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DIREITO CIVIL II

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES OU DIREITO DE CRÉDITO OU DIREITOS


PESSOAIS OU OBRIGACIONAIS

Professora Adriana Mendonça


Matéria para 1º Bimestre
40 artigos
Teoria Geral das Obrigações
Motivo e Causa da Obrigação
Modalidade das Obrigações (técnicas e doutrinárias). Obrigações Positivas (dar, fazer) e
Negativa (não fazer)
Outras Obrigações: facultativas, insólitos, imperfeitas, ônus reais)

Matéria para 2º Bimestre


150 artigos
Teoria do pagamento, a figura do devedor e pagador
Teoria do Inadimplemento – mora, perdas e danos

UNIDADE I
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

1 CONSIDERAÇÕES
O Direito disciplina relações jurídicas que se formam entre pessoas, podendo ser
dividido em dois grandes ramos:
1) DIREITOS NÃO PATRIMONIAIS: Ex: da personalidade e os de família

2) DIREITOS PATRIMONIAIS:
a) Reais ou Direitos das Coisas  é o poder jurídico, direto e imediato, do
titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Relação titular x
coisa. ELEMENTOS ESSENCIAIS: sujeito ativo, a coisa e a relação ou
poder do sujeito ativo sobre a coisa, chamado domínio. Direito real é o
que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos
respeitos, e a segue em poder de quem quer que a detenha. É limitado e
regulado expressamente por norma jurídica. Não pode ser classificado
como direito absoluto, obedece ao princípio da Tipificação, ou seja, só
são direitos reais aqueles que a lei, taxativamente, denomina como tal.
b) Obrigacionais ou Pessoais ou de Crédito  Relação pessoa x pessoa.
Regem vínculos patrimoniais entre pessoas. É direito contra determinada
pessoa. Assim o Direito das Obrigações consiste num complexo de
normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por
objeto prestações de um sujeito em proveito de outro, logo, disciplina as
relações jurídicas de natureza pessoal, pois seu conteúdo é a prestação
patrimonial. É um vínculo jurídico pela qual o sujeito ativo pode exigir do
sujeito passivo determinada prestação. ELEMENTOS: sujeito ativo,
sujeito passivo e a prestação. É o Complexo de normas jurídicas que
rege relações jurídicas entre sujeitos que são: devedor (passivo) e Credor
(ativo), envolvendo reciprocidade de obrigações, de um sujeito em favor
do outro, marcado pela transitoriedade, ou seja, uma vez entregue o
objeto (núcleo substancial), ela é extinta (adimplemento, cumprimento,
extinção), relatividade do vínculo da relação judicial entre sujeitos
(obrigação-cogens), terceiros não podem ser atingidos; É complexo de

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normas jurídicas que regula relações patrimoniais de proveito de um
sujeito em favor de outro, marcado pelas características da
transitoriedade e relatividade, da oponibilidade de seus efeitos.
Obrigação é o vínculo de direito pelo qual alguém (sujeito passivo) se
propõe a dar, fazer ou não fazer qualquer coisa (objeto), em favor de
outrem (sujeito ativo), sob pena de, se o não fizer, espontaneamente, seu
patrimônio responder pelo equivalente. O Direito das Obrigações cuida
dos direitos pessoais, isto é, do vínculo ligando um sujeito ativo (credor) a
um sujeito passivo (devedor), por força do qual o primeiro pode exigir do
segundo o fornecimento de uma prestação consistente em dar, fazer ou
não fazer alguma coisa. O Direito Pessoal é ilimitado, a criação de novas
figuras contratuais que não corresponde na legislação.

Cláusulas Gerais das Obrigações:


 Princípio da Boa-Fé – Inerente às relações jurídicas;
 Contratos Inomináveis: Com núcleo substancial do contrato
usando a Teoria Geral das Obrigações.
 Contrato Nominado e Típico: Dispositivos que regulam o Contrato
de Venda.
2 DIREITO NÃO PATRIMONIAL
Aqueles que não têm carga patrimonial, aferíveis materialmente: direito de
personalidade, direito de família.
 Fonte Normativa Hetêronoma – imposto pelo estado.
 Fonte Normativa Autônoma – imposta entre partes. Ex: contrato

3 DIVISÃO
 PARTE GERAL – É o estudo da Teoria Geral das Obrigações e especial.
a) Teoria Geral
b) Modalidades ou espécies das Obrigações (dar a coisa certa e incerta,
obrigação de fazer e não fazer)
c) Teoria do Pagamento (tempo, lugar do pagamento)
d) Teoria do Inadimplemento (mora)
e) Pagamento Indireto.
f) Transmissão das obrigações.

Obs1: Obrigações Positivas: de dar coisa certa, coisa incerta e obrigação de


fazer
Obrigações Negativas: de Não fazer
 PARTE ESPECIAL.

a) Teoria Geral dos Contratos


b) Contratos em espécie.

Responsabilidade Civil: Obrigações  Podem ser: Contratual (fonte: contrato é a


obrigação) ou Extracontratual (decorre do ato ilícito; ou decorrente de declaração
unilateral)

4 ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL- elementos da


obrigação:

4.1 ELEMENTOS SUBJETIVOS –

a) Subjetivo: São os sujeitos que participam da relação (Ativo=Credor e


Passivo=Devedor).

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Obs1: O sujeito pode ser único (obrigação denominada Singular, no pólo ativo ou
passivo) ou plural que é múltipla do ponto de vista subjetivo (obrigação denominada
Composta ou Plural): um credor e vários devedores, ou vários credores e um devedor,
ou vários devedores e vários credores).

2-Sujeito em regra ele deve ser determinado ou determinável (inicialmente não se sabe
o sujeito credor. Ex: promessa de recompensa)
Obs1: Não há obrigação quando o sujeito é indeterminado.
Pagamento Voluntário do Devedor
Não pagamento – inadimplemento da obrigação (entra o patrimônio para pagamento).

Credor (expectativa de direitos) = prestação (dar, fazer ou não fazer) = Devedor (deve
direito: pagamento voluntário ou não-pagamento – inadimplemento da obrigação).

3-O Credor pode livremente dispor de seu crédito, utilizando o instituto da “Remissão” =
perdão da dívida.
4-O credor pode exigir o cumprimento da obrigação, promovendo a execução judicial
(forçada ou coativa).
5-Os sujeitos podem transmitir a obrigação, utilizando as instituições da “Cessão de
Crédito, Cessão de Débito ou Assunção de Dívida”.
6-É possível que se confundam na mesma pessoa as figuras do devedor e credor, é o
instituto da “CONFUSÃO”. Ex: Filho deve ao pai, o pai morre, e o filho se torna devedor
e credor.

4.2 ELEMENTOS OBJETIVOS

a) Objeto (prestação): É a prestação (positiva ou negativa), que pode consistir em


dar, fazer (obrigações positivas), não fazer (obrigações negativas). Pertencem ao
núcleo Substancial de todas as modalidades obrigacionais. Deve ser lícita,
possível (física e juridicamente), determinada ou determinável e economicamente
apreciável.
b) Vínculo Jurídico: é uma ficção jurídica (abstração), estabelecida entre credor e
devedor, é o liame obrigacional. É o elo que sujeita o devedor a determinada
prestação (POSITIVA OU NEGATIVA) em favor do credor.
c) Patrimonialidade da prestação: Toda prestação deve ser aferível
economicamente, devendo ser diretamente patrimonial ou indiretamente
patrimonial.

5 – PRINCÍPIOS – são 04 (quatro)

5.1 – Princípio da força obrigatória dos contratos ou pacta sunt servanda =>O
contrato deve ser cumprido conforme estabelecido entre as partes (o contrato faz “lei
entre as partes).

a) Autonomia da vontade privada: são elementares=> a liberdade de contratar (com


quem, como, e o quê) é análise subjetiva, pois depende do sujeito, e a liberdade
contratual(formular o contrato nominado ou inominado mas com observância da
teoria geral das obrigações).

5.2 – Princípio da Supremacia da Ordem Pública => decorre do intervencionismo


estatal, é uma mitigação do princípio do pacta sunt servanda, ou seja, as partes
contratam livremente, podendo surgir desigualdades, para evitar isto, equilibra-se com
um conjunto de disposição mínima. Normas de ordem pública limitam, formulação
contratual, equivalência material e subjetiva das partes. Segurança das relações
jurídicas. Dignidade da pessoa humana e da função social do contrato.
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5.3 – Princípio da Relatividade => Diz respeito à oponibilidade de seus efeitos que se
dar entre partes (credor e devedor). Em regra não atingem terceiros. Débito: é o vínculo
jurídico de formação da relação criacional que impõe entre as partes o dever de
pagamento. Responsabilidade: é a faculdade conferida ao credor de ver satisfeita a
sua expectativa de direito, exigindo do devedor o cumprimento da obrigação, inclusive
valendo-se de meios judiciais para obtenção do crédito.

5.4 – Princípio da função social do contrato => Novo paradigma estabelecido pelo
Código Civil de 2002 que implanta solidarismo social nas relações jurídicas
obrigacionais, cujo fundamento é o Princípio da Dignidade Humana. Valoração de
princípio ético, social e de corretude (lealdade, honradez. Art. 420 e seguintes CC.

DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS OBRIGACIONAIS E REAIS


QUANTO OBRIGACIONAIS ou PESSOAIS REAIS
AO:
1-Sujeito Dualidade de sujeitos (ativo=credor e Sujeito é um só, “resulta da
passivo=devedor) e podem se inflexão imediata do sujeito
manifestar de forma singular ou plural sobre a coisa.
2-Direito de De fazer, não fazer, ação de entrega de Confere ao titular do Direito
Ação coisas, pagar a quantia certa. Real as ações possessórias
(ações reivindicatórias, ação
de imissão da posse, interdito
proibitório)
3-Objeto Objeto atividade – obrigação: dar, fazer e Coisa corpórea ou incorpórea
não fazer. Positivas: comportamento de
dar e fazer. Negativa: omissivo, não
fazer.
4-Efeitos São relativos (relatividade dos efeitos do Absoluta – erga ommes
contrato). Oponibilidade de direitos entre Oposição contra todo aquele
devedor e credor (só atinge sujeitos e que se oponha ao direito de
não terceiros) propriedade.
5-Origem Ilimitados (contratos típicos e atípicos): Princípio da Taxatividade ou
ou existências de contratos inominados e Tipicidade legal – numerus
Definição atípicos.- numerus apertus claurus(número limitado)
6-Direito de Não há direito de sequela, cumprida a Há direito de sequela, pois o
Seqüela obrigação extingue-se o vínculo. titular do direito real, tem a
prerrogativa de perseguir a
coisa até encontrá-la. É o
direito que acompanha o titular
onde quer que se encontre.
7- Não há. Perfaz-se consensualmente, Exigem publicidade, ou seja
Publicidad sem formalidade para o ato. formalidade ou solenidade
e como da substância do ato.
8-Duração São transitórias ou precárias, uma vez Tem duração indeterminada,
cumpridas as obrigações extinguem-se condicionada a titularidade de
por acabar o vínculo das partes. direito real.

CARACTERISTICAS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

 Objetos direitos de natureza pessoal;


 Sujeito ativo – Credor;
 Sujeito passivo – Devedor;
 Vínculos patrimoniais entre pessoas;
 Exigibilidade de uma prestação;
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 Direitos relativos => dirigem-se contra pessoas determinadas, vinculando sujeito
ativo e passivo, não sendo oponíveis erga ommes, pois a prestação apenas
poderá ser exigida do devedor;
 Direitos a uma prestação positiva ou negativa => exigem certo comportamento do
devedor, ao reconhecerem o direito do credor de reclamá-la.
 Estende-se a todas as atividades de natureza patrimonial. Numerus apertus
(ilimitado), enquanto o Direito das Coisas é Numerus clausus (limitado);
 Autonomia privada, pois os indivíduos têm ampla liberdade em externar a sua
vontade, limitada esta apenas pela licitude do objeto, pela inexistência de vícios,
pela moral, pelos bons costumes e pela ordem pública.
 É jus ad rem => Direito à coisa, enquanto o Direito real é ius in re.
 Fontes das obrigações: Contrato, a declaração unilateral da vontade, ato ilícito, lei

7- CAUSA E MOTIVO NA TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES


Causa – é o elemento objetivo. Diz respeito ao próprio contrato constituindo o objeto
de estudo do Direito Civil. Interessa ao Direito.
Motivo – é o elemento subjetivo que condiciona a celebração do contrato, mas não
está no Direito Civil. Não interessa ao Direito. É íntimo.

8- PATRIMONIALIDADE DA PRESTAÇÃO.

A) Estrutura da relação jurídica obrigacional


1º Elemento subjetivo => Sujeitos
2º Elemento objetivo => Vínculo Jurídico: é a relação abstrata, tornando
obrigatória a prestação do devedor em favor do credor.
Cumprimento normal: execução voluntária
Não cumprimento normal: execução forçada ou coativa
3º Objeto da Prestação => Atividades do devedor.
 Positivas ou comissivas:
. Dar: Coisa certa, Coisa incerta, Restituir
. Fazer
 Negativa ou omissiva: Não fazer

4º Patrimonialidade:
 Toda prestação deve ser aferível economicamente;
 Toda prestação deve ser aferível direta ou indiretamente;
 A insignificância da prestação invalida a relação jurídica da relação
obrigacional;
 Regra geral: as prestações devem ser determinadas pelo gênero,
quantidade e qualidade para determinação do valor econômico da
prestação

B) No campo da Inexecução da obrigatória


1º Tutela específica => decorre do princípio do pacta sunt servanda (os
contratos devem ser cumpridos) para segurança das relações jurídicas contratuais;
 resultado exato do contrato;
 pena cominatória diária => astreintes: é uma medida cominatória em
forma de multa pecuniária contra o devedor de obrigação de fazer, não
fazer e entregar coisa. São fixadas pelo juiz e dura enquanto
permanece a inadimplência. É uma multa processual aplicada para o
fim de fazer cumprir decisão judicial de obrigação de fazer ou de não
fazer (multa diária)

2º Tutela pelo equivalente => obtenção de um resultado prático equivalente.

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3º Conversão em perdas e danos.
Obs1: Não representam cumprimento da obrigação, mas substitui o
pagamento.

Obs2: O patrimônio do devedor responde pelo cumprimento da obrigação,


pela:
 constrição patrimonial (atos de penhora);
 judicialmente.

UNIDADE II
MODALIDADES OU ESPÉCIES DAS OBRIGAÇÕES

a) Obrigações de Dar e Fazer –São obrigações positivas ou comissivas.


b) Obrigações de Não Fazer – São obrigações negativas ou omissivas.

1 OBRIGAÇÕES DE DAR

São positivas, traduzem o comportamento ativo do devedor, que consiste no ato de


entrega da: a) Coisa certa b) Coisa incerta c) Restituição. Assim:

a) Coisa Certa => O dono é o devedor. É determinada pelo gênero, quantidade e


qualidade.
b) Coisa Incerta => é determinada ao menos pelo gênero e quantidade.
c) Restituir => O dono é o credor. Dar a coisa certa em sentido contrário.

1) Tradição real => É aquela em que consiste a simples entrega do bem jurídico de
propriedade. São não solenes. O simples contrato não transfere a propriedade,
ou, a existência do contrato não transfere a propriedade. Assim, o contrato de
compra e venda não torna o adquirente dono da coisa comprada, mas apenas
titular da prerrogativa de reclamar a sua entrega. Somente após tal entrega é que
o comprador adquire a condição de proprietário.
Tradição Solene ou Tradição Formal => Exige mais do que a tradição real.
Exige formalidade como da essência do ato. Ex: Registro de Imóveis

2) Perda:
a) Total => é o desaparecimento (perecimento) do bem jurídico para todos
os fins em direito admitidos.
b) Parcial ou deterioração => São as avarias, depreciação, vícios que
provocam a diminuição de seu valor ou perda de características intrínsecas do bem
jurídico. Ex: Características técnicas, avaliação, forma etc.

PERDA=PERDA TOTAL=DESAPARECIMENTO=BEM PERDIDO=PERECIMENTO

PERDA PARCIAL=DETERIORAÇÃO

3) Culpa: Culpa lato sensu – art. 188 CC:

a) Dolo
b) Culpa stricto sensu: negligência, imprudência e imperícia.

OBS1: Toda vez que há culpa, há dever de indenizar.


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OBS2: Caso não haja culpa, não há dever de indenizar.
OBS3: Excludentes de responsabilidade civil: a) Força maior; b)
Caso Fortuito; c) Culpa exclusiva da vítima; e d) Fato de terceiro.

Perda e Deterioração podem ocorrer:

 Antes da Tradição => a) Sem culpa do devedor


b) Com culpa do devedor

 Depois da Tradição => a) Sem culpa do devedor


b) Com culpa do devedor

A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA ou ESPECÍFICA

1) Conceito: É a modalidade de obrigação na qual o devedor se compromete a entregar


ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado. Assim, a obrigação de dar
coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad rem) e não real (jus in re).
O objeto da prestação (objeto mediato da obrigação) já é determinado, incluindo por
regras os seus acessórios.
Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por características
próprias, móvel ou imóvel. Assim, constituem prestações de coisa as obrigações do
vendedor e do comprador, do locador e do locatário, do doador, do comodatário, do
depositário, do mutuário. Etc.

Obs1: O devedor da coisa certa não pode dar outra, ainda que mais valiosa, nem o
credor é obrigado a recebê-la. Art. 313 CC. Assim, a entrega de coisa diversa da
prometida importa modificação da obrigação, denominada Novação Objetiva, que só
pode ocorrer havendo consentimento de ambas as partes. O credor não pode exigir
coisa diferente, ainda que mais valiosa.

Obs2: O domínio só se adquire pela tradição, se for coisa móvel, e pelo registro do título
(tradição solene), se for imóvel, pois o contrato estabelece apenas obrigações e direitos.
Por exemplo, no Contrato de compra e venda um dos contratantes se obriga a transferir
o domínio de certa coisa, e, o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro – Art. 481 CC.

