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Juizados Especiais

Os Juizados Especiais são órgãos da Justiça Ordinária, que atuam nas causas de sua
competência.

Não poderão ser partes, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. Somente serão
admitidas a propor ação no Juizado Especial:
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas
jurídicas;
II - MEI, microempresas e empresas de pequeno porte;
III - Pessoas jurídicas qualificadas como OSCIP;
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor.

O maior de 18 poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para


fins de conciliação.

Obrigatoriedade de advogado
Para causas de valor acima de 20SM, até 20SM advogado é facultativo. O mandato ao
advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

Nos casos de assistência facultativa, se uma das partes comparecer assistida, ou se o


réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência
judiciária prestada por órgão junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.

O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa


o recomendar.

O réu, sendo PJ ou firma individual, poderá ser representado por preposto, munido de
carta de preposição, sem necessidade de vínculo empregatício.

Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de


assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio. O Ministério Público intervirá nos casos
previstos em lei.

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Juizado Especial Criminal
Composto por juízes togados ou togados e leigos, com competência para a
conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Nos processos que estejam agrupados, em razão de conexão e continência, podem


ser aplicados os institutos da transação penal e da composição dos danos civis
relativamente aos casos que assim seja permitido.

Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, as contravenções penais


e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não
com multa.

O processo será orientado pela oralidade, informalidade, economia processual e


celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos e a
aplicação de pena não privativa de liberdade.

A competência do Juizado será territorial.

Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em


qualquer dia da semana, conforme as normas de organização judiciária. Os atos serão
válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados
(sempre que possível, a reparação dos danos sofridos e a aplicação de pena não
privativa de liberdade).
 Os atos do Juizado só serão anulados caso ocorra prejuízo.
 A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por
qualquer meio hábil de comunicação.
 Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por
essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento
poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.

Citação
 Pessoal e realizada no Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
 Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

Intimação

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 Pelos correios, com AR em MP;
 Sendo pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da
recepção, que será identificado, por oficial de justiça;
 Qualquer meio idôneo de comunicação.

Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os


interessados e defensores.

Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a


necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência
de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.

A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo


circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, requisitando os exames periciais necessários.
O autor que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado
ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não será preso em flagrante, nem se
pagará fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
vítima.

Audiência Preliminar
Comparecendo ao juizado o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização
da audiência preliminar, será designada data, com ciência para ambos. Na falta de
qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a
do responsável civil.

Na audiência preliminar, presente o MP, o autor e a vítima e, se possível, o


responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
imediata de pena não privativa de liberdade.
A conciliação é feita pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Os conciliadores
são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre
bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça
Criminal.
Composição de danos

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A composição reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Havendo a composição de danos na audiência de conciliação, não poderá o MP
formular a proposta de transação penal.

Nos casos de:


 Ação penal de iniciativa privada ou;
 Ação penal pública condicionada à representação.
O acordo (composição) homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.

Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de representação verbal. O não oferecimento da
representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá
ser exercido no prazo legal.

Transação Penal
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o MP poderá propor a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multas. Caso a pena de multa seja a única aplicável, o Juiz
poderá reduzi-la até a metade.
Proibida proposta de transação caso:
I - ter sido o autor condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o autor beneficiado nos cinco anos anteriores com a transação;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a
adoção da medida.
Aceita a proposta pelo autor, será submetida à apreciação do Juiz.

Não há impedimento de transação se o agente já foi condenado por


contravenção.
Não há vedação à aplicação da transação penal àqueles que possuem foro por
prerrogativa de função. Este é o entendimento do STF.
Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,

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possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.

Caso o autor aceite a proposta do MP, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou
multa, que não será considerada para determinar reincidência; seu registro é apenas
para impedir o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

A transação não é irrecorrível (cabe apelação), apenas a composição dos


danos.

A imposição da sanção não constará de antecedentes criminais, salvo para os fins


previstos no dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor
ação cível.

Recusa de transação
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao
acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da data para a
audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o MP, o
ofendido, o responsável civil e seus advogados.

Se o acusado não estiver presente, será citado e cientificado da audiência de instrução


e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento
para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.

Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados para


comparecerem à audiência de instrução e julgamento, bem como as testemunhas
arroladas.

Audiência de instrução e julgamento


As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa. Nenhum
ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de
quem deva comparecer. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas,
impertinentes ou protelatórias.
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após
o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão

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ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o
acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da
sentença.

Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que


poderá ser julgada por turma composta de três Juízes, interposta no prazo de dez
dias, contados da ciência da sentença pelo MP, pelo réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. O recorrido será
intimado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias.

Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver


obscuridade, contradição ou omissão, opostos por escrito ou oralmente, no prazo de
cinco dias, contados da ciência da decisão. Os embargos de declaração interrompem o
prazo para a interposição de recurso.

Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Aplicada exclusivamente pena de multa, deve ser feito seu pagamento na Secretaria
do Juizado. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade,
determinando que a condenação não fique constando dos registros criminais, exceto
para fins de requisição judicial.

Dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais


leves e lesões culposas.

Suspensão condicional do processo


O MP, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 2-4 anos
caso atendidos os requisitos:
1. Crimes com pena mínima igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei;
2. O acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime;
3. Presentes os requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.

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Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a
denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova,
sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades;
V - outras condições a que fica subordinada a suspensão.

