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RESUMO
O presente artigo representa uma possibilidade de pensar a Educação e Afetividade como tempo e espaço, para
oportunizar ao aluno uma aprendizagem significativa desenvolvendo uma educação integral. Com fundamento
na visão de alguns teóricos, este trabalho objetiva salientar a importância da afetividade e da motivação no
processo de ensinar e aprender, esquadrinhado dentro de princípios psicopedagógicos. A justificativa deste
estudo está focada na necessidade de manifestar que a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de
vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa
bibliográfica descrita, com alicerce na visão de alguns teóricos. Dessa forma, o afeto é indispensável na atividade
de ensinar, compreende que as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão e
que, portanto é possível identificar e prever condições afetivas que facilitem a aprendizagem, sem desconsiderar
os aspectos psicopedagógicos que também são essenciais no processo de ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
This article is a possibility of thinking about education and Affection as time and space, to create opportunities to
students with a meaningful learning by developing a comprehensive education. Based on the view of some
theorists, this paper aims to highlight the importance of affection and motivation in the process of teaching and
learning, scanned within psychopedagogical principles. The rationale of this study is focused on the need to
express the affective dimension occupies a central place, both from the point of view of the construction of the
person and of knowledge. The methodology is characterized by a literature described, with foundation in the
view of some theorists. Thus, the affection is essential for the activity of teaching, understand that the
relationship between teaching and learning are driven by desire and passion and therefore it is possible to
identify and predict affective conditions that facilitate learning, without disregarding the psychopedagogical
aspects that also they are essential in the teaching-learning process.
1. INTRODUÇÃO
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Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia (UESPI – Universidade Estadual do Piauí), Aluna do Curso de
Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional (FAR – Faculdade Ademar Rosado)
nascem prontos, acabados, mas são constituídos em uma complexa rede de inter-relações
entre causa externas e internas de sua formação, evolução e produção social.
Estudar esse conceito passou a ser uma bandeira levantada, pois se encontra no tema
grande desafio para os profissionais que geralmente tem em sua formação noções direcionada
para conceitos cognitivos de convivência com pessoas, desconsiderando, desta forma, os
conceitos afetivos necessários para a valorização da autoestima do aluno. Cabe destacar que a
importância de se desenvolver essa pesquisa centra-se no empenho de caráter cientifico e de
sua relevância social, uma vez que a pesquisa poderá contribuir consideravelmente para a
melhoria no processo ensino e aprendizagem, especialmente no que se refere às relações entre
professores e alunos. Surge daí, a relevância de se abordar o tema Educação e Afetividade,
por entender que o cuidar é um ato consciente, que pode ser ensinado e consiste, por sua vez,
num dos maiores geradores de prazer que o mundo conhece.
Frequentemente, depararmo-nos com situações que refletem a ausência de práticas
pedagógicas que respeitem as diferenças do educando. A partir desse pressuposto, o trabalho
tem como proposta analisar o papel da afetividade como fio condutor para uma educação
humanizadora no processo de ensinar e aprender, esquadrinhado dentro de princípios
psicopedagógicos.
Estudos na área de desenvolvimento humano têm apresentado como questões
afetivas e cognitivas influenciam diretamente no processo ensino aprendizagem. Dentre os
teóricos construtivistas enfatizados nesse artigo, Wallon, Vygotsky e Piaget são relevantes no
estudo de como essas duas faculdades, atuando de forma dialética, contribuem no
desenvolvimento da criança. Levando em consideração esse processo, surgiram alguns
questionamentos como:
Qual é a contribuição da afetividade, como fio condutor, no processo de ensino e
aprendizagem dentro dos princípios psicopedagógicos? Quais as contribuições que Piaget,
Wallon e Vygotsky trouxeram para o desenvolvimento humano? Como a relação entre
professor-aluno pode contribuir, por meio da afetividade, na construção do conhecimento e
contribuição para uma educação mais humanizadora? De que forma a escola pode atuar nessa
perspectiva psicopedagógica?