2) Elementos:
a) Complexo de normas jurídicas;
b) relações transitórias, pecuniárias e de oponibilidade relativa;
c) objeto da prestação => é indicado pelo gênero, quantidade e qualidade.
d) relação de proveito => Credor e Devedor

3) Princípios:

a) do Pacta sunt servanda;


b) da identidade da coisa certa – Art. 313 CC
c) o acessório segue o principal ou accessorium sequitur principale - Princípio da
Gravitação Jurídica – Art. 233 CC – Aplica-se somente às partes integrantes
(frutos, produtos e benfeitorias), mas não às pertenças, que não constituem
partes integrantes se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro. Art. 93

Obs1: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso” Art. 94 CC

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Obs2: Regra Geral a natureza do negócio jurídico faz presumir que o acessório segue o
principal o que pode ser elidido pela natureza constitutiva do título ou presumido pelas
circunstâncias do caso. “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias
do caso”- Art. 233 CC. Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si
só. Acessório: é aquele cuja existência depende do principal Ex: produtos, frutos e
benfeitorias-.

Obs3: Produtos: São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade,


porque não se produzem periodicamente, tais como as pedras e os metais, que se
extraem das pedreiras e das minas. Distinguem-se dos frutos porque a colheita destes
não diminui o valor nem a substância da fonte, e a daqueles sim.

HIPÓTESES LEGAIS:
A) PERDA => art. 234 -

 Se a perda se der antes da tradição SEM CULPA DO DEVEDOR, ou


pendente a condição suspensiva.
Solução: Se o vendedor (devedor) já recebeu o preço da coisa, deve
devolvê-lo ao adquirente(credor), em virtude da resolução do contrato,
sofrendo, por conseguinte, o devedor, o prejuízo decorrente do perecimento -
, porém, SEM perdas e danos, ou seja, SEM dever de indenizar. Se a perda
ocorreu pendente condição suspensiva – p. ex: aprovação em concurso,
vencimento de uma disputa, casamento – não se terá adquirido o direito que
o ato visa, e o devedor suportará o risco da coisa. “Se a coisa se perder,
sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes” – art. 234
CC

 Se a perda se der antes da tradição COM CULPA DO DEVEDOR.


Solução: o devedor tem o dever de indenizar pelas perdas e danos. Assim, o
credor tem direito de receber o equivalente em dinheiro, mais as perdas e
danos comprovados. “Se a perda resultar de culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos ”(Art. 234 CC).
Logo, as perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro
cessante, ou seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar – art. 402. Devem cobrir, pois todo o prejuízo
experimentado e comprovado pela vítima.

B) DETERIORAÇÃO

 Antes da tradição SEM culpa do devedor. => art. 235 CC


Solução: poderá o credor optar por resolver(extinguir) a obrigação, com
devolução da prestação (do equivalente) SEM perdas e danos, por não lhe
interessar receber o bem danificado, voltando as partes, neste caso, ao
estado anterior; ou, aceitar a coisa com abatimento na prestação, no preço,
proporcional à perda, SEM perdas e danos. “Deteriorada a coisa, não
sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu” – art. 235 CC

 Antes da tradição COM culpa do devedor. => art. 236 CC


Solução: Resolve-se com devolução do equivalente, mais perdas e danos,
caso o credor rejeite a prestação, ou aceita a coisa no estado em que se
encontra com redução do seu valor pela deterioração, mas com direito, em
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qualquer caso, à indenização das perdas e danos comprovados. “Sendo
culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos” – art. 236 CC

A perda ou a deterioração da coisa traz conseqüências profundas: ou a


obrigação original é substituída pelo sucedâneo das perdas e danos, ou a relação
jurídica se resolve, ou, ainda, a referida relação jurídica se altera, para ser substituída
por outra diferente. As perdas e danos inclui: a) danos materiais (danos emergentes e
lucros cessantes); b) danos morais.

C) MELHORAMENTO E ACRÉSCIMOS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA =

O devedor tem o direito de exigir aumento no preço se antes da tradição a coisa


certa sofrer melhoramentos e acréscimos. Caso o credor não anuir, poderá o devedor
resolver a obrigação.

Obs1: “Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus


melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” – Art. 237 CC

Obs2: As benfeitorias qualquer que seja o seu valor, podem ser:


Necessárias: Têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore;
Úteis: Aumentam ou facilitam o uso do bem;
Voluptuárias: São as de mero deleite ou recreio.

Obs3: “Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os


pendentes”

D) FRUTOS NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA


FRUTOS => São as utilidades que uma coisa periodicamente produz. São riquezas
normalmente produzidas por um bem. São as utilidades que uma coisa periodicamente
produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição ou diminuição no
todo ou em parte, como o café, os cereais, as frutas das árvores, o leite, as crias dos
animais etc.

D.1 - Os frutos quanto ao estado dividem-se em:

1 - Percebidos ou colhidos => Foram colhidos.


Obs1: Os frutos percebidos antes da tradição pertencem ao
devedor de boa-fé.

2- Pendentes => Não foram colhidos


Obs2: Os frutos pendentes antes da tradição pertencem ao credor.

3- Colhidos por antecipação => São frutos pendentes e que foram percebidos de
má-fé. Neste caso devem ser indenizados ao credor.

4- Estantes => São frutos colhidos e armazenados ou acondicionados para


posterior venda.

5- Percipiendos => São frutos que deveriam ter sido colhidos mas não foram.

6 – Consumidos => Não existem mais porque foram utilizados.

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D.2 - Os frutos quanto à origem dividem-se em:

Frutos naturais – desenvolvem e renovam-se periodicamente, em virtude


da força orgânica da própria natureza, como as frutas das árvores, as crias dos animais.
Frutos industriais- aparecem pela mão do homem, ou seja, resultam em
razão do trabalho humano sobre a natureza, como a produção de uma fábrica.
Frutos civis ou rendimentos. São dos rendimentos produzidos pela
coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário. Ex: juros e
aluguéis

Obs1: O devedor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,


bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; porém, tem direito às despesas da produção e custeio. Assim, a
posse de má-fé não é totalmente desprovida de eficácia jurídica, porque o devedor
nessa condição faz jus às despesas de produção e custeio.

B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA OU GENÉRICA RESTRITA


Art. 243 a 246 CC

1- Conceito: - É aquela que tem por objeto a entrega de uma quantidade de certo
gênero e não uma coisa especificada. Na relação obrigacional, o objeto indicado de
forma genérica no início da relação será determinado mediante um ato de escolha, por
ocasião de seu adimplemento.
É aquela obrigação determinada ao menos pelo gênero e quantidade, ficando a
qualidade para uma ulterior especificação ou determinação.

 Gênero e quantidade
 Ato de escolha
 art. 243, CC
Obs1: Uma vez determinada a qualidade do objeto da prestação, ela deixa de ser
obrigação de dar coisa incerta e passará a ser obrigação de dar coisa certa.
Obs2: Existem críticos ou teóricos civilistas que condenam o termo “gênero” quando o
certo seria “espécie” para determinar o objeto da prestação.

2 DISCIPLINA JURÍDICA: INDICAÇÃO DO GÊNERO E DA QUANTIDADE

 coisa certa: é a individualizada, determinada.


 coisa incerta: indicada, mas não totalmente, porque deve ser indicada ao menos,
pelo gênero e pela quantidade – indeterminada a priori, mas determinável em sua
qualidade oportunamente.
 incerteza: não quer dizer indeterminação, mas determinação genericamente feita
– suscetível de oportuna determinação.
 Exemplos: entregar uma tonelada de trigo, um milhão de reais ou cem grosas de
lápis.

Falta de gênero e quantidade? Ex: entregar sacas de café? Ou entregar dez sacas?

indeterminação será absoluta – a avença não gerará obrigação.

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3 DIFERENÇAS E AFINIDADES COM OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

a) dar coisa certa. b) Alternativa c) fungível

4 Diferença entre obrigação de coisa certa para obrigação de coisa incerta => Está
na determinação da qualidade, pois na obrigação de dar coisa incerta acontece em
momento posterior.

5 Diferença entre obrigação de coisa incerta para obrigação para obrigações


alternativas. => A obrigação alternativa possui dois conteúdos prestacionais.

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS ou


DISJUNTIVAS
O objeto é único e determinado, quanto Dois objetos compõem o núcleo
ao gênero e quantidade. prestacional, devendo o devedor entregar
um dos objetos da prestação. Ex: dar coisa
certa ou fazer
A escolha da qualidade transforma a A escolha de um dos objetos da prestação
obrigação de dar coisa incerta em dar transforma a obrigação em simples.
coisa certa.

Obs1: Quanto ao objeto as obrigações podem ser:


a) Simples => possui um único objeto. Ex: dar coisa certa ou incerta, restituir, fazer,
não fazer.

b) Compostas => possuem dois ou mais objetos na sua prestação. São


subdivididas em:
b.1 – Cumulativas ou conjuntiva => o devedor deve entregar os dois ou mais
objetos da prestação.
b.2 – Alternativas ou disjuntivas => o devedor deve entregar um dos objetos da
prestação, ou seja, o devedor se libera se cumprir uma delas, porque apenas uma das
prestações constitui o seu débito.

4- Ato de escolha da prestação da obrigação de coisa incerta => A determinação


dá-se pela escolha – art. 245, CC.
O ato unilateral de escolha do objeto da prestação é denominado concentração da
obrigação, o que implica a transformação de obrigação de dar coisa incerta em dar coisa
certa.

- cientificado o credor, acaba a incerteza – a coisa torna-se certa – passando a


obrigação a ser regida pelos princípios da obrigação de dar coisa certa.
- Ato unilateral da escolha = CONCENTRAÇÃO – pressupõe não só a escolha – é
necessário que ela se exteriorize pela entrega, pelo depósito em pagamento, pela
constituição em mora, ou por outro ato que importe a cientificação do credor.
- Art. 629, 630 e 631, CPC.

Exemplo: se sou credor de 100 cabeças de gado de corte, uma vez escolhido o gado e
apontadas as cabeças, cuida-se da obrigação de dar coisa certa.

4.1 – Competência para o direito de escolha =>art. 244 CC.

- ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação;


- só competirá o credor quando assim dispuser – sendo omisso será do devedor.

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Regra Geral: Nos casos de omissão do contrato a escolha compete ao DEVEDOR,
chamado princípio do Favor Debitoris, salvo se for estabelecido de modo diverso no
contrato. Feita a escolha, acaba a incerteza; a obrigação de dar coisa incerta torna-
se obrigação de dar coisa certa.

Obs1: A disposição acerca do direito de escolha pode vir determinada no contrato.

4.2 - Limites à atuação do devedor – 2ª parte, do art. 244, CC

- “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar melhor”

- o devedor deverá guardar o meio-termo entre congêneres da melhor e da pior


qualidade.

4.3 – Escolha por terceiro => O terceiro é eleito de comum acordo entre as partes.
Havendo recusa ou não puder exercer a determinação será supletiva por um juiz. – art.
1930 CC

4.4– Escolha por sorteio => Quando terceiro não poder fazê-lo, será por sorteio. Deve
esta hipótese vir no contrato. Art. 817 CC

5- Responsabilidade pelos riscos na obrigação de dar coisa incerta – art. 246 CC

- A coisa torna-se individualizada/certa quando determinada a qualidade;


- antes da escolha “não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa,
ainda que por força maior ou caso fortuito” – pois o gênero nunca perece
(genus nunquam perit)

Exemplo: alguém se obriga a entregar dez sacas de café - não se eximirá da obrigação,
ainda que se percam todas as sacas de café – porque pode obter no mercado, o café
prometido

Obs1: O gênero nunca perece – genus nunquam perit – o devedor nunca poderá alegar
perda ou deterioração do gênero nas obrigações de dar coisa incerta, haja vista, ser
facilmente substituível no mercado, pois o gênero nunca perece. EXCEÇÃO: Obrigação
genérica restrita - acontece quando a obrigação de dar coisa incerta está restrita a
determinada localidade ou local.

RESUMO:

1. Até o momento da tradição todos os riscos são suportados pelo devedor. Nas
obrigações de dar coisa incerta, não há determinação da qualidade, por isso não
pode ser alegada a impossibilidade de cumprimento.
2. Após a escolha, a obrigação de dar coisa incerta torna-se obrigação de dar coisa
certa e pelos dispositivos legais correspondentes é regulada.

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C) OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR - ARTS. 238 a 242, CC

1-CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS: É uma subespécie da obrigação de dar.

 É aquela que tem por objeto a devolução de coisa certa, por parte do devedor.
 Espécie de obrigação de dar coisa certa – em sentido inverso
 O dono é o credor
É o complexo de normas jurídicas que regem relações entre sujeitos de caráter
patrimonial, transitório e de oponibilidade relativa e cujo núcleo da prestação
corresponde à restituição ou devolução de objeto certo e determinado ao seu legítimo
proprietário. Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a
quem cumpre devolvê-la ao dono. É o que sucede, por exemplo, com o comodatário, o
depositário, o locatário, o credor pignoratício e outros, que devem restituir ao
proprietário, nos prazos ajustados, ou no da notificação quando avença for celebrado
por prazo indeterminado, a coisa que se encontra em seu poder por força do vínculo
obrigacional. Ex: Contrato de locação

PRESTAÇÃO = DEVOLUÇÃO DA COISA AO CREDOR


- o credor é proprietário do bem – houve apenas uma cessão de posse da coisa ao
devedor.

 Prestação?
 Dono da coisa?

- Essa coisa por qualquer título encontra-se em poder do devedor (maior incidência): Ex:
Locatário; Mutuário; Comodatário; Depositário; Mandatário.

2 DIFERENÇA ENTRE A OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (PROPRIAMENTE


DITA = ENTREGAR) E A OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR

 Dar: a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição –


credor recebe o que até então não lhe pertencia.
 Restituir: a coisa já pertencia ao credor – devolução (restituição).

3 PRINCIPAL ÂMBITO DE INCIDÊNCIA – Nos contratos de locação, depósito,


comodato, mútuo, mandato.

4 RECUSA NA ENTREGA - Vencido o prazo da entrega e o devedor não restitui a coisa

 O devedor comete esbulho – titular da posse pode opor Ação de


Reintegração;
 No Inquilinato – o proprietário pode valer-se da Ação de Despejo
para desocupar o imóvel;

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5 OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR - RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU
DETERIORAÇÃO DA COISA

5.1 – PERDA ou PERECIMENTO

a) Perda antes da tradição SEM culpa do devedor.


“Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá,
salvos, porém, a ele os seus direitos até o dia da perda” – art. 238 CC

Ex: Contrato de locação

A _____________________ B Solução: Resolve-se (extingue-se)


Credor Devedor a obrigação deixando ao credor
todos os riscos, tendo em vista a
excludente de responsabilidade
civil.
Locador Locatário

 Sem culpa do devedor – não suportará o pagamento de perdas e danos;


 Credor (dono) será prejudicado – suportará a perda

Obs1: Os direitos do credor são ressalvados, ou seja, mantidos até o dia da


perda. Ex: aluguéis em atraso.

b) Perda antes da tradição COM culpa do devedor – art. 239 CC - “se a coisa se
perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e
danos”

Solução: Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente (valor do


imóvel + perdas e danos + ressalva dos direitos do credor até o dia da perda).

 Culpa do devedor – acarreta a responsabilidade pelo pagamento das perdas e


danos;
 Perecimento do objeto – dá direito ao credor: receber o equivalente em dinheiro +
perdas e danos

5.2 – DETERIORAÇÃO

a) Deterioração antes da tradição SEM culpa do devedor. – art. 240 CC – 1ª Parte


Solução: Resolve-se a obrigação deixando ao credor – dono da coisa – todos os
riscos, tendo em vista a excludente de responsabilidade civil. Sem culpa do devedor –
credor receberá a coisa no estado em que se encontra – não tem direito a perdas e
danos, pois “se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o
credor, tal qual se ache, sem direito a indenização.” – art. 240 CC

b) Deterioração antes da tradição COM culpa do devedor. – art. 240 CC – 2º


parte
Solução: Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente
(correspondente a perda parcial + perdas e danos + a ressalva dos direitos do credor
até o dia da perda).

 resolver a obrigação – exigindo o equivalente em dinheiro + perdas e danos;


 receber a coisa no estado em que se encontra + perdas e danos.
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6 Melhoramentos, acréscimos e frutos percebidos na Obrigação de Restituir =>
As benfeitorias podem ser realizadas de: boa-fé ou má-fé. – art. 241 CC

 se a coisa sofre melhoramento ou acréscimo sem ter o devedor concorrido para


isso então  O LUCRO SERÁ DO CREDOR;

 se a coisa sofre melhoramentos ou acréscimos em decorrência de trabalho ou


dispêndio do devedor  BENFEITORIAS (necessárias, úteis e as
voluptuárias). Assim, para sabermos se o devedor tem direito, é preciso
considerar se está de boa-fé ou não

BOA-FÉ: tem direito aos aumentos e melhoramentos necessários e úteis. Os


voluptuários – se não for pago o respectivo valor – o devedor poderá levantá-los
MÁ-FÉ: só terá direito aos acréscimos necessários.

BOA-FÉ MÁ-FÉ
Direito Direito de
Benfeitorias Indenização de Benfeitorias Indenização Retenção
Retenção
NECESSÁRIAS SIM SIM NECESSÁRIAS SIM NÃO
UTÉIS SIM SIM UTÉIS NÃO NÃO
VOLUPTUÁRIAS SIM/NÃO NÃO VOLUPTUÁRIAS NÃO/NÃO* NÃO

*Obs1: Não são indenizadas, nem podem ser levantadas.

Direito de retenção (opor embargos de retenção – 744, CPC) - é o meio de defesa


que se manifesta antes de qualquer medida judicial – é de iniciativa e interesse do
detentor.

Condições:
 Legítima detenção da coisa sobre a qual se pretende exercer o direito;
 Exista um crédito por parte do retentor; Exista um acréscimo do retentor.

Art. 242, parágrafo único, CC.

Frutos percebidos – observar a boa-fé e a má-fé.