A suspensão será revogada se no prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro
crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. Expirado o prazo
sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. A prescrição fica suspensa
durante o prazo de suspensão do processo.

Se o acusado não aceitar a proposta, o processo prosseguirá normalmente.

Suspensão condicional da pena


A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 anos, poderá ser
suspensa, por 2 - 4 anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;

Os Juizados Especiais Itinerantes deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos


existentes nas áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional.

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Observações

É admissível a impetração de mandado de segurança para que o tribunal de justiça


exerça o controle da competência dos juizados especiais estaduais, vedada a análise
do mérito do processo em si.

A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que os crimes praticados com


violência doméstica ou familiar devem ser julgados nos Juizados especiais, porém,
não se aplicam a eles os institutos despenalizadores.

Súmula 243, STJ: "O benefício da suspensão do processo é aplicável em relação às


infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, pela soma das penas mínimas de todos os
delitos, seja pelo aumento de 1/6 (incidência da majorante) para cada pena, não
superar 1 ano".

O descumprimento de acordo firmado em transação penal já homologado pelo juiz


possibilita o oferecimento da denúncia por parte do MP.

Vencido o prazo da suspensão do processo e não havendo revogação, caberá ao juiz


declarar extinta a punibilidade.

A suspensão condicional do processo, após o término do período de prova, sem


revogação, não enseja a automática decretação da extinção da punibilidade do
acusado, que só acontece após a confirmação de que o acusado cumpriu as
obrigações estabelecidas e não foi denunciado por outro delito durante o prazo da
suspensão.

Como a vítima não participa da fase de suspensão condicional do processo, tampouco


intervém na fixação do montante para a reparação do dano causado pelo crime, toda
a matéria poderá ser rediscutida no juízo cível competente a fim de se apurar
eventual responsabilidade civil remanescente.

É vedada a revogação do sursis processual de beneficiado pela suspensão condicional,


somente pelo oferecimento da denuncia do MP por novo delito praticado no curso do
benefício, pois viola os princípios da ampla defesa e do devido processo penal.

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A desclassificação do fato imputado ao réu, por ocasião de recurso de apelação, para
delito de menor potencial ofensivo, não obsta a análise do benefício da suspensão
condicional.

A suspensão condicional do processo só poderá ser proposta até a sentença, são


sendo admitida sua possibilidade na fase recursal.

Suspensão condicional do processo: Nos crimes em que a pena mínima for igual ou
menor que 1 ano, o MP ao oferecer a denúncia pode propor a suspensão do processo
por 2-4 anos desde que o acusado não esteja sendo processado e não tenha sido
condenado por outro crime.

Suspensão condicional da pena: A execução da pena privativa de liberdade, não


superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o
condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão.

NÃO é condição necessária para a aplicação da transação penal a reparação do dano.


No procedimento sumaríssimo, a sustentação da defesa ocorre de maneira diversa do
apresentado pelo CPP.

Tratando-se de suspensão condicional do processo, cabe ao juiz especificar outras


condições, além das estipuladas expressamente na legislação, como a de prestação
pecuniária e prestação de serviços à comunidade, desde que adequadas ao fato e à
situação pessoal do acusado.

A ausência de sentença homologatória da transação penal firmada enseja a


deflagração da persecutio penal em juízo, caso sejam descumpridas as condições
estabelecidas.

A suspensão condicional do processo poderá ser revogada se o acusado vier a ser


processado, no curso do prazo, por contravenção penal. A revogação é facultativa se o
réu vem a ser processado por contravenção penal ou deixa de cumprir outra condição.
A suspensão condicional do processo é aplicável a qualquer crime cuja pena mínima
seja igual o inferior a um ano, e não somente às infrações de menor potencial
ofensivo.

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É cabível na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva,
segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.

No Juizado Especial Criminal, a composição civil, na ação penal privada, acarreta


renúncia ao direito de queixa. Na ação penal pública condicionada, tem como
consequência a renúncia ao direito de representação. Ambas extinguem a
punibilidade.

Admitem-se crimes omissivos e comissivos de menor potencial ofensivo. Os crimes de


menor potencial ofensivo admitem tentativa. Crimes de menor potencial ofensivo
entendem se consumados quando se reúnem todos os elementos de sua definição
legal.

1. Crimes do Estatuto do Idoso cuja pena máxima não até 2 anos, cumulada ou não
com multa: Aplicam-se os institutos despenalizadores (composição civil dos danos,
transação) E suspensão condicional do processo.

2. Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso cuja pena máxima esteja 2 e 4 anos,
NÃO cabe transação, mas cabe suspensão condicional do processo.

Todos os crimes de trânsito de lesão corporal culposa são da competência ordinária


dos juizados especiais criminais, exceto se o agente estiver sob a influência de álcool
ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Só por ser lesão
corporal culposa, mesmo com causa de aumento de pena, o agente terá direito aos
benefícios (composição de danos, transação penal e sursis processual), ainda que o
processo não tramite nos Juizados. Já o homicídio culposo no trânsito não é
competência dos juizados Especiais Criminais.

De acordo com o STJ, a proposta de transação penal e também a proposta de


suspensão condicional do processo são cabíveis nos crimes de ação penal
exclusivamente privada, sendo que a legitimidade das propostas é do querelante.

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