social.
VT de Luziânia
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A presente ação trabalhista foi ajuizada antes da entrada em
vigor da Lei 13.467/2017, de modo que justifico a não adoção
das novas disposições relativas aos honorários periciais e
sucumbenciais nos processos ajuizados antes da entrada em
vigor da referida lei.
À época do ajuizamento desta demanda, os honorários
advocatícios não eram devidos pela mera sucumbência nas
relações de emprego, mas exclusivamente para os casos em que
a entidade patrocinasse a demanda. O artigo 14 da Lei 5.584/70
exigia, ainda, a assistência sindical para a condenação da
reclamada nos honorários advocatícios. Nesse sentido, aliás, já
estava consolidada a posição do E. TST, conforme o teor das
Súmulas 219 e 329.
VT de Luziânia
Na hipótese dos autos, tendo a ação sido ajuizada antes da
vigência da referida lei e por se tratar de direito de natureza
híbrida (feição processual e efeito material), entendo que se
deve observar a legislação vigente ao tempo da prática do ato
processual (petição inicial), de modo a se garantir tanto o
princípio da igualdade, pois dessa maneira evita-se inclusive a
possibilidade de decisões díspares em processos idênticos
ajuizados no mesmo dia, a depender da data em que se der o
julgamento da ação; quanto o direito processual adquirido de
litigar sem os riscos da sucumbência e, ainda, em observância
ao princípio da vedação à decisão surpresa, pois, ao dar início à
presente demanda, a parte autora não poderia prever a
possibilidade de ser condenada em honorários sucumbenciais.
VT de Luziânia
Esse entendimento, inclusive, foi o adotado recentemente pelo
STJ, que editou o Enunciado Administrativo n. 07:
"Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a
partir de 18 de março de 2016, será possível o arbitramento de
honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 1º,
do novo CPC."
Com efeito, no que diz respeito aos honorários sucumbenciais,
entendo que deve ser aplicada a lei vigente ao tempo do
ajuizamento desta demanda.
No caso em análise, indefiro o pedido de condenação da
reclamada nos honorários advocatícios, haja vista o reclamante
não estar acompanhado pelo sindicato da sua categoria, nos
termos da Lei 5.584/70 e das súmulas 219 e 329 do E. TST.
2ª VT de Rio Verde
(...)
As leis processuais são aplicáveis de imediato, aplicando-se a
máxima tempus regit actum, inclusive para os processos em
curso, nos moldes previstos no art. 14 do CPC, aplicável
subsidiariamente ao processo do trabalho [art. 15 do CPC]:
"A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas
sob a vigência da norma revogada". (continua)
Especialmente quanto aos honorários de sucumbência o
marco temporal a ser utilizado é a sentença, conforme o
entendimento pacífico do STJ: (...)
2ª VT de Rio Verde
Na mesma linha tratou o STF quando editou a Súmula
509 do STF: "A Lei nº 4.632, de 18.5.65, que alterou o
art. 64 do Código de Processo Civil, aplica-se aos
processos em andamento, nas instâncias ordinárias".
Cabe ressaltar que a situação introduzida pela Lei
4.632/1965, que previu os honorários pela mera
sucumbência, alterando o CPC/1939, que impunha os
honorários apenas no caso de dolo ou culpa,
assemelha-se com a advinda com as alterações
trazidas pela Lei 13.467/2017. (Continua)
2ª VT de Rio Verde
Quanto ao disposto no § 4º do art. 791-A da CLT, não há
inconstitucionalidade, uma vez que não impede o acesso ao
Poder Judiciário.
A decisão que deferir os benefícios da justiça gratuita pode
ser revista se a parte contrária provocar o juízo e comprovar
que a situação econômica foi alterada, ocasionando, assim, a
execução dos honorários sucumbenciais e periciais.
Caso os valores recebidos pela parte, na própria ação ou em
outra, não sejam suficientes para suportar os honorários
sucumbenciais e periciais, persistirá o benefício da justiça
gratuita e os valores devidos a título de honorários
[sucumbenciais e periciais] permanecerão sob condição
suspensiva de exigibilidade. (continua)
2ª VT de Rio Verde
Desse modo, na prolação da sentença, este Juízo,
em relação às normas processuais, aplicará a lei
vigente no momento de sua assinatura.
A fim de privilegiar o contraditório e a ampla
defesa, nos moldes do art. 10 do CPC, manifestem-
se as partes, no prazo comum de 5 dias, quanto à
aplicação das normas processuais da Lei
13.467/2017.
Em seguida, retornem os autos conclusos para
sentença. (RTOrd-0010437-69.2017.5.18.0102)
Quando o TRT18 vai se posicionar?

