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V. 17, N. 1, 2017
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Guilherme Foletto Moraa, Janaina Marchib, Tatiane Horbec, Andressa Henning Silvad, Gilnei Luiz
de Mourae
a
Graduado em Administração. Universidade Federal de Santa Maria. guifolmora@yahoo.com.br
b
Graduanda em Administração. Universidade Federal de Santa Maria.marchijanaina@gmail.com.br
c
Mestranda em Administração. Universidade Federal de Santa Maria. tatianehorbe@gmail.com
d
Doutoranda em Administração. Universidade Federal de Santa Maria. dedahs.as@gmail.com
e
Doutor em Administração. Universidade Federal de Santa Maria. mr.gmoura.ufsm@gmail.com
Abstract
With the privatization of rail transport and the granting of lines to
private companies, a new market for new companies providing
services. The company analyzed in this study, is a service provider
company in the railway sector in Rio Grande do Sul, specialized in
the maintenance of Permanent Way, covering all existing services in
this sector. This study aims to map the processes of the services
offered by the company, to create a model to be followed in order to
standardize them. This research is classified as descriptive supported
by qualitative data analysis. First, the literature for knowledge of the
concepts and applications of Process Mapping was necessary. To
survey the procedures in performing the service interviews were
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1 INTRODUÇÃO
A busca pela qualificação, pela redução de custos e pela melhoria contínua tem imposto um
novo ritmo de competitividade às empresas em quase todos os segmentos. No setor ferroviário, que
responde por 20% do transporte de cargas no Brasil (BORGES, 2011), esse fato também se verifica.
As malhas férreas são de encargo de empresas privadas, as quais são responsáveis pela
utilização e pela conservação das linhas desde a década de 1990, quando foram privatizadas.
Algumas empresas concessionárias das malhas terceirizam o serviço de conservação de vias,
contratando para isso, empresas de engenharia especializadas no ramo ferroviário. É o caso da
empresa em questão neste estudo, a qual presta os serviços de manutenção preventiva de via
permanente à organização que detém a concessão das linhas férreas no estado do Rio Grande do
Sul.
Para se adequar às exigências do setor, a empresa de engenharia busca continuamente
oferecer um serviço de qualidade, em curto espaço de tempo e à preços competitivos. Para tanto,
reduzir os custos de operação se tornou uma condição sine qua non para a empresa. Dar enfoque à
melhoria das questões internas, sugerindo procedimentos padrões a serem seguidos na prestação de
serviços, a fim de uniformizar os procedimentos operacionais de diferentes Turmas de Produção1
pode ser uma alternativa quando se busca a eficiência e eficácia na prestação de serviços. Com isso,
chegou-se ao seguinte problema de pesquisa: de que forma a padronização de processos pode
auxiliar a otimização da operacionalização em uma empresa prestadora de serviços ao setor
ferroviário?
Com base nessa problemática, o objetivo deste estudo consiste em analisar e mapear os
processos de negócio2 da empresa, visando à criação de um padrão a ser seguido. Em termos
1
Turmas De Produção: são equipes de trabalho compostas em média por 12 funcionários, em cada uma há
obrigatoriamente um Encarregado de Turma e um Auxiliar, os demais componentes são Conservadores de Via
Permanentes, número que depende do volume de mão de obra necessária constante na Ordem de Serviço. Esse número
é calculado considerando-se o coeficiente de produtividade homem x hora e o tempo disponível em horas durante uma
semana e o numero de semanas
2
Os processos de negócio são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e resultam em produtos e serviços
recebidos por clientes externos. (GONÇALVES, 2000, p. 11)
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
(RFFSA), que unificou muitas das ferrovias brasileiras, e da Ferrovia Paulista S/A (Fepasa), que
incorporou as estradas de ferro no estado de São Paulo
As ferrovias permaneceram sob o jugo estatal até a década de 1990, quando foram incluídas
no Programa Nacional de Desestatização (PND) por meio do Decreto nº473/1992, em sintonia com
as políticas neoliberais características do período (VENCOVSKY, 2006, p. 26). A RFFSA entrou
em liquidação em 1996 e, em 1997, acontece a extinção automática da estatal paulista FEPASA.
Atualmente, a utilização dessa modalidade está sob o jugo da iniciativa privada e serve,
basicamente, às necessidades de escoamento de commodities agrícolas e minerais aos portos
brasileiros, apresentando, conforme da dos do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes - DNIT, uma evolução constante na sua utilização. Desde 1996, quando iniciou o
processo de desestatização, a quantidade de carga movimentada nas ferrovias brasileiras aumentou
em cerca de 26%.
A modalidade de transporte ferroviário, desde sua privatização, está submetida a padrões de
qualidade, segurança e custos internacionais, chamados “padrões de eficiência externa”
(VENCOVSKY, 2006, p. 38), havendo certa pressão para que essas exigências sejam alcançadas no
desenvolvimento das necessidades de transporte. Para tanto, as empresas concessionárias buscam
maneiras de atender a esses requisitos através da terceirização de serviços. Como são responsáveis
não somente pelo uso, mas também pela conservação das vias, optam pela terceirização da
manutenção preventiva como forma de garantir a qualidade e baratear os custos.