Boa-fé: o devedor tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos – art.
1.214, CC
Má-fé: não terá direito – devem ser restituídos (após deduzidas as despesas de
produção e custeio – também devem ser devolvidos os frutos colhidos com antecipação
– parágrafo único, 1.214, CC

Obs2: Princípio do meio-termo – art. 244 CC  Não será obrigado, o devedor, a


entregar o melhor, bem como não poderá entregar o pior, dentro os congêneres
objetos de escolha

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2 OBRIGAÇÃO DE FAZER - arts. 247 a 249 CC

1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS

É uma obrigação positiva que tem como prestação atos ou serviços a serem
executados pelo devedor. O conteúdo é uma atividade do devedor. É uma obrigação
que traduz o comportamento ativo (comissivo) por parte do devedor.

EXEMPLOS:
 prestação de uma atividade física ou material – pintar uma casa, levantar um
muro
 atividade intelectual, artística ou cientifica – escrever uma obra literária,
experiência cientifica.

DIFERE DAS OBRIGAÇÕES DE DAR  porque o credor pode, conforme as


circunstâncias, não admitir o cumprimento da prestação, por outrem, estranho aos
interessados – art. 305, CC. Possuem apenas meios indiretos de execução coativa,
por não permitirem a intervenção direta na esfera de atuação da pessoa do devedor.
Na obrigação de dar – autorizam, em geral, a execução coativa.
As obrigações de dar caracterizam-se pela execução específica, ou seja, aquele que
se compromete a dar alguma coisa pode ser constrangido a entregá-la, por
autoridade da justiça, quando ela se encontra em seu poder, quer queira, quer não
queira o devedor.
As obrigações de FAZER, ao contrário, não comportariam execução in natura. Assim,
quem se obriga a fazer alguma coisa não poderia ser constrangido a fazê-la,
resolvendo-se a obrigação em perdas e danos, quando não foi cumprida
devidamente.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

a) Infungíveis ou personalíssima ou intuitu personae ou imateriais


b) fungíveis ou não-personalíssima ou impessoais ou materiais

2.1 Obrigações de natureza infungíveis – intuitu personae – personalíssimas ou


imateriais - Art. 247, CC

Caracteriza-se pela vinculação jurídica do devedor ao cumprimento da prestação de


fato. A infungibilidade está ligada ao conhecimento, à técnica, idoneidade, à fama, à
honorabilidade e no bom nome que o devedor goza no mercado. É convencionado que
o devedor cumpra pessoalmente a prestação - não é admitida a substituição em razão:
 da natureza da obrigação: qualidades artísticas ou profissionais do contratado
– famoso pintor, consagrado cirurgião plástico, contratação de uma advogado
para defender um criminoso em júri;
 ou do contrato.

2.2 Obrigações de natureza fungível – impessoais ou materiais- Art. 249, CC

Caracteriza-se pela possibilidade de substituição do sujeito passivo ou devedor.

 não há tal exigência – nem se trata de ato ou serviço cuja execução depende
de qualidades pessoais do devedor – pode ser realizado por terceiro.
 A pessoa do devedor é facilmente substituível

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Exemplo: contratar um pintor para a pintura de uma casa ou um pedreiro para uma
pequena reforma.

Parágrafo único do art. 249, CC

 A lei introduz a possibilidade de procedimento de justiça de mão própria;


 Em caso de urgência e havendo recusa ou mora do devedor - o credor pode
contratar terceiro para a tarefa – entretanto, deverá resguardar-se com a
documentação necessária possível (notificações, fotografias, testemunhas que
constatem o fato, e etc. ) para o ressarcimento.

3. INADIMPLEMENTO NA OBRIGAÇÃO DE FAZER

a) Parcial – equivale à mora, retardamento no cumprimento da obrigação pela


inobservância das elementares ( tempo, lugar e modo devidos);
b) Total ou absoluto – representa a inexecução da obrigação que não pode
mais ser cumprida no tempo, lugar e modo devidos.

Obs1: A identificação do descumprimento total ou parcial se dá pelo critério da


utilidade.

- princípio do pacta sunt servanda;

3.1 Razões que podem conduzir ao não cumprimento da obrigação:

 “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-


se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos” – art.
248, CC.
 O devedor se recusa manifestamente ao seu cumprimento.

3.2 Responsabilidade civil:

a) Descumprimento SEM CULPA do devedor. Art. 248 CC

Solução: Resolve-se a obrigação com a devolução do equivalente sem


perdas e danos

b) Descumprimento COM CULPA do devedor. art. 248, segunda parte, CC

Solução: Resolve-se com a devolução do equivalente + perdas e danos.

Obs1: Em caso de mora é possível exigir judicialmente o cumprimento da


prestação com a imposição de pena cominatória diária (astreintes).

Obs2: Quando o devedor se recusa ao cumprimento da prestação a ele só


imposta no contrato, ou só por ele exeqüível devido a suas qualidades pessoais –
haverá a responsabilização pelo pagamento das perdas e danos

Obs3: A recusa voluntária induz a culpa:

 liberdade individual – não se pode constranger fisicamente


o devedor a executá-la
 admite-se, no entanto, a execução específica da obrigação
de fazer – arts. 287, 461 e 644 do CPC – contempla meios
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de indiretamente, obrigar o devedor a cumpri-las mediante
a cominação de multa diária = ASTREINTE
 regra semelhante tem o art. 84 do CDC

4 PROCEDIMENTO DE JUSTIÇA DE MÃO-PRÓPRIA - Em havendo urgência é


deferido ao credor executar o ato por conta própria ou ato de terceiro, entretanto, deverá
relacionar-se de documentos (recibos, notas), para exigir do devedor as perdas e
danos.

3 OBRIGAÇÕES DE NÃO-FAZER – arts. 250 a 251

1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS– É uma obrigação negativa (omissiva) do


devedor. Caracteriza-se pela abstenção de prestação de fato que pode ou não ser
limitada no tempo. É sempre infungível (personalíssima ou institu personae), sendo
também predominantemente indivisível por sua natureza.

 Obrigações negativas;
 O devedor compromete-se a uma abstenção, obrigação de prestação de fato;
 Imposição de uma obrigação negativa ao devedor – “abstenção” – pode ou não
ser considerada ou não ser limitada no tempo;
 características: a) como pura e simples abstenção; b) dever de abstenção ligado
a uma prestação positiva; c) simples dever de tolerância

 Obrigação deve revestir-se de objeto lícito – porque é negócio jurídico – campo


da moral e dos bons costumes
 Objeto das obrigações caracteriza-se por uma omissão autônoma ou ligada a
outra obrigação positiva
- servidão negativa: se tiver a intenção de criá-la seguida de registro no Cartório de
Imóvel – CC, art. 1378 – como direito real gravará o imóvel, acompanhando-o em
suas mutações objetivas;
- mera obrigação de não fazer (direito pessoal): simples obrigação de não-fazer
com a alienação do imóvel extingue-se o vínculo obrigacional, pois este recai
sobre a pessoa e não sobre a coisa.

2 DESCUMPRIMENTO PELA IMPOSSIBILIDADE DE ABSTENÇÃO DE FATO - O


devedor cumpre a prestação quando não faz alguma coisa. O devedor descumpre
quando realiza, que até então estava proibido.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.

 extinção da obrigação – sem culpa do devedor – não puder se abster do ato que
se obrigou a não praticar

3 INADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER POR INEXECUÇÃO


CULPOSA DO DEVEDOR

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.

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Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.

a) Descumprimento SEM culpa do devedor. Solução: Resolve-se a obrigação para


ambas partes sem se falar em perdas e danos.
b) Descumprimento COM culpa do devedor. Solução: Resolve-se a obrigação com
desfazimento do ato, acrescido de perdas e danos.

 praticado o ato pelo devedor – o credor pode exigir que desfaça – sob pena de
mandar desfazer (a sua custa) + perdas e danos;

4 REGRAS PROCESSUAIS

Art. 642, CPC - “Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei
ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo”

643,CPC - “Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que


mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos”
Parágrafo Único – Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em
perdas e danos.

4 OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OU DISJUNTIVAS

DISPOSIÇÕES GERAIS – arts. 252 a 256 CC

 Objeto singular ou simples


 Objeto composto ou plural = multiplicidade de objetos

CONCEITO - São aquelas obrigações compostas pela multiplicidade de objetos, ou


seja, têm por conteúdo duas ou mais prestações das quais uma somente será escolhida
para pagamento ao credor e liberação do devedor vínculo obrigacional”.

CLASSIFICAÇÃO

a) Obrigações simples

 Quanto ao Sujeito Único devedor

Único credor

 Quando ao objeto Único objeto/prestação

b) Obrigações compostas

Um credor x vários devedores


 Quanto multiplicidade
de sujeitos
Vários credores x um devedor

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Vários credores x vários devedores

 Quando multiplicidade Cumulativas ou conjuntivas - “e”


de objetos
Alternativas ou disjuntivas - “ou”

Obs1: Prestações de coisa => dar coisa certa, incerta e restituir.

Obs2: Prestações de fato => fazer e não-fazer

OBRIGAÇÕES COMPOSTAS: a) cumulativas; b) alternativas

I) Prestação de coisa x prestação de coisa


II) Prestação de fato x prestação de fato
III) Prestação de coisa x prestação de fato

2. DIFERENÇA ENTRE A OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA E A OBRIGAÇÃO DE DAR


COISA INCERTA

Alternativa Dar coisa incerta


Vários objetos Objeto é um só
A escolha deve recair em apenas um Indeterminação apenas pela qualidade (a escolha
deles – in obligatione recai sobre a qualidade do único objeto existente)

- possuem como ponto em comum a escolha – que em ambas são necessárias

3. DIREITO DE ESCOLHA – A escolha tem como principal efeito transformar a


obrigação composta (complexa ou múltipla) em obrigação simples.

CONCENTRAÇÃO ou DECANTAÇÃO DA PRESTAÇÃO NA OBRIGAÇÃO


ALTERNATIVA – ART. 252,CC

REGRA GERAL: Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao


devedor, se outra coisa não se estipulou.

 O direito de escolha é do devedor – se outra coisa não se estipulou


 isto porque ele é a parte onerada na obrigação e deve possuir melhores
condições de escolher os bens de seu patrimônio para a entrega – FAVOR
DEBITORIS
 o direito de opção se transmite aos herdeiros – seja credor ou devedor
 Para que a escolha caiba ao credor é necessário que o contrato assim o
determine expressamente
Obs1: Se houver pluralidade de optantes => Não havendo consenso a ausência de
unanimidade gera a escolha supletiva pelo juiz.
Obs2: Indivisibilidade da prestação => Não será possível entregar parte em prestação e
parte em outra.

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Obs3: pacta sunt servanda
Obs4: Não vigora nas obrigações alternativas a equação do meio-termo, uma vez que
ambas as prestações são equivalentes. Art. 314 CC

OPÇÃO A TERCEIRO – ART. 252, §4º,CC

§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder


exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

 o direito de opção pode ser dado a terceiro – se não fizer, a escolha caberá
supletivamente ao juiz se não houver acordo entre as partes
 terceiro = mandatário comum

- as prestações alternativas reduzem-se a uma só e a obrigação de objeto


composto passa a ser de objeto singular
- até que seja efetivada a concentração não tem o credor direito sobre objetos –
não poderá exigir desta ou daquela coisa
- poderá ser feita por sorteio, caso exista previsão contratual – art.817,CC

Obs1: com a morte do devedor ou credor => o direito de escolha compete aos
herdeiros

Obs2: Venosa elenca as seguintes características das obrigações alternativas:

a) seu objeto é plural ou composto


b) as prestações são independentes entre si
c) concedem um direito de opção que pode ser: do devedor, do credor ou de um
terceiro, sorteio.
d) feita a escolha, a obrigação concentra-se na prestação escolhida

→ escolha é irretratável, salvo disposição contratual em contrário

INDIVISIBILIDADE DA ESCOLHA

§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e


parte em outra.

 também chamado de indivisibilidade do pagamento


 não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e
parte em outra, pois deve uma ou outra;

JUS VARIANDI NA ESCOLHA DE PRESTAÇÃO SUCESSIVA -

É o direito de variar a escolha/concentração da obrigação alternativa sucessiva a cada


prestação.

§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção


poderá ser exercida em cada período.

 Nas obrigações de prestações periódicas ou de obrigação de execução


continuada ou trato sucessivo, a escolha poderá ser exercida em cada
período, assim faculta-se a escolha de forma alternativa a cada mês, ano etc.
Uma vez cientificado o credor não poderá haver mudança na escolha.
21
PLURALIDADE DE OPTANTES

§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre


eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.

 regula a hipótese de haver pluralidade de credores ou de devedores.

 há necessidade de que vários credores ou devedores se acertem sobre a


escolha;

 não havendo acordo, devem valer-se de uma decisão judicial – cabe ao juiz,
decidir, após conceder um prazo para deliberação.

REGRAS PROCESSUAIS – ART. 571, CPC


 o contrato deve estabelecer prazo para a opção – se não o fizer, o
devedor será notificado, para efeito de sua constituição em mora; (será
notificado para cumprir em 10 dias)
- a constituição em mora não priva o devedor de seu direito de escolha – salvo se a
convenção (ajuste do acordo) dispuser que passa ao credor;
 se a opção é do credor, e o contrato não fixa o prazo para opção, será ele
citado para, em cinco dias, exercer o direito – direito à escolha – ou aceitar
que o devedor faça a escolha – depositando-se a coisa;
- a execução do título que consagra obrigação alternativa rege-se pelo CPC.

 Se surge dúvida no contrato acerca de a quem cabe a escolha – o ponto


obscuro deve resolver-se a favor do devedor, seguindo a regra de que, na
dúvida, as convenções são interpretadas a favor do devedor;

 As partes podem optar pelo sorteio para o cumprimento da obrigação


alternativa;

 O optante, ao efetuar a escolha – faz uma declaração unilateral de vontade.

DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

A) ESCOLHA DO DEVEDOR

1º HIPÓTESE: perda de um dos objetos SEM CULPA do devedor

Solução: Resolve-se a obrigação concentrando na prestação


remanescente.

2º HIPÓTESE: perda dos dois objetos SEM CULPA do devedor

Solução: Resolve-se com a devolução do valor da que por


último se impossibilitou sem perda e danos.

3º HIPÓTESE: perda de um dos objetos da prestação COM CULPA do


devedor.

Solução: Resolve-se a obrigação com a concentração na


obrigação remanescente.
22
4º HIPÓTESE: perda dos dois objetos da prestação COM CULPA de
devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor da que por


último se impossibilitou + perdas e danos

B) ESCOLHA DO CREDOR

1º HIPÓTESE: Um dos objetos se perde SEM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a concentração na remanescente ou


o valor da que se impossibilitou (Sem perdas e danos)

2º HIPÓTESE: Os dois objetos se perdem SEM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor de qualquer


das prestações (Sem perdas e danos)

3º HIPÓTESE: Um dos objetos se perde COM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a concentração na prestação


remanescente ou o valor da que se impossibilitou + perdas e danos.

4º HIPÓTESE: Os dois objetos se perdem COM CULPA do devedor.

Solução: Resolve-se com a devolução do valor de qualquer


das prestações + perdas e danos.

4. IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES

SEM CULPA DO DEVEDOR

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou
se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

 se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornar


inexeqüível – subsistirá o débito quanto à outra – o direito do credor fica
circunscrito às coisas restantes.

IMPOSSIBILIDADE DAS PRESTAÇÕES EM RAZÃO DE FORÇA MAIOR E CASO


FORTUITO

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do


devedor, extinguir-se-á a obrigação.

 se a impossibilidade for de todas as prestações – extinguir-se-á a obrigação, por


falta de objeto, sem ônus para este.

INEXEQUIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR A QUEM CABE A ESCOLHA

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a

23
pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que
o caso determinar.

 se o devedor não puder cumprir nenhuma das prestações (com culpa) e a


escolha da prestação é sua:

→ ficará obrigado a “pagar o valor da que por último se impossibilitou,


mais as perdas e danos que o caso determinar”

→ com o perecimento do primeiro objeto, concentra o débito na


segunda – que também pereceu.

IMPOSSIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR, CABENDO A ESCOLHA AO


CREDOR

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação
subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do
devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e
danos.

ART. 255, CC, 1ª PARTE - SOMENTE UMA DAS PRESTAÇÕES TORNA-SE


IMPOSSÍVEL – se o devedor não puder cumprir uma das prestações (COM CULPA)
e a escolha é do credor:

 o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra (a


primeira), com perdas e danos

ART. 255, CC, 2ª parte – AS DUAS PRESTAÇÕES TORNAN-SE INEXEQUÍVEIS - se o


devedor não puder cumprir nenhuma das prestações (COM CULPA) e a escolha é do
credor:

 poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por
perdas e danos.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:

Quanto à execução: a) instantâneas b) diferidas c) periódicas ou de trato


sucessivo

a) INSTANTÂNEAS – São aquelas cujos atos de execução se operam


simultaneamente, ou seja, o pagamento e a entrega se concretizam em
um único ato.
b) DIFERIDAS – São aquelas cujos atos de execução ocorrem em dois
momentos distintos, ou seja, primeiro o pagamento e depois a entrega ou
primeiro a entrega e depois o pagamento.
c) PERIÓDICAS OU DE TRATO SUCESSIVO OU OBRIGAÇÕES
SUCESSIVAS OU OBRIGAÇÕES DE PRESTAÇÃO – São aquelas cujos
atos de execução são sucessivos no tempo. Ex: entrega e pagamento
parcelado

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5 OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS – arts. 233 a 420

1- DISPOSIÇÕES GERAIS – ART. 87 a 88 CC

Bem Divisível – É aquele que comporta fracionamento, ou seja, que pode ser
fracionado, repartido, dividido sem que haja perda de suas características intrínsecas.

Bem Indivisível – É aquele que não comporta fracionamento, ou seja, não pode ser
repartido, dividido sob pena de perda de suas características intrínsecas.

2 – OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS – É aquela que pode ser cumprida de modo fracionado


sem perda das suas características intrínsecas, em que cada devedor deve uma quota
parte igual e ideal – salvo disposição em contrário – e cada credor só pode exigir a sua
quota-parte igual e ideal no crédito – salvo disposição em contrário.