Para responder estas questões norteadoras, primeiramente é necessário definir e
compreender a Afetividade, em seguida serão analisadas as teorias de Piaget, Wallon e
Vygotsky separadamente e da aprendizagem na visão de João Visca, levando em conta as
contribuições para o campo educacional, abordando o processo de cognição e afetividade sob
a visão dos três estudiosos, concluindo assim a perspectiva psicopedagógica e a escola. A
pesquisa será desenvolvida através de coleta de dados por meio de pesquisas bibliográficas.
Portanto, sabendo-se da importância da relação entre Educação e a Afetividade, as
questões relacionada nesta pesquisa nos leva a (re) pensar o fazer (psico) pedagógico,
valorizando os processos de humanização a partir de uma prática humanizadora, que busque
despertar em nossos educadores/ educandos uma postura diferenciada, onde laços afetivos
sejam fortalecidos e valorizados no processo de ensino aprendizagem.
Num sentido amplo, a afetividade pode ser compreendida como conjunto de ações e
reações internas presentes na vida do ser humano, que interferem no externo. É por meio dos
sentimentos (que são dirigidos para o interior e são privados) que as emoções, (que são
dirigidas para exterior e são públicas) iniciam o seu impacto na mente. A palavra afeto vem de
affekt = “qualquer estado afetivo, agradável ou penoso, ainda vago, e que se manifesta por
uma descarga emocional física ou psíquica, imediata ou adiada. O afeto traduz as emoções
representadas e corresponde às sensações”. (CASTRO, 2008, p.20)
Henri Walon3, por sua vez, deu maior ênfase à dimensão afetiva, tanto para
construção da pessoa quanto do conhecimento. A atividade emocional é complexa e
paradoxal, é simultaneamente social e biológica em sua natureza. Realiza a transição entre o
2 Sir Jean William Fritz Piaget foi um renomado psicólogo e filósofo suíço, conhecido por seu trabalho, pioneiro
no campo da inteligência infantil, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Piaget
passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e estudando seu processo de
raciocínio. Seus estudos tiveram grande impacto sobre os campos da psicologia e da pedagogia. Segundo o
teórico, toda a ação remete a um "fazer", a um "saber fazer" e a dimensão afetiva que corresponde ao "querer
fazer", sendo assim, as dimensões cognitiva e afetiva, aparecem em seus postulados teóricos como
indissociáveis.
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Henri Paul Hyacinthe Wallon foi filósofo, médico, psicólogo e politico francês, e marxista convicto. Wallon foi
o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula.
Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o
movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
estado orgânico do ser e a sua etapa cognitiva, racional, sendo atingida através da mediação
cultural, isto é, social.
Para Wallon o eixo fundamental do processo de desenvolvimento é uma relação em
dois sentidos, integração organismo-meio e integração cognitivo-afetivo-motora.
Na proposta educativa walloniana, a integração é um conceito fundamental na
formação do educando, e é claramente descrito por Mahoney (2008, p. 15):
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Um importante pesquisador do funcionamento intelectual humano, o psicólogo russo Lev Semenovich
Vygotsky (1896-1934), cujas idéias são imprescindíveis, ele remete que as funções psicológicas superiores do
homem são construídas a partir de suas relações com o meio externo.
conceitos e significações. Para o funcionamento do psicológico, o desenvolvimento do
processo de internalização que envolve uma atividade externa que deve ser modificada para se
tornar uma atividade interna, é interpessoal e se torna intrapessoal. A interação social se dá no
pensamento, memória, percepção e atenção. A motivação, a necessidade, impulso, emoção e
afeto, parte através do pensamento.
Vigotski (2001) afirma que a emoção é a reação reflexa de certos estímulos que são
mediados a partir do meio sociocultural. As emoções influenciam e diversificam o
comportamento, portanto, quando as palavras são ditas com sentimentos agem sobre o
indivíduo de forma diferente de quando isto não acontece.
