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Bo 14-02-2011 7 PDF
Bo 14-02-2011 7 PDF
BOLETIM OFICIAL
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SUMÁRIO
Define a Organização, a Competência e o Funcionamento dos Tri- Aprova os documentos de identificação do pessoal policial e não
bunais Judiciais; policial da Policia Nacional.
Lei nº 89/VII/2011: SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
Aprova a Lei Orgânica do Ministério Público; Acordão nº 6/2011:
Lei nº 90/VII/2011:
Cópia do Acórdão proferido nos Autos de Recurso para o Tribunal
Estabelece a Competência, a Organização e o Funcionamento do Constitucional nº 05/2011, em que é requerente o Movimento
Conselho Superior da Magistratura Judicial. para a Democracia e recorrida a Comissão Nacional de Eleições.
Decreto-Regulamentar nº 4/2011: Cópia do Acórdão proferido nos autos de Recurso para o Tribunal
Constitucional nº 06/2011, em que é Recorrente, Jornal “A Se-
Aprova os Estatutos da Fundação Social das Forças Armadas – FSFA. mana” e Recorrido, CNE-Comissão Nacional de Eleições.
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Advogados
––––––
O patrocínio das partes nos tribunais compete aos
Lei nº 88/VII/2011 advogados, nos termos da lei.
de 14 de Fevereiro Artigo 7º
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, Força vinculativa das decisões judiciais
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição,
o seguinte: 1. As decisões dos tribunais são obrigatórias para todas
as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as
CAPÍTULO I de quaisquer outras autoridades.
Disposições gerais e princípios fundamentais 2. A lei regula os termos da execução das decisões
Artigo 1º dos tribunais relativamente a qualquer autoridade e
determina as sanções a aplicar aos responsáveis pela
Objecto
sua inexecução.
A presente lei define a organização, a competência e o Artigo 8º
funcionamento dos tribunais judiciais.
Local de funcionamento dos tribunais
Artigo 2º
1. As audiências e as sessões dos tribunais decorrem,
Acesso à justiça
em regra, na respectiva sede.
1. A todos é assegurado o acesso aos tribunais para a 2. Sempre que o interesse da justiça ou outras circuns-
defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegi- tâncias ponderosas o justifiquem, os tribunais judiciais
dos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência podem reunir-se em local diferente da respectiva sede.
de meios económicos.
Artigo 9º
2. A lei regula o acesso aos tribunais em caso de insu-
Publicidade das audiências
ficiência económica.
As audiências dos tribunais são públicas, salvo decisão
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Artigo 3º
em contrário do próprio tribunal, devidamente funda-
Função jurisdicional
mentada e proferida nos termos da lei do processo, para
1. Os tribunais são órgãos de soberania com competên- salvaguarda da dignidade das pessoas, da intimidade da
cia para administrar a justiça em nome do povo. vida privada e da moral pública, bem como para garantir
o seu normal funcionamento.
2. Incumbe aos tribunais, no âmbito da sua competên-
cia, dirimir conflitos de interesses públicos e privados, Artigo 10º
reprimir a violação da legalidade democrática e assegurar Ano judicial e abertura solene
a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos
dos cidadãos. 1. O ano judicial inicia-se a 1 de Outubro de cada ano
e termina a 30 de Setembro do ano seguinte.
Artigo 4º
2. O início de cada ano judicial é assinalado pela re-
Independência dos tribunais e dos juízes
alização de uma sessão solene, da responsabilidade do
1. No exercício das suas funções, os tribunais são inde- Supremo Tribunal da Justiça e presidida pelo Chefe de
pendentes e apenas estão sujeitos à Constituição e à lei. Estado.
2. Os tribunais não podem aplicar normas contrárias Artigo 11º
à Constituição ou aos princípios nela consagrados. Férias judiciais
3. Os juízes, no exercício das suas funções, são in- 1. As férias judiciais decorrem, em cada ano, de 1 de
dependentes e só devem obediência à Constituição e à Agosto a 15 de Setembro.
lei, sem prejuízo do dever de acatamento das decisões
proferidas em via de recurso pelos tribunais superiores, 2. Sem prejuízo dos serviços de turno e do mais que
nos termos da lei. dispuser a lei, os magistrados judiciais e do Ministério
Público, bem como os oficiais de justiça, devem, sempre
4. A independência dos juízes é assegurada, nomeada- que possível, gozar os dias de férias a que tenham direito
mente, pela existência de um órgão privativo de gestão no período das férias judiciais.
e disciplina da sua magistratura, pela inamovibilidade
Artigo 12º
e pela não responsabilidade pelos seus julgamentos e
decisões, excepto nos casos especialmente previstos na lei. Coadjuvação das autoridades
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f) A área territorial da Comarca de São Domingos 1. São tribunais judiciais o Supremo Tribunal de Jus-
é a correspondente ao território do Município tiça, os tribunais de segunda instância e os tribunais
de São Domingos; judiciais de primeira instância.
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Número de secções
1. O STJ funciona, nos termos da presente lei e das
leis do processo, como tribunal de revista. O STJ funciona com três secções:
2. O STJ funciona ainda como tribunal de recurso das a) Primeira secção, que abrange matéria cível;
decisões dos Tribunais da Relação, quando estes conhe- b) Segunda secção, que abrange matérias de
çam das causas em primeira instância. natureza criminal;
3. O STJ funciona como tribunal de primeira instância c) Terceira secção, que abrange as outras matérias
nos casos previstos na lei. não previstas nas alíneas antecedentes.
Artigo 23º Artigo 29º
O acesso ao STJ faz-se por concurso público, nos termos 2. Os juízes de uma secção podem ser agregados a ou-
definidos no Estatuto dos Magistrados Judiciais. tra, em acumulação de funções, tendo sempre em conta
os critérios estabelecidos no número antecedente.
Artigo 25º
3. O Presidente do STJ pode autorizar a permuta entre
Presidente do STJ juízes de secções diferentes ou a mudança de secção, tendo
em conta o disposto do número 1.
O Presidente do STJ é nomeado pelo Presidente da
República, de entre os juízes que compõem o STJ, me- 4. Quando o relator mudar de secção, mantém-se a sua
diante proposta destes, para um mandato de cinco anos, competência e a dos seus adjuntos que tenham tido visto
renovável uma única vez. para julgamento.
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1. O Presidente do STJ é substituído, nas suas faltas, e) Conhecer dos conflitos de competência entre as
ausências e impedimentos pelo juiz mais antigo em fun- secções;
ções no tribunal.
f) Exercer as demais competências conferidas por lei.
2. Os Juízes do STJ são substituídos, nos termos e
Artigo 35º
para os efeitos estabelecidos na legislação processual,
sucessivamente, pelos juízes mais antigos no STJ e, Competência das secções
em se tratando de processos provenientes do Tribunal
da Relação de Barlavento, pelos juízes mais antigos no Compete ao STJ, funcionando por secções:
Tribunal da Relação de Sotavento ou, tratando-se de
processos provenientes do Tribunal da Relação de Sota- a) Julgar as acções propostas contra os Juízes
vento, pelos juízes mais antigos no Tribunal da Relação do Tribunal Constitucional, do STJ, dos
de Barlavento. Tribunais da Relação e os magistrados do
Ministério Público que exerçam funções
Artigo 32º
naqueles Tribunais por factos praticados no
Periodicidade das sessões exercício das suas funções;
1. Para efeitos de julgamento, cada secção do STJ, salvo b) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
convocação para apreciação de processos urgentes, reúne-
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3. O Tribunal da Relação de Barlavento tem jurisdição Periodicidade das sessões e funcionamento dos turnos
sobre todas as comarcas das ilhas de Barlavento.
São aplicáveis ao funcionamento das sessões e ao turno
Secção II
nos Tribunais da Relação as disposições dos artigos 32º
Composição e funcionamento e 33º, com as devidas adaptações.
Artigo 37º Secção IV
Composição Presidência
Modo de designação
Artigo 38º
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CAPITULO V Funcionamento
1. A área de competência dos tribunais judiciais 2. O tribunal ou juízo singular é composto por um único
de primeira instância é, em regra, a comarca e estes, juiz, sem prejuízo da existência de mais do que um juiz
designam-se pelo nome da circunscrição em que se en- no mesmo tribunal ou juízo.
contram inseridos. 3. O tribunal ou juízo colectivo é composto por três
2. Quando o volume ou a natureza do serviço o justifi- juízes.
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que, pode ser determinada por lei a existência na mesma Artigo 47º
comarca de vários tribunais de primeira instância de
Presidência do tribunal de comarca
competência específica ou especializada ou que a área de
jurisdição de um tribunal judicial de primeira instância, 1. Em cada tribunal de comarca existe um presidente,
de competência específica ou especializada, ultrapasse a designado pelo CSMJ em comissão de serviço, pelo pe-
da comarca onde esteja sediado. ríodo de três anos, de entre juízes que exerçam funções
Artigo 45º efectivas como juízes de direito e possuam cinco anos de
serviço efectivo nos tribunais e classificação não inferior
Classificação dos tribunais de comarca em função do
desenvolvimento na carreira
a Bom.
1. Para efeitos de ingresso e acesso dos magistrados 2. A comissão de serviço não dá lugar à abertura de
judiciais e do Ministério Público, os tribunais de comar- vaga e pode ser cessada a qualquer momento, mediante
ca classificam-se em tribunais de comarca de ingresso, deliberação fundamentada do CSMJ.
tribunais de comarca de primeiro acesso e tribunais de 3. O presidente beneficia de um subsídio mensal de
comarca de acesso final. representação, correspondente a 25% do subsídio de ex-
2. São tribunais de comarca de acesso final: clusividade a que tem direito, suportada exclusivamente
pelo Cofre do respectivo tribunal.
a) O tribunal da comarca da Praia;
Artigo 48º
b) O tribunal da comarca de S.Vicente.
Competência do presidente
3. São tribunais de comarca de primeiro acesso:
1. Compete ao presidente:
a) O tribunal da comarca de Santa Catarina;
a) Representar o tribunal e assegurar o seu normal
b) O tribunal da comarca de Santa Cruz; funcionamento;
c) O tribunal da comarca de S. Filipe; b) Enviar ao presidente do CSMJ o relatório anual
d) O tribunal da comarca de Ribeira Grande; de actividades do tribunal;
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f) Exercer acção disciplinar sobre o pessoal referido substitutos designados pelo CSMJ, sucessivamente, de
na alínea anterior por condutas a que entre juízes de outros tribunais judiciais de competência
sejam aplicáveis pena de multa e instaurar especializada ou específica, tribunais administrativos,
procedimento disciplinar nos demais casos, tribunais fiscais e aduaneiros.
quando ocorridos no tribunal ou por causa do
Artigo 50º
mesmo serviço.
