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UESC – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DCET – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO: QUÍMICA – LICENCIATURA TURMA: 2005/01

DETERMINAÇÃO DA DUREZA TOTAL DE ÁGUA COM EDTA (SOLUÇÃO PADRÃO)

Trabalho entregue ao Profº Antônio Santana como


parte dos créditos da disciplina Química Analítica
Quantitativa pelo aluno Henrique Koch Chaves.

ILHÉUS – BA
JUNHO DE 2007
1 – OBJETIVO

Pretende-se através da prática determinar a dureza total da água de distribuição (água da


torneira) através da complexação com EDTA.

2 – INTRODUÇÃO

Análise volumétrica ou volumetria é a designação dada aos métodos da química analítica


quantitativa ou métodos de doseamento nos quais a quantidade de substância que se pretende
determinar é calculada a partir da medição de um volume. Em geral, uma solução de concentração
rigorosamente conhecida (solução padrão) é adicionada a uma solução da amostra a analisar até que
toda a amostra seja consumida através de uma reação química, isto é, até que se atinja o ponto de
equivalência. O processo é conhecido como titulação e o ponto de equivalência corresponde à
situação em que reagiram quantidades equivalentes do padrão e da amostra.
O ponto de equivalência de uma titulação é detectado, quer por métodos instrumentais, quer
por métodos visuais, baseando-se estes na utilização de indicadores. Os indicadores são substâncias
que podem apresentar-se em duas formas com cores distintas, que se transformam uma na outra, por
alteração das condições do meio ocorridas durante a titulação. Os indicadores são escolhidos de
modo que a viragem de cor se dê o mais próximo possível do ponto de equivalência. Assim, o ponto
no qual o indicador muda de cor e a titulação é interrompida designa-se ponto final. Quanto mais
afastado este estiver do ponto de equivalência, maior será o erro associado à titulação. (1)
Um equilíbrio químico é a situação em que a proporção entre as quantidades de reagentes e
produtos em uma reação química se mantém constante ao longo do tempo.
Ao menos teoricamente, toda a reação química ocorre nos dois sentidos: de reagentes se
transformando em produtos e de produtos se transformando de volta em reagentes. Contudo em
certas reações, como a de combustão, virtualmente 100% dos reagentes são convertidos em
produtos, e não se observa o contrário ocorrer (ou pelo menos não em escala mensurável); tais
reações são chamadas de irreversíveis. Há também uma série de reações nas quais logo que uma
certa quantidade de produto(s) é formada, este(s) torna(m) a dar origem ao(s) reagente(s); essas
reações possuem o nome de reversíveis. O conceito de equilíbrio químico praticamente restringe-se
às reações reversíveis. (2)
Muitos íons metálicos formam complexos suficientemente estáveis. Este fato serve de base
para um método barato, e de comprovada eficácia na determinação de íons metálicos e de seus
complexantes.
Por bastante tempo a complexometria foi limitada pela baixa estabilidade dos complexos
conhecidos e pelo fato da formação de vários complexos ocorrer em estágios gerando complexos
do tipo
MeLn
onde
Me = metal,
L = ligante,
n = assume vários valores, dependendo do íon e dos reagentes em uso
Mas isto gerava muitas discussões pois, com tantos produtos formados, as teorias criadas
acabavam perdendo credibilidade devido aos resultados diversos.
Tais limitações somente foram superadas em 1945, quando foi introduzido o ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA), um poderoso reagente, que complexa com vários íon, incluindo
metais pesados e alcalino terrosos, formando estruturas estáveis do tipo 1:1.
Titulações complexométricas são extremamente úteis para a determinação de grande
números de metais. Esta técnica tem alcance de milimoles (10-3 moles ~ 10-3 gramas) e pelo uso de
agentes auxiliares e controle do pH, a seletividade necessária pode ser alcançada. O agente quelante
é qualquer estrutura, da qual façam parte dois ou mais átomos possuidores de pares de elétrons não
utilizados em ligações químicas primárias, mas sim, usados como "imãs" eletrostáticos para se
prenderem a íons metálicos.
Dentre os complexantes mais comuns podemos citar a água, responsável (ligada ao íons
cobre) pela cor azul das soluções de sais de cobre, a amônia (quando substitui a água ao redor do
cobre, produz cor azul mais intensa) e o EDTA (ácido etilenodiaminotetracético (que com o cobre,
rivaliza a amônia).
A complexação é uma atração eletrostática entre um íon e um agente quelante de modo que
não há transferência de elétrons entre estes. Quanto as cargas, a estrutura final terá como carga a
somatória das cargas individuais de cada participante do complexo.
O EDTA pode ser considerado o reagente complexométrico (agente quelante) padrão, daí a
necessidade do conhecimento de sua estrutura e suas titulações devem ser realizadas sob pH
controlado, optando pelo menor valor possível segundo cada complexo desejado, de modo a
impedir a ionização da molécula de EDTA e até a competição pelos cátion metálicos devido aos
íons OH- (que existem em maior ou desprezível quantidade conforme pH>7 ou pH<7). (3)
O EDTA é o acrônimo em inglês: EthyleneDiamineTetrAcetic acid.(ácido etilenodiamino
tetra-acético).
É um composto orgânico que age como ligante polidentado, formando complexos muito
estáveis com diversos íons metálicos. Devido a isso, é usado como preservante do sangue, pois
"inativa" os íons de cálcio, que promovem a coagulação sanguínea. Esta habilidade de complexar e
assim "inativar" íons metálicos é tambem usada como antídoto para envenenamento por chumbo.
Também tem uso em detergentes e xampus, pois se combina com cálcio e magnésio,
evitando que se precipitem com o produto, como acontece com sabão, quando usado com águas
ricas em cálcio e magnésio.
Fórmula molecular: C10H16N2O8
Massa molecular: 292,25 g/mol (4)

