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EA-513 – Circuitos Elétricos I DECOM-FEEC-UNICAMP

Capítulo 8

Circuitos Simplificados RC e RL
EA-513 – Circuitos Elétricos I DECOM-FEEC-UNICAMP

8.1 Circuitos RC sem Fontes

Associação em série de um resistor e um capacitor:


i(t)

+
v(t) C R

Capacitor carregado com tensão V0 em t = 0.


1
Energia em t = 0: w(0 ) = CV02
2
Aplicando Lei de Kirchhoff de correntes quando t ≥ 0, temos:

dv v dv 1
C + =0 + v=0
dt R dt RC
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Solução da equação diferencial de 1ª ordem:

dv 1
+ v=0
dt RC

dv 1
=− dt
v RC

dv 1
∫v = −
RC ∫
dt

t
ln v = − +K
RC

Para que a solução seja válida para t ≥ 0, a constante K deve ser escolhida tal
que a condição inicial de v(0) = V0 seja satisfeita, Portanto, em t = 0, temos:

ln v(0 ) = ln V0 = K
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Substituindo o valor de K na solução, temos:

t t
ln v = − +K =− + ln V0
RC RC

t
ln v − ln V0 = −
RC
v t
ln =−
V0 RC

 t 
v(t ) = V0 exp − 
 RC 

Esta é a tensão sobre R, portanto, a corrente é:

v(t ) V0  t 
i(t ) = = exp − 
R R  RC 
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v(t)

V0

Observe que a tensão é inicialmente V0 e que decai exponencialmente,


tendendo a 0, para t crescente.

Velocidade de decaimento da tensão é determinada pelo produto RC.

Como a resposta é caracterizada pelos elementos do circuito e não pela


atuação de uma fonte externa de tensão e corrente, a resposta é denominada
de resposta natural do circuito.
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Potência instantânea absorvida pelo resistor R:

v 2 (t ) V02  2t 
pR (t ) = = exp −  [W ]
R R  RC 

Energia absorvida pelo resistor para t → ∞ é:


wR (∞ ) = ∫ pR (t )dt
0
2
∞ V0  2t 
=∫ exp − dt
0 R  RC 

 2t 
= − 1 CV02 exp − 
2  RC  0

= 1 CV02 energia armazenada no circuito


2
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Se o tempo inicial é t0, isto é, v(t0) = V0, então

 t − t0 
v(t ) = V0 exp −  para t ≥ t0
 RC 

8.2 Constante de Tempo

Caracterização da velocidade de decaimento de um circuito com elementos


armazenadores.
i(t)
 t 
v = V0 exp − 
+  RC 
v(t) C R

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Gráfico v(t) × t:  t 
v = V0 exp − 
v(t)  nk 

RC = k
V0
RC = 2k
RC = 3k

0,368V0

1 2 3 t/k

Corrente no circuito decresce como a tensão:

V  t 
i(t ) = 0 exp − 
R  RC 

O tempo necessário para que a resposta natural decaia de um fator de 1/e é


definido como a constante de tempo τ do circuito.
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 (t + τ )  V0  t   t   (t + RC ) 
V0 exp −  = e exp −  = V0 exp − − 1 = V0 exp − 
 RC   RC   RC   RC 

 (t + τ )   (t + RC ) 
V0 exp −  = V0 exp − 
 RC   RC 

Constante de tempo: τ = RC

Unidade de τ : (Ω⋅F) = (V/A)⋅(C/V) =( C/A) = s

Tensão:
 t
v(t ) = V0 exp − 
 τ

A resposta ao final de 1 constante de tempo é reduzida para e−1 = 0,368 do


valor inicial. Ao final de 2 constantes de tempo, ela é igual a e−2 = 0,135 do seu
valor inicial e depois de 5 constantes, ela é igual a e−5 = 0,0067.
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Propriedade das funções exponenciais:

v(t)

v
V0
v1

0,368V0

τ t

Tangente à curva em t = 0 intercepta o eixo de t em t = τ.


v1 = mt + V0

dv d   t  V  t
= V0 exp −  = − 0 exp − 
dt dt   τ  τ  τ
dv V V
m= =− 0 v1 = − 0 t + V0
dt t =0 τ τ

A reta intercepta o eixo do tempo em v1 = 0, o que requer que t = τ.