2.1 – CUMPRIMENTO – Dois momentos para cumprimento da prestação:

 Vínculo externo – relação jurídica entre credores e devedores.

 Vínculo interno – Relação jurídica entre co-devedores e co-credores.

A) CREDORES:

Presunção Relativa:

 Cada credor é credor de uma quota-parte igual e ideal no crédito.


 Cada credor só pode demandar a sua quota-parte.

B) DEVEDORES:

Presunção Relativa:

 Cada devedor só deve sua quota-parte igual e ideal no débito.


 Cada devedor só pode ser demandado pela sua quota-parte

Obs1: O pagamento opera a quebra do vínculo externo.


Obs2: No vínculo interno co-credores e co-devedores, receberão e pagarão
respectivamente as suas quotas-partes.

3-OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS – São aquelas cujo objeto da prestação não pode ser
fracionado ou repartido sob pena de suas características intrínsecas. Cada credor pode
exigir o objeto da prestação por inteiro e cada devedor é obrigado a pagar por inteiro
caso seja demandado pelo pólo creditório.

Obs1: As obrigações de restituir são, em regra, indivisíveis. O comodatário e o


depositário, por exemplo, obrigados a devolver a coisa emprestada ou depositada, não
podem reter uma parte dela, salvo permissão do dono.

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Obs2: As obrigações de Fazer algumas vezes podem dividir-se e outras, não.

Obs3: A obrigação de dar coisa certa, pode ser divisível ou Indivisível, conforme a
natureza do objeto.

Obs4: As obrigações em que o devedor assume a obrigação de, simultaneamente, dar e


fazer (ex: pagar uma soma de dinheiro e fazer uma obra) geralmente são indivisíveis.

Obs5: As obrigações de não fazer, em geral, são indivisíveis.

Obs6: As obrigações alternativas e as genéricas, ou de dar coisa incerta estão incluídas


entre as obrigações indivisíveis.

3.1 – Cumprimento: A indivisibilidade da prestação resulta:

 De ordem natural ou física. Ex: animal


 De disposição legal. Ex: as servidões prediais
 Por razão determinante do negócio jurídico (contrato ou convenção)
 Sentença Judicial

3.2 – Descumprimento – art. 263 CC

Perdas e danos não representam pagamento da obrigação, mas substitutivo do


pagamento e essa conversão se dá em dinheiro (bem jurídico divisível), daí por que
ocorre a divisibilidade da prestação.

3.3 – Validade do Pagamento nas Obrigações Indivisíveis – Como forma de garantir um


bom pagamento o devedor deve pagar a todos os credores conjuntamente ou somente
a um deles exigindo Caução de Ratificação dos demais credores, tal instrumento serve
como demonstrativo de anuência do recebimento da prestação pelos demais credores.

3.4 – Diferença entre obrigação indivisível e obrigação solidária passiva

Obrigação Solidária Passiva: tem origem em decorrência de previsão em lei ou


contrato; A obrigação solidária (ativa e passiva) não perde sua natureza se convertida
em perdas e danos.
Obrigação Indivisível: Tem origem na natureza da coisa, tarefa ou negócios; perde a
qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.

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6 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – arts. 264 a 285 CC

1 CONCEITO – Caracteriza-se pela multiplicidade de credores e/ou de devedores,


tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou
estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor.
São independentes do núcleo da obrigação, nascendo da lei ou da vontade das
partes. Possui vínculo interno

“Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou


mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda” – art.
264 CC
“É modalidade especial de obrigação que possui dois ou mais sujeitos, ativos ou
passivos – onde cada credor pode “demandar” e cada devedor é obrigado a
satisfazer a totalidade da prestação” – Venosa

2 CARACTERES

• Pluralidade de credores, ou de devedores, ou de uns e de outros;

• Exigibilidade = Integralidade da prestação;

• Co-responsabilidade dos interessados;

• É um artifício técnico para reforçar o vínculo, facilitando o cumprimento ou


solução da dívida;

• A obrigação é solidária quando a totalidade de seu objeto pode ser reclamada por
qualquer dos credores ou devedores.

3 DISCIPLINA LEGAL

 Arts. 264 a 285 do Código Civil

4 ESPÉCIES

 SOLIDARIEDADE ATIVA = CREDORES;

 SOLIDARIEDADE PASSIVA = DEVEDORES – CO-DEVEDORES OU


COOBRIGADOS. QUE É MAIS ÚTIL E MAIS COMUM;
 SOLIDARIEDADE RECÍPROCA = HÁ SIMULTANEIDADE DE CREDORES E
DEVEDORES.

5 DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS E OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS.

- ponto em comum: em ambas, diante a pluralidade subjetiva, cada credor poderá


exigir a dívida inteira e cada devedor estará obrigado pelo débito todo.

 O credor que receber responderá pela parte dos demais;


 O devedor que pagar terá direito de regresso contra os outros;
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DIFERENÇAS:

I. Fonte da solidariedade:

 é o próprio título em razão do qual as partes estão obrigadas


 índole subjetiva da obrigação solidária: reside nas próprias pessoas e é oriunda
da lei ou do negócio jurídico (título constitutivo) - art. 265, CC;
 visa facilitar o adimplemento da relação obrigacional

Fonte da indivisibilidade:

 é a própria natureza da prestação – que não comporta execução fracionada


 índole objetiva
 visa assegurar a unidade da prestação.

II. Na solidariedade: cada devedor paga por inteiro, porque deve por inteiro;
Na indivisibilidade: o devedor paga por inteiro porque outra solução não é
possível.

III. A solidariedade = origem técnica;


A indivisibilidade = origem material.

IV. Na solidariedade = a conversão em perdas e danos conserva os seus atributos


– art. 271, CC;

Na Indivisibilidade = a conversão em perdas e danos faz desaparecer a


primitiva indivisibilidade (a obrigação perde a qualidade de indivisível) –
dever de indenizar a transforma em obrigação pecuniária.

6 HISTÓRICO

Noção fundamental da obrigação solidária – origem no Direito Romano: credores e


devedores buscavam evitar os inconvenientes da divisão da dívida – ligavam-se a
um vínculo particular.

- do lado passivo: é que o co-devedor que paga extingue a dívida, tanto em relação a si
quanto em relação aos demais co-obrigados (devedores)

- do lado ativo: cada credor tem a faculdade de exigir a totalidade da coisa devida do
devedor.

obrigações perfeitas ou correalidade;


solidariedade propriamente dita ou obrigações imperfeitas

• Obrigações perfeitas: similar a atual solidariedade – origem na vontade das


partes;
• Obrigações imperfeitas = obrigações in solidum: produziria apenas os efeitos
principais e não os secundários (art. 279 e 280, CC) – origem na lei

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7 OBRIGAÇÕES IN SOLIDUM

 são obrigações em que encontramos sujeitos que “devem”, sem serem solidários.
São, portanto, situações das quais decorrem obrigações para os sujeitos, embora
não estejam ligados por uma unidade de causa obrigacional.
 os liames que ligam os devedores ao credor são totalmente independentes,
embora ligados pelo mesmo fato.
 diferente é a responsabilidade – aqui os devedores não são responsáveis, todos,
pelo mesmo valor.

8 FONTES DA SOLIDARIEDADE
Art. 265, CC: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”;

 tem caráter de exceção dentro do sistema – só pode decorrer da lei ou do contrato.


 a inexistência de declaração expressa no título constitutivo ou a ausência de
previsão legal – gera presunção contrária à solidariedade - a obrigação divide-
se e cada devedor só é obrigado a sua quota-parte ou cada credor só terá direito à
sua cota parte.

NA DÚVIDA SE INTERPRETA A FAVOR DOS DEVEDORES


NÃO HÁ SOLIDARIEDADE

 A solidariedade não decorre de sentença – o juiz não pode fixar solidariedade se ela
não preexiste num contrato ou na lei, ele apenas declara o direito das partes
 A solidariedade deve ser expressa e não presumida – quer dizer, não exige
formalidades sacramentais, mas a vontade da obrigação solidária deve ficar expressa
e, quanto à solidariedade presumida – adoção do princípio de que na dúvida se
prefere a solução menos onerosa para o devedor.
 Quem alega solidariedade deve prová-la – já que não existe presunção. Provindo da
lei não precisa de prova.
 A solidariedade pode ser provada por testemunhas, quando o valor do contrato
permitir - art. 227, CC
 Meras presunções e indícios podem reforçar a solidariedade, mas não a induzem. Ex:
- O parentesco não induz solidariedade;
- Indícios e conjecturas, mais ou menos verossímeis;
- A obrigação assumida na mesma oportunidade;
- Obrigação assumida por sócios ou condôminos – presunção é de que cada qual
contrai obrigação proporcional ao seu quinhão – art. 1317, CC.

9 SOLIDARIEDADE ATIVA - Está em desuso, pela insegurança jurídica. Vínculo


jurídico artificioso e ficção jurídica => determinar o cumprimento da obrigação de
determinada forma. Exige o cumprimento da prestação por inteiro,
independentemente da natureza do objeto, ou seja, a natureza jurídica do objeto
da prestação é irrelevante. A obrigação pode ser de prestação divisível ou
indivisível.

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 É relação jurídica em que concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer
deles receber integralmente a prestação devida – art. 267, CC, in verbis:

“Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o


cumprimento da prestação por inteiro”

 aqui o devedor se exonera da obrigação, pagando a qualquer um dos co-


credores.

 cada co-credor = credores solidários – podem exigir do devedor comum o


cumprimento total da dívida
 o devedor – no vencimento da obrigação – pode efetuar a prestação a um dos co-
credores - o credor escolhido não pode se recusar a recebê-la - sob a
alegação de que a obrigação não lhe pertence por inteiro.
 O devedor só poderá escolher o credor se nenhum deles tiver proposto ação de
cobrança = prevenção judicial – o devedor só pode pagar ao credor que o
acionou

rara é a aplicação na prática da solidariedade ativa. Por quê?

- apresenta alguns inconvenientes como a impossibilidade de revogação por um


dos credores e ausência de probidade e honradez
- insolvência do credor que recebe a prestação, tornando problemático o direito de
regresso dos demais credores.

9.1 EFEITOS DA SOLIDARIEDADE ATIVA

SOLIDARIEDADE ATIVA

Art. 267, CC: “Cada um dos credores solidários tem direito de exigir do
devedor o cumprimento da prestação por inteiro”.
- O devedor não poderá pretender pagar a prestação parcialmente – ou seja, apenas
sua quota-parte – alegando que a obrigação deveria ser rateada.

9.2 – REGRAS GERAIS

A) DA PREVENÇÃO JUDICIAL

É a vinculação judicial pelo devedor de quem foi exigido o pagamento

Art. 268: “Enquanto algum dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar”

- Não havendo cobrança judicial – o devedor poderá pagar a qualquer dos


credores à sua escolha.
- O credor escolhido não pode se recusar a receber alegando que a prestação não
lhe pertence por inteiro.
- A cobrança judicial enseja a prevenção do juízo – caso pague a outro credor –
correrá o risco de pagar duas vezes – só se libera pagando ao credor que o
acionou.

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B) REFRAÇÃO DO CRÉDITO

Art. 270, CC: “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada
um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”

 Herdeiros do credor falecido – só podem exigir o respectivo quinhão hereditário


(parte do crédito solidário cabível ao de cujus) – e não a totalidade do crédito.
 A prestação do herdeiro do co-credor falecido poderá ser reclamada por inteiro:

- se o falecido deixou um único herdeiro;


- se todos os herdeiros agirem em conjunto;
- se a prestação for indivisível

- O sucesso obrigacional em sentido lato sensu só poderá exigir a quota-parte


correspondente ao seu quinhão hereditário

C) CONVERSÃO DA PRESTAÇÃO EM PERDAS E DANOS

Art. 271: “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os


efeitos a solidariedade” => A obrigação solidária se converte em perdas e danos não
altera a natureza jurídica de seus efeitos.

- fixado o valor das perdas e danos – cada credor continua com o direito de exigir
a sua totalidade.
OBS: Difere das obrigações indivisíveis, visto que nestas há conversão de perdas e
danos torna a obrigação divisível.

D) EFEITO JURÍDICO DA SOLIDARIEDADE ATIVA NAS RELAÇÕES INTERNAS

Art. 272: “o credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento


responderá aos outros pela parte que lhes caiba”

- Relações internas entre co-credores solidários;


- Princípio da comunidade de interesses – todos têm um interesse comum no
objeto da obrigação;
- O credor que remite (perdoa a dívida) será responsável pela quota-parte dos
demais.
- Os co-credores terão direito de regresso – direito de exigir do credor que
remitiu ou recebeu a prestação a entrega do que lhes competir.
- AÇÃO REVERSIVA: GARANTIR AOS DEMAIS CREDORES A PERCEPÇÃO
DE SUAS QUOTAS
- A obrigação solidária ativa é não fracionável na relação devedor/credores
(relação externa), mas fracionável quanto aos sujeitos ativos da relação obrigacional
(relação interna)

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E) OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES PESSOAIS

A exceção é um argumento de defesa, pode ser: a) Pessoal; b) Geral

a) Geral ou Objetiva ou Absoluta => atinge a obrigação por inteiro, dizendo respeito
ao interesse de todos os credores e devedores. Ex: prescrição, licitude do objeto,
extinção da obrigação
b) Pessoal ou Particular ou Subjetiva => É o argumento de defesa que atinge
somente aquele devedor, que argüiu a defesa em seu favor, e somente ele
poderá argui-lo. Ex: incapacidade, erro e outros vícios de vontade.
Art. 273: “a um dos credores solidários não pode o devedor opor exceções pessoais
oponíveis aos outros”

EXCEÇÃO NO DIREITO

- forma e meio de defesa – substituição do termo “exceções” por “defesas”;

- Solidariedade:

 uma única prestação


 multiplicidade de vínculos (+ de 1 pessoa no pólo passivo ou ativo)

- Situações que podem ser alegadas por qualquer devedor demandado =


exceções comuns ou reais ou gerais

 dizem respeito à própria obrigação – pode ser alegada por qualquer devedor
demandado
 Ex: situações como a inexistência de obrigação, ausência de forma prescrita, extinção
da obrigação.

- “são os meios de defesa que podem ser opostos por todos os co-devedores da
obrigação solidária” – Venosa

- Situações que só podem ser alegadas por um único devedor = exceções


pessoais, particulares

 só o devedor exclusivamente atingido por tal exceção é que poderá alegá-la.


 não contaminam o vínculo dos demais co-devedores
 Ex: só alguém que tenha se obrigado por erro pode alegar vício de vontade
- “são os meios de defesa que podem ser opostos por um ou vários co-devedores” –
Venosa

- a exceção pessoal só pode ser oposta pelo devedor ao credor que ela possua
(exceção pessoal).

32
F) EFEITOS DO JULGAMENTO EM CASO DE SOLIDARIEDADE ATIVA

Art. 274: “O julgamento contrário a um dos credores solidários, não atinge os


demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção
pessoal ao credor que o obteve”
Favorável = atinge todos os credores, salvo causa pessoal.
Contrário = Não atinge os demais credores

10. SOLIDARIEDADE PASSIVA

- a solidariedade passiva decorre da lei ou da vontade das partes.

A SOLIDARIEDADE PASSIVA

Art. 275: “O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos


devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido
parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto”

- O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores parcial


ou totalmente, a dívida comum

DIREITOS DO CREDOR

Art. 275 – parágrafo único: “Não importará renúncia da solidariedade, a


propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”

- O credor pode propor ação contra um ou apenas uma parte dos devedores –
sem que com isso renuncie a solidariedade dos demais.
- Poderá, neste caso, ainda, demandar a obrigação dos demais devedores não
acionados judicialmente.

MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS

art. 276: “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum
destes será obrigado a pagar senão a quota correspondente ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores”

- A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade que


continuará onerando os demais co-devedores.
- Os herdeiros respondem pelos débitos do falecido, desde que não ultrapassem
as forças da herança – arts. 1.792 e 1.997.

EFEITO DO PAGAMENTO PARCIAL EFETIVADO POR DEVEDOR SOLIDÁRIO E


REMISSÃO DA DÍVIDA OBTIDA POR UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS

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art. 277: “o pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até a concorrência da
quantia paga ou relevada”

- Aqui, a remissão pessoal dada pelo credor a um dos devedores – não tem o
condão de apagar a solidariedade relativamente aos demais devedores – que
permanecerão vinculados.
- Ocorre, entretanto, a redução da dívida proporcionalmente à concorrência da
importância relevada.
- O credor só cobrará dos demais o restante da obrigação = valor do crédito com o
abatimento.

ESTIPULAÇÃO DE CONDIÇÃO OU DE OBRIGAÇÃO ADICIONAL

art. 278: “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre


um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos
outros sem consentimento destes.

- Cláusula, condição ou obrigação adicional – são atos que alteram a relação


obrigacional – não podem prejudicar os demais devedores solidários – por isso
atingem somente aquele que se obrigou - REVELIA

IMPOSSIBILIDADE NA PRESTAÇÃO POR CULPA DE UM DOS DEVEDORES


SOLIDÁRIOS

art. 279: “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores


solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado”

- IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
 SEM CULPA: decorrente de caso fortuito ou força maior = resolução da obrigação
= liberação dos co-devedores.
 COM CULPA: de um ou de alguns dos devedores – respondem todos pelo
equivalente, mas pelas perdas e danos só o(s) culpado(s)
 Ninguém pode ser culpado pela culpa alheia

RESPONSABILIDADE PELOS JUROS MORATÓRIOS

art. 280: “todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a
ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos
outros pela obrigação acrescida”

- 1ª parte: sob o prisma das relações externas = todos os co-devedores solidários


responderão perante o credor pelos juros moratórios – mesmo que a ação tenha
sido proposta somente contra um deles.
- 2ª parte: sob o prisma das relações internas = somente o culpado deverá suportar o
acréscimo = princípio da responsabilidade pessoal pelos atos culposos

OPOSIÇÃO DE EXCEÇÕES

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art. 281: “o devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe
forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro co-devedor”.