- o perigo dos enunciados publicados -


2ª Turma TRT 18
(...) O ordenamento jurídico pátrio adota a teoria do
isolamento dos atos processuais, consoante disposto
no art. 14 do N. CPC. Nesses termos, a lei nova deve
ser aplicada exclusivamente aos atos processuais
praticados sob sua vigência.
Nesta reclamatória, o ajuizamento da petição inicial, a
notificação inicial, a apresentação de defesa e a
prolação da sentença foram realizadas sob a égide da
legislação anterior, não havendo falar, desse modo,
em exigência de liquidação dos pedidos.
3ª Turma TRT18

Registro que, ao contrário do alegado pela


Reclamada, não há se falar em aplicação da
Lei 13.467/2017 no presente caso, uma vez
que o contrato de trabalho da Autora teve
início antes da vigência da referida lei. (RO -
0011112-66.2016.5.18.0005, Publicação do
DEJT: 04/12/2017)
E o TST?
2ª Turma TST
INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL.
PAGAMENTO INTEGRAL. NATUREZA JURÍDICA.
(...)
Ademais, encontra-se pacificado, no âmbito desta Corte, nos
termos da Orientação Jurisprudencial nº 354 da SBDI-1 desta
Corte, convertida na Súmula nº 437, item III, o entendimento
de que a parcela paga a esse título, em relação ao período
anterior ao advento da Lei nº 13.467/2017, possui natureza
salarial, repercutindo, portanto, no cálculo das demais verbas
salariais. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR-0001060-
62.2013.5.15.0146, Relator Min. José Roberto Freire
Pimenta)
6ª Turma TST
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE
ASSISTÊNCIA SINDICAL. A Corte Regional deferiu o
pedido de pagamento de honorários advocatícios sem
que o reclamante estivesse assistido por sindicato da
categoria. Até a edição da Lei 13.467/2017, o
deferimento dos honorários advocatícios na Justiça do
Trabalho estava condicionado ao preenchimento
cumulativo dos requisitos previstos no art. 14 da Lei
5.584/70 e sintetizados na Súmula nº 219, I, desta Corte
(sucumbência do empregador, comprovação do estado
de miserabilidade jurídica do empregado e assistência do
trabalhador pelo sindicato da categoria).
(continua)
6ª Turma TST
A Lei 13.467/2017 possui aplicação imediata no que
concerne às regras de natureza processual, contudo, a
alteração em relação ao princípio da sucumbência só
tem aplicabilidade aos processos novos, uma vez que
não é possível sua aplicação aos processos que foram
decididos nas
instâncias ordinárias sob o pálio da legislação anterior e
sob a qual se analisa a existência de violação literal de
dispositivo de lei federal. Verificada contrariedade ao
entendimento consagrado na Súmula n.º 219, I, do TST.
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento.
6ª Turma TST
(...)
Não se trata de negar vigência à nova lei, mas de aferir
qual a lei aplicável no momento em que a decisão
recorrida foi proferida, para então verificar se houve ou
não violação literal do dispositivo indicado pela parte
recorrente.
Com efeito, a Lei 13.467/2017 instituiu o regime de
sucumbência no âmbito do Processo do Trabalho(art.
791-A, da CLT), que deve ser aplicada aos processos
novos, contudo, não pode ser aplicada aos processos
que já foram decididos nas instâncias ordinárias sob a
vigência da lei anterior. (TST-RR-20192-
83.2013.5.04.0026)
Cada cabeça uma sentença...
Obrigado!

rafael@laramartinsadvogados.com.br

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