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O quadro ‘’ Os Retirantes ‘’, de Cândido Portinari, foi feito na segunda metade do

século XX, quando o artista vivia uma fase de observações em retrato sobre a miséria e
fome no Brasil. Em sua pintura, observa-se, a partir de pinceladas fortes, a angústia de
indivíduos nordestinos na representação de imigrantes desamparados. Assim como a obra
de Portinari, milhões de brasileiros encontram-se em estado de indigência também sofrem
por serem vítimas de uma sociedade excludente. Com base nesse viés, é imprescindível
avaliar o que motiva a adefagia, bem como os efeitos dessa aflição na conjuntura social.
Em uma primeira observação, é notável analisar que as dificuldades em questão da
carência alimentícia enfrentada na esfera social brasileiro, está diretamente agregado ao
acesso desigual aos alimentos de boa qualidade nutricional. A partir do pensamento do
sociólogo Gilberto Freyre , para quem o problema da fome é fruto da má distribuição das
riquezas no país, percebe-se que as desigualdades socioeconômicas continuam
reverberando na saúde da população. Isso persiste, porque a política do agronegócio visa à
exportação da produção agrícola, enquanto o mercado interno é abastecido pela agricultura
familiar, que possui pouca modernização e baixa produtividade. Assim, os alimentos
necessários para uma dieta saudável são encarecidos, tornando-se pouco acessíveis para
a população de baixa renda. Prova disso está na histórica relação do brasileiro com a
alimentação retratada até na ficção, no século XX, por João Cabral Neto, quando denuncia
a condição de Severino, um brasileiro vulnerável à fome por não possuir condições
financeiras.
Com efeito, outrossim, nota-se, que o crescimento da fome em países
subdesenvolvidos, como o Brasil, está relacionado à omissões governamentais. Nessa
perspectiva, com base nas concepções do ativista do combate à miséria Josué de Castro ”
O que falta é vontade política para mobilizar recursos a favor dos que têm fome’’,
constata-se que a ausência do princípio do Estado disponibilizar suporte aos mais
desprovidos de recursos para sanar a fome é um fortalecedor para o aumento do entrave.
Ao seguir essa linha de pensamento, distingue-se que o Governo falha em negar
benevolência às pessoas que sofrem de mazelas em decorrência do seu poder aquisitivo,
como a fome. Assim, é visto um país sem desenvolvimento social com a justificativa de ser
emergente e de possuir, como qualidade única, o potencial turístico, e não de progresso
societário.
Depreende-se, portanto, que medidas sejam tomadas para reverter o empecilho.
Logo, urge que o Estado, por envio de recursos ao Ministério da Cidadania, órgão
responsável pelo desenvolvimento social, promova a construção de casas de apoio
especializadas em suportar e tratar de pessoas com problemas nutricionais e a capacitação
de profissionais para atuarem não apenas nessas instituições de ajuda, mas em locais
periféricos também, a fim de distribuir cestas básicas que irá sanar o problema nutricional
familiar. Enfim, a partir dessas ações, problemas exprimidos na tela ‘’Os retirantes’’ de
Cândido Portinari não irão passar apenas de uma obra artística.

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