- As exceções ou defesas pessoais peculiares a cada co-devedor –


isoladamente considerado – só poderão ser deduzidas pelo próprio
interessado – não se estendendo aos outros.
- Ex: não poderá alegar que um dos devedores foi coagido.
- As exceções comuns ou objetivas, ao revés, aproveitam a todos os
coobrigados.
- Ex: falta de causa, à ilicitude do objeto e etc.

RENÚNCIA DA SOLIDARIEDADE: PARCIAL OU TOTAL

art. 282: “o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns


ou de todos os devedores”

- A renúncia da solidariedade significa a perda da faculdade de cobrar daquele


devedor a dívida por inteiro – continua a ter responsabilidade por uma quota-
parte da obrigação.
- Ficará obrigado perante o credor apenas por sua parte no débito – apesar de ser
obrigado a contribuir com a quota-parte do insondável. A renúncia é um ato
jurídico stricto sensu.

art. 282 – parágrafo único: “se o credor exonerar da solidariedade um ou mais


devedores, subsistirá a dos demais”.

- O credor quando for cobrar dos demais – deverá abater na dívida a quantia
alusiva à parte devida pelo co-devedor que foi liberado
- O credor beneficiado (pela renúncia) passará a ser o sujeito passivo de uma
obrigação simples – deve apenas uma quota-parte
- Os demais co-devedores continuarão solidários

DIREITO DE REGRESSO

art. 283: “ o devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de
cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a
do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os co-devedores”.

- O coobrigado que cumpre a prestação sub-rogar-se-á no crédito – mas a


solidariedade não passará para o sub-rogado, que terá o poder de reclamar dos
demais as partes em que a obrigação se fracionou;
- Tem, portanto, o direito de regresso, pois cumpriu além de sua parte;
- Se um dos co-devedores for insolvente – haverá o rateio entre todos os co-
devedores – inclusive daqueles exonerados da solidariedade pelo credor.

35
- Eles contribuirão, proporcionalmente no rateio.

RATEIO DA PARTE DO INSOLVENTE

art. 284: “ no caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os


exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente.

IMPOSSIBILIDADE DE DIREITO DE REGRESSO

art. 285: “Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,


responderá este por toda ela para com aquele que pagar”

- O co-devedor a quem a dívida solidária interessar exclusivamente responderá


sozinho por toda ela para com aquele que a solveu.
- Ex: havendo fiança, o credor tem direito de acionar qualquer dos fiadores;
mas uma vez pago o débito, o solvens terá o direito de reembolsar-se
integralmente apenas do afiançado.
- Neste caso = poderá um dos devedores ser compelido a satisfazer todo o
débito, sem ter direito de regresso contra os demais.

7 OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

1 – Quanto ao modo de cumprimento, podem ser:

a) Instantâneas:
b) Diferidas;
c) De trato sucessivo ou periódicas: Os atos de execução se dão de forma
reiterado no tempo.

2- Quanto à consecução recíproca, podem ser:

a) Principais – É aquela que subsiste por si mesma de forma independente,


autônoma e sem vinculação a qualquer outra. Ex: Contrato de compra e venda
para entrega de coisa
b) Acessórias – São aquelas cuja existência supõe a da obrigação principal

REGRAS ESPECÍFICAS:

1ª Regra: “O acessório segue o principal”. Art. 92 CC


2ª Regra: “A invalidade da obrigação principal provoca a invalidade da obrigação
acessória, mas a invalidade da obrigação acessória, não induz a invalidade da
obrigação principal” – art. 164 CC
3ª Regra: Nas obrigações de dar coisa certa o acessório segue o principal, ainda que
não mencionados no título (contrato) da obrigação, salvo se o contrário resultar no título
ou das circunstâncias do caso.
4º Regra: “A novação extingue os acessórios e as garantias das dívidas, salvo
estipulação em contrário”. Art. 364 CC

3 – Quanto ao fim que se destina – o núcleo é fazer.

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a) De meio – O devedor se compromete de usar de todos os meios. É aquela em
que o devedor se compromete a empregar todo o conhecimento, técnica e
diligências necessárias para alcançar o resultado, porém não se compromete
com o próprio resultado. Ex: Obrigações do advogado e do médico
b) Resultado – O devedor se compromete a alcançar o resultado. É aquela em
que o devedor se compromete com o próprio resultado da obrigação, ou seja,
só se exonera quando alcança o resultado, caso contrário, será considerado
inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso.

Obs1: Caso o resultado não seja alcançado deverá será apurado perdas e
danos. Ex: Obrigação de uma cirurgia plástica, dentista, cirurgia estética,
canal.

c) Garantia – O devedor se compromete e mesmo com as excludentes de


resultado, ele garante o cumprimento. É aquela em que o devedor se
compromete com o resultado, inclusive em situações de caso fortuito ou força
maior, é uma subespécie da obrigação de resultado. Ex: Seguro de
transportadora de mercadorias, segurador e fiador. É aquela que se destina a
propiciar maior segurança ao credor ou eliminar risco existente em sua
posição,mesmo em hipóteses de fortuito ou força maior dada a sua natureza.

4 – Quanto às cláusulas acessórias que modificam os efeitos naturais das


obrigações, podem ser:

a) Puras ou Simples – Não se sujeitam à condição, termo ou encargo;


b) A termo – Se sujeitam a um evento futuro e certo. Possuem termo prefixada,
ou data prefixada de ocorrência, que coincide com o vencimento da obrigação;
c) Condicionais – Se sujeitam a um evento futuro e incerto, dividindo-se em
obrigações condicionais suspensivas e condicionais resolutórias

a. Suspensivas: Protraem (adiam) os efeitos da obrigação à ocorrência de


determinado evento futuro e incerto, ou seja, somente chegado o evento
a obrigação é realizada.
b. Resolutivas: Os efeitos obrigacionais são terminados quando da
ocorrência de um evento futuro e incerto.

d) Modais ou com encargo – São oneradas de algum gravame ou ônus

5- Quanto à certeza e liquidez e exigibilidade do título (contrato), podem ser

a) Líquidas – São certas quanto à sua existência, determinadas quanto ao seu


valor e expressas em cifra, algarismo e identificadas pelo gênero, quantidade e
qualidade nas obrigações de dar.
b) Ilíquidas - Precisam passar por um processo anterior de liquidação, ou seja,
dependam de prévia apuração porque seu valor montante é incerto e para seu
cumprimento precisa ser líquida. As liquidações podem ser feitas por simples
cálculo (aritmético), por arbitramento ou então por artigos (quando é necessário
provar fato novo)

6- Quanto ao caráter de acessoriedade, temos as obrigações com cláusula penal

Obs1: É acessório a um contrato principal.

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Obs2: O princípio de eu o acessório segue o principal vale para as obrigações com
cláusula principal. Assim, nula a obrigação principal, nula será a obrigação acessória,
sendo que o contrário não é verdadeiro, ou seja, nulo o acessório, o principal não estará
nulo.

Classificação da cláusula Penal.

a) Compensatório: É a prefixação de perdas e danos para eventual


descumprimento do contrato, quando então o credor poderá executar diretamente
a cláusula acessória.
b) Moratória: É a prefixação de perdas e danos em cláusula acessória para
eventuais prejuízos decorrentes da mora (retardamento culposo no cumprimento
da obrigação ou inadimplemento relativo)

7 – Quanto ao débito e responsabilidade, podem ser:

a) Civis ou Comuns ou Perfeitas ou Jurídicas. Encontra respaldo no direito


positivo, podendo seu cumprimento ser exigido do credor, por meio de ação. Possuem o
elemento débito e responsabilidade, ou seja, devedores e credores. Podem ser exigidas
juridicamente, pois se o devedor ou um terceiro realiza voluntariamente a prestação, o
credor tem a faculdade de retê-lo a título de pagamento (soluti retentio). Se, no entanto
não ocorrer o cumprimento voluntário, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar
o patrimônio do devedor

b) Naturais ou imperfeitas ou incompletas – Possuem débito, mas que não tem


responsabilidade. Não podem ser exigidas juridicamente. Sem garantia, sem sanção,
sem ação para se fazer exigível. Nessa modalidade o credor não tem o direito de exigir
a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação, se este,
voluntariamente, efetua o pagamento, não tem o direito de repeti-lo. Não cabe o pedido
de restituição da importância paga em razão da retenção do pagamento existente em
favor do credor. Conforme Andréa Torrente a obrigação natural é relação não jurídica,
que adquire eficácia jurídica através do seu adimplemento. Para Sérgio Carlos Covello,
é a obrigação que não confere o direito de exigir seu cumprimento, mas, se cumprida
espontaneamente, autoriza a retenção do que foi pago. Assim, ter-se-á obrigação
natural sempre que se possa afirmar que uma pessoa deve a outra determinada
prestação por um dever de justiça, devido à existência anterior de um débito inexigível e
não por um dever de consciência. Seu principal efeito é a retenção do pagamento ( soluti
retentio), ou seja, a irrepetibilidade da prestação feita espontaneamente, ou seja, na
validade de seu pagamento e o faz porque a dívida existia, apenas não podia ser
judicialmente exigida. A teoria mais aceita é a Teoria Clássica ou tradicional que
sustenta que a obrigação natural é a obrigação civil desprovida de ação judicial. A
obrigação natural não comporta fiança, pois esta é de natureza acessória e segue o
destino da principal, não podendo existir sem uma obrigação civil válida e exigível.
Exemplos:
 Dívida de jogo (art. 814 CC); “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a
pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou,
salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito”. (Igualmente,
não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo, ou aposta, no ato
de apostar ou jogar CC, art.815)

38
 Dívida prescrita – art. 882 CC - (tem débito, mas não tem responsabilidade, salvo
se os herdeiros do de cujus pagaram a dívida prescrita com desconhecimento
quanto então pode reaver o que voluntariamente pagaram para quitar a dívida
prescrita);
O Código no artigo 882, aduz que não se pode repetir o que se pagou para solver dívida
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Artigo 564 III, segundo o qual não se revogam por ingratidão as doações que se fizerem
em cumprimento de obrigação natural.

REGRA GERAL: Nas obrigações naturais não comporta repetição de indébito.

Obs; Orlando Gomes dispensa tratamento a outras modalidades obrigacionais, tais


como:

a) Obrigações morais. Ex; dar esmola


b) Obrigações costumeiras. Ex: Pagamento da gorjeta
c) Obrigações cívicas; Ex: servir às forças armadas

Obs: Fiança é um tipo responsabilidade sem débito.

8 – Quanto à relação de direito real e direito obrigacional, podem ser:


a) Propter rem; b) Ônus Reais; e c) Eficácia real

a) Propter Rem ou obrigações reais ou obrigações ob rem ou obrigações


ambulatórias ou obrigações imperfeitas. “advir de ou por causa de” – São aquelas
obrigações que estão a cargo de um sujeito à medida que este é proprietário de uma
coisa, ou titular de direito real de uso e gozo dela. São Direitos e Deveres de natureza
real que emanam do domínio. É um misto de direito real e direito obrigacional. É positiva
ou negativa.

Obs1: domínio: . propriedade . posse . simples uso

Natureza jurídica: é uma categoria jurídica autônoma, porque envolve tanto direito real,
quanto direito obrigacional, por isso, são denominadas, de obrigações híbridas ou
ambíguas

Exemplos:
 Obrigação do condômino de pagar a taxa do condomínio;
 Do condômino em condomínio de edificar, de não alterar a fachada do prédio;
 Do condômino de contribuir para conservação da coisa comum;
 Dos donos de imóveis confinantes de concorrerem para despesas de
conservação e construção de tapumes e divisórias.

Características

 Vinculação ao um Direito Real, assim ser o devedor ou possuidor e proprietário;


 Transmissibilidade da obrigação por meio de negócio jurídico, recaindo a
obrigação sobre o novo adquirente;
 O devedor pode exonera-se da obrigação pelo abandono do bem.

Regras Especiais:

 O patrimônio do devedor responde sem limite pela obrigação, salvo bem de


família;

39
 A prestação pode ser positiva ou negativa;
 O desaparecimento do objeto não faz desaparecer o ônus.

b) Ônus Reais – É aquela que onera o devedor fazendo recair sobre sua pessoa por
força de determinado direito real determinado gravame ou encargo.

Características:

 Vinculação ao Direito Real;


 Transmissibilidade recaindo a obrigação sobre o adquirente;
 A prestação será positiva.

Regras Especiais:

 A responsabilidade do devedor está limitada ao valor do bem onerado;


 Desaparecendo o objeto, desaparece o ônus;
 É sempre positiva;
 São deveres que limitam o gozo da coisa e o poder de dispor sobre elas com
efeito erga omnes.

Exemplos:

 Constituição de renda sobre imóvel – arts. 803 a 813 CC;

Obs1: É um instituto em desuso, para muitos, revogado.

Obs2: Os débitos anteriores relativos a taxa de condomínio, transmite-se ao novo titular


(adquirente).

c) Eficácia Real – São aquelas obrigações que sem perder o caráter essencial de
Direitos, há uma prestação se transmitem ou são oponíveis a terceiros que adquiram
Direito sobre determinada coisa.

Exemplos:

 Artigo 8º da Lei de Locação (nº 8245/91), salvo cláusula assecuratória de


vigência em caso de alienação averbada junto à matrícula do imóvel não será
obrigado o adquirente a respeitar o contrato de locação;
 O compromisso de compra e venda sem cláusula de arrependimento, onde
compromissado comprador goza de Direito Real oponível a terceiro, caso o
compromisso de compra e venda esteja inscrito no Registro Imobiliário;
 Direito de Preferência – Art. 576 CC a art. 27 da Lei do Inquilinato nº 8245/91 – O
locatário tem Direito Real em favor de terceiros, caso o locados não observe o
seu Direito de Preferência.

40
8 TEORIA DO PAGAMENTO

1) ELEMENTOS - Pagamento: É a execução voluntária e exata, por parte do devedor,


da prestação devida ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo.

a) Lugar do Pagamento;
b) Tempo do Pagamento;
c) Objeto e sua prova;
d) Daqueles a quem se deve pagar – accipiens;
e) Daquele que deve pagar - solvens

2) CONDIÇÕES

Subjetivas Objetivas
. Credor . Lugar
. Devedor . Tempo
. Objeto
. Prova
3) LUGAR DO PAGAMENTO – É o local de cumprimento da obrigação que deve vir
designado no título (contrato) constitutivo da obrigação.

3.1 – Regra do Pagamento:

 Pagamento quesível ou quérable – é a regra do local de pagamento das


obrigações. É o domicílio do devedor, nessa situação, credor procura o devedor
para pagamento. Na omissão do contrato o pagamento é quesível, ou seja, no
domicílio do devedor.

 Pagamento Levável ou Portable – É a aquele que fixa como local de pagamento


o domicílio do credor, nessas circunstâncias o devedor procura o credor para
pagamento.

3.2 – Local alternativo – Se forem designados dois ou mais locais para pagamento,
caberá ao Credor a escolha entre eles. Parágrafo Único, art, 327 CC

3.3 – Devedor Muda de domicílio – O devedor arcará com todas as novas despesas
acarretadas ao credor. Art. 327 CC

3.4 – Renúncia ao local de pagamento – O pagamento reiteradamente em outro local,


faz-se presumir renúncia pelo credor relativamente do local previsto no contrato. Art. 330
CC

3.5 – Pagamento de prestações relativas a imóvel ou tradição de imóvel – O local de


pagamento será o de situação do bem. Art. 328 CC

41
3.6 – Calamidade pública ou outro motivo grave – O devedor poderá promover o
pagamento em outro local sem prejuízo para o credor. Art. 329 CC
3.7 – Tempo do pagamento – É o momento de cumprimento da obrigação, ou seja, o
vencimento.

Obs1: A obrigação só pode ser exigida no vencimento.

3.8 Omissão na fixação do tempo do pagamento – Vigorará o princípio da satisfação


imediata, ou seja, a obrigação pode ser exigida desde logo. EXCEÇÃO: Para
aquelas obrigações cuja natureza não permite a sua satisfação imediata. Ex:
cobrança dos aluguéis decorrentes de locação.
3.9 Obrigações Condicionais – Serão pagas no implemento da condição, ou seja, na
data de ocorrência do implemento da condição. Art. 332 CC

Obs2: O credor deverá provar que o devedor teve ciência do implemento da


condição para a exigibilidade do pagamento.

3.10 – Hipóteses Legais de vencimento antecipado da obrigação – art. 333 CC – São


três situações:

1ª – No caso de falência de devedor ou concurso de credores;


2ª – Se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro
credor. São as garantias reais ou fidejussórias;
3ª – Se as garantias reais ou fidejussórias se tornarem insuficientes e o devedor
intimado se negá-las a reforçá-las.
Obs3: Garantias reais: penhor e hipoteca
Garantias fidejussórias: fiança e aval.
3.11 – Vencimento antecipado de obrigação solidária – Para um dos devedores
solidários não importará o vencimento antecipado para os demais devedores solidários.
Art. 333, parágrafo único CC

4) OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA – ART. 326 CC

4.1 – Pagamento por peso ou medida – Na omissão do critério de pagamento de peso


ou medida o silêncio das partes faz presumir que aceitaram os do lugar da execução

4.2 – Princípio da Identidade da coisa certa – art. 313 CC

4.3 – Princípio da Indivisibilidade do pagamento – art. 344 – Nas obrigações indivisíveis


não poderá o credor receber, nem o devedor pagar por partes se assim não se ajustou.

4.4 – Recibo ou quitação – É a prova cabal do pagamento. Art. 319 CC. O devedor
pode reter o pagamento até que o credor que lhe forneça recibo ou quitação.

4.5 – Forma de Quitação – Na quitação os recibos poderá ser dado por instrumento
público ou particular, salvo nos negócios.

Obs1: Recibo ou quitação como regra geral poderá ser dado por instrumento particular.

 Elementos ou requisitos do recibo ou quitação:


 Valor em espécie da dívida quitada;
 Nome do devedor, ou quem por este paga;
 Tempo do pagamento (vencimento);
42
 Lugar do pagamento;
 Assinatura do credor ou de seu representante legal.