Destacamento e acumulação
2. Compete ainda ao presidente do tribunal:
1. Por ponderosas necessidades do serviço, decorrentes,
a) Acompanhar a actividade do tribunal; nomeadamente da ausência do juiz por mais de trinta
dias ou da acumulação de processos, pode o CSMJ deter-
b) Acompanhar o movimento processual do
minar que um ou mais juízes, integrados no regime de
tribunal, informando o CSMJ e propondo as
bolsa de juízes, nos termos do artigo seguinte, passem
medidas que se justifiquem;
a exercer funções no tribunal ou juízo necessitado de
c) Elaborar o projecto de orçamento, ouvido reforço, em regime de destacamento.
o magistrado do Ministério Público
2. Nos casos referidos na primeira parte do número
coordenador, que faz sugestões sempre que
anterior, pode ainda o CSMJ determinar que um ou mais
entender necessário;
juízes colocados no tribunal ou juízo passem a exercer
d) Propor as alterações orçamentais consideradas funções no tribunal ou juízo necessitado de reforço, em
adequadas; regime de acumulação.
e) Participar na concepção e execução das medidas 3. A designação de juízes para o desempenho de funções
de organização e modernização dos tribunais; no regime estabelecido nos números anteriores não pode
destinar-se ao recebimento, instrução, julgamento ou
f) Informar o CSMJ das necessidades de recursos prática de qualquer acto judicial referente a um deter-
humanos; minado processo ou grupo de processos individualmente
considerados, sob pena de inexistência jurídica, quer das
g) Praticar o mais que resultar da lei ou lhe for decisões que neste sejam proferidas, pelo juiz destacado
determinado pelo CSMJ, no âmbito das ou designado em acumulação de funções, quer da corres-
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Turnos
1. O presidente é substituído, nas suas faltas, ausências
e impedimentos, pelo juiz mais antigo na carreira em 1. Nos tribunais de comarca são organizados turnos
exercício no tribunal. para assegurar os serviços urgentes durante as férias
judiciais.
2. Nos tribunais com mais de um juízo, o juiz do pri-
meiro juízo é substituído, para efeitos processuais, nas 2. São ainda organizados turnos para assegurar o ser-
suas faltas, ausências e impedimentos, pelo do segundo viço urgente previsto no Código de Processo Penal que
juízo, e assim sucessivamente, para que o juiz do último deva ser executado aos sábados, nos feriados que recaem
juízo seja substituído pelo do primeiro juízo. em segunda-feira e no segundo dia feriado, em caso de
feriados consecutivos.
3. Quando o tribunal esteja dividido em juízos de com-
petência especializada ou específica, o disposto no número 3. Os turnos são organizados pelo presidente do tribu-
anterior aplica-se, com as devidas adaptações, de forma nal, com uma antecedência mínima de trinta dias.
a que se proceda, sempre que possível, à substituição de
cada juiz pelo que se encontra afectado a outro juízo da 4. No caso do funcionamento do tribunal com mais do
mesma espécie. que um juízo de competência especializada em matéria
criminal e de mais do que um juízo em matéria cível,
4. Não havendo juízes que permitam a aplicação do família, menores e laboral, a distribuição dos juízes pe-
regime de substituição a que se referem os números los turnos pode ser efectuada em função das respectivas
antecedentes, a substituição é efectuada através de espécies de juízos.
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1. O administrador é recrutado, de entre pessoas cons- Os tribunais de comarca têm competência genérica
tantes de lista organizada e publicada pelo CSMJ, após a plena em relação às matérias de natureza cível e criminal
realização de concurso público, nos termos da presente lei. e ainda em relação a quaisquer outras não abrangidas
na competência de outros tribunais ou atribuídos a outra
2. São admitidos ao concurso público indivíduos com
jurisdição.
formação académica e experiência profissional adequadas
ao exercício das respectivas funções. Artigo 58º
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a coordenação e o acompanhamento da execução de to- 2. Nas comarcas onde existe mais do que um juízo cri-
dos os serviços processuais relacionados com a entrada, minal, ou mais do que um juiz no mesmo juízo, a compe-
distribuição de processos, realização de actos externos, tência para o julgamento, depois de proferido despacho de
cobrança e contagem de custas e, bem assim, de gestão pronúncia ou equivalente, recai sobre outro juiz do mesmo
dos recursos da comarca e sua afectação a cada um dos juízo ou de outro juízo criminal do mesmo tribunal, de
juízos, sem prejuízo da competência atribuída a cada um acordo com as regras de distribuição constantes do Mapa
destes na preparação e julgamento das causas da respec- I anexo à presente lei e que desta faz parte integrante.
tiva competência e da possibilidade de autonomização
Secção VI
dos respectivos cartórios, nos termos estabelecidos no
diploma da sua criação. Juízos de competência especializada
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1. Compete aos juízos de menores aplicar as medidas k) Acções destinadas a anularem os actos e
tutelares sócio-educativas previstas na lei. contratos celebrados por quaisquer entidades
responsáveis, com o fim de se eximirem
2. Compete ainda aos juízos de menores a adopção de ao cumprimento de obrigações resultantes
medidas de protecção relativamente a menores vítimas da aplicação da legislação do trabalho ou
de maus-tratos, de abandono ou que estejam em situação sindical;
que ponha seriamente em perigo a sua saúde, segurança,
educação ou moralidade. l) Infracções de natureza contra-ordenacionais,
relativas à requisição civil;
3. Compete ainda aos Tribunais de menores a prepa-
ração e julgamento de quaisquer processos relativos a m) Quaisquer outras acções ou providências em
acções e providências cautelares cíveis de protecção de matéria de direito do trabalho que não sejam,
menores e que não sejam incluídas por lei no âmbito de por lei, da competência de outros tribunais;
competência de outro tribunal. n) Demais questões que, por lei, lhes sejam
4. O disposto no número 2 do presente artigo aplica-se atribuídas.
quando a competência relativamente às medidas nele 2. Compete ainda aos juízos de trabalho julgar os re-
referidas não esteja conferida, por lei, a instituições não cursos interpostos das decisões das autoridades adminis-
judiciárias, ou estas não possuam meios para o respectivo trativas em processos de contra-ordenação nos domínios
exercício. laboral e da segurança social.
Artigo 66º
CAPITULO VI
Juízos de trabalho
Tribunais de Execuçao de Penas e Medidas de
1. Compete aos juízos de trabalho conhecer dos proces- Segurança
sos relativos às matérias de direito do trabalho, nomea-
damente as atinentes a: Artigo 67º
Competência
a) Questões emergentes das relações de trabalho
subordinado e das relações estabelecidas com 1. Compete aos Tribunais de Execução de Penas e
vista à celebração de contratos de trabalho; Medidas de Segurança decidir no decurso da execução
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g) Casos de anomalia psíquica do agente posterior como os correspondentes procedimentos cautelares, nos
à prática do crime; termos da lei.
h) As medidas de graça, nos termos da legislação 2. Compete ainda aos Tribunais de Pequenas Causas a
sobre a execução das sanções criminais; preparação e o julgamento dos processos penais especiais
de transacção e dos processos contra-ordenacionais por
i) A libertação excepcional antecipada do recluso, feitos cometidos na correspondente área territorial, cujo
nos termos da lei sobre a execução das sanções montante da coima aplicável abstractamente não seja
criminais; superior a duzentos mil escudos.
j) Os requerimentos apresentados pelo Ministério
3. Na preparação do julgamento das acções declara-
Público, nomeadamente no domínio da
tivas cíveis, os Tribunais de Pequenas Causas seguem
aplicação de medidas de segurança especiais
a tramitação estabelecida no Código do Processo Civil
pela administração penitenciária;
para o processo declarativo ordinário, na sua vertente
k) Os requerimentos e exposições que lhe sejam abreviada, sendo, porém, obrigatória a realização de uma
dirigidos pelo recluso; audiência de tentativa de conciliação.
l) Os recursos das decisões da administração 4. O réu é citado para o efeito previsto no número
penitenciária que a lei determinar. anterior, procedendo-se seguidamente e nos próprios
autos à sua notificação para contestar, caso a acção deva
3. Compete especialmente ao Juiz de Execução de
prosseguir.
Penas e Medidas de Segurança:
a) Visitar com frequência, num mínimo de três 5. A audiência é sempre ditada para a acta e o processo
vezes por ano, os estabelecimentos prisionais deve estar concluído no prazo máximo de quarenta e cinco
ou de internamento da respectiva área de dias, a contar da sua entrada no tribunal.
jurisdição, a fim de tomar conhecimento 6. Os recursos das decisões dos tribunais de pequenas
da forma como estão a ser executadas as causas, quando couberem por lei, são da competência do
condenações ou internamentos; Tribunal da Relação com jurisdição na respectiva área
b) Manter contacto com as organizações da territorial.
sociedade civil que prossigam actividades Artigo 70º
no domínio do apoio aos reclusos ou da
fiscalização em matéria de direitos humanos; Funcionamento
c) Exercer as demais atribuições que lhe forem 1. Os Tribunais de Pequenas Causas compõem-se para
conferidas por lei. efeitos de julgamento em regime de juiz singular, com um
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O Tribunal Colectivo é um tribunal judicial de primeira c) Solicitar certidões nos tribunais, nas
instância a quem compete nos termos da lei processual procuradorias, conservatórias e cartórios
penal o julgamento de processos em matéria penal. notariais;
Artigo 73º d) Pagar preparos e custas;
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Composição
e) Receber cheques de custas de parte.
O Tribunal Colectivo é composto por três juízes. 2. O estatuto dos empregados forenses é regulamen-
tado pelo Governo, ouvida a Ordem dos Advogados de
Artigo 74º
Cabo Verde.
Presidente do Tribunal Colectivo
CAPÍTULO X
1. O Tribunal Colectivo é presidido pelo juiz do proces-
so, designado nos termos do artigo 65º, que, igualmente, Secretarias judiciais
desempenha as funções de relator. Secção I
c) Suprir as deficiências das sentenças e dos 2. Se o volume dos serviços o justificar, a secretaria
acórdãos referidos nas alíneas anteriores, pode ser dividida em secções, incluindo uma secção cen-
esclarecê-los, reformá-los e sustentá-los nos tral e uma secção de diligências externas.
termos das leis de processo;
Artigo 79º
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CAPÍTULO XI ANEXO
Conselheiros que vierem a ser nomeados nos termos do Porto Novo ► O Juiz Crime da Comarca da Ri-
Estatuto dos Magistrados Judiciais. beira Grande
Mosteiros ► O Juiz Crime da Comarca de S. Filipe
Artigo 83º
Maio ► Juiz da Comarca de Santa Cruz
Instalação dos Tribunais e juízos de primeira instância
Brava ► O Juiz Crime da Comarca de São Filipe,
1. Enquanto não forem instalados os Tribunais criados Paul ► O Juiz da Comarca do Porto Novo
nos termos da presente lei, as respectivas competências
São Domingos ► O Juiz da Comarca de Santa Cruz.
continuam a ser exercidas pelas instâncias judiciais ora
existentes. Boa Vista ► O Juiz Crime da Comarca de São Nicolau
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9 Porto Novo Um dos Juízes Crime de São Vicente A presente lei entra em vigor no dia 1 de Março de 2011.
e o Juiz do Paul
de 14 de Fevereiro Organização
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, 1. A organização do Ministério Público compreende
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, a Procuradoria-Geral da República e Procuradorias da
o seguinte: República.
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1. O Ministério Público tem intervenção principal nos 1. São representantes do Ministério Público:
processos:
a) O Procurador-Geral da República;
a) Quando representa incapazes, incertos ou au-
sentes em parte incerta; b) O Vice Procurador-Geral da República;
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Artigo 19º
1. O Procurador-Geral da República é nomeado pelo
Estrutura
Presidente da República, sob proposta do Governo, para
1. A Procuradoria-Geral da República compreende o um mandato de cinco anos, renovável e que só pode cessar
Procurador-Geral da República e o CSMP. antes do seu termo normal por ocorrência de:
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5. Compete ao plenário do Supremo Tribunal de Justiça 3. As directivas a que se refere a alínea b) do número
verificar a ocorrência das situações referidas nas alíneas anterior, que interpretem disposições legais, são publi-
a), b), c) e d) do número 1. cadas na II Série do Boletim Oficial.
6. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça deve 4. O Procurador-Geral da República é apoiado no exer-
mandar publicar no Boletim Oficial a declaração de cício das suas funções por um Gabinete.
cessação de funções por qualquer dos factos referidos no
número 1. Artigo 23º
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nos termos do estatuto do pessoal de quadro especial, a) Quatro cidadãos nacionais idóneos e de
salvo quando sejam magistrados ou oficiais de Justiça. reconhecido mérito, que não sejam
Secção III magistrados nem advogados e estejam no
pleno gozo dos seus direitos civis e políticos,
Vice Procurador-Geral da República
eleitos pela Assembleia Nacional;
Artigo 29º
b) Um cidadão nacional idóneo e de reconhecido
Nomeação e cessação de funções
mérito, que não seja magistrado nem advogado
1. O Vice Procurador-Geral da República é nomeado e esteja no pleno gozo dos seus direitos civis e
pelo CSMP, sob proposta do Procurador-Geral da Repú- políticos, designado pelo Governo;
blica, de entre os Procuradores-Gerais Adjuntos, para
um mandato de três anos, renovável. c) Três magistrados do Ministério Público, eleitos
pelos seus pares.
2. O mandato do Vice Procurador-Geral cessa com o
termo do mandado do Procurador-Geral da República. 2. O mandato dos membros do CSMP tem a duração
de três anos.
Artigo 30º
Competência 3. Junto do CSMP funciona um serviço de inspecção
do Ministério Público.
1. Compete ao Vice Procurador-Geral da República:
Artigo 34º
a) Coadjuvar e substituir o Procurador-Geral da
República no exercício das suas funções; Vice-Presidente do CSMP
2. O despacho de delegação de competência referida 1. Os vogais referidos nas alíneas a), b) e c) do artigo
na alínea c) do número anterior é publicado na II Série anterior exercem os respectivos cargos por um período
do Boletim Oficial. de três anos, renovável.
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2. Não obstante a cessação dos respectivos mandatos, j) Processar e julgar as suspeições opostas a
os membros eleitos ou designado mantêm-se em exercício qualquer dos seus membros em processos ou
de funções até à entrada em funções dos que os vierem assuntos da sua competência;
substituir.
k) Emitir parecer, quando solicitado, sobre os
3. Os vogais que não exerçam funções a tempo inteiro projectos de organização e funcionamento dos
têm direito a senhas de presença ou subsídio, nos termos tribunais e do Ministério Público e, em geral,
e em montante constante da portaria conjunta dos mem- de administração da Justiça;
bros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças
e Justiça. l) Conhecer das reclamações previstas nesta lei;
Artigo 36º m) Aprovar o plano de inspecções e determinar
Estatuto dos membros do CSMP a realização de inspecções, sindicâncias e
inquéritos;
1. Os membros do CSMP têm a precedência e o trata-
mento protocolares atribuídos por lei ao Vice-Procurador n) Superintender o Serviço de Inspecção do
Geral da Republica. Ministério Público;
2. Aos membros do CSMP que não sejam magistrados o) Administrar os recursos financeiros e
do Ministério Público é aplicável o regime de garantias patrimoniais das Procuradorias da República
dos magistrados Ministério Público. e os seus próprios;
Artigo 37º
p) Colaborar com o Governo em matéria de
Competência execução da política da Justiça, em particular
1. Compete ao CSMP: da política criminal;
a) A orientação geral e a fiscalização da actividade q) Exercer as demais funções que lhe sejam
do Ministério Público; atribuídas por lei.
b) A superintendência no funcionamento das 2. O CSMP entrega à Mesa da Assembleia Nacional,
secretarias do Ministério Público;
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1. Os vogais referidos na alínea a) e b) do artigo 33º 1. Findo o prazo para a apresentação de candidaturas,
são eleitos e designado, respectivamente, nos termos da o Procurador-Geral da República verifica a regularidade
Constituição da República e dos Regimentos da Assem- dos processos e a elegibilidade dos candidatos.
bleia Nacional e do Conselho de Ministros.
2. São rejeitadas as candidaturas apresentadas fora do
2. Os vogais referidos na alínea c) do artigo 33º são prazo ou referentes a candidatos inelegíveis.
eleitos por sufrágio secreto e universal por um colégio
eleitoral formado pelos magistrados do Ministério Público 3. Verificando-se alguma irregularidade, o candidato
em efectividade de funções. é notificado para a suprir, no prazo de quarenta e oito
horas.
Artigo 43º
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A relação das candidaturas definitivamente admitidas O recurso contencioso dos actos eleitorais é interpos-
é enviada a todos os magistrados do Ministério Público. to, no prazo de quarenta e oito horas, para o Tribunal
Artigo 51º
Constitucional.
3. Apurados os eleitos para os cargos, o primeiro can- 1. A Procuradoria-Geral da República exerce funções
didato a seguir ao mais votado é designado suplente. consultivas por intermédio do seu Conselho Consultivo.
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c) Pronunciar-se sobre a legalidade dos contratos 2. Por sua iniciativa, ou sobre exposição fundamenta-
em que o Estado seja interessado, quando o da de qualquer magistrado do Ministério Público, pode
seu parecer for exigido por lei ou solicitado o Procurador-Geral da Republica submeter as questões
pelo Governo; a nova apreciação, para eventual revisão da doutrina
firmada.
d) Informar o Governo, por intermédio do
Artigo 67º
Procurador-Geral da República, acerca de
quaisquer obscuridades, deficiências ou Homologação de pareceres e sua eficácia
contradições de textos legais e propor as
devidas alterações; 1. Quando homologados pelas entidades que os tenham
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a) Prestar apoio ao CSMP na gestão e administração 1. O Departamento Central de Acção Penal é um órgão
dos quadros do Ministério Público; de coordenação e de direcção da investigação e de pre-
venção da criminalidade violenta, altamente organizada
b) Prestar apoio aos membros do CSMP e aos
ou de especial complexidade.
serviços de inspecção do Ministério Público
no exercício das respectivas competências; 2. O Departamento Central de Acção Penal é constitu-
ído por um Procurador-Geral Adjunto, que dirige, e por
c) Assegurar o expediente relativo ao Conselho Procuradores da República, em número mínimo de três,
Consultivo da Procuradoria-Geral da designados pelo CSMP, sob proposta do Procurador-Geral
República; da República.
d) Apoiar administrativamente os vogais do Artigo 72º
Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral
da República; Competência
e) Dar execução aos procedimentos administrativos 1. Compete ao Departamento Central de Acção Penal
respeitantes às áreas de intervenção do coordenar a direcção da investigação dos seguintes crimes:
Ministério Público ou da Procuradoria-Geral
a) Contra a paz e a humanidade;
da República;
b) Organização terrorista e terrorismo;
f) Proceder ao registo e à distribuição dos processos
instaurados contra magistrados; c) Contra a segurança do Estado, com excepção dos
crimes eleitorais;
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d) Coordenar a actividade dos órgãos de polícia f) Velar pela legalidade da execução das medidas
criminal; restritivas de liberdade e de internamento ou
tratamento compulsivo e propor medidas de
e) Fiscalizar a actividade processual dos órgãos de inspecção aos estabelecimentos ou serviços,
polícia criminal; bem como a adopção das providências
disciplinares ou criminais que devam ter lugar;
f) Fiscalizar a observância da lei na execução
das penas e das medidas de segurança e g) Proceder à distribuição de serviço entre os
no cumprimento de quaisquer medidas de Procuradores da República da mesma
internamento ou tratamento compulsivo, comarca, departamento ou círculo judicial,
requisitando os esclarecimentos e propondo sem prejuízo do disposto na lei do processo; e
as inspecções que se mostrarem necessárias; h) Exercer as demais funções conferidas por lei.
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2. O Procurador da República de Círculo pode ser coad- 2. Nas Procuradorias da República de Comarca onde
juvado, no exercício das suas funções, por Procuradores exercem funções mais de um Procurador da República
da República de 1ª Classe designados pelo Procurador- pode ser nomeado procurador da República com funções
Geral da República. específicas de coordenação.
Artigo 81º Secção II
Artigo 82º
1. Na sede das comarcas judiciais existem Procurado- 2. Compete ao Procurador da República Coordenador:
rias da República de Comarca.
a) Definir, ouvidos os demais Procuradores da
2. As Procuradorias da República de Comarca compre- República, critérios de gestão dos serviços;
endem os Procuradores da República e os Procuradores
b) Estabelecer, ouvidos os demais Procuradores
Assistentes.
da República, normas de procedimento,
3. As Procuradorias da República de Comarca dispõem tendo em vista objectivos de uniformização,
de serviços técnico-administrativos próprios, designados concertação e racionalização;
secretarias. c) Garantir a recolha e o tratamento da informação
4. Para efeitos de ingresso e acesso na carreira da estatística e procedimental e transmiti-la
magistratura do Ministério Público as Procuradorias da ao Procurador da República de Círculo que
República de Comarca classificam-se por procuradorias coordena o respectivo círculo judicial;
de comarca de ingresso, procuradorias de comarca de d) Coordenar a articulação com os órgãos de polícia
acesso e procuradorias de comarca de acesso final. criminal, os organismos de reinserção social
5. As classificações referidas no número anterior cor- e os estabelecimentos de acompanhamento,
respondem às atribuídas aos tribunais de comarca. tratamento e cura;
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1. As secretarias compreendem uma secção central e d) O mais que lhe for cometido por lei ou pelo
podem ter uma ou mais secções de processos. magistrado competente.
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Turnos
f) De cartas precatórias recebidas;
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2. Diariamente, à hora de encerramento dos serviços, 4. Integram ainda o arquivo os documentos de expe-
o livro de registo de entrada é encerrado e rubricado no diente administrativo e de contabilidade.
fim do último registo pelo secretário.
5. A correspondência recebida e as cópias dos ofícios
3. O registo de entrada de qualquer documento fixa a expedidos são arquivadas por ordem cronológica em
data da sua entrada na secretaria. maços anuais distintos.
Artigo 104º
4. Quando os interessados o solicitem, é-lhes passado,
conforme os casos, recibo no duplicado do papel apresen- Saída de processos do arquivo
tado ou certificado do registo da denúncia, nos termos do Quando seja necessário movimentar algum processo
disposto no Código de Processo Penal. arquivado, o mesmo é requisitado à respectiva secção
Artigo 99º central, que satisfaz a requisição no prazo de quarenta
e oito horas, mediante recibo.
Saída de processos e papéis
Artigo 105º
Depois de registados, os processos e papéis apenas po- Microfilmagem e inutilização
dem sair da secretaria nos casos expressamente previstos
1. Os processos findos, livros e demais papéis podem
na lei e mediante as formalidades por ela estabelecidas,
ser substituídos por microfilmes, ouvido o CSMP.
cobrando-se recibo e averbando-se a saída.
2. As fotocópias e as ampliações, devidamente au-
Artigo 100º
tenticadas, obtidas a partir do microfilme, têm a força
Legalização dos livros probatória dos originais.
1. Os livros das secretarias são legalizados pelo secre- CAPÍTULO VI
tário mediante assinatura dos termos de abertura e de Departamentos de acção penal
encerramento, e numeração e rubrica de todas as folhas.
Artigo 106º
2. A numeração e rubrica são feitas por processos Localização geográfica
mecânicos.
Existe um departamento de acção penal na Procu-
Subsecção II radoria da República da Comarca da Praia e outra na
3 100000 016016
3. Os funcionários referidos no número anterior devem 4. As secções são dirigidas por um Procurador da
conferir o inventário após tomarem posse do respectivo República de 2ª Classe, nomeado pelo Procurador-Geral
cargo. da República, sob proposta do director do respectivo
departamento.