Portanto, é nas relações com o outro que os objetos tomam um sentido afetivo e
determinam a qualidade desse objeto internalizado, supondo que os processos de
internalização envolvam tanto aspectos cognitivos como aspectos afetivos. A linguagem oral,
o contato físico e a proximidade são elementos indissociáveis, um leva ao outro e todos
implicam nas relações afetivas um significado maior no processo ensino-aprendizagem
(TASSONI, 2010).
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Jorge Pedro Luiz Visca foi um dos primeiros psicopedagogos que se preocupou com a Epistemologia da
Psicopedagogia e propôs estudos que chamou de Epistemologia Convergente.
- Aprendizagem Assistemática: elaborada por meio do vínculo entre sujeito e a
comunidade restringida, o que lhe permite adquirir conhecimentos que ainda não são os da
instituição educativa. Toda aprendizagem dentro de casa, fora de casa, pracinha.
- Aprendizagem Sistemática: Resulta da interação do sujeito com as instituições.
Além dos estágios, Visca propõe os três tipos de obstáculos da aprendizagem, os
quais são: Obstáculo Epistêmico (estrutura cognitiva defasada em relação à idade
cronológica); Obstáculo Epistemofílico (falta de amor pelo conhecimento, gerados pelo
medo); Obstáculo Funcional (corresponde a causa emocionais e estruturais).
Todo processo de aprendizagem transcende a estruturação cognitiva, pois demanda a
afetização do objeto, visto que implica na utilização de operações cognitivas sem esquecer da
tematização ou conteúdo adquirido mediante recursos cognitivo-afetivos postos em jogo
(VISCA, 1991).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo enfocar a dimensão afetiva do ser humano,
buscando compreender de que forma este aspecto influencia e atua no funcionamento
psíquico, no processo de desenvolvimento e aprendizagem e, consequentemente, na educação.
Partimos do principio de que afetividade e cognição devem ser vistos de maneira
indissociada, de modo que afetividade e inteligência se misturam, dependendo uma da outra.
Durante todo o desenvolvimento deste artigo, teve-se a oportunidade de estudar um
pouco da visão de alguns teóricos, filósofos, educadores, dentre os quais se interessam pela
temática pertinente ao objeto de estudo. Sendo assim, nota-se a relevância que tem a
afetividade como ferramenta facilitadora do processo ensino aprendizagem e compreende-se
que a afetividade, sendo aplicada em sala de aula e considerando o professor como seu
mediador, auxilia em suas conquistas, principalmente na construção do conhecimento e
contribuição para uma educação mais humanizadora.
Enfim, fica claro a importância que tem para nós, educadores, o conhecimento da
afetividade, seja através das emoções, da força motora das ações ou dos sentimentos que
trespassa as relações interpessoais, para uma melhor relação professor-aluno, um melhor
ambiente de vivências escolares e uma melhor aprendizagem dos estudantes. O trabalho na
escola, deste modo, deve valorizar o desenvolvimento afetivo, e não apenas o cognitivo, pois
ambos devem ser reconhecidos como elementos imprescindível no desenvolvimento da
criança como um todo. Passamos a conhecer quem somos por meio dos outros e que nesse
sentido, as relações interpessoais são fundamentais para a formação e manutenção do “eu”.
Na escola, para que haja aprendizagem, é preciso levar em conta os dois personagens
principais (educador e educando), assim como o vínculo que se estabelece entre eles. Não
aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem respeitamos, admiramos, confiamos
o direito de ensinar. Nesse contexto que a afetividade se mostra essencial. Portanto,
afetividade deve deixar de ser uma palavra e ser uma ação.
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora,
2001.
BRINGUIER, J. C. Conversando com Jean Piaget. Rio de Janeiro – São Paulo, 1977.
CHALITA, Gabriel. Educação a solução está no afeto – SP: Ed. Gente, 2001. 1ª edição.