Obs2: A ausência dos elementos não torna inválido o recibo ou quitação.


Obs3: Mesmo que não observado as formalidades legais é possível considerar válido o
pagamento se das circunstâncias do caso, houver de que ocorreu o pagamento. Art. 320
CC, Parágrafo Único.

Princípio da Boa-Fé:

4.6 – Débitos Literais – São aquelas obrigações que estão representados no próprio
título da obrigação. Ex: cheque, nota promissória. Nessas circunstâncias a posse do
título faz presumir o pagamento da obrigação.

Obs1: 1º Regra: Quem se apresenta com título (débito) literal) é presumido credor.
2º Regra: Perda, desaparecimento ou inutilização do título. Nos casos de
extravio do título deverá o devedor exigir do credor declaração de inutilização do título
sob argumento de extravio de forma prevenir futura cobrança.
3º Regra: É possível a promoção de Ação Declaratória de inutilização (extravio)
de forma que seja cientificado terceiros para impugnar a legitimidade do pagamento, art.
321 CC.

4.7-Princípio do nominalismo e a cláusula de escala móvel.

 Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro.


 Obrigação de pagar – constitui modalidade de obrigação de dar coisa certa
 O pagamento em dinheiro deve ser feito pelo valor nominal e com moeda de
curso forçado nacional, salvo as exceções que permitem o pagamento
estrangeiro.

Cláusula de Escala Móvel – é a possibilidade de estabelecer no contrato o aumento


progressivo das prestações. Acontece nos contratos sucessivos,parcelados ou de
prestações sucessivas. Em regra as partes têm autonomia para estabelecer os
índices de reajuste de preço, outrossim, principalmente no CDC se faz necessário
observar a abusividade ou não desses índices. Arts. 315 e 316 CC.

4.8 – Teoria de Imprevisão – Quando houver disposição manifesta entre o valor da


prestação devida e o do momento de sua execução é possível que o Juiz a pedido da
parte promova a revisão judicial do contrato de forma a preservar o valor real da
prestação. Art. 317 CC.

4.9 – Presunções de pagamento – São relativos, pois admitem prova contrário, que
cabe a credor, que não houve pagamento de juros.

Presunções Relativas do Pagamento


1º - A quitação do capital (principal) faz presumir o pagamento dos juros, salvo quitação
por expressa reserva de juros. Art. 323 CC.

2º - Quando o pagamento for por quotas periódicas a quitação da última faz presumir o
pagamento das parcelas anteriores, salvo disposição ou prova em contrário. Art. 322
CC.

3º - Presume-se que aquele que se apresenta com o título é o verdadeiro credor e


posse do débito literal também presume o pagamento.

43
Obs1: Prazo decadencial de 60 dias para que o credor faça a impugnação da presunção.
Art. 324 CC, Parágrafo.

Regra Geral: As despesas com o pagamento e quitação correm por conta do devedor.
Exceção: Se por fato imputável ao credor, sobrevier aumento das despesas, este
suportará o referido acréscimo. Art. 325 CC, parte final.

5.0 Condições Subjetivas do Pagamento –

5.1 - Solvens: daqueles(de quem) deve pagar:


 Devedor
 Terceiros: Interessado e Não Interessado
a) Devedor: é juridicamente interessado no pagamento
– propriamente dito, contrai a obrigação
- voluntário=teoria do pagamento= a)tempo b)lugar c) modo devidos
(objeto do pagamento e sua prova
- involuntário =>execução forçada => coativa => gerando a constrição
patrimonial

b) Terceiro – pagamento pode ser:

 Jurídico = terceiro interessado =é aquele que tem vínculo jurídico com a


obrigação e portanto tem interesse em seu adimplemento. Ex: fiador

 Moral ou social = terceiro não-interessado. Obs1: O fiador tem direito de


regresso em face do devedor principal para o reembolso. Ação in rem verso ou
ação ordinária de cobrança.
 Terceiro não-interessado, pode pagar de duas formas; a) em nome do devedor; b)
por conta do devedor.
Obs1: Em nome do devedor e por conta do devedor, não gera direito a sub-
rogação(substituição).
Obs2: Pagamento em nome de terceiro não-interessado havendo substituição da
posição jurídica de credor, nesse caso é cabível a ação regressiva.

Obs3: Terceiro não-interessado que paga em nome próprio e por conta do devedor
não se sub-roga nos direitos do credor (não assume os privilégios creditórios.
Garantias reais e fidejussórias). Art. 305 CC

c) Pagamento com desconhecimento ou oposição do devedor – Não gera direito a


reembolso.art. 306 CC.
d) Pagamento antes do vencimento – Só obriga o reembolso no vencimento. Art. 305,
Parágrafo Único CC.
e) Transmissão da Propriedade – Só transmite quem é o detentor.

Obs1: Somente considerar-se-á concluída a obrigação, ou seja, transmitida a


propriedade se operada pelo seu legítimo titular. Art. 307 CC

Obs2: Se a coisa dada em pagamento for bem fungível nada se poderá reclamar do
credor que a recebeu e consumiu de boa-fé ainda que a transmissão do bem tenha se
operado por que não tinha poderes para alienar. Art. 307, Parágrafo Único.CC

44
5 - DAQUELES QUE DEVEM RECEBER “a QUEM SE DEVE PAGAR” – accipiens -
credor

5.1 – Quem pode receber?

a) Credor;
b) Representante
 Convencional => por contrato de mandato (procurador)
 Legal/Judicial – Ex: síndico na falência, administrador de bens de ausente
c) Co-Credor
 Da Solidária Ativa
 Da Indivisível
d) Sucessor
 Inter-vivos=> Transmissão das obrigações=Sucessão jurídica de credores >
Cessão de crédito
 Causa-mortis => herdeiros > ato sucessório

5.2 – Credor Putativo ou Credor Aparente –


Requisitos:
a) Boa-fé do devedor; b) Excusabilidade do erro

Obs: Nas circunstâncias do caso verificando-se o princípio da boa-fé e a excusabilidade


do erro o pagamento deverá ser considerado como válido. Art. 309 CC

5.1 - Autorização para receber => Cabe ao portador da quitação. Art. 311 CC, salvo se
as circunstâncias contrariarem a presunção do caso.
5.1 - Penhora de Crédito. Art. 312 CC.
5.2 – Pagamento feito a inibido de receber – é aquele que temporariamente não está
legitimado a receber. O pagamento feito cientemente ao incapaz de quitar só será válido
se houver prova de que em benefício dele se reverteu.

REGRA GERAL: O pagamento não é válido. Art. 310 CC. EXCEÇÃO: Se o devedor
provar que em benefício do credor incapaz o pagamento revertido, este será
considerado válido.

LUGAR DO PAGAMENTO

 Lugar = local de cumprimento da obrigação

 Indicado no título constitutivo da obrigação:

princípio da liberdade de eleição (CC, art.78)

 As partes contraentes especificam o domicílio e elegem foro

 No silêncio das partes = lugar do pagamento é o domicílio do


devedor.

art. 327, CC - dívida quérable

45
 O credor procura o devedor para cobrança presunção de
que o pagamento é quesível.

 Se a estipulação for de que o devedor ofereça pagamento no


domicílio do credor:

dívida portable (portável ou levável)

LOCAL ALTERNATIVO
 Se forem designadas dois ou mais lugares, caberá ao credor a escolha –
parágrafo único do art. 327, CC.

 Disposição Legal: lei estipula o lugar do pagamento. Ex: letras de câmbio

 Natureza da Obrigação: por si só mostra o local do pagamento. Ex: despachar


mercadoria por via férrea, com frete a pagar, local em que o destinatário retirar o
despachado

 o credor deve manifestar sua escolha ao devedor, em tempo hábil para


que este possa efetuar o pagamento

Se o devedor muda de domicílio?


 o credor mantém o local originalmente fixado ou

 não sendo possível, será feito no novo domicílio do devedor, que arcará com as
despesas acarretadas ao credor (ex: taxas de remessa bancária, etc.)

PRESUNÇÃO DE RENÚNCIA DO CREDOR AO LOCAL DE


PAGAMENTO

 o pagamento feito reiteradamente em outro local, faz presunção


juris tantum de que o credor renunciou o previsto no ato negocial – art. 330, CC.

Pagamento consistente na tradição de um imóvel ou em


prestação a ele relativa

- será feito no lugar em que for situado o bem - art.


328, CC
nada se pode fazer diante de uma impossibilidade:

- local do pagamento esteja isolado ou atingido por calamidade pública – art. 329, CC

46
 o credor deve ser ressarcido dos incômodos de receber em local diverso do
combinado?
 caso fortuito ou força maior autorizam indenização?
 mora creditoris - art. 335, I, CC
 Depende de cada caso concreto.

TEMPO DO PAGAMENTO

 determinação do instante em que se deve pagar o débito é de


suma importância = só é exigível quando se vencer.

 VENCIMENTO DA DÍVIDA = momento em que se pode reclamar a dívida

 OMISSÃO DO VENCIMENTO = poderá ser exigida imediatamente

princípio da satisfação imediata

- art. 331, CC – deve ser visto com reservas – há obrigações que por sua própria
natureza, não podem ser exigidas de plano. Ex. empréstimo, locação, depósito
PRAZO MORAL

 se cumprem no implemento da condição

 o credor deve provar a ciência desse implemento pelo devedor.

vencimento de obrigação condicional - art. 332, CC

 o credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob as penas do art.
939, CC.

 entretanto, o art. 333, CC - faculta ao credor cobrar a dívida antes de vencido o


prazo, em três situações:

a) a falência do devedor e sua execução permite prever que não cumprirá a obrigação;

b) quando há garantia real (hipoteca e penhor), os bens dados em garantia sofrem


penhora por outro credor – presunção de que não há mais bens livres;

c) diminuição da garantia pessoal ou real, ou mesmo a sua perda – o devedor deve ser
intimado para reforçar a garantia, caso não o faça, a lei autoriza a cobrança antes do
vencimento da dívida.

o OBRIGAÇÕES PURAS – as partes ou a lei não estipulam prazo para


pagamento – a prestação pode ser exigida a qualquer tempo.

o OBRIGAÇÕES A TERMO – obrigações com prazo fixado.

47
SOLIDARIEDADE PASSIVA

ocorrendo vencimento antecipado, relativo a


um dos co-devedores – não atingirá os
demais: parágrafo único, art. 333, CC

 o prazo presume-se estipulado em benefício do devedor – art. 133,


CC – pode ele cumprir antecipadamente a prestação

 A obrigação pode ter um prazo fixado em beneficio do credor. Neste


caso, não pode ser o credor obrigado a receber antecipadamente.

 e a obrigação for de prestação periódica, cada pagamento deve ser


examinado isoladamente.

 obrigação cumprida além do prazo marcado deve ser acrescida dos


encargos de mora.

DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA

 objeto do pagamento = aquilo que foi acordado.


 credor recebe o objeto do pagamento = obrigação é extinta.

 Art. 313, CC – o credor não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que
mais valiosa.

 Art. 314, CC – ainda que a prestação seja divisível, não pode ser o credor
obrigado a receber por partes ou o devedor a pagar por partes, se assim não se
ajustar.

 Perdas e danos não são pagamentos = são substituição de pagamento.

pagamento da prestação por peso ou medida

art. 326, CC – os pagamentos contratados por medida ou peso devem obedecer aos
costumes do lugar – no silêncio das partes.

obrigações pecuniárias e seu pagamento

 art. 315, CC – as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento em


moeda corrente e pelo valor nominal – como regra geral.

48
cláusula de atualização de valores monetários

 art. 316, CC – é lícito convencionar o aumento progressivo de prestações


sucessivas = base índices oficiais regularmente estabelecidos

correção judicial do contrato

 art. 317, CC - quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção


manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução,
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto
possível, o valor real da prestação.

- atribuição ao Judiciário (de forma expressa) – o poder de rescisão dos preços – dentro
da teoria da imprevisão ou excessiva onerosidade.

pagamento em ouro ou em moeda


estrangeira
 art. 318, CC - são nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda
estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da
moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.

DA PROVA DO PAGAMENTO

prova – demonstração material – fato, ato de negócio jurídico, manifestação externa de


um acontecimento

 art. 319, CC – quem paga tem direito a se munir de prova desse


pagamento = quitação
- enquanto não for dada a quitação regular – pode reter o pagamento

recibo = prova cabal de pagamento


 é documento idôneo para comprovar pagamento das obrigações de dar e
fazer.
 nas obrigações de não fazer, o ônus da prova é do credor – deve
evidenciar se foi praticado o ato ou os atos.

 art. 320, CC – elenca os requisitos do recibo = instrumento de
quitação

 quitação pode ser dada por instrumento público e por instrumento


particular
 designação do valor
 da espécie da dívida quitada
 nome do devedor ou de quem por este pagou
 tempo e lugar do pagamento 49
 assinatura do credor ou de ser representante
 para valer perante terceiros - deve ser registrada no Registro de
Títulos e Documentos – Lei nº 6.015/73, art. 129, §7º

 não exige palavras sacramentais – pagamento


 quitação pode ser de todo o débito ou parcial. Se nenhuma ressalva for feita,
entende-se que a quitação se refere a todo o débito.

 AUSÊNCIA DE REQUISITOS FORMAIS – parágrafo único, art. 320, CC

- se o credor se recusa a conceder a quitação ou não a dá na forma devida – o


devedor pode acioná-la – a sentença substituirá a regular quitação.

 art. 321, CC – existem débitos que são representados por um título = débitos literais.

perda do título particular


 a posse do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago – por
isso, caso o título desapareça o devedor pode exigir – retendo o pagamento –
declaração do credor para inutilização do título desaparecido.

pagamento em quotas periódicas e de


prestações sucessivas
 art. 322, CC – presunção de pagamento - juris tantum - já que não receberia o
credor a última prestação se as demais não estiverem pagas.

 observa-se, entretanto, ser possível o pagamento de prestações periódicas com a


inserção de declaração de que a quitação da última conta não faz presumir a quitação
de débito anterior.

entrega do título com quitação – presunção juris tantum

art. 324, CC – quando o título representa a obrigação - a entrega do título ao devedor


firma a presunção do pagamento (presunção relativa = pode ter sido obtido p. ex: com
violência).

50
 art. 324, parágrafo único, CC – a quitação ficará sem efeito se o credor provar, em
60 dias, a falta do pagamento – prazo é decadencial.

despesas com o pagamento e quitação


 art. 325, CC – as despesas com o pagamento e a quitação correm por conta do
devedor, salvo estipulação em contrário.

 se ocorrer aumento por fato do credor

 mudar de domicílio ou falecer


 deixar herdeiros em locais diversos

 suportará este a despesa acrescida ou seus sucessores – não é justo que o devedor
arque com despesas por fatos supervenientes para os quais não concorreu.

quitação do capital sem reserva de juros

 se o credor der quitação do capital sem reserva de juros – haverá presunção juris
tantum – de que houve pagamento (juros)

acessório segue o principal

QUEM DEVE PAGAR: O DEVEDOR


SOLVENS

PAGAMENTO: execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida


ao credor, no tempo, forma e lugar previstos no título constitutivo

 devedor é obrigado a pagar – mas terceiros podem fazê-lo


 é obrigação e também direito
 busca evitar que a dívida se prolongue além do estipulado e que isto lhe traga
maiores encargos
 “bom pagador” = paga na forma contratada
 “consignação em pagamento” = forma de forçar o credor a receber

o credor deve aceitar o pagamento – ainda que proveniente de terceiros


– exceção: obrigações intuitu personae

 art. 304, CC – interessado? (interesse jurídico)


 categorias de solvens:

 próprio devedor
 terceiro interessado – art. 346, III, CC

ocorre a sub-rogação em todos os direitos de crédito


51
 terceiro não interessado

 paga em nome do devedor

- parágrafo único do art. 304, CC – “se o fizer em nome e à conta de devedor”

 paga em nome próprio

ação de “in rem verso”


- art. 305, CC - tem direito de reembolsar-se do que pagar
- pleiteará somente o quantum despendido
- proibição do locupletamento à custa alheia

não sub-rogação do terceiro nos direitos creditórios

pagamento antes do vencimento do débito

 terá de aguardar o vencimento fixado para reclamar do devedor a quantia que


despendeu

oposição do devedor ao pagamento por parte de terceiro

 art. 306, CC – pagamento por terceiro – o devedor só poderá opor


ao sub-rogado as exceções que o crédito comportar, impugnado-o por nulidade ou
prescrição ou por qualquer outro motivo excludente de obrigação

efeito do pagamento “invito debitore”


 terceiro não interessado efetua o pagamento com “desconhecimento” ou “contra a
vontade” do devedor
 motivo da oposição pelo devedor deve ser justo
 terceiro deve ter conhecimento da oposição – se pagar, assumirá o risco
 quando o devedor desconhece a intenção do pagamento – o solvens deve
informar ao devedor que vai pagar sob pena de pagar mal

se o terceiro pagou mal só poderá


reembolsar-se até o total do que
aproveitar ao devedor

52
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR

 a quem deve ser feito o pagamento?

 o credor = accipiens: é a pessoa que recebe


 art. 308, CC (parte inicial) – o pagamento deve ser feito ao
credor

 ao credor
 ao co-credor
 a quem o represente legal, judicial ou convencionalmente
 sucessores causa mortis (herdeiro ou legatário)
 sucessores inter vivos (cessionário do crédito, sub-rogado no direito creditório)

 o pagamento também pode ser feito a quem de direito o represente = válido

 representação? Representação judicial?

 o pagamento pode ser feito a um “terceiro”/ “estranho” à relação material

 pagamento pode ser feito a pessoa não intitulada e mesmo assim vale –
ratificação do credor ou de quem o represente – art. 308,CC

- o pagamento deve ser feito ao credor ou a seu representante – “quem paga mal paga
duas vezes”

RELAÇÕES NEGOCIAIS – BOA APARÊNCIA - CIRCUNSTÂNCIAS EXTERNAS

 art. 311, CC
 presunção é de quem se apresenta com um recibo firmado por
terceiro – possui mandato específico para receber = portador da quitação

 presunção juris tantum


 havendo controvérsia sobre o portador da quitação – não terá eficácia o
pagamento

 exceções:

I . CREDOR INIBIDO DE RECEBER

 quem são?
 quem paga arrisca-se a pagar mal

 incapaz? pagamento feito a credor incapaz de quitar

 art. 310, CC – aplicação especial dessa incapacidade

“não vale, porém, o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o


devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu”

- impugnação pelo representante do menor


- prova?