Artigo 103º
5. Nos departamentos de acção penal exercem funções
Conteúdo do arquivo e arquivamento de processos, livros e Procuradores da República e Procuradores Assistentes,
papéis
em número mínimo de três por cada secção.
1. O arquivo das secretarias é constituído pelos pro- Artigo 108º
cessos, livros e demais papéis findos. Competência
2. Consideram-se findos para efeitos de arquivo: Compete aos departamentos de acção penal:
a) Os processos penais, logo que preenchido o seu fim; a) Dirigir a instrução e exercer a acção penal na
área da comarca;
b) Os processos administrativos, após o trânsito em
julgado da respectiva decisão final. b) Precedendo despacho do Procurador-Geral da
República, dirigir a instrução e exercer a
3. Os processos, livros e demais papéis ingressam no acção penal quando, relativamente a crimes
arquivo respectivo após o visto do secretário e, quando de manifesta gravidade, a complexidade ou a
seja o caso, a correição do magistrado do Ministério Pú- dispersão territorial da actividade criminosa
blico de quem aquele depende. justificarem a concentração da investigação.
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O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Rai- O mandato dos membros do CSMJ tem a duração de
mundo Lima três anos.
Artigo 6º
––––––
Estatuto do Presidente do CSMJ
Lei nº 90/VII/2011
O Presidente do CSMJ tem o mesmo estatuto remu-
de 14 de Fevereiro neratório e goza de iguais direitos e regalias atribuídos
por lei ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta,
Artigo 7º
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição,
o seguinte: Estatuto dos membros do CSMJ
1. O CSMJ é o órgão de gestão e disciplina dos juízes, 2. O mandato do Presidente do CSMJ tem a duração
de administração autónoma dos recursos humanos, fi- de cinco anos, renovável uma única vez.
nanceiros e materiais dos tribunais, bem como dos seus 3. O cargo de Presidente do CSMJ é incompatível com
próprios. o exercício de qualquer outra função pública ou privada.
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dos Tribunais Judiciais, Formação e à cessação dos mandatos ou nos primeiros sessenta dias
Recrutamento dos Magistrados; posteriores à ocorrência de vacatura e é anunciada, com a
antecedência mínima de quarenta e cinco dias, por aviso
b) Comunicação, Estudos e Planeamento. a publicar no Boletim Oficial.
3. O CSMJ dispõe de uma Secretaria de apoio técnico- Artigo 16º
administrativo, necessária à preparação e execução das
suas actividades e deliberações. Capacidade eleitoral
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Admitidas as candidaturas, a Comissão Eleitoral 1. Sempre que durante o exercício do cargo o vogal
comunica aos eleitores por anúncio publicado no Bole- eleito deixe de pertencer à categoria de origem, ou fique
tim Oficial e por editais afixados à porta dos tribunais, impedido, faz-se declaração de vacatura, procedendo-se
marcando logo a data para as eleições, as quais nunca a nova eleição nos termos dos artigos anteriores.
podem ocorrer antes de decorridos trinta dias a contar
2. Não obstante a cessação dos respectivos cargos,
da comunicação.
os membros mantêm-se em exercício até à entrada em
Artigo 22º funções dos que os venham a substituir.
Assembleia de votos
3. Os membros do CSMJ que integrem as Comissões
1. A eleição faz-se em assembleia de magistrados judi- Especializadas previstas nas alíneas a) e b) do número
ciais, convocada especialmente para o efeito pelo CSMJ 2 do artigo 11º, mediante deliberação do Conselho, po-
e tem lugar na Cidade da Praia. dem desempenhar as suas funções em regime de tempo
parcial, aplicando-se-lhes, neste caso redução do serviço
2. A assembleia de magistrados judiciais é presidida correspondente no cargo de origem.
pela Comissão Eleitoral.
4. Os membros do CSMJ que exerçam funções em tem-
Artigo 23º po parcial têm direito a senhas de presença ou subsídios,
Forma de votação nos termos e montante a fixar por despacho conjunto dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas da Justiça
A eleição é feita por escrutínio secreto, votando cada e das Finanças.
eleitor nos nomes dos juízes, da sua escolha, constantes
da lista de candidaturas e em número igual ao dos luga- 5. Os membros do CSMJ residentes fora do município
res a preencher. da Praia têm direito a ajudas de custo, nos termos da lei.
Artigo 24º CAPÍTULO IV
Votação por correspondência Competências do plenário do conselho superior
1. Os eleitores podem exercer o seu direito de voto por da magistratura judicial
correspondência, dirigida à Comissão Eleitoral até ao dia Artigo 29º
anterior ao da eleição. Competência do CSMJ
2. Para o exercício desse direito, a Comissão Eleitoral Compete ao CSMJ:
faculta aos eleitores o boletim de voto, no prazo de dez
dias após a comunicação da data designada para a eleição a) Nomear, colocar, transferir, proceder ao
e regula os seus demais trâmites. desenvolvimento na carreira, apreciar
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Orçamento
h) Exercer as demais funções cometidas por lei.
Artigo 35º
1. Além das receitas provenientes de dotações do
Quórum Orçamento Geral do Estado e do Cofre Geral da Justiça,
são receitas próprias do CSMJ:
O CSMJ não pode funcionar validamente sem a pre-
sença da maioria absoluta dos seus membros. a) O produto da venda de publicações editadas;
CAPITULO VI b) Os emolumentos por actos praticados pela
secretaria;
Inspecção Judicial
Artigo 36º c) Quaisquer outras que lhe sejam atribuídas por
lei, contrato ou outro título.
Inspecção Judicial
2. O produto das receitas próprias pode, nos termos
1. O Serviço de Inspecção Judicial é dirigido pelo Ins- do Decreto-lei de execução orçamental, ser aplicado na
pector Superior Judicial. realização de despesas correntes e de capital que, em cada
2. Na inspecção dos serviços judiciais e da função da ano, não possam ser suportadas pelas verbas inscritas
magistratura judicial, o Inspector Superior Judicial é co- no Orçamento do Estado, designadamente despesas de
adjuvado por inspectores judiciais, nomeados pelo CSMJ, edição de publicações ou realização de estudos, análises
em comissão ordinária de serviço de natureza judicial, ou outros trabalhos extraordinários.
de entre os magistrados judiciais com mais de dez anos Artigo 42º
de serviço na carreira.
Gestão financeira
Artigo 37º
Cabe ao CSMJ, relativamente ao seu orçamento, as
Nomeação do Inspector Superior Judicial
competências de gestão previstas na lei geral em matéria
O Inspector Superior Judicial é nomeado pelo CSMJ, de de administração financeira autónoma, podendo delegá-
entre os Juízes Conselheiros ou Juízes Desembargadores las no presidente.
do Supremo Tribunal de Justiça, em comissão de serviço, Artigo 43º
para um período de três anos renováveis.
Libertação de fundos
Artigo 38º
1. O CSMJ solicita a libertação de créditos ao serviço
Legislação aplicável
competente do Ministério das Finanças, em duodécimos,
A organização, composição, competência e funciona- de acordo com as suas necessidades e por conta da dotação
mento do Serviço de Inspecção são regulados por Lei. global que lhe é distribuída.
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2. O presidente do CSMJ pode, nos termos do Decreto- f) Promover e organizar o expediente relativo à
lei de execução orçamental, aprovar a despesa do regime realização das despesas de remunerações
duodecimal de qualquer das dotações orçamentais e, bem do pessoal afecto aos tribunais e respectivas
assim, solicitar a antecipação parcial dos respectivos secretarias judiciais;
duodécimos.
g) Articular-se, em especial, com os serviços
3. Todos os documentos relativos a levantamento competentes do departamento governamental
de fundos, recebimentos e pagamentos devem conter responsável pela área da Justiça, em matérias
obrigatoriamente duas assinaturas, devendo uma ser a relativas a gestão financeira dos tribunais e
do secretário do CSMJ e, na sua falta, a do director dos das secretarias judiciais.
serviços administrativos e financeiros e a outra de um h) Autorizar as despesas que não devam ser
membro do CSMJ, a designar pelo plenário. autorizadas pelo presidente;
Artigo 44º i) Autorizar o pagamento das despesas quando
devidamente autorizadas;
Conta
j) Fiscalizar a organização da contabilidade e zelar
1. A conta de gerência anual do CSMJ é organizada e pela sua execução;
aprovada pela Comissão Administrativa, sendo subme-
tida nos termos do Decreto-lei de execução orçamental, k) Aprovar as contas de gerência e promover
no prazo legal, ao Tribunal de Contas, ao Conselho de o seu envio ao Tribunal de Contas e às
Ministros e ao Ministério das Finanças. demais entidades referidas no número 1
do artigo 44º, nos termos do Decreto-lei de
2. A conta de gerência referida no número anterior execução orçamental, bem como proceder
é comunicada, dentro do mesmo prazo, ao Ministro da à comunicação mencionada no número 2 do
Justiça. mesmo artigo;
l) Autorizar a constituição de fundos de maneio
CAPITULO VIII
para o pagamento de pequenas despesas,
Órgãos e Serviços estabelecendo as regras a que obedece o seu
controlo;
3 100000 016016
Secção I
m) Desempenhar funções de natureza
Competência dos órgãos e serviços
administrativa e financeira de carácter
Artigo 45º comum aos diversos tribunais e respectivas
secretarias judiciais, em coordenação com os
Competência da Comissão Administrativa
mesmos;
Compete à Comissão Administrativa: n) Pronunciar-se sobre qualquer assunto de
gestão administrativa e financeira que lhe
a) Dar parecer sobre planos anuais de actividades for solicitado pelos tribunais e secretarias
e sobre os respectivos relatórios de execução; judiciais;
b) Emitir parecer sobre o projecto de orçamento o) Exercer as demais funções previstas na lei.
anual e as suas alterações, submetendo-o à Artigo 46º
aprovação do CSMJ; Reunião da Comissão Administrativa
c) Zelar pela cobrança das receitas e verificar 1. A Comissão Administrativa reúne-se, ordinariamen-
regularmente os fundos em cofre e em te, uma vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que
depósito; convocado pelo presidente, por sua iniciativa ou a pedido
de três dos seus membros.
d) Conceber, em coordenação com o departamento
governamental responsável pela área da 2. Para a validade das deliberações da Comissão Ad-
Justiça, as políticas de desenvolvimento ministrativa é necessária a presença de, pelo menos, três
relativas aos recursos humanos dos tribunais dos seus membros, entre os quais o presidente.
e das respectivas secretarias judiciais, em 3. As reuniões são secretariadas por um funcionário
particular as políticas de recrutamento e designado pelo presidente.
selecção, de carreiras, de remunerações, de Artigo 47º
reclassificação ou reconversão profissional,
Competência da Comissão Especializada de Relações
disciplinar e de avaliação de desempenho e Institucionais, Acompanhamento dos Tribunais Judiciais,
executá-las; Formação e Recrutamento dos Magistrados
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pertinentes; do CSMJ;
f) Elaborar o projecto de relatório anual de d) O Gabinete de Informática.
actividades do CSMJ;
Artigo 52º
g) Apresentar periodicamente um relatório sobre Direcção de Recursos Humanos e Informação Jurídica
a atitude dos cidadãos relativamente ao
funcionamento dos tribunais; 1. A Direcção de Recursos Humanos e Informação Jurí-
dica assegura, em geral, a execução das acções inerentes
h) Gerir o sítio do CSMJ na Internet. à colocação, deslocação e permanente actualização do
Artigo 49º
cadastro dos juízes dos tribunais judiciais, bem como o
expediente relativo às mesmas e ainda o da composição
Secretaria dos tribunais colectivos.
