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Ajinomoto investe para disputar cliente de refresco em pó

Segmento que cresce 20% ao ano, e é liderado pela Kraft Foods, também atrai a catarinense Breztke
Claudia Facchini e Vanessa Jurgenfeld De São Paulo e Florianópolis
Enquanto o sonhado crescimento da renda não vem, os brasileiros mantêm-se fiéis ao
binômio bom e barato. Consumidos tipicamente em países pobres, os refrescos em pó
permanecem em alta nos supermercados e continuam atraindo novos investimentos. A
japonesa Ajinomoto, dona da marca Mid, irá gastar R$ 80 milhões para dobrar sua
capacidade de produção no país. A meta é elevar sua participação de mercado dos atuais
9,3% para 20%.

Apesar de estar associado a classes de baixa renda, o setor é dominado pelas grandes
multinacionais. A americana Kraft Foods, dona do Tang, lidera bem na frente, respondendo
por 29% das vendas no bimestre junho/julho, segundo dados da AC Nielsen. A Ajinomoto
assumiu o segundo o lugar no período. Em terceiro, vem a marca Frisco, da Unilever, com
uma participação de 5,6%.

A presença de gigantes, no entanto, não desencorajou a Bretzke, que saiu de uma


concordata. A indústria de alimentos com sede em Jaraguá do Sul (SC), decidiu estrear no
segmento de refrescos em pó e lançou, há cerca de 15 dias, a sua primeira linha, a
Kinabalu. A empresa, conhecida por fabricar o achocolatado Muky e gelatinas em pó,
adaptou a tecnologia já existente em sua fábrica e investiu cerca de R$ 100 mil, para entrar
nesse novo mercado.

Nos últimos anos, as tubaínas passaram a ser um forte concorrente mas não chegaram a
ameaçar o reinado de décadas dos refrescos em pó - muita gente que hoje está na faixa dos
30, 40 anos, com certeza, bebeu Q-Suco e Q-Refresco quando era criança.

Até 60% mais baratos do que uma Coca-Cola, as vendas dos refrescos em pó crescem a
taxas de 20% ao ano. Em 2004, segundo a AC Nielsen, o mercado movimentou R$ 1,4
bilhão.

As indústrias hoje querem apagar da memória dos consumidores o paladar artificial dos
antigos sucos efervescentes. "O mercado evoluiu muito. A qualidade dos produtos é hoje
bem superior", afirma o gerente de vendas ao varejo da Ajinomoto, Luiz Silva, para quem o
crescimento nas vendas não está associado apenas à estagnação na renda dos brasileiros.

Os refrescos, diz Silva, têm uma peculiaridade: quem consome costuma beber todos os
dias. O setor também não considera que os refrigerantes sejam os seus maiores rivais. "Se
uma pessoa for ao supermercado para comprar refrigerante, dificilmente ela mudará de idéia
e trocará pelo refresco", afirma o executivo da multinacional japonesa.

A Ajinomoto, a maior indústria alimentícia japonesa, sempre foi famosa pelos temperos -
além do seu tradicional Aji-No-Moto, ela também é dona das marcas Sazón e Sabor A Mi. No
ano 2000, a multinacional entrou no mercado de refrescos no Brasil, um dos poucos países
onde ela atua neste segmento, com a marca Mid, que foi estendida para chás e açúcar. No
ano passado, a multinacional lançou uma linha de sopas, com a marca Vono. "Nós
queremos ser vistos como uma indústria de alimentos", diz Silva.

Os produtos de consumo final, no entanto, representam a menor parte - ou 30% - dos


negócios da Ajinomoto no Brasil. Os 70% restantes vêm da divisão de produtos industriais,
como, por exemplo, aminoácidos para a fabricação de cosméticos.

A multinacional prevê faturar neste ano no Brasil US$ 390 milhões. Suas vendas cresceram
de US$ 290 milhões em 2003 para US$ 340 milhões no ano passado.

O refresco da Ajinomoto está posicionado em uma faixa de preço mais alta, entre R$ 0,70 e
R$ 0,75 o litro. A Bretzke irá brigar em um segmento mais popular. Uma das armas da
indústria catarinense será o preço dos refrescos Kinabalu, cujo pacote de 35 gramas será
vendido entre R$ 0,40 e R$ 0,45 no varejo.

A Bretzke tem até mesmo planos de exportar o produto e já fez, inclusive, embalagens em
espanhol. Segundo Gina Manfredini, gerente de marketing da indústria catarinense, a
empresa está conversando com clientes no Paraguai e Uruguai, locais em que o Muky já
está presente.

A marca Kinabalu - inspirada no nome de uma reserva ecológica no Sudeste Asiático -


chega com uma distribuição segmentada. Primeiro, atinge o mercado de Santa Catarina,
onde a empresa possui sua sede. Depois, segue ao Rio Grande do Sul e Paraná, e até o fim
do ano, deverá entrar no mercado paulista. "Estamos indo primeiro para onde a empresa
tem uma posição mais agressiva", comenta a executiva.

Segundo Gina, o mercado de refrescos em pó é um mercado que chama a atenção pelos


seus números "generosos". Ela concorda que a empresa chegou tardiamente no setor, mas
diz que esse foi o momento adequado para a Bretzke, que recentemente iniciou sua
reestruturação, após sair de concordata. Gina vê um bom potencial para a linha da Bretzke,
ainda que tenha que brigar com a líder multinacional Kraft Foods.

Fonte: www.valoronline.com.br - 05 de Setembro de 2005

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