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A constante de tempo é o tempo necessário para que a resposta natural se


torne zero se ela decrescer com uma velocidade constante igual à razão inicial
de decréscimo.

A constante de tempo permite predizer a forma geral da resposta:

 t
v(t ) = V0 exp − 
 τ

mas para a solução completa deve-se encontrar a tensão inicial v(0+) = V0.

Para um capacitor: v(0−) = v(0+) = V0.


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Exemplo: Tensão no capacitor v(t). Circuito em regime permanente cc


imediatamente antes da abertura da chave.

4Ω t=0
8Ω 15 Ω

+ +
2Ω 3Ω v1(t) v(t) 1F 100 V
− −

Em t = 0−, chave fechada ⇒ capacitor é um circuito aberto.


t = 0-
4Ω 8Ω 15 Ω

+ +
2Ω 3Ω v1(t) v(0-) Req 100 V
− −
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3(2 + 4 )
Req = 8 + = 10 [Ω ]
3 + (2 + 4 )

( )
v 0− =
10
10 + 15
× 100 = 40 [V ]

Portanto, v(0-) = v(0+) = V0 = 40 [V].

Para t > 0, temos:

Constante de tempo: τ = ReqC = 10 [s ]


+
Req = 10 Ω v(t) 1F
−  t  t 
v(t ) = V0 exp −  = 40 exp −  [V ]
 τ  10 

 t 
v(t ) = 8 exp −  [V ]
2
v1(t ) =
2+8  10 
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8.3 Circuitos RL sem Fontes

Associação em série de um resistor e um indutor:


i(t)

+
v(t) L R

Indutor está conduzindo uma corrente I0 em t = 0.


1
Energia em t = 0: w(0 ) = L ⋅ I 02
2
Aplicando Lei de Kirchhoff de tensões quando t ≥ 0, temos:

di di R
L + Ri = 0 + i=0
dt dt L
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Solução 1: Solução da equação diferencial de 1ª ordem por separação de


variáveis:
di R
+ i=0
dt L

di R
= − dt
i L

di R
∫i = −
L∫
dt

R
ln i = − t + K
L

Para que a solução seja válida para t ≥ 0, a constante K deve ser escolhida tal
que a condição inicial de i(0) = I0 seja satisfeita, Portanto, em t = 0, temos:

ln i(0 ) = ln I 0 = K
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Substituindo o valor de K na solução, temos:

R R
ln i = − t + K = − t + ln I 0
L L

R
ln i − ln I 0 = − t
L
i R
ln =− t
I0 L

 R 
i(t ) = I 0 exp − t 
 L 

Esta é a corrente sobre R, portanto, a tensão é:

 R 
v(t ) = Ri(t ) = RI 0 exp − t 
 L 
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Solução 2: Assumir uma forma geral de solução baseada na inspeção da


equação a ser resolvida:

di R
+ i=0
dt L
Vamos incluir várias constantes desconhecidas e determinar seus valores tal
que a solução assumida satisfaça a equação diferencial e as condições iniciais
do circuito.

A corrente i não muda a sua forma sendo derivada, isto é, di/dt é um múltiplo de
i, assim, a única função que satisfaz esta condição é uma exponencial em t:

i(t ) = A exp(st )

d
[A exp(st )] + R [ A exp(st )] = 0
dt L
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 R
 s +  A exp(st ) = 0
 L

Assim, a solução i(t ) = A exp(st ) só é válida se A exp(st ) = 0 ou se s +


R
=0
L
1º caso: faz i(t) = 0 para todo t, entretanto, i(0) = I0.
R
2º caso: s = − , logo
L

 R 
i(t ) = A exp − t 
 L 

Fazendo i(0) = I0, pode-se obter A: i(0 ) = I 0 = A

A solução então fica:


 R 
i(t ) = I 0 exp − t 
 L 
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A constante de tempo é então:

τ=
L
[H/Ω] = [(V ⋅ s/A )/ (V/A )] = [s]
R

i(t)

I0

0,368I0

τ t

Aumentando L aumenta-se τ, entretanto aumentando R diminui-se τ.