A Secretaria do CSMJ é chefiada por um Secretário. 2. Compete à Direcção de Recursos Humanos e Infor-
Artigo 50º
mação Jurídica:
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p) Autuar e movimentar o expediente relativo aos n) Elaborar estudos necessários à correcta afectação
autos de inquérito e de sindicância, bem como do pessoal aos diversos serviços do CSMJ;
aos processos disciplinares;
o) Informar sobre as questões relativas à aplicação
q) Assegurar o expediente relativo aos autos de do regime da função pública que lhe sejam
averiguação; submetidas;
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1. O pessoal do Gabinete de Apoio ao Presidente e aos 3. A instalação dos serviços previstos na presente lei
Membros do CSMJ é fixado nos termos do artigo 57º. deve concluir-se dentro de um ano após a entrada em
vigor da mesma.
2. Os membros do Gabinete de Apoio ao Presidente
e aos Membros do CSMJ são livremente providos e exo- Artigo 60º
nerados pelo presidente do CSMJ.
Entrada em vigor
3. Os membros do Gabinete de Apoio ao Presidente
e aos Membros do CSMJ consideram-se, para todos os O presente diploma entra em vigor em 1 Março de 2011.
efeitos, em exercício de funções a partir da data do des-
pacho que os tiver nomeado, com dispensa de fiscalização Aprovada em 10 de Dezembro de 2010.
prévia do Tribunal de Contas e independentemente de
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Rai-
publicação no Boletim Oficial.
mundo Lima
Artigo 55º
Promulgada em 3 de Fevereiro de 2011
Gabinete de Informática
1. O pessoal que, à data da entrada em vigor da pre- O presente diploma aprova os Estatutos da Fundação
sente lei, se encontrar provido no quadro de pessoal do Social das Forças Armadas, que dele fazem parte in-
CSMJ transita para o quadro do pessoal a que se refere tegrante e baixam assinados pelo membro do Governo
o artigo 56º, na mesma carreira, categoria e escalão. responsável pela Defesa Nacional.
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O presente diploma entra em vigor no dia seguinte A FSFA exerce as suas competências em todo o territó-
ao da sua publicação e produz efeitos a partir de 1 de rio nacional, tem a sua sede na Cidade da Praia, podendo
Janeiro de 2011. criar delegações em todos os concelhos do país.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros. CAPÍTULO II
José Maria Pereira Neves - Maria Cristina Lopes Atribuições
Almeida Fontes Lima - Cristina Isabel Lopes da Silva
Monteiro Duarte Artigo 6º
Atribuições
Promulgado em 8 de Fevereiro de 2011.
Publique-se. 1. A FSFA tem como atribuições garantir e promover
a acção social complementar e gerir o sistema de assis-
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO- tência na doença e promover outras acções para o de-
DRIGUES PIRES senvolvimento físico e intelectual dos seus beneficiários.
Referendado em 8 de Fevereiro de 2011. 2. São ainda atribuições da FSFA:
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves a) Implementar, através da cantina militar, um
sistema de abastecimento; e
ANEXO
ESTATUTOS DA FUNDAÇÃO SOCIAL b) Dotar-se, de acordo com as suas disponibilidades
DAS FORÇAS ARMADAS financeiras, de equipamentos sociais e de
lazer para o conforto dos beneficiários.
CAPÍTULO I
Artigo 7º
Disposições gerais Competências
3 100000 016016
Artigo 1º
No exercício das suas atribuições compete à FSFA:
Natureza
a) Prestar assistência médica e medicamentosa
A Fundação Social das Forças Armadas, abreviada- aos beneficiários nos termos do Regulamento
mente designada FSFA, é um instituto público, integrado Geral da Fundação;
na Administração indirecta do Estado, com a natureza de
fundação pública, dotada de autonomia administrativa, b) Optimizar a produção hortícola e pecuária
financeira e património próprio. da propriedade da Fundação de molde a
melhorar as condições de abastecimento dos
Artigo 2º
beneficiários através da cantina militar;
Âmbito
c) Providenciar a manutenção das habitações
A FSFA exerce a sua acção nos domínios da previdên- integradas no seu património em bom estado
cia, abastecimento, habitação, educação, justiça, aloja- de conservação e colocar estes ao serviço dos
mento temporário e outras actividades afins. beneficiários titulares;
Artigo 3º
d) Conceder apoio na aquisição de materiais
Regime jurídico escolares e didácticos aos filhos dos
beneficiários com aproveitamento e falta ou
A FSFA rege-se pelo disposto nos presentes Estatutos, insuficiência de recursos;
por quaisquer outras normas legais e regulamentares
aplicáveis aos institutos públicos e, subsidiariamente, e) Conceder empréstimos aos beneficiários para
pelas normas de direito privado, salvo relativamente a tratar de questões de saúde e para fazer face
actos de autoridade ou cuja natureza implique o recurso a despesas com a justiça, nos termos definidos
a normas de direito público. no Regulamento Geral da Fundação;
Artigo 4º f) Promover a satisfação de necessidades sociais não
Princípio da especialidade cobertas por outros sistemas de assistência
social; e
1. A capacidade jurídica da FSFA abrange os direitos
e obrigações necessários à prossecução das suas atri- g) Dotar a sede de equipamentos susceptíveis de
buições. contribuírem para o bem estar físico e mental
dos beneficiários; e
2. A FSFA não pode exercer actividade ou usar de seus
poderes fora das suas atribuições nem dedicar os seus re- h) Desempenhar as demais funções que lhe sejam
cursos a finalidades diversas das que lhe estão cometidas. atribuídas por lei.
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Quotização
b) Utilizar os equipamentos sociais e de lazer da
FSFA;
Os beneficiários titulares da FSFA estão obrigados ao
pagamento de uma quota mensal de valor correspondente c) Ser informados sobre o funcionamento da FSFA;
a 2% da sua remuneração ilíquida ou pensão de reforma.
d) Apresentar propostas e/ou projectos à FSFA.
Artigo 10º
Artigo 15º
3 100000 016016
Beneficiários familiares
Sanções
1. São beneficiários familiares da FSFA, os familiares
dos beneficiários titulares abaixo indicados: 1. O não cumprimento das normas e regulamentos da
FSFA por parte dos beneficiários implica:
a) Os membros do agregado familiar do beneficiário
titular; a) A Admoestação;
b) As pessoas que tenham direito a alimentos a b) A Suspensão por um período de dois (2) a seis (6)
prestar pelo beneficiário titular. meses da faculdade de usufruir dos benefícios
2. A qualidade de beneficiário familiar das pessoas cujas normas foram infringidas; e
referidas na alínea a) do número anterior não se perde
c) Suspensão por um período de três (3) meses da
pelo falecimento do beneficiário titular.
qualidade de beneficiário da FSFA.
Artigo 11º
2. O não pagamento de quotas durante três (3) meses
Inscrição dos beneficiários titulares
consecutivos implica a perda do direito aos benefícios
A inscrição dos beneficiários titulares faz-se mediante concedidos pela FSFA, sendo estes, no entanto, recupe-
comunicação ao Conselho de Administração da FSFA, rados com a liquidação das quotas em atraso.
pelos serviços de pessoal das Forças Armadas.
CAPÍTULO III
Artigo 12º
Órgãos
Inscrição dos beneficiários familiares
Secção I
A inscrição dos beneficiários familiares faz-se mediante
requerimento dos interessados, dirigido ao Conselho de Princípios gerais
Administração da FSFA, após a entrega pelo beneficiário
Artigo 16º
titular dos documentos comprovativos do grau de paren-
tesco e situação, acompanhados do boletim de modelo Órgãos
aprovado pelo Conselho de Administração da FSFA.
São órgãos da FSFA:
Artigo 13º
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O Presidente é nomeado, em comissão ordinária de 1. Nas suas faltas, ausências e impedimentos, o Presi-
3 100000 016016
serviço, por despacho do Primeiro-Ministro, sob proposta dente é substituído por um dos membros do Conselho de
da entidade de superintendência, de entre indivíduos Administração por ele designado, sendo a substituição
com o grau académico mínimo de licenciatura, de reco- comunicada à entidade de superintendência.
nhecida idoneidade, competência técnica e experiência
2. Perante terceiros, incluindo notários, conservadores
profissional.
de registo e outros titulares da Administração Pública,
Artigo 21º a assinatura de um vogal com invocação do previsto no
número anterior constitui presunção da pressuposta
Competências
falta, impedimento ou vacatura.
1. O Presidente é o órgão executivo singular da FSFA, Secção III
competindo-lhe:
Conselho de Administração
a) Coordenar e dirigir os serviços da FSFA,
imprimindo-lhes unidade, continuidade, Artigo 23º
eficiência e eficácia; Natureza, composição e nomeação
b) Representar a FSFA, em juízo e fora dele e O Conselho de Administração é o órgão executivo cole-
assegurar as relações com o Governo; gial da FSFA e composto pelo Presidente, que preside, e
c) Presidir e convocar as reuniões do Conselho de 2 (dois) vogais, estes providos em comissão ordinária de
Administração e providenciar pela execução serviço, por despacho do Primeiro-Ministro, sob proposta
das deliberações tomadas; da entidade de superintendência, ouvido o Presidente,
de entre indivíduos com reconhecida idoneidade, compe-
d) Assegurar a aplicação das políticas de gestão e tência técnica e experiência profissional.
das normas de funcionamento da FSFA;
Artigo 24º
e) Autorizar a realização das despesas e o seu Competência
pagamento até ao montante determinado
pelo Conselho de Administração; 1. O Conselho de Administração tem os poderes ne-
cessários para assegurar o funcionamento da FSFA,
f) Promover a elaboração dos instrumentos de
designadamente:
gestão previsional, em conformidade com as
leis da contabilidade pública; a) Aprovar as políticas de gestão e as normas de
funcionamento da FSFA;
g) Exercer a gestão do pessoal da FSFA e a
respectiva acção disciplinar bem como nomear b) Pronunciar-se sobre os instrumentos de gestão
e exonerar os responsáveis pelos serviços; previsional;
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3. As decisões do Conselho de Administração são toma- d) Um oficial de cada uma das regiões militares,
das por maioria de votos dos membros presentes. das unidades navais e das unidades aéreas;
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Artigo 33º
6. O presidente do Conselho Geral pode convidar a to-
Encargos com as deslocações
mar parte nas reuniões do Conselho, ou a fazer-se nelas
representar, sem direito a voto, quaisquer pessoas ou As despesas de viagem e ajudas de custo devidas pelas
entidades cuja participação repute útil, tendo em conta deslocações dos membros do Concelho Geral que residam
os assuntos a apreciar. fora do concelho onde se realiza a reunião, são suportadas
pelo orçamento da FSFA, sendo o montante das ajudas de
7. O Conselho Geral e os respectivos membros reportam custo a abonar igual ao fixado para o cargo de dirigentes
directamente ao Conselho de Administração e, sem prévia públicos de nível VI.
e expressa autorização nesse sentido, estão inibidos de
proferir declarações públicas relacionadas com as acti- CAPÍTULO IV
vidades deste órgão.
Gestão financeira e patrimonial
Artigo 30º
Artigo 34º
Competência
Património
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3. Os bens da Fundação podem ser adquiridos por c) Sistema de informação integrada, de gestão
qualquer dos modos previstos na lei civil, incluindo em- desconcentrada e difusão de informações
preitadas e fornecimentos, e ainda por força de actos de necessárias à elaboração de programas e à
cessão definitiva, desafectação, reversão, expropriação ou sua correcta execução.
outros praticados a seu favor nos termos da lei.