53
 “conhecimento da penhora” ou da “oposição de terceiro”

 art. 312, CC – aplicação das garantias dos direitos de crédito – se pagar ao credor –
assumirá o risco

 ineficácia do pagamento e não propriamente de validade


- ciência da penhora
- ciência da notificação ou interpelação feita por terceiro

 devedor falido
 incapacidade é conferida em benefício dos credores

II. CREDOR PUTATIVO

- aparência = forma de equilíbrio de toda a vida social


- art. 309, CC
- credor putativo? “credor aparente”
- “não se trata apenas de situações em que o credor se apresenta falsamente com o
título ou com a situação, mas de todas aquelas situações em que se reputa o accipiens
como credor” (VENOSA, Sílvio de Salvo, Teoria Geral das Obrigações, v.II, p.186,
2003)

- condições de validade do pagamento: o accipiens ter a aparência de credor e


estar o solvens (devedor) de boa-fé

54
MATÉRIA PARA O 2º BIMESTRE – arts. 233 até 420 CC

UNIDADE 1
TEORIA DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

1.1 Teoria
1.2 Perdas e danos
1.3 Mora
1.4 Cláusula Penal
1.5 Arras e Sinal
1.6 Juros

UNIDADE 2
TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO

2.1 Dação em pagamento


2.2 Remissão
2.3 Consignação em pagamento
2.4 Sub-rogação
2.5 Imputação do pagamento
2.6 Compensação
2.7 Confusão
2.8 Transação
2.9 Compromisso

UNIDADE 3
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

3.1 Cessão de Crédito


3.2 Cessão de Débito (Assunção de Dívida)
3.3 Cessão de Contratos

55
UNIDADE 1
TEORIA DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
TEORIA DO INADIMPLEMENTO OU TEORIA DO DESCUMPRIMENTO
OU TEORIA DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES.

1 – DISPOSIÇÃO GERAIS ACERCA DO INADIMPLEMENTO - É o cumprimento


anormal da obrigação. A execução é coativa. O inadimplemento é o descumprimento da
obrigação, ou seja, a inexecução.

2 – INADIMPLEMENTO

2.1 CLASSIFICAÇÃO  a) Inadimplemento absoluto b) Inadimplemento


relativo(Mora)
Em ambos os casos, o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser
receber no tempo, lugar e forma convencionados ou devidos responderão pelo
ressarcimento dos prejuízos a que a sua mora der causa, ou seja, por perdas e danos.
Responde também o devedor absolutamente inadimplente. O outro fato comum é que a
obrigação de reparar o prejuízo depende de existência de culpa do devedor moroso ou
inadimplente. Assim, “não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre
este em mora”(art. 396 CC). Por conseguinte, É essencial à mora que haja culpa do
devedor no atraso do cumprimento.

a) INADIMPLEMENTO ABSOLUTO

I) Critério da Utilidade ou Proveito  Se a prestação não é mais útil ao credor(não


havendo utilidade), tanto por causa do retardamento, ou do imperfeito cumprimento,
podendo ele enjeitá-la, bem como, exigir a satisfação das perdas e danos, então,
resolve-se a obrigação. É uma análise subjetiva (depende do credor).
II) Total ou Parcial => Perda=total e Deterioração=Parcial.
III) Responsabilidade Civil
 Fontes das obrigações:
a) contrato;
b) ato ilícito;
c) declaração unilateral de vontade
 Quanto ao fato gerador:
56
a) contratual;
b) extracontratual (nasce de um ato ilícito)

Obs1: Toda vez que há culpa; há dever de indenizar

CONTRATUAL EXTRACONTRATUAL
Tem relação jurídica pré-existente entre É a prática do ato ilícito que faz nascer o
lesante e lesado. dever de indenizar => Não há relação
Fundamento é contratual – art. 389 CC jurídica pré-existente entre lesante e
lesado.

Ocorre a violação da prestação negativa de não causar danos a outrem – art. 186 CC

RESPONSABILIDADE CIVIL:

a) Direta => Quando o próprio causador do dano indenizar;


b) Indireta => Quando terceiro causador indenizar, art. 932 CC

RESPONSABILIDADE CIVIL:
a) Subjetiva => É a regra geral no CC. Investigamos a culpa,
art. 186 c/c art. 927, caput CC
b) Objetiva => É a regra do CDC1. Quando houver lei ou
atividade desenvolvida que causa risco ou potencial. A culpa
é presumida. Art. 927, § único CC. É a exceção no CC.

Obs2: Culpa em sentido amplo (a culpa lato sensu: a) dolo e b) culpa stricto sensu
(negligência, imprudência e imperícia).

IV) Inadimplemento Fortuito => é aquele absoluto, sem culpa do devedor, logo não há
dever de indenizar.

VI) Excludentes de responsabilidade civil ou dirimentes ou eximentes. As espécies são:


a) Caso Fortuito – imprevisibilidade
b) Força Maior – Inevitabilidade do evento (causa natural)
c) Fato de Terceiro
d) Culpa exclusiva da vítima.
Conseqüência do inadimplemento fortuito => deve restabelecer a relação jurídica ao
status quo antes, com devolução do equivalente SEM PERDAS E DANOS.

Conseqüências do inadimplemento absoluto=> consectários legais. Art. 389 CC. Dever


de indenizar, com devolução do equivalente, mais perdas e danos, juros, atualização
monetária e honorários advocatícios.

Obs3: Obrigação de Garantia – O devedor que expressamente firmar o contrato, com


claúsula de garantia (responsabilidade pelo fortuito ou força maior) deverá indenizar.

Obs4: Mora – O devedor moroso responderá civilmente pela perda do objeto da


prestação ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior.

Obs5: Exceção = Isenção de culpa – art. 399 CC. Se o devedor moroso provar isenção
de culpa, ou seja, que o evento sobreviverá ainda que a prestação fosse cumprida,
estará isento de responsabilidade civil.

1
Código de Defesa do Consumidor
57
Obs6: Patrimônio do devedor responde pelo inadimplemento das obrigações do devedor.

Obs7: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplemento a partir do


momento em executa o ato que até então se abstivera => só gerar inadimplemento
absoluto

2 – MORA ou INADIMPLEMENTO RELATIVO – arts. 394 a 401 CC

2.1 – CONCEITO – É o retardamento no cumprimento da obrigação. É o imperfeito


cumprimento da obrigação. Ocorre quando o devedor não paga, no tempo, no lugar e
modo devidos. Art. 394. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer”. Assim, para a existência da mora basta que um dos requisitos
mencionados esteja presente, não se exigindo a concorrência dos três.Logo, a mora
pode decorrer não só do atraso, ou do cumprimento da obrigação de modo diverso do
que a convenção estabelecer, como também do que a lei determinar.

Obs1: Nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer


também de infração `alei, como na prática de ato ilícito. Art. 398 CC

Critério de Utilidade - Se a prestação for útil ao credor(havendo utilidade ou proveito)


deverá será cumprida => Consectários legais da mora deve ser garantidos: Ex: juros,
correção monetária, despesas contratuais, perdas e danos, honorários advocatícios.

2.2 TIPOS DE MORA

a) Mora do devedor (solvendi, debitoris).

b) Mora do credor (accipiendi, creditoris=creditória)

2.2.1 Mora do devedor (Solvendi), Mora de pagar – É a mora comum, devido ao não
cumprimento da obrigação=tempo, lugar e modo.Quando se dá o
descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por parte do devedor.

CONSTATAÇÃO DA MORA DO DEVEDOR

 Obrigação a termo => Evento futuro e certo. Mora ex re: é em razão de


fato previsto na lei. É aquela cujo termo interpela o devedor. “O termo
interpela pelo homem” (dies interpellat pro homine).
 Obrigações Condicionais => Mora ex persona – modificação
extrajudicial ou judicial – “o homem interpela pelo homem”

Mora ex re => em razão de fato previsto na lei. Ocorre quando o devedor nela incorre
sem necessidade de qualquer ação por parte do credor.

Mora ex persona => Quando não há termo, ou seja, data estipulada “a mora constitui
mediante interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397 § único), ou seja, depende de
providência do credor.

PRESSUPOSTOS DA MORA DO DEVEDOR:

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1º - Existência de dívida líquida e certa. Das obrigações de dar coisa
incerta e alternativa, primeiro deve-se realizar a concentração da
obrigação.

2º - A dívida deve ser vencida;

3º - Inexecução culposa pelo devedor;

4º - Interpelação judicial ou extrajudicial quando a dívida não for termo.(por


prazo indeterminado)

EFEITOS DA MORA DO DEVEDOR

1º) Invocação do critério da utilidade:

 A prestação não é mais útil ao credor, implica inadimplemento absoluto =>


conversão em perdas e danos.
 A prestação ainda é útil ao credor => oferecendo o pagamento, juros,
atualização monetária, perdas e danos, despesas contratuais e honorários
advocatícios;
 Isenção de culpa em caso de fortuito ou força maior => não haverá
responsabilidade civil;
 Mora do devedor => perda/deterioração do objeto, sujeita o devedor a
perdas e danos, ainda que decorrentes de caso fortuito ou força maior,
SALVO prova da isenção culpa, ou seja, que sobreviria ainda que a
prestação tivesse sido cumprida.

2.2.2 Mora do Credor(Accipiendi), Mora de receber – É a mora do credor. Acontece


quando o credor não recebe a prestação no tempo, lugar e modo devidos. A recusa
deve ser injustificada. É decorrente da injusta recusa do credor de aceitar o
cumprimento da obrigação, no lugar e forma convencionados ou determinados em lei,

PRESSUPOSTOS DA MORA DO CREDOR (Accipiendi).

1º - Oferta real da prestação pelo devedor ao credor (ter disponibilizado a


coisa ao credor);

2º - Existência de dívida líquida, certa e vencida;

3º - Recusa do credor em receber.

Obs1: O credor estará em mora quando: a) O devedor propuser a ação de consignação


em pagamento; ou b) Pela interpelação judicial ou extrajudicial para fornecimento da
quitação.

EFEITOS DA MORA DO CREDOR

 Subtrai o devedor isento de dolo a responsabilidade de conservação da


coisa;

Obs1: Não pode o devedor abandonar a coisa, conservando-a como a diligência normal
de depositário.

 Obriga o credor a ressarcir todas as despesas em sua conservação;

59
 Obriga o credor a receber a prestação pela estimação que lhe for mais
favorável, se entre o dia ao pagamento e a da sua efetivação, ocorrer
oscilação em seu valor;
 O devedor se desobriga propondo a consignação em pagamento.

2.3 PURGAÇÃO DA MORA – art. 401 CC – É a correção da mora.

É a emenda da mora, ou seja, visa sanar os efeitos legais de sua ocorrência.

2.3.1 - Purgação da mora pelo devedor => O devedor oferece a prestação acrescida
da importância com juros, correção monetária, despesas contratuais, honorários
advocatícios e quaisquer outras perdas e danos.

2.3.2 – Purgação da mora pelo credor => O credor purgar a sua mora oferecendo-se a
receber a prestação e sujeitando-se ao efeito da mora, até a data do recebimento;
reembolso das despesas pela conservação; recebimento da prestação pela estimação
mais favorável.

Obs1: Resigna-se ao silêncio pela perda e deterioração do bem, sem culpa do devedor,
após a recusa.

2.4 MORA SIMULTÂNEA E MORA SUCESSIVA

a) Mora simultânea – é a possibilidade de mora tanto do credor quanto do devedor.


Acontece quando credor e devedor são concomitantes ou simultaneamente
morosos, ou seja, o pagamento não acontece no tempo, no lugar ou no modo
devidos, sendo, que os efeitos da mora se compensam. Sendo resolvida pela
instituto da Compensação.

b) Mora Sucessiva – Acontece quando alternativa e sucessivamente credor e


devedor são morosos na relação jurídica, os efeitos pretéritos da mora de quando
um dos contraentes são preservados e posteriormente compensados

2.5 CESSAÇÃO DA MORA – é a possibilidade de extinção da obrigação pela


concessão de anistia ou remissão ao contratante moroso. Os prejuízos decorrentes da
mora são perdoados.

3 CLÁUSULA PENAL OU PENA CONVENCIONAL OU MULTA CONTRATUAL – arts.


408 a 416 CC

3.1 Conceito – É a cláusula acessória à obrigação principal cujo objetivo é prefixar


perdas e danos para os casos de total inadimplemento da obrigação ou decorrente da
mora.

3.2 Natureza Jurídica – É a acessória ao contrato principal, valendo o princípio de que


o acessório segue o principal, portanto, nulo o contrato principal, nulo estará a também a
cláusula penal.

3.3 Espécies de Cláusula Penal

a) Compensatória – art. 412 CC. Serve para adimplemento contratual. É prevista


no contrato para as hipóteses de inadimplemento absoluto. Seu valor não poderá
ultrapassar o da obrigação principal. É a possibilidade das partes contratantes

60
prefixarem em cláusula penal originária ou superveniente, as perdas e danos
decorrentes do inadimplemento absoluto.

Obs1: Ao contratante lesado será facultado executar a cláusula penal


compensatória ou propor ação autônoma e ordinária de cobrança para
comprovação dos prejuízos e devidos ressarcimento

Obs2: A execução da Cláusula Penal converte-se em “alternativa” a benefício do


credor, quando:

 Executam tão-somente, o valor da cláusula penal, sem pedido de indenização


complementar ou seja, limitação ao valor da obrigação principal.

 Entretanto, se tivesse suportado prejuízo superior ao valor da cláusula penal


poderá abdicar de usa execução e ajuizar ação ordinária de cobrança para exigir
a devolução do equivalente, mais perdas e danos. Art. 410 CC

b) Moratória – Garante uma cláusula do contrato ou mora (relativo). É a


possibilidade de previsão contratual de cláusula prefixando de prejuízos
decorrentes da mora. É a prefixação de perdas e danos com o objetivo de
assegurar o ressarcimento decorrente do inadimplemento de uma cláusula no
contrato, ou de simples mora. Não possível presumir a existência da Cláusula
penal compensatória e moratória. Não é necessário provar prejuízo para exigir a
cláusula penal, incorrendo o devedor em inadimplemento é possível a execução
de pronto da cláusula.

Obs3: O devedor será demandado pelo equivalente do pagamento de execução


de cláusula penal moratória.

3.4 Fatores que motivam o nascimento de cláusula penal:


a) Na formação do contrato;
b) Forma superveniente – Nasce quando do aditivo do contrato, ou seja, de forma
posterior.

3.5 Objetivos da Cláusula Penal

a) Assegurar o adimplemento absoluto contratual


b) Assegurar uma cláusula do contrato
c) Para casos de simples mora.

3.6 Redução do valor da cláusula penal – É necessário o requerimento das partes


(princípio da inércia)
Requisitos para redução equitativa:

2º O valor da cláusula penal for excessiva tendo em vista a natureza e a finalidade do


negócio

3.7 Cláusula Penal e obrigações divisíveis e indivisíveis

Divisíveis – Somente o devedor culpado responde pela pena convencional, entretanto


garantida a exigibilidade de cada um dos devedores.

61
Indivisíveis – Somente o devedor culpado poderá ser demandado integralmente na
pena convencional. Os demais devedores respondem cada um por suas respectivas
quotas. Ressalva-se sempre o direito de regresso.

3.8 Previsão de Indenização suplementar em contratos com cláusula penal – É


possível mediante disposição expressa contratual exigindo outra cláusula penal (taxa
mínima de indenização e indenização suplementar)

Origem – A cláusula penal originária é aquela que nasce na formação do contrato ou


fixada, na celebração do contrato.

4 – PERDAS E DANOS

4.1 – Conceito – É o prejuízo material ou moral suportado tendo em conta lesão a bem
jurídico contratualmente protegido.

4.2 – Espécies

a) Dano emergente – É aquele efetivamente suportado pelo credor. Ex: sinistro de


trânsito (os danos materiais) ou enquanto consistem: no valor da reposição das
peças do veículo ou seu reparo.

b) Lucros Cessantes – Consistem a perda patrimonial, potencial daquilo que


razoavelmente que o credor deixou de lucrar. Necessita ser provado. Não pode
representar pedido absurdo em uma realidade diversa da potencial aquisição
patrimonial do credor.

c) Indenização por perda de uma chance – É obtida a partir da ponderação entra


o danos sofrido e a real possibilidade de obtenção de êxito mas nunca consistirá
no próprio valor da obrigação prevista. O Brasil adota a Teoria dos danos dos
direitos e imediatos. Art. 403 CC.

5 – ARRAS OU SINAL – arts. 417 a 420 CC

4.1 – Conceito – Constituem prestação de mesma natureza jurídica ou diversa,


entregue pelo devedor ao credor com o objetivo de funcionar como princípio de
pagamento, confirmando o contrato ou como pena em caso de descumprimento.

4.2 – Natureza Jurídica – É um pacto acessório ao contrato principal. Não pode ser
presumida, portanto consignada expressamente no contrato.

4.3 – Objeto – É a prestação equivalente à prestação principal ou é prestação diversa


do contrato principal.

4.4 – Espécies

a) Arras Confirmatórias – São aquelas que objetivam confirmar a celebração do


contrato.
62
Obs1: Se as arras forem da mesma natureza jurídica do contrato principal,
funcionam como princípio de pagamento sendo absorvidas no montante final do
pagamento.

Obs2: Se as arras forem de natureza jurídica diversa do contrato principal,


deverão ser restituídas ao devedor, ou seja, as quem as deu.

b) Arras Penitenciais – Tem a função de fixar previamente multa pelo


descumprimento contratual, para tanto se faz necessário verificar no contrato a
existência ou não de cláusula de arrependimento.