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Potência instantânea entregue ao resistor:


 2R 
p(t ) = Ri 2 (t ) = RI 02 exp − t
 L 
Energia absorvida pelo resistor para t → ∞ é:


w(∞ ) = ∫ p(t )dt
0
∞  2R 
= ∫ RI 02 exp − t dt
0  L 

 2R 
= − 1 LI 02 exp − t
2  L 0
= 1 LI 02 energia armazenada no circuito
2
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Cálculo da tensão v no indutor, aplicando-se a lei de Kirchhoff de correntes,


obtemos:
v 1 t
+ vdt + i (0 ) = 0
R L ∫0
i(t)

Derivando em t:
+
1 dv 1 v(t)
+ v=0 L R
R dt L −

dv R
+ v=0
dt L
Pode ser resolvida usando um dos métodos anteriores.
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Exemplo: Corrente i(t) e tensão v(t) no circuito RL. Circuito em regime


permanente cc imediatamente antes da abertura da chave.
t=0

i(t) 10 H
+
100 V 150 Ω 75 Ω v(t)
50 Ω −

Em t = 0−, chave fechada ⇒ indutor é um curto-circuito.

t = 0−
i(0-)
+
100 V 150 Ω 75 Ω v(0−)
50 Ω −

( )
i 0− =
100
50
= 2 [A ]
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Para t > 0, temos:


t>0

i(t) 10 H
+
100 V 150 Ω 75 Ω v(t)
50 Ω −

( ) ( )
i 0+ = i 0− = 2 [A ]

i(t) 10 H +
75 ⋅150
Req1 v(t) Req1 = = 50 [Ω]
75 + 150
50 Ω

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Req = 50 + 50 = 100 [Ω] i(t) 10 H


+
50 Ω v(t)
50 Ω −
Constante de tempo:

= 0,1 [s ]
L 10
τ= =
Req 100
Como I0 = i(0+) = 2 A, temos

i(t ) = 2 exp(− 10t ) [A ]

A tensão v(t) é dada por:


di(t )
v(t ) = 10 + 50i
dt

= −100 exp(− 10t ) [V ]


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Exemplo: Circuito com fonte de tensão dependente.

i(t)

L
+
ki(t)

R

di di  R + k 
L + Ri + ki = 0 + i = 0
dt dt  L 

Resolvendo, obtemos:
 R+k 
i(t ) = I 0 exp − t
 L 

Constante de tempo:
L
τ=
R+k
A fonte dependente se comporta como um resistor de k Ω.
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8.4 Resposta a uma Função Excitação Constante

Circuitos que além de uma energia inicial armazenada, são excitados por fontes
independentes e constantes de tensão ou de corrente (funções de excitação).

Resposta deste circuitos consiste de duas partes, onde uma delas é sempre
uma constante.
t=0

iR ic
+
I0 R C v

Capacitor: v(0−) = V0
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Para t > 0, a chave é fechada:

t = 0+

iR ic
+
I0 R C v

Capacitor: v(0+) = v(0−) = V0

E a equação nodal no nó superior fica:

dv v dv 1 I
C + = I0 + v= 0
dt R dt RC C
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dv 1 I
+ v= 0
dt RC C
Resolvendo pelo método de separação de variáveis:
dv v − RI 0  dt 
=−  × 
dt RC  v − RI 0 
1 1
dv = − dt
v − RI 0 RC

1 1
∫ v − RI 0
dv = −
RC ∫
dt

t
ln(v − RI 0 ) = − +K
RC
Determinada pelas
 t  condições iniciais do
v − RI 0 = exp − + K circuito
 RC 

 t 
v = A exp −  + RI 0 A = exp( K )
 RC 
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A solução geral
 t 
v = A exp −  + RI 0
 RC 
possui duas partes:

• uma função exponencial idêntica a da resposta natural de


circuitos RC sem fontes (resposta natural vn).

• uma função constante, dada por RI0, devida integralmente


à função de excitação (resposta forçada vf).

Com o passar do tempo a resposta natural desaparece e a solução fica


simplesmente RI0.

resposta natural vn ⇒ resposta homogênea vh

resposta forçada vf ⇒ resposta particular vp


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Constante A:

Valor de A deve ser escolhido de forma a satisfazer a condição de tensão inicial.