2. Para concretização dos princípios enunciados no nú-
Artigo 35º mero anterior, a FSFA utiliza os seguintes instrumentos
de avaliação e controlo:
Gestão patrimonial e financeira
a) Gestão por excelência;
1. Salvaguardadas as limitações impostas pelos pre-
sentes Estatutos ou decorrentes da lei, a FSFA gere com b) Transparência;
total autonomia o seu património.
c) Prestação de contas;
2. Os investimentos da FSFA devem respeitar o crité-
rio da optimização da gestão do seu património e visar, d) Planos de actividades anuais e plurianuais com
gradualmente, a independência financeira da FSFA. definição de objectivos e respectivos planos de
acção, devidamente quantificados;
3. A FSFA pode negociar e contrair empréstimos,
conceder garantias, bem como participar no capital de e) Orçamento anual;
sociedades comerciais ou criar sociedades que sejam f) Relatório anual de actividades;
instrumento útil para a prossecução do objectivo de op-
timização da gestão do seu património. g) Conta de gerência e relatórios financeiros; e
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b) As que resultam da conservação, da remodelação ditoria anual solicitada pelo Presidente ou determinada
e ampliação do património da fundação, bem pela entidade de superintendência, bem como aos demais
como as aquisições e construções de novas controlos previstos na lei.
infra-estruturas; e
Artigo 42º
c) Outros encargos que se mostrem necessários ao
Fiscalização do Tribunal de Contas
desenvolvimento da sua actividade.
Os actos e contratos da FSFA estão sujeitos a fiscali-
2. Na realização das despesas respeitam-se os condi-
zação do Tribunal de Contas.
cionalismos e imperativos decorrentes do orçamento e
plano aprovados, bem como as prioridades que excep- CAPÍTULO V
cionalmente vierem a ser fixadas, sem prejuízo das leis
e regulamentos aplicáveis. Superintendência
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Mobilidade Regulamentação
1. Os militares e funcionários civis das Forças Armadas O Regulamento Geral, definindo o quadro normativo
podem ser chamados a desempenhar funções na FSFA da actividade e do funcionamento da FSFA, é aprovado
em regime de requisição ou destacamento com garantia por Portaria do Ministro da Defesa Nacional.
do seu lugar de origem e dos direitos nele adquiridos.
A Ministra da Defesa Nacional, Maria Cristina Lopes
2. Os trabalhadores do quadro da FSFA podem ser Almeida Fontes Lima
chamados a desempenhar funções nas Forças Armadas,
3 100000 016016
Confidencialidade
Para o efeito, o nº3 do citado artigo 99º e o nº3 do artigo 121º
do Decreto-Legislativo nº 8/2010, de 28 de Setembro, re-
1. Os titulares dos órgãos da FSFA e respectivos man- metem para a Portaria o membro do Governo responsável
datários, pessoas ou entidades qualificadas devidamente pela área de segurança interna, a aprovação do modelo
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3. Assim,
KŝƌĞĐƚŽƌEĂĐŝŽŶĂů͕
Artigo 2°
ĂƚĂĚĞŵŝƐƐĆŽ͗
Artigo 3º
Características Técnicas:
Entrada em vigor
Anverso
A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao a) Cartão em Policarbonato com as dimensões ID1
da sua publicação. (85,60 mm x 53,98 mm x 0,76 mm), cantos
Gabinete do Ministro da Administração Interna, na arredondados, de acordo com a norma ISO 7810;
Praia, aos 10 de Janeiro de 2011. – O Ministro, Livio b) Cor bege, fundo 2, impresso em micro-impressão
Fernandes Lopes com a designação repetida “PN”.
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KŝƌĞĐƚŽƌEĂĐŝŽŶĂů͕
centralizado, o brasão da Policia Nacional
/ZKE/KE>WK>//E/KE>
e os dizeres “POLICIA NACIONAL”, em
caracteres duplo, candara, tamanho 14,
preenchimento dourado;
e) Na zona central espaço para a fotografia do
titular, que deve ser tipo passe, a cores, traje
uniformizado, descoberto, com as divisas
visíveis no ombro;
f) Na parte inferior traz as menções fixas com as
referências: Número do Cartão formado por
'ƌƵƉŽ^ĂŶŐƵşŶĞŽ͗
alfa numérico, Posto, Nome e assinatura do
ĂƚĂĚĞŵŝƐƐĆŽ͗
titular, com a cor preta e caracteres calibri;
g) O cartão será impresso em ambas as faces e
^ŝƚƵĂĕĆŽ͗
incorporará alguns elementos de segurança
específicos;
Verso
h) Dividida em três partes distintas com as
Características Técnicas:
seguintes inscrições:
Anverso
i) “Direcção Nacional da Policia Nacional”
a) Cartão em Policarbonato com as dimensões ID1
j) “O presente documento titula a qualidade de (85,60 mm x 53,98 mm x 0,76 mm), cantos
Agente de Autoridade com funções policiais da arredondados, de acordo com a norma ISO 7810;
3 100000 016016
Policia Nacional (PN), nos termos do Decreto- b) Cor verde seco mais claro 80%, impresso em micro-
Legislativo nº 8/2010, de 28 de Setembro”. impressão com a designação repetida “PN”
k) “Situação, Grupo Sanguíneo, Data de emissão c) 1/5 do rectângulo do cartão, do lado esquerdo,
e assinatura do Director Nacional da PN, ocupa-se em toda a sua extensão na vertical,
caracteres preto em calibri, tamanho 8; as cores e as dez estrelas da bandeira nacional;
ANEXO II d) 4/5 do cartão destaca-se na parte superior,
centralizado, o brasão da Policia Nacional e os
(a que se refere o n.º 1)
dizeres “POLICIA NACIONAL”, em caracteres
Modelo B - Bilhete de identidade do pessoal Policial duplo, candara, tamanho 14, preenchimento
da PN, na situação de Aposentação. azul marinho mais escuro 25%;
e) Na zona central espaço para a fotografia do
EsZ^K titular, que deve ser tipo passe, a cores, traje
uniformizado, descoberto, com as divisas
visíveis no ombro;
f) Na parte inferior traz as referências: Número
do Cartão formado por alfa numérico, Posto,
Nome e assinatura do titular, com a cor preta
e caracteres calibri;
g) O cartão será impresso em ambas as faces e incorporará
alguns elementos de segurança específicos;
Verso
&KdK
h) Dividida em três partes distintas com as
seguintes inscrições:
i) “Direcção Nacional da Policia Nacional”
j) “O presente documento titula a qualidade de
Agente de Autoridade com funções policiais da
Policia Nacional (PN), nos termos do Decreto-
Legislativo nº 8/2010, de 28 de Setembro”.
k) “Situação, Grupo Sanguíneo, Data de emissão e
assinatura do Director Nacional, caracteres
preto em calibri, tamanho 8;
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1. Mandar notificar o MPD para remover as viaturas A liberdade de propaganda vem consagrada na CRCV,
das estradas com inscrição e propaganda gráfica, política; e trata-se de uma liberdade exercida com o pressuposto da
2. Solicitar as autoridades policiais competentes a participação democrática, enquanto ponto de confluência
imobilização/apreensão das referenciadas viaturas do do exercício de outras liberdades, como a liberdade de
MPD nas circunstâncias referidas ou sejam removidas expressão ou de opinião.
as inscrições gráficas que ostentam” Não existe norma legal que impeça a propaganda
eleitoral fora dos períodos eleitorais. Porém nos períodos
3. Aplicação ao MPD da sanção prevista e punível nos
eleitorais, que inicia com a publicação do Dec. Presi-
termos do art. 324 do CE
dencial que marca as eleições, a propaganda eleitoral é
Face ao exposto e com o objectivo de elaboração do relató- gradualmente restringida até à sua proibição nas 48h
rio foi, notificado o Secretario Geral do PAICV, através de que antecedem o dia das eleições.
Oficio Ref. 134/CNE/2010, para juntar elementos de prova.
No caso em apreço
O PAICV respondeu, por ofício, fornecendo o número Os HIACES, estão completamente pintados de verde
de matrícula de uma Toyota Hiace, ST-88-MV. e deles constam o slogan de campanha do MPD “Mesti
Procedeu-se à notificação do Secretário-geral do MPD, Muda”; a inclusão deste slogan com a sigla da força po-
através do ofício Ref.n°06/CNE/2011, para se pronun- lítica é entendido como propaganda política.
ciar sobre os factos constantes da referida queixa, tende Sendo notório que se trata de propaganda política, a
respondido nos termos “.... dúvida poderia ser se a viatura é um meio comercial.
1. A viatura é propriedade do partido, que a adquiriu A CNE, decidiu no plenário de 06.0l de Janeiro, para
para apoio as deslocações de delegações partidárias em remoção dos outdoors contendo propaganda política, o
trabalho de terreno. conteúdo de propaganda, ora em análise é o mesmo do
2. Assim a pintura e as inscrições gráficas existentes que constava de outdoors que foram proibidos por deli-
na viatura em questão nunca poderão ser consideradas beração da Comissão.
de publicidade comercial, não se inserindo no âmbito da Portanto é entendimento da relatora e signatária do
proibição do n.º 1 do art. 113° do CE… processo, que uma viatura em circulação, representa um
meio comercial e pressupõe-se que existe despesas, pois
3. Acresce que, em todo o caso, tratando de espaço
tal implica a compra de combustíveis, manutenção e até
privado de proprietário que não dedica a publicidade
remuneração do condutor sendo que, na lei eleitoral,
3 100000 016016
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com base na excepção do n.º 2 do artigo 113º, arrogando-se designadamente, chamando o beneficiário do registo para
proprietária da viatura em causa – vd. petição de recurso elidir tal presunção (uma vez que, conforme é sabido, por
e resposta à CNE de fls. 11. razões várias, é corrente encontrar-se viaturas registadas
Dispõe o n.º 1 do artigo 113º que “A partir da publicação em nome de terceiros, que não os seus proprietários),
do diploma que marcar a data das eleições, é proibida como corolário, aliás, do princípio da busca da verdade
a propaganda política feita, directa ou indirectamente, material que enforma o processo penal.
através de qualquer meio de publicidade comercial, paga Não o tendo feito, resulta que a matéria de facto, que
ou gratuita, seja qual for o suporte ou o meio de comuni- se pretende provada na deliberação recorrida, não per-
cação utilizado para o efeito”. mite a aplicação do direito ao caso sub Judice, estando
No caso em apreço, eleição dos deputados à Assembleia inquinada do vício de insuficiência da matéria de facto
Nacional de 6 de Fevereiro de 2011, essa proibição teve o provada, a que se refere a alínea a), do artigo 442º do
seu início no dia 23 de Novembro, data em que o Decreto C. P. Penal (aplicável subsidiariamente – artigo 45º do
Presidencial n.º 22/2010 foi publicado. Decreto-Legislativo n.º 9/95, de 27 de Outubro).
A violação do preceito acima referido constitui contra- Para além disso, impõe-se, face ao teor da deliberação im-
ordenação punível nos termos do artigo 324º cujo teor é pugnada, indagar que outros factos, afinal, são imputados
o seguinte; “Quem realizar propaganda política através ao arguido, ora recorrente. Em que é que concretamente
de meios de publicidade comercial em violação do dis- se traduziu o comportamento do recorrente que permita
posto neste Código será punido com coima de cem mil a concluir que efectuou publicidade comercial ilícita?
quinhentos mil escudos”.