Águas duras são aquelas que exigem consideráveis quantidades de sabão para produzir
espuma de modo que, no passado, a dureza de uma água era considerada como uma medida de sua
capacidade de precipitar sabão. Esse caráter das águas duras foi, por muito tempo, para o cidadão
comum o aspecto mais importante por causa das dificuldades de limpeza de roupas e utensílios.
Com o surgimento e a determinação dos detergentes sintéticos ocorreu também a diminuição os
problemas de limpeza doméstica por causa da dureza.
A dureza é devida à presença de cátions metálicos divalentes, os quais são capazes de reagir
com sabão formando precipitados e com certos ânions presentes na água para formar crostas. Os
principais íons causadores de dureza são cálcio e magnésio tendo um papel secundário o zinco e o
estrôncio. Algumas vezes, alumínio e ferro férrico são considerados como contribuintes da dureza.
Dureza é um parâmetro característico da qualidade de águas de abastecimento industrial e
doméstico sendo que do ponto de vista da potabilização são admitidos valores máximos
relativamente altos, típicos de águas duras ou muito duras. A despeito do sabor desagradável que
referidos níveis podem suscitar elas não causam problemas fisiológicos. No Brasil, o valor máximo
permissível de dureza total fixado pelo padrão de potabilidade, ora em vigor, é de 500mgCaCO3/l.
Na prática do tratamento de esgotos a dureza é um parâmetro de utilização limitada a certos
métodos baseados em reações de precipitação como é o caso do tratamento com cal.
Em situações específicas convém conhecer-se as durezas devidas ao cálcio e ao magnésio,
individualmente. Este é o caso do processo cal-soda de abrandamento de água no qual tem-se
necessidade de conhecer a fração da dureza de magnésio para estimar a demanda de cal.
Quando a dureza é numericamente maior que a alcalinidade total a fração da dureza igual a
esta última é chamada de dureza de carbonato e a quantidade em excesso é chamada de dureza de
não carbonato. Quando a dureza for menor ou igual à alcalinidade total toda a dureza presente é
chamada de dureza de carbonato e a dureza de não carbonato estará ausente.
Os dois métodos seguintes são recomendados para a determinação de dureza:
1. método do cálculo - baseado na análise completa dos cátions divalentes presentes na amostra é
o mais acurado dos métodos, mas raramente análises completas não feitas em trabalhos de rotina;
2. método titrimétrico do EDTA - é o método mais comumente empregado na determinação de
dureza sendo baseado na reação do ácido etilenodiaminatetracético (EDTA) ou seus sais de sódio
que formam complexos solúveis quelatos com certos cátions metálicos. (5)

3 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 – Materiais

 Balança analítica;
 Balão volumétrico de 100 mL;
 Balão volumétrico de 250 mL;
 Béquer;
 Bureta de 50mL;
 Erlenmeyer de 250 mL;
 Garra ;
 Pêra;
 Pipeta volumétrica de 1 mL;
 Suporte Universal;
 Vidro de relógio.

3.2 - Reagentes

 EDTA;
 NH4OH e NH4Cl;
 Negro de eriocromo T;
 Trietalonamina;
 Água destilada;
 Água de torneira.

3.3 – Procedimento para a preparação de solução de EDTA 0,01 mol/L

 Pesou-se 0,1 g de EDTA 0,01 mol/L e transferiu a massa pesada para um balão volumétrico
de 100 mL homogeneizando bem a solução.

3.4 – Procedimento para a preparação da solução tampão NH4Cl/NH4OH


 Foram pesadas 6,0098 g de cloreto de amônia e adicinou-se 57 mL de hidróxido de amônia
completando o volume do balão volumétrico de 100 mL até a marca de aferição.
3.5 – Procedimento para a preparação da solução indicadora de Negro de Eriocromo T

 Dissolveu-se 0,5033 g de negro de eriocromo T em 5 mL de etanol e 15 mL de


trietalonamina.