Dessa forma, abre-se mercado para empresas prestadoras de serviço, como as empresas de
engenharia ferroviária, objeto de estudo neste trabalho. Da mesma forma que as empresas
concessionárias sofrem pressões externas para atuar com preços competitivos e serviços de
qualidade, as empresas terceirizadas precisam dar a mesma resposta sobre os serviços prestados.
Para trabalhar com baixos preços, a empresa de engenharia férrea deve trabalhar com custos baixos,
a fim de garantir uma margem de lucro adequada e ser sustentável. Para alcançar esse resultado,
uma possibilidade é a análise mapeamento de processos da empresa, a fim de que sejam
estruturados de maneira a reduzir gastos desnecessários em tempo e recursos.
Segundo Barbará (2006), a Gestão por Processos pode ser entendida como um Sistema ou
Modelo de Gestão Organizacional, o qual está orientado para gerir a organização com foco nos
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processos. Uma das metodologias utilizadas para esse modelo de Gestão é o mapeamento de
processos. Conforme Miller (1980), o mapeamento de processos é a representação visual do
movimento entre diferentes unidades e pessoas na organização, assim como a representação das
operações executadas e a sequência em que ocorrem tais movimentos e operações.
Falconi (1998) sugere que exista um mapeamento de cada área da empresa, sendo
fundamental iniciar pelos produtos e processos prioritários, críticos. Não somente os processos
administrativos, mas também os operacionais podem ser beneficiados pelo mapeamento dos
processos da empresa.
O mapeamento de processos segundo Pavani e Scucuglia (2011), está em conexão com duas
atividades: estudo do trabalho (processo de observação e levantamento de informações ligadas à
cadeia de execução do trabalho realizado) e entendimento do trabalho (a partir das informações
levantadas busca-se compreender suas particularidades e entender sua existência).
Na atividade de mapeamento, é feito o levantamento do fluxo de atividades que permeia a
organização, seguindo a sua passagem por diversos departamentos, áreas e funções, onde podem ser
identificados gargalos e duplicidade de atividades (MIYAMOTO, 2009).
Para Schwaab et. al (2013) o interessante do mapeamento é perceber o desenho sistêmico
das atividades e descobrir quais áreas ou funções participam do processo, agregando ou não valor.
Desta forma, faz sentido redesenhar o processo para descobrir os componentes essenciais e
sensíveis em que as melhorias possivelmente farão diferença (PID, 1998).
A literatura aponta várias técnicas para a realização do mapeamento de processos nas
organizações. Para este trabalho, optou-se pelo método do Fluxograma, pois identificou-se que essa
ferramenta consegue descrever qualquer sistema, desde o mais simples até o mais complexo.
Também, devido a esta ferramenta possibilitar a identificação mais fácil e rápida dos pontos fortes e
fracos do método administrativo considerado.
Miller (1980) afirma que o mapeamento e a análise de processos possuem, como fim,
conseguir que as etapas necessárias à execução de uma operação sejam realizadas tão
economicamente quanto possível, dentro dos limites de tempo e de exatidão necessários. Em
consonância, Falconi (1998) cita como objetivos da utilização da gestão de processos, garantir a
qualidade e aumentar a produtividade. Tentar enxergar o funcionamento das empresas do ponto de
vista dos processos torna-se de fundamental importância, principalmente nos processos de negócio
que são os que resultam no produto ou serviço entregue ao cliente.
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Finalizando a ideia aqui exposta, concorda-se com Lopes (2008), quando afirma que a
gestão por processos pode ser utilizada como base para a melhoria contínua dos processos
produtivos, ampliando os níveis de eficiência e reduzindo as perdas e consequentemente
maximizando os lucros. Assim, fica evidente a necessidade de avaliar constantemente os processos
organizacionais, como também, melhorá-los continuamente ou ainda recriá-los, a fim de que os
objetivos propostos nesse trabalho sejam alcançados pela empresa de engenharia férrea em questão.
3 METODOLOGIA
com quem foram realizadas as entrevistas, a fim de realizar um trabalho o mais próximo possível da
realidade da empresa.
3
A concessionária divide o estado do Rio Grande do Sul em quatro lotes e a prestadora de serviços realiza a
manutenção em um dos quatro lotes, o lote 12. E essa manutenção não é realizada em toda extensão do lote, mas sim,
em uma faixa que se estende de Santa Maria a Pinhal (Informações fornecidas pela própria empresa)..
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variações climáticas pode causar queda de árvores, pedras ou terra para a linha, impedindo a
passagem de trens. Por causa dessas intempéries, a limpeza de corte e a instalação de barreiras para
conter deslize de terra são essenciais no zelo pela segurança da via.