Com esta proibição o legislador teve em vista impedir Lendo a matéria de facto, fica-se sem se saber.
que, através da compra de espaços ou serviços por parte Com efeito, o que aí se diz é que “o PAICV, Partido
de partidos políticos, coligações, grupos de cidadãos, Africano para a Independência de Cabo Verde, apresen-
candidaturas ou de outras entidades promotoras para tou uma queixa contra o MPD, Movimento para a Demo-
veicular mensagens de propaganda, se viesse a introduzir cracia, por utilização de propaganda política comercial,
um factor de desigualdade entre eles, derivado das suas através de Hiaces (sublinhado nosso), registado na CNE
diferentes disponibilidades financeiras. como Processo nº 7/2010”.
O artigo 113º, porém, comporta excepções, designada-
mente, no que para o caso dos autos interessa, no seu n.º Que “o PAICV alega que diversas viaturas (sublinhado
nosso) têm sido vistos a circular pela Cidade da Praia,
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dualizada e concreta dos factos provados), e ainda uma 3º E que em decorrência a declaração de inconstitucio-
caracterização daquelas circunstâncias que permitem nal da norma nº 2 do artº 105º do CE, tenha força jurídica
estabelecer um nexo psicológico de ligação desses factos e com efeitos desde da sua entrada em vigor.”
ao agente e uma sua imputação a título de dolo. O ora recorrente apresentou o seu “EXERCÍCIO DO
CONTRADITÓRIO”, de fs. 8 e 9, contestando a queixa
A sanção para o incumprimento do n.º 2 e da alínea b)
que contra si havia sido apresentada.
do n.º 3 do artigo 63º do regime jurídico das contra-orde-
nações é a nulidade da decisão impugnada nos termos Na fundamentação do seu recurso, o recorrente rela-
do disposto nos artigos 409º, alínea a) e 403º, n.º 2 do C. tivamente aos factos que lhe são imputados, alegou que:
P. Penal, aplicável subsidiariamente. - o MPD apresentou uma queixa à CNE, em 30/12/2010,
contra o “A SEMANA” acusando-o de estar a violar os
Por todo o exposto, e nestes termos, acordam os Juízes arts. 105º e 113º do CE, sem que o queixoso indicasse
do STJ, enquanto Tribunal Constitucional, em conceder “factos, a saber peças jornalísticas, artigos, publicidade
provimento ao recurso, declarando a nulidade da delibe- ou propaganda política que possa ter prejudicado ou
ração recorrida. favorecido certo partido ou candidatura”, e, uma vez
Sem custas. notificado, o ora recorrente apresentou a sua contestação;
- desde “o dia da publicação do diploma que marcou a
Comunique à Comissão Nacional de Eleições. data das eleições legislativas, para o dia 6/2/2011, deixou
Registe e notifique. de publicar quaisquer peças jornalísticas que, porventu-
ra, pudessem ser compreendidas como propaganda polí-
(Processado por computador e revisto pelo relator) tica, de forma directa ou indirecta, ou, eventualmente, de
publicidade comercial onerosa ou gratuita” e tem seguido
Praia, 31 de Janeiro de 2011. uma “postura isenta, imparcial, objectiva e com respeito
Assinados - Exmºs Srs. Drs. Juízes Conselheiros, escrupuloso ao principio do contraditório”;
Helena Maria Alves Barreto (relatora) Anildo Martins, - a “partir do sexagésimo dia anterior à data marcada
Manuel Alfredo Monteiro Semedo, Maria de Fátima Co- para as eleições, ou seja, dia 8/12/2010, o jornal não
ronel, Raúl Querido Varela e Arlindo Almeida Medina. publicou nenhum artigo de opinião dos seus colunistas,
nem no suporte papel nem no on-line, que pudessem
Este acórdão tem o voto de conformidade da Exmª Juíza pôr em causa ou beliscar o que se impõe na lei eleitoral,
Consª Drª Zaida Gisela Fonseca Lima, mas não assina nomeadamente, as disposições apontadas na queixa/
por não estar presente. participação, datada de 30/12/2010”;
Está conforme - da “leitura atenta dos periódicos poder-se á inferir
clara e objectivamente que em momento algum, durante
Secretaria do Supremo Tribunal de Justiça, na Praia, o período que a lei eleitoral estipula até esta data, o ASE-
aos quatro dias do mês de Fevereiro de 2011. – A Escrivã MANA tenha violado a norma contida nas alíneas c) d)
de Direito, Magda Maria Furtado Tavares e e) do nº 2 do artº 105° do CE”;
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- a CNE não solicitou “ao queixoso provas dos factos O documento de fs. 6 é do seguinte teor:
“ilícitos” que alegadamente a recorrente tenha pratica-
“EXMA Senhora Directora do Jornal A Semana
do” e a acusação deduzida é “genérica, imprecisa e não
especificada”; C/ c Secretário Geral do MPD
- tal acusação viola o “princípio geral e sagrado de REf.n 33 CNE/2011
Direito Penal, (que é aplicável às contra-ordenações) o
da legalidade, o facto de a CNE não ter determinado e Assunto: Notificação do conteúdo da deliberação nº 27
provado o (s) facto (s), ou seja, as peças jornalísticas ou /CNE/LEG/2011
artigos, que eventualmente possam constituir ilícito de Notifica-se a Direcção do Jornal “A Semana”, do
mera ordenação social, nos termos do CE; conteúdo da deliberação da Comissão Nacional de
- “Pior ainda, foi a atitude da CNE de não ter dado Eleições (CNE) recaído sobre a queixa registado nesta
corpo ao princípio do ónus da prova, um dos princípios comissão, sob o nº 14/11 apresentado pelo MPD contra
basilares do Direito Civil, e que se encontra estipulado o referido jornal, analisado e deliberado na reunião
no art.” 342° do Código Civil”, visto que “quem alega um plenária de 12.01.2011, que se transcreve:
direito ou um facto deve prová-lo!”; “1. Aplicar uma coima de 100.000$00 (cem mil escudos)
- a coima aplicada é “infundada, injusta e ilegal”. em virtude da violação do artº 105º e com base no artº 327º;
O recorrente defendeu ainda a inconstitucionalidade da 2. Recomendar a direcção do Jornal “A Semana”, que
norma do nº 2 do artº 105º do CE nos seguintes termos: nas suas próximas edições trate de forma igual as can-
- a norma contida no nº 2 do artº 105° do CE, que susten- didaturas.
ta a Deliberação n” 27/CNE/LEG/2011, ora impugnada 3. Cumpra-se de imediato. “
“deverá ser declarada inconstitucional por violar o art.°
48° ex vi nº 2 do artº 60°, ambos da CRCV, que protege Praia 13 de Janeiro de 2011. A Presidente da CNE,
constitucionalmente a liberdade de imprensa, no quadro Rosa Martins Vicente”
dos Direitos, Liberdades e Garantias de Participação Foi esse o documento que foi notificado ao arguido e
Política e de Exercício de Cidadania”; que este juntou aos autos a fs. 6.
- “a norma contida no n02 do art.? 105° do CE, ao res-
tringir e vedar de forma dura e absoluta a liberdade de *
imprensa, ao não permitir tudo o que indica nas alíneas O requerimento de interposição do recurso, embora di-
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desta norma, põe também em causa a própria liberdade de rigido ao TC, devia ter sido “apresentado ao Presidente da
informar e de ser informado dos cidadãos cabo-verdianos, Comissão Nacional de Eleições…”, como impõe o nº 4 do
cuja limitação do exercício destas liberdades é proibida artº 121º da LOTC, pelo que foi ordenado o cumprimento
taxativamente, conforme estatuído no nº 3 do art.° 48° desse preceito legal.
da CRCV”;
Na sua resposta, veio a CNE remeter os documentos
- “E os limites às liberdades de informação e de ser in- de fs.14 a 25, dos quais consta o documento de fs. 18 a 20
formado tem constitucionalmente como limites, o direito à intitulado “-Deliberação Nº 27/CNE/11-”, cujo texto aqui
honra e consideração das pessoas, o direito ao bom-nome, se dá por inteiramente reproduzido.
à imagem e à intimidade da vida pessoal e familiar (nº 4
do art° 48° da CRCV)”; Corridos os vistos legais, cumpre decidir.
- pelo que “não pode o legislador eleitoral impor ou es- II. 1. A competência do Tribunal.
tabelecer outras limitações à liberdade de imprensa (artº
O Tribunal Constitucional é competente para conhecer
60° conjugado com o artº 48° todos da CRCV), para além
do presente recurso nos termos das disposições dos artº
das estipuladas na Lei Magna” e de “coarctar o exercí-
215º, nº 1, c), 1ª parte, da CRCV e artº 121º (coimas apli-
cio das liberdades de informação e de ser informado, ao
cadas pela CNE) da Lei da Organização e Funcionamento
alargar outras situações ao prever o que estatui no nº 2
do Tribunal Constitucional, adiante LOFTC, aprovada
do art.° 105° do CE”;
pela Lei nº 56/VI/2005, de 28.02.
- deve “o STJ enquanto Tribunal Constitucional, ao
abrigo do nº 2 do art.° 281°, aprecie a constitucionalidade 2. O objecto do recurso.
da norma do nº 2 do artº 105° do CE, que suscitamos aqui Previamente há que notar que ao lado do pedido de
neste processo de recurso, e em consequência declare a sua declaração da ilegalidade da deliberação da CNE que lhe
inconstitucionalidade com força obrigatória geral e com aplicou a multa, o recorrente formula ainda o pedido de
efeitos desde a entrada em vigor da norma inconstitucio- declaração da inconstitucionalidade material com “força
nal, nos termos do nº 1 do art° 285° da CRCV”; jurídica e com efeitos desde da sua entrada em vigor”
- “Aliás, o Prof. Doutor Wladimiro Brito afirmou já do nº 2 do artº 105º do CE, por violar, em seu entender,
publicamente, na entrevista concedida ao jornal ASEMANA a liberdade de imprensa e o exercício da liberdade de
de 14/01/2011 (…) considera, pois, (…) que o nº 2 do informar e de ser informado, previstos nos arts. 60º e
art.° 105° do CE, é manifestamente inconstitucional por 48º da CRCV.
violar a liberdade de imprensa consagrada na CRCV” o Todavia, tratando-se de um contencioso de contra-
que vem “reforçar a nossa tese da inconstitucionalidade ordenação eleitoral em que se discute a legalidade do
da norma”. acto impugnado, a apreciação da inconstitucionalidade só
Juntou os documentos de fs. 6 a 9 e ainda exemplares poderá ser vista como um fundamento para se apreciar da
de “todas as edições publicadas a partir 8/12/2010 a legalidade desse acto (como, aliás acontece em qualquer
esta parte”. outro processo).
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A CRCV, no seu artº 211º, nº 3, confere a todos os tribu- Todavia, não foi essa deliberação que fora objecto de
nais, no âmbito do chamado controlo difuso de constitu- notificação ao arguido que inclusive nem sequer em
cionalidade, o poder de recusar a aplicação de quaisquer momento algum foi levado ao seu conhecimento e em
“normas contrárias à Constituição ou aos princípios nela relação ao qual consequentemente não pôde exercer o
consignados”. contraditório.
Assim, se for o caso de se aplicar algum dos preceitos le- Logo não pode ser a deliberação, sob o título “Deliberação
gais contidos no nº 2 do artº 102º do CE, e se o TC entender Nº27/CNE/11- “, que constitui o objecto do presente
que tal preceito não está conforme à Constituição pode e recurso, que não pode consequentemente ser objecto de
deve recusar a sua aplicação (desse preceito normativo), apreciação nos presentes autos.
ao abrigo do mencionado nº 3 do artº 211º da CRCV. *
Algo bem diferente é a acumulação do pedido de apre- 3. Conhecendo do recurso.
ciação da legalidade do acto praticado com o pedido de Recortado o objecto do presente recurso, cabe conhe-
declaração da inconstitucionalidade do nº 2 do artº 105º cer do seu mérito, não havendo qualquer outra questão
do CE, caso em que estaremos perante uma incompati- prévia a apreciar.
bilidade processual.