3.6 – Titulação da água de distribuição (água da torneira) com a solução de EDTA

 Foi transferido 30 mL de água da torneira para um erlenmeyer de 125 mL e adicionou-se a


solução tampão de NH4Cl/NH4OH até pH 10 (cerca de 1 mL);
 Adicionou-se 2 gotas da solução indicadora de Negro de Eriocromo T;
 O procedimento foi feito em triplicata para uma melhor comprovação dos resultados.

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

O método titrimétrico do EDTA é o método mais comumente empregado na determinação de


dureza da água sendo baseado na reação do ácido etilenodiaminatetracético (EDTA) ou seus sais de
sódio que formam complexos solúveis quelatos com certos cátions metálicos.
A reação que ocorre num pH = 10 ± 0,1, necessita de um indicador (preto de eriocromo T ou
calmagita) para assinalar o ponto final da reação.
A nitidez do ponto final da titulação aumenta com o pH, mas este não pode ser aumentado
indefinidamente para não ocorrer precipitação de CaCO3 ou Mg(OH)2. Além do mais, o complexo
muda de cor em valores de pH elevados. O outro fator que melhora a nitidez do ponto final é a
presença de magnésio que deve ser adicionada em pequena quantidade na forma de um sal
complexometricamente neutro de EDTA.
Alguns metais interferem no método causando um enfraquecimento do ponto final tornando-
o, às vezes, indistinto. Esta interferência pode ser reduzida pela adição do inibidor MgCDTA (1,2 -
ciclohexonodiaminatetracetato de magnésio), o qual tem vantagem de não ser tóxico e/ou
malcheiroso, mas libera algum magnésio na solução contribuindo para a dureza.
São utilizados para indicar a total complexação de determinados íons, antes ligados a estes,
pelo EDTA:
M-Ind + EDTA M-EDTA + Ind
onde M é o metal
Ind é o indicador

O ponto final da titulação é indicada pela mudança de cor devido a passagem do complexo
ao seu estado livre.
Algumas condições devem ser lembradas:
 O complexo M-Ind deve ser estável o bastante para se manter em solução, porém menos
estável que o complexo M-EDTA, de modo a que a reação acima seja espontânea.
 Ser muito sensível ao íon metálico para que a mudança de coloração ocorra ao máximo
possível próximo ao ponto de equivalência.
 Todos os requisitos devem ser preenchidos dentro da faixa de pH em que a titulação é
efetuada.
O indicador utilizado durante o experimento foi o preto de eriocromo T, que possui a
seguinte fórmula molcelular:
Na tabela a seguir serão explicitadas as quantidades de EDTA utilizadas na titulação da água
de torneira. Para a primeira solução foi utilizada uma gota da solução indicadora (Negro de
Eriocromo T), já na segunda e terceira solução foram utilizadas duas gotas.

Soluções EDTA gastos na titulação (mL) Média dos volumes gasto


nas titulações (mL)
1 1,40
2 1,25 1,32
3 1,32

A concentração do EDTA:

m 0,5033
M EDTA    0,0135mol.L1
MM  V 372,24  0,1

A dureza da água pode ser calculada, de acordo com a seguinte fórmula:

D
C EDTA  VEDTA  MM CaCO3 
 1000
Vágua

D
 0,0135mol / L  1,32mL  100,09 g / mol   1000
30mL

D = 59,45 mg de CaCO3/L

A “dureza” na água para consumo humano é causada essencialmente pela presença de sais
de cálcio e magnésio, sendo considerada “dura” quando existem valores significativos destes sais e
“macia” quando contém pequenas quantidades.
Os níveis de dureza da água da EPAL situam-se entre 40 mg/L e 170 mg/L de carbonato de
cálcio (CaCO3), sendo o valor médio 80 mg/L. Nestas gamas a dureza da água não apresenta risco
para a saúde do consumidor. (6)
De acordo com o valor obtido no cálculo anterior, pôde-se perceber que a água presente no
experimento seria impróprio para o consumo, pois apresentou um valor mais alto do que o
permitido pela legislação brasileira.

5 – CONCLUSÃO

Com a prática pôde-se observar quais os fatores interferem na dureza da água. Através dos
cálculos de dureza foi possível observar que a água que sai da torneira é imprópria para o consumo
de acordo com a legislação brasileira, podendo trazer vários problemas de saúde caso seja ingerida
sem o tratamento necessário. Foi possível também reforçar alguns conceitos, como ponto final e
ponto de equivalência, equilíbrio químico e ainda aprender também um pouco mais sobre a
legislação brasileira para a água.

6 - REFERÊNCIAS

(1) - www2.ufpi.br/quimica/rosa/Intro.doc
(2) - http://pt.wikipedia.org/wiki/Equil%C3%ADbrio_qu%C3%ADmico
(3) - http://www.ufpa.br/quimicanalitica/triticomplexacao.htm
(4) - http://pt.wikipedia.org/wiki/EDTA
(5) - http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Dureza.html
(6) - http://www.epal.pt/epal/Faqs.aspx?menu=483&sub=323&area=288&s=12214&t=12204
Retirados da internet no dia 20 e 21/06/07.

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