4.4.1 - Quando NÃO EXISTE previsão contratual de direito de arrependimento 

Se o descumprimento foi de quem as deu (devedor), então quem as recebeu (credor)


AS RETERÁ;

Se o descumprimento foi quem as recebeu (credor), então quem as deu (devedor) terá o
direito a sua devolução + equivalente em DOBRO.

Obs1: Se a parte inocente (não descumpriu) provar ter suportado prejuízo maior que o
valor das arras será facultado a exigência de indenização suplementar valendo as arras
como taxa mínima de indenização.

4.4.2 – Quando EXISTE previsão contratual de direito de arrependimento  Não


será possível o pedido de indenização suplementar.

Se o descumprimento foi de quem as deu(devedor), então que as recebeu (credor) AS


RETERÁ;

Se o descumprimento foi quem as recebeu (credor), então quem as deu (credor) terá
direito a sua devolução EM DOBRO.

UNIDADE 2
TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO

1) DAÇÃO EM PAGAMENTO

1.0 – Disposições Gerais – art. 313 CC - Princípio da Identidade da coisa certa.

ALIENANTE ADQUIRENTE (EVICTO) DONO (EVICTOR)

Princípios de garantia:
a) Coisa (fato) – vícios redibitórios (vício ocultos)

b) Direito (título) – evicção.

1.1 Conceito – É a relação jurídica de caráter liberatório firmada entre credor e


devedor, em que o credor consente em receber prestação diversa da que é devida, é
contraria a regra do art. 313 CC.
63
1.2 Disposições legais aplicáveis – art. 356 a 359 CC.

1.3 Requisito Essencial – Concordância expressa do credor.

1.4 Momentos – Vencida a obrigação e verificado o inadimplemento é possível a


substituição do seu objeto.

Obs1: A prestação deve ser necessariamente diversa daquela prevista no contrato


originário. A natureza jurídica da Dação em Pagamento é forma de pagamento
indireto, em que a prestação objeto de Dação é diferente da prestação originária.

1.5 Dação em Pagamento X Compra e Venda – Fixado o preço da coisa dada em


Dação em Pagamento, as regras aplicáveis são as do contrato de Compra e Venda –
art. 357 CC

1.6 Dação em Pagamento X Cessão de Crédito – Se o objeto dado em Dação em


Pagamento for título de crédito, as regras aplicáveis são as da Cessão de Crédito.

1.7 Evicção X Dação em Pagamento – Se o objeto da Dação em Pagamento sofrer


evicção restabelece a relação jurídica primitiva como se não tivesse sido operado
Dação, resguardando-se todos os direitos de terceiros.

2) DA CONFUSÃO

1. CONCEITO – É uma figura anômala, o que extingue a obrigação sem ter havido
pagamento. Ex: direitos decorrentes de herança; cessão de crédito; regime de
comunhão universal de bens.

Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as


qualidades de credor e devedor.

- é a aglutinação, em uma única pessoa e relativamente à mesma relação jurídica –


das qualidades de credor e devedor
- por ato inter vivos ou causa mortis
- ocorrerá a extinção do crédito

2. ESPÉCIES: CONFUSÃO TOTAL E PARCIAL

Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.

- confusão total ou própria – se se realizar com relação a toda dívida ou crédito


Confusão parcial ou imprópria – se se efetivar apenas em relação a uma parte do
débito ou do crédito

3. CONFUSÃO E SOLIDARIEDADE

Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a


obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo
quanto ao mais a solidariedade.

- operada a confusão na pessoa do credor ou devedor solidário – só extinguirá a


obrigação até a concorrência da respectiva quota no crédito ou na dívida.

64
- a solidariedade subsistirá quanto ao remanescente – os co-devedores e co-credores
continuaram vinculados, deduzindo-se a parte alusiva ao co-devedor ou co-credor na
qual se operou a confusão.

4. EFEITO DA EXTINÇÃO DA CONFUSÃO

Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior. EX: sucessão provisória em razão da declaração de
ausência e posterior presumidamente morto.
Se a confusão for operada apenas transitoriamente ou a relação jurídica for declarada
ineficaz restaura-se a obrigação com todos os seus acessórios. Ex: Anulação de
testamento

3) DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS

1. CONCEITO DE REMISSÃO DE DÍVIDAS

Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem
prejuízo de terceiro.
- liberação graciosa do devedor pelo credor
- voluntariamente abre mão de seu crédito
- extinção da obrigação
- consenso expresso do devedor
- ressalvados direitos de terceiros

2. CAPACIDADE DAS PARTES E REMISSÃO TÁCITA

Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular,
prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e
o devedor capaz de adquirir. Art. 324 § único CC.
- NATUREZA JURÍDICA = CONTRATUAL
- requisitos: capacidade do remitente para alienar e do remido para consentir e adquirir
- restituição voluntária do instrumento particular (pelo próprio credor ou seu
representante) – revelará a intenção de perdoar. Art. 104 CC

3. DEVOLUÇÃO DO OBJETO EMPENHADO

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à


garantia real, não a extinção da dívida.
- apenas remissão da garantia real
- remissão da obrigação principal induz a da acessória, mas a da acessória não terá
eficácia em relação ao pagamento principal

4. EFEITO DA REMISSÃO CONCEDIA EM BENEFÍCIO DE CO-DEVEDOR


SOLIDÁRIO

65
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele
correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os
outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

- a remissão operada em face de um dos devedores solidários – extinguirá o débito na


sua quota-parte
- conservava-se a solidariedade dos demais
- deduzida a quota-parte perdoada

4) DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

1. DEFINIÇÃO DE IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO – IMPUTAR => INDICAR O


PAGAMENTO

Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.

- o devedor de dois ou mais débitos da mesma natureza a um só um credor


- credor em seu lugar ou a lei indicam qual deles o pagamento extinguirá
- nesta situação – o pagamento é insuficiente para solver a todos

# requisitos:
a) Existência de duas ou mais dívidas
b) Identidade de credor e de devedor
c) Igual natureza dos débitos
d) Dívidas líquidas e vencidas
e) Suficiência do pagamento para resgatar qualquer dos débitos

2. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO PELO CREDOR

Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer
imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar
contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou
dolo.

- será operada quando o devedor não utilizar de seu direito de indicar o débito.
- neste caso, aceitando a quitação de um deles – não poderá reclamar contra a
imputação feita pelo credor.

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Obs: a impugnação será admitida se o devedor provar violência ou dolo do credor –
que prevalecendo do direito de imputação do pagamento – o tenha feito por meios
escusos.

3. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO EM UMA ÚNICA DÍVIDA

Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a
quitação por conta do capital.

- o pagamento imputa-se primeiro nos juros e depois no capital.


- salvo, convenção em sentido contrário ou se o credor vier a passar quitação por conta
do capital, permanecendo subsistentes os juros.

4. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO FEITA PELA LEI

Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto
à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as
dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na
mais onerosa.

- omissão quanto ao débito solvido, quer no pagamento, quer na quitação, a lei


prescreve que:

1) A imputação será feita nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar


2) A imputação se fará na mais onerosa, se as dívidas forem todas líquidas e
vencidas ao mesmo tempo

5) DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO – arts. 346 a 351 CC


1. CONCEITO DE SUB-ROGAÇÃO PESSOAL E DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL.
CASOS DE SUB-ROGAÇÃO LEGAL

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do
terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no
todo ou em parte.

- sub-rogação pessoal: é a substituição nos direitos creditórios daquele que pagou


obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o
credor
- sub-rogação legal: é imposta pela lei – nesse caso, terceiros pagam débito alheio,
incorporando a titularidade dos direitos do credor ao incorporar em seu patrimônio, o
crédito por eles resgatado

2. NOÇÃO DE SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL ou VOLUNTÁRIA

Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere
todos os seus direitos;

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II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,
sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor
satisfeito.

- advém de acordo de vontades entre credor e terceiro ou entre devedor e terceiro


Obs: a convenção deve ser contemporânea ao pagamento e expressamente declarada
em instrumento público ou particular.

3. SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL E CESSÃO DE CRÉDITO

Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à


cessão do crédito.

4. EFEITOS DA SUB-ROGAÇÃO PESSOAL

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

- a sub-rogação legal ou convencional produz dois efeitos:


a) liberatório – exonera o devedor ante o credor primitivo.
b) translativo – por transmitir a terceiro, que pagou a dívida, os direitos de crédito,
ações, privilégios e garantias do credor originário, em relação ao débito, contra o
devedor principal e os fiadores.

5. EFEITO DA SUB-ROGAÇÃO LEGAL

Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações
do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

- o sub-rogado legal não poderá exercer direitos e ações do antigo credor, senão até a
soma que realmente desembolsou para liberar o devedor

6. SUB-ROGAÇÃO PARCIAL

Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado,


na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar
inteiramente o que a um e outro dever.

- se a sub-rogação for parcial – o credor primitivo, reembolsado em parte, terá


preferência ao sub-rogado, na cobrança do débito que falta, se os bens do devedor
forem insuficientes para pagar o que deve ao novo e antigo credor.

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QUESTÕES

1) Lara, Leão e Luter celebraram contrato de entrega de um cavalo, no valor R$


30.000,00 com Martinho e Maria, estabelecendo um vínculo de solidariedade
recíproca.Neste caso, responda:

a) Caso Leão seja remitido e Luter revele-se insolvente, Lara será a única
responsável pelo cumprimento da obrigação? Justifique.

b) Qual a implicação jurídica de Martinho renunciar à solidariedade em face de


Leão? Justifique.

Solução:

a) Na questão proposta verifica-se a solidariedade tanto no pólo ativo quanto no pólo


passivo. Uma vez que presente no enunciado solidariedade recíproca.
No vínculo externo ela deve R$ 20.000,00, entretanto no vínculo interno, Leão que foi
remido volta a compor o vínculo jurídico para ratear a quota-parte do devedor insolvente,
com fundamento nos artigos 277 e 284 CC.

Martinho Maria

Lara Leão Luter


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(remido) (insolvente)
Não pode pagar

b) No caso em análise se Martinho renunciar a solidariedade em favor de Leão, abdica o


direito de cobrar a integralidade da prestação do devedor renunciado,mas tão-somente,
a sua quota-parte, ou seja, os R$ 10.000,00, com fundamento no artigo 282 CC

2) Soldado arrendou de Tenente determinado lote de terra para lavoura no


município de Pinheiro. Foi facultado a Soldado pagar a terra arrendada ou com
determinada quantidade de feijão ou em dinheiro, em doze prestações anuais.

a) Que tipo de obrigação caracteriza a questão proposta? Identifique-a

b) Considerando o estabelecimento do jus variandi na escolha da prestação sucessiva,


caso Soldado tenha escolhido em determinado mês pagar em feijão, e tenha cientificado
Tenente, poderá entregar dinheiro? Explique e Justifique.

Solução:

a) Obrigação alternativa de prestação sucessiva e que por seu núcleo consistente na


dualidade de prestação. Pagar em quantidade de feijão ou em dinheiro implica para o
devedor pela omissão a escolha do objeto da prestação, com fundamento jurídico no
artigo 252 CC.

b) Obrigação alternativa de prestação sucessiva confere o jus variandi a cada prestação,


ou seja, o direito de entregar de forma variada uma prestação ou outra, no caso em
análise quantidade de feijão ou dinheiro. A cientificação de tenente (credor) da
obrigação, permite-nos afirmar a concentração da obrigação alternativa por que torna a
prestação uma obrigação simples, cujo núcleo é uma obrigação de dar coisa incerta.
Assim, não poderá o devedor após o processo exemplificado alterar a escolha da
prestação, com fundamento no artigo 252 § 2º do CC.

3) Tiago e Alcides obrigaram-se solidariamente a entrega de um cavalo ao Sr.


João, grande pecuarista da baixada maranhense. Acontece que o cavalo morreu
por culpa de Alcides, não podendo mais a obrigação ser cumprida. Como resolver
a questão fática? Fundamente a solução juridicamente.

Solução: Na obrigação solidária em que há perda do objeto da prestação de um


devedor solidários todos respondem pelo equivalente, mais perdas e danos só responde
o devedor culpado, com fundamento no artigo 279 CC.

4) Maria contratou o costureiro Manoel, tendo em vista a sua considerável


reputação nacional, encomendando-lhe um vestido de noiva a ser por ele próprio
confeccionado. Com base nessa situação, considerando que Manoel se recuse a
confeccioná-lo, alegando falta de tempo em virtude de novos compromissos
assumidos, Maria poderá resolver a obrigação de que modo? Explique e
justifique, indicando os dispositivos legais aplicáveis.

Solução: É possível que Maria exija a tutela específica da obrigação obtida com a ação
cominatória, fixando-se multa diária por atraso no cumprimento (astreintes) ou ainda
pedir a tutela pelo equivalente (obtenção de um resultado prático equivalente) e a seu
critério a conversão em perdas e danos. A recusa voluntária induz culpa, assim
indenização por perdas e danos, com fundamento no artigo 461 CPC e artigo 247 CC.
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5) Mapiroldo recebeu em comodato um imóvel de Matos, localizado na Cidade de
São Marçal. Dois meses depois de ingressar no imóvel, Mapiroldo descobriu que
havia uma rachadura no teto, provocada por uma antiga infiltração de água.
Mapiroldo chamou o empreiteiro Pinheiro, que verificou que todo o encanamento
necessitava de reparos. Pinheiro efetuou um orçamento de R$ 3.500,00, que
Mapiroldo mandou para a aprovação de Matos afirmou que ele não precisaria
aprovar ou não o orçamento, já que não teria que pagar por qualquer reparo, pois,
por tratar-se de um contrato de comodato, o responsável pelo pagamento do
conserto seria Mapiroldo. A afirmativa de Matos está ou não correta? Justifique
sua resposta.

Solução: É obrigação de restituir, o dono da coisa é Matos, apesar de credor é o


responsável pelas benfeitorias necessárias e úteis de boa-fé. Art. 242 CC. Com direito
de retenção, até o recebimento da indenização de Mapiroldo de Matos.

6) Qual a relação obrigacional que contém duas ou mais prestações de dar, de


fazer ou de não fazer, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título, que
deverão realizar-se totalmente, de modo que o inadimplemento de uma envolve
seu descumprimento total, visto que o credor não está obrigado a receber uma
sem outra? Como resolver a modalidade obrigacional se supomos a perda dos
dois objetos da prestação com culpa do devedor? Explique e fundamente
legalmente.

Solução: Multiplicidade de objetos + na sua modalidade cumulativa. A impossibilidade da


entrega doa dois objetos da prestação por culpa do devedor gera o direito de devolução
das duas prestações + perdas e danos. É uma obrigação doutrinária.

7) Tiago e João obrigaram-se solidariamente a entrega de um carro ao Sr.


Sebastião, grande colecionador da capital. Acontece que Tiago, ao participar de
uma corrida, acabou por capotá-lo na pista, provocando sua deterioração. Como
resolver a questão fática? Sebastião deve aceitar o carro mesmo depois de
reparado? Explique fundamente legalmente, indicando os núcleos obrigacionais.

8) Tício, Mévio e Adroaldo são devedores solidários de Navaro e devem entregar


ao credor um cavalo que custa R$ 15.000,00. Sabe-se que Navaro renunciou à
solidariedade de Tício e remitiu Mélvio. Neste caso, responda às seguintes
questões:

a) Distinga, fundamentalmente, os efeitos provocados pela renúncia e remissão,


respectivamente, em relação a Tício e a Mélvio na relação obrigacional.

Solução: Renúncia é a perda da faculdade de exigir a integralidade da prestação do


devedor renunciara, mas tão-somente sua quota-parte. Remissão: É a perda da dívida e
tem por efeito na relação jurídica obrigacional, relevar a quota-parte do devedor remido.
Art. 277 e 282 CC

b) Na hipótese de Adroaldo tornar-se insolvente na relação jurídica, quem será


responsável pelo adimplemento da obrigação em relação a Navarro? Caso você
entenda que sim, qual a relação de Adroaldo depois de cumprida a obrigação em
relação a Tício e Mélvio? Fundamente e Justifique.

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Solução: Os exonerados da obrigação voltam a compor o vínculo jurídico para ratear a
quota-parte do insolvente, podendo posteriormente regredir contra o insolvente, para o
ressarcimento do montante dispendido. Art. 284 CC

9) No dia 15/3/2003, José Bonifácio obrigou-se através de um contrato de compra


e venda, a entregar um imóvel residencial a Carlos Leal, cujo valor é de R$
10.000,00 (dez mil reais). A entrega do imóvel, ou seja, sua tradição solene deveria
se dar até o dia 20/3/2003. Ocorre, entretanto, que José Bonifácio não promoveu a
transferência do objeto da compra e venda. Pergunta-se:

a) Que modalidade de obrigação define a questão proposta? Caracterize e fundamente


legalmente.

b) Pode Carlos Leal opor Ação Reivindicatória em face do descumprimento da


obrigação? Sim ou Não? Justifique. Em caso negativo, o que restaria a Carlos Leal
fazer?

Matéria da 1ª prova: Direito Civil brasileiro – Carlos Roberto Gonçalves – páginas 01 até
197 e 235 a 270.

Sites: www.boletimjuridico.com.br
www.fortesadvogados.com.br
www.giseleleite.com.br
www.jurisway.org.br
www.consultorjuridico.com.br
www.netsaber.com.br
www.ask.com.br
www.adirmachado.com.br
www.direitonet.com.br

GLOSSÁRIO

COMODATO – é empréstimo gratuito de coisa não fungível. Perfaz-se com a tradição do


objeto. Figuras: Comodante: cede a coisa. Comodatário: recebe a coisa.
Características: gratuidade do contrato, infungibilidade do objeto e aperfeiçoamento com
a tradição.

DAÇÃO EM PAGAMENTO – É a entrega de um objeto em pagamento de dívida em


dinheiro.

EVICÇAO – É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que atribui a outrem por
causa jurídica preexistente ao contrato. É a perda total ou parcial da coisa adquirida em
favor de terceiro, que tem direito anterior. Tipos: Evicção total é a perda total da coisa e
evicção parcial é a perda de parte da coisa.

MÚTUO – É empréstimo de coisa fungível

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