O recurso de coimas aplicadas pela Comissão Nacional
Isto porque a decisão que o tribunal vier a proferir de Eleições encontra-se expressamente regulado, como
sobre o pedido de anulação ou declaração de nulidade da já foi referido, no artº 121º da mencionada LOFTC, cujo
deliberação da CNE assume a natureza de uma sentença texto é o seguinte:
constitutiva, no 1º caso, e de uma sentença declarativa,
“1. Das deliberações do Conselho Nacional de Elei-
no segundo, e o meio processual utilizado é o processo
ções que apliquem coimas cabe recurso para o Tribunal
especial do contencioso eleitoral previsto artº 121º (coimas
Constitucional.
aplicadas pela CNE) da LOFTC.
2. A interposição do recurso faz-se por meio de requeri-
Ao pedido de declaração da inconstitucionalidade de mento apresentado ao Presidente da Comissão Nacional
determinada norma (ou resolução de conteúdo material de Eleições, acompanhado da respectiva motivação, de
normativo ou individual e concreto) corresponde outro facto e de direito, e da prova documental tida por conve-
processo especial, isto é, a forma processual especial niente. Pode ainda o recorrente solicitar a produção de
prevista nos arts. 75º a 95º da LOFTC. outro meio de prova que não lhe foi possível apresentar
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Assim, visto que tais pedidos não são cumuláveis por na fase administrativa que conduziu à sua punição.
faltar a compatibilidade dos meios processuais, nos ter- 3. O prazo para a interposição do recurso é de oito dias
mos dos arts. 34º, nº 1, e 431º do actual CPC, “ex vi” do a partir do conhecimento do arguido da decisão que lhe
artº 75º da LOFTC, não pode o TC no presente processo aplicou a coima.
apreciar a constitucionalidade do nº 2 do artº 105º do CE 4. O Presidente da Comissão Nacional de Eleições
com vista à declaração da sua inconstitucionalidade ma- poderá sustentar a sua decisão, após o que remeterá os
terial “força jurídica e com efeitos desde da sua entrada autos ao Tribunal Constitucional.
em vigor”, como pretende o recorrente.
5. Recebidos os autos, o relatar poderá, no prazo de oito
A cumulação de pedidos efectuada no requerimento dias, realizar as diligências tidas por convenientes, após
inicial é efectivamente ilegal, nos termos das disposições o que o Tribunal decidirá.
legais indicadas, dada a diferente forma de processo.
6. Em tudo o mais, aplica-se, subsidiariamente, a legis-
Pelo exposto, deve o TC apenas conhecer nos presentes lação que regula o regime jurídico das contra-ordenações”.
autos do pedido de anulação ou declaração da nulidade Pede o recorrente que a mencionada deliberação da
(ou inexistência) da deliberação da CNE que aplicou a CNE “seja declarada ilegal por ser infundada por não
multa referida ao recorrente. especificação dos factos (indicação das peças jornalísticas
* e artigos) que alegadamente tenham beliscado a norma
estipulada no nº 2 do artº 105º do CE, e por não ter ficado
O objecto do presente recurso é, pois, a impugnação da provado como é que o jornal ASEMANA tenha violado a
deliberação da CNE tal como foi notificada ao arguido e norma do nº 2 do artº 105º do CE”.
ora recorrente, o Jornal “A Semana”, isto é, a Deliberação
Adicionalmente formulou o pedido de declaração da
nº 27/CNE/LEG/2011.
inconstitucionalidade material da norma do nº 2 do artº
Importa efectivamente acentuar com a necessária 105 do Código Eleitoral, com força jurídica e efeitos a
clareza que tendo sido essa deliberação, cujo texto já se partir da sua entrada em vigor, por, em seu entender,
transcreveu supra, é que foi objecto de notificação ao ora tal norma violar a liberdade de imprensa e o exercício
arguido nestes autos, é ela que constitui na verdade o da liberdade de informar e ser informado, previstos e
objecto do presente recurso. garantidos pela CRCV nos arts. 60º e 48º da CRCV.
A tal notificação respondeu o arguido apresentando os O nº 6 do transcrito artº 121º da LOFTC manda aplicar
fundamentos que entendeu apropriados e que retomou subsidiariamente “a legislação que regula regime jurídi-
na fundamentação da interposição do presente recurso. co das contra-ordenações”, que se encontra previsto no
Decreto-lei nº 9/95, de 27.10. Este diploma, por sua vez,
De entre os documentos que a CNE veio juntar aos au- no seu artº 37º, manda aplicar, também subsidiariamen-
tos, depois de este Tribunal ter ordenado o cumprimento te, “no que respeita à fixação do regime substantivo das
do nº 4 do artº 121º da LOFTC, consta o de fs. 18 a 20, contra-ordenações, as normas constantes da legislação
sob o título “Deliberação Nº27/CNE/11- “. penal desde que não contrariem o presente diploma”, bem
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como, como resulta do seu artº 45º, “o disposto no Código vados, bem como de uma indicação discriminada e tanto
de Processo Penal, com as devidas adaptações” quanto quanto possível completa, ainda que concisa, dos motivos,
ao “processo das contra-ordenações”. de facto e de direito, que fundamentaram a decisão, com
Na verdade, nota-se que efectivamente a deliberação indicação das concretas provas que serviram para formar
notificada ao arguido é omissa no que respeita à concre- a convicção do tribunal e um enunciado das razões pelas
tização ou indicação precisa dos artigos jornalísticos, e quais o tribunal não considerou atendíveis ou relevantes
dos números do Jornal “A Semana” em que tais artigos as provas contrárias”.
teriam sido publicados, que consubstanciariam a violação Dada a ausência de concretização e especificação dos
do princípio da igualdade de tratamento das diversas factos imputados ao arguido, este na sua resposta defen-
candidaturas, vertido no artº 105º do Código Eleitoral. deu-se pela forma como consta de fs. 8 e 9 nomeadamente
Perante uma acusação genérica, contendo considera- do seu ponto 3º, em que o mesmo afirma que “Em relação
ções abstractas ou juízos de valor, o arguido fica efectiva- ao terceiro parágrafo da dita queixa, agradecíamos que
mente na impossibilidade de exercer convenientemente o partido queixoso indicasse que todas as tiragens e as
o seu direito de defesa, o que é gerador de nulidade páginas, que no seu entender, estão publicados artigos e
insuprível determinante da nulidade do procedimento e peças jornalísticas que tenham posto em causa os artºs
que inquina necessariamente de nulidade o acto punitivo. 105º e 113º do Código Eleitoral”.
A aplicação de uma sanção tem de estar fundamentada E na fundamentação do presente recurso reafirmou
tanto de facto como de direito, constituindo a motivação o recorrente que foi violado o “princípio geral e sagrado
elemento essencial de um processo justo e equitativo, de Direito Penal, (que é aplicável às contra-ordenações)
uma garantia integrante do conceito de Estado de Direito o da legalidade, o facto de a CNE não ter determinado e
democrático e um elemento de transparência da justiça, provado o (s) facto (s), ou seja, as peças jornalísticas ou
inerente a qualquer acto jurisdicional. A fundamentação artigos, que eventualmente possam constituir ilícito de
de facto implica necessariamente que sejam apontados mera ordenação social, nos termos do CE”.
ao arguido em concreto quais os actos praticados (ou as Visto que não foram concretizados e apontados ao arguido
omissões ocorridas, se este for o caso) que violam deter- quais os artigos (ou peças) jornalísticos em que teria ocorrido
minada norma sancionatória vigente à data da prática violação das mencionadas normas do CE, a decisão aplicada
dos mesmos factos. O acusado deve ser prevenido da base pela CNE punindo o arguido com coima viola o princípio
fáctica e jurídica das reprovações contra ele formuladas, constitucional da defesa, previsto no nº 7 do artº 35º da
constituindo a base fáctica a causa da acusação e a base CRCV, e padece efectivamente da mencionada nulidade
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jurídica a natureza da acusação. resultante da inobservância dos arts. 403º, nº 2, e 409º, a),
Bem pertinentes são as seguintes notas de MANUEL do CPC, o que se declara para os devidos efeitos.
ANTÓNIO LOPES ROCHA (Juiz Conselheiro do Supre- O recorrente alega ainda a inconstitucionalidade mate-
mo Tribunal de Justiça português e Juiz do Tribunal rial do nº 2 do artº 105º do CE, por violar, em seu enten-
Europeu dos Direitos do Homem), in “A MOTIVAÇÃO der, a liberdade de imprensa e o exercício da liberdade
DA SENTENÇA” - Alocução em memória de João de Deus de informar e de ser informado, previstos nos arts. 60º
Pinhiero”): “1 — Como justamente observa o juiz Franz e 48º da CRCV, pretendendo que constitua fundamento
Matscher (…) a necessidade de motivar a decisão é uma para obter a ilegalidade do acto impugnado.
das exigências do processo equitativo, um dos Direitos do
Homem consagrado no artigo 6.º, § 1, da Convenção Eu- Tal propósito, contudo, fica prejudicado na medida em
ropeia. Mas logo acrescenta que a motivação não deve ter que se declara nulo o acto praticado, pelos fundamentos
uma extensão “épica” sem embargo de dever permitir ao supra indicados.
destinatário da decisão e ao público em geral apreender o III. Por todo o exposto, decide o Tribunal Constitucional
raciocínio que conduziu o juiz a proferir tal e tal sentença.
Conceder provimento ao recurso e declarar a nulidade
Corolariamente, só uma decisão revestida de motivação
da Deliberação nº 27/CNE/LEG/2011, da COMISSÃO
suficiente, permite de modo eficaz o exercício do direito
NACIONAL DE ELEIÇÕES que aplicou a coima de
de recurso para um Tribunal Superior.”
100.000$00 ao ora recorrente;
Tem sido posição incontroversa, aceite tanto pela
doutrina como pela jurisprudência, que a todo o direito Não conhecer do pedido de declaração de inconstitu-
sancionatório se aplica, com as devidas adaptações, o cionalidade do nº 2 do artº 105º do CE;
Direito Penal por ser o ramo do Direito sancionatório Sem custas.
dogmaticamente melhor elaborado.
Registe e notifique.
“In casu”, estamos perante a aplicação de uma coima
Praia, aos 31/01/2011.
(direito contra-ordenacional) em matéria eleitoral, e que
vem especificamente regulado no mencionado artº 121º Ass: Dr. Anildo Martins - Relator; Helena Maria Alves
da LOFTC. Barreto; Manuel Alfredo Monteiro Semedo; Maria de
“Ex vi” do nº 6 do artº 121º da LOFTC e dos arts. 37º Fátima Coronel, Raúl Querido Varela e Arlindo Almei-
e 45º do Decreto-Lei nº 5/95, é aqui aplicável o disposto da Medina. (o acórdão tem voto de conformidade da Drª
nos arts. 409º, a), e 403º, nº 2, do CPP, sendo nula a sen- Zaida Gisela Fonseca Lima da Luz, que não assina por
tença “que não contiver as menções referidas no nº 2 … não estar presente).
do artigo 403º”. Está conforme
E neste preceito se dispõe que na elaboração da sen- Secretaria do Supremo Tribunal de Justiça, na Praia,
tença, ao relatório “seguir-se-á a fundamentação, que aos 7 de Fevereiro de 2011. – O Ajte. Escrivão de Direito,
constará da enumeração dos factos provados e não pro- Luís Acácio Cardoso da Silva Delgado.
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