O dormente de madeira, concreto ou aço, é uma das peças fundamentais da via permanente,
pois proporciona sustentação à linha, absorvendo e distribuindo os impactos gerados pelo tráfego
dos trens e também tem a função de manter a linha fixa, ou seja, na sua bitola correta. O serviço de
substituição de dormente é realizado pelo Conservador de Via Permanente por meio das seguintes
etapas, seguidas de outros serviços complementares: retirada do lastro circundante ao dormente com
a utilização de uma picareta; retirada da fixação do dormente com a utilização da tirefonadeira;
retirada do dormente com o auxílio de uma alavanca; colocação do dormente novo com auxílio de
alavancas; colocação das fixações com a utilização da tirefonadeira e chave grapô; recolocação do
lastro com garfo e soca; afastamento do dormente retirado. Abaixo apresenta-se o fluxograma dessa
atividade:
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo principal analisar e mapear os processos produtivos da
empresa visando à criação de um padrão a ser seguido. Para isso, julgou-se necessário num
primeiro momento, identificar as etapas dos processos que compõem os grupos de serviços para, na
sequencia, poder se modelar os processos através de fluxogramas. Para serem apresentados neste
trabalho, foram selecionados os processos do grupo de serviços de Conservação e Melhoria da
Infraestrutura, um serviço da parte de Superestrutura e um de Correção Geométrica. Entretanto,
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ressalta-se que todos os processos da empresa foram mapeados Para a execução do objetivo
principal, foram, num primeiro momento identificados os processos dos serviços realizados pela
empresa de engenharia férrea, para assim, poder-se desenhá-los e sistematiza-los. Alcançada a
modelagem e sistematização dos processos através dos fluxogramas, torna-se possível fazer uma
análise e sugestões de melhorias.
Algumas das dificuldades verificadas na empresa puderam ser amenizadas com a realização
dos fluxogramas dos processos, visto que há grande dificuldade em manter um nível de produção
constante, fato este que sofre muita influência das características do Encarregado de Turma, ou seja,
da pessoa responsável pela turma de trabalho que assume o trecho. Com o mapeamento dos
processos, foi criado um modelo de padronização que, como consequência, deve padronizar os
resultados alcançados por uma Turma de Produção. Apesar de já existir uma descrição técnica dos
serviços, um modelo em forma de fluxograma facilita o entendimento dos conservadores de via
permanente no fluxo das atividades e a sequência de sua realização.
É esperado, com a padronização dos processos relativo aos serviços oferecidos pela
empresa, um aumento na produção das Turmas de produção que vinham com resultados muito
variados a cada semana. É aconselhável também que, caso alguma turma continue atingindo
resultados fora do esperado, sejam verificados os fatores que podem estar acarretando nessa
variação, como dificuldade de acesso, muita chuva ou até mesmo a falta de material para a
realização do serviço.
Considerando a mão de obra, a diretoria da empresa tem conhecimento do alto turnover, que
ultrapassa os 10% mensais, indicando uma rotatividade alta. Existe grande dificuldade para montar
turmas novas, visto que a natureza do serviço exige, basicamente, força física. Já ocorreram casos,
segundo os funcionários mais antigos, de um funcionário que, ao chegar no local de trabalho e
verificar a realidade do serviço, pediu demissão antes de começar as atividades do dia. Seria de
interesse da empresa, em uma oportunidade futura, um estudo aprofundado na área de gestão de
pessoas, a fim de verificar maneiras de reter a mão de obra e reduzir esse valor.
Outra necessidade percebida para melhoria da empresa como um todo é a realização de um
levantamento e controle de estoque, visto que há material distribuído na sede da empresa e também
em um depósito, não havendo um controle da quantidade de material existente. Verificou-se
também a necessidade de um estudo quanto ao fluxo da informação, que aparentou ser atravancada.
Com os resultados deste estudo e as sugestões apresentadas acima, espera-se que a empresa,
objeto de estudo, tenha uma gestão analítica e efetiva não apenas dos processos aqui mapeados, mas
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que isso possibilite a ampliação dessa visão para todas as áreas da empresa, buscando
competitividade por meio de melhores resultados.
Para estudos futuros, sugere-se que sejam mapeados os demais processos, não apenas dos
serviços, mas também, das rotinas administrativas da empresa a fim de permitir que mais
conhecimento seja retido e mais ações de melhorias sejam propostas. Além disso, que seja feita uma
pesquisa para verificar a percepção dos colaboradores e gestores quanto a implantação das
melhorias sugeridas, e se estas tiveram continuidade e trouxeram resultados significativos para a
organização.
Por fim, acredita-se que a gestão por processos é um modelo que contribui para a melhoria
da gestão de empresas similares a empresa de engenharia férrea, visto que profissionaliza e
aperfeiçoa as ações da organização, sendo capaz de agregar valor aos serviços finais prestados.
Sendo, portanto, importante considerar a necessidade de replicar o estudo em outras realidades.
6 REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
LOPES, Marco Aurélio B.; BEZERRA, Marlene J.S. Gestão de processos: fatores que influenciam
o sucesso na sua implantação. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Rio de
Janeiro, 2008.
MILLER, H., Organização e métodos. 8.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1980.
PID, Michael. Modelagem empresarial: ferramentas para tomada de decisão. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998.