( ) ( )
Em t = 0+: v 0+ = v 0− = V0
 t 
Portanto, em t = 0+, v = A exp −  + RI 0 requer que
 RC 

V0 = A + RI 0 A = V0 − RI 0
substituindo na solução temos

 t 
v = (V0 − RI 0 ) exp −  + RI 0
 RC 
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Resposta natural vn para V0 – RI0 > 0 e a resposta forçada vf:

vf
RI0
V0 – RI0

vn

t
Resposta completa v:

V0
v= vf + vn

RI0

t
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Corrente no capacitor para t > 0:


t = 0+

dv V − RI 0  t 
ic = C =− 0 exp − iR ic

dt R  RC  I0
+
v
R C

Corrente no resistor para t > 0:

V − RI 0  t 
iR = I 0 − ic = I 0 + 0 exp − 
R  RC 

Tensão no resistor muda abruptamente de RI0 em t = 0− para V0 em t = 0+.

Tensão no capacitor é contínua.

Resposta transitória: porção da resposta completa que tende a


zero com o aumento do tempo.

Resposta em regime permanente: porção da resposta completa que permanece


após a resposta transitória ter se anulado.
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No exemplo: resposta transitória = resposta natural

resposta em regime permanente = resposta forçada

Valores cc que constituem a condição e o estado permanente cc: v = RI0, ic = 0


e iR = I0

iR ic
+
I0 R C v

Não se deve concluir, entretanto, que as respostas natural e forçada serão


sempre iguais às respostas transitória e em regime permanente,
respectivamente.
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8.5 Caso Geral


dy
Expressão geral: + Py = Q
dt
y = variável e P e Q = constantes

Solução pelo método do fator de integração, que consiste em multiplicar a


equação por um fator que torna seu lado esquerdo uma derivada perfeita e
então integrar ambos os lados.

Derivada de um produto: d
dt
( ) dy
ye Pt = e Pt + Pye Pt
dt
 dy 
=  + Py e Pt
 dt 

fazendo
dy
dt
+ Py = Q (× ePt )  dy  Pt
 + Py e = Qe
 dt 
Pt d
dt
( )
ye Pt = Qe Pt

integrar ambos os lados


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d
∫ dt( )
ye Pt
dt = ∫ Qe Pt
dt


ye Pt = Qe Pt dt + A
e− Pt
Q Pt
e
P
y = e− Pt Qe Pt dt + Ae− Pt

No caso de cc onde Q é uma constante, temos:

y = Ae− Pt +
Q
P
onde
yn = Ae− Pt

Q
yf = Note que 1/P é a constante
P
de tempo da resposta natural
y = yn + y f
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Exemplo: Calcular i2 para t > 0, dado que i2(0) = 1 A:


4Ω 8Ω

+
10 V i1 4Ω i2 1H

di
8i1 − 4i2 = 10 − 4i1 + 12i2 + 1 2 = 0
dt

di2
+ 10i2 = 5
y = Ae− Pt +
dt Q
dy P
+ Py = Q
dt

P = 10, Q = 5, logo i2 = Ae−10t + para i2(0) = 1, temos 1 = Ae−10⋅0 +


1 1
2 2
portanto, A = 1/2. Assim, a solução é dada por: i2 = e −10t +
1 1
2 2
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− Pt Q
Também pode-se obter y = Ae + = yn + y f para o caso de Q = constante,
P
através da observação de
dy
+ Py = Q
dt

y = e− Pt Qe Pt dt + Ae− Pt

A resposta natural satisfaz
dy
+ Py = 0 yn = Ae st
dt
que resulta em s + P = 0 s = −P

yn = Ae− Pt

Resposta forçada: yf = K
dy Q
que substituindo em + Py = Q resulta em 0 + PK = Q ou f
y = K =
dt P
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8.6 Procedimento Simplificado

Obtenção dos valores de correntes e tensões de circuitos, sem fontes


dependentes, pela formulação da solução através de inspeção do circuito.

Exemplo: i2(0) = 1 [A]


4Ω 8Ω

+
10 V i1 4Ω i2 1H

sabemos que: i2 = i2n + i2f

i2n = resposta natural = mesma forma que a resposta sem fontes.

i2f = resposta forçada = constante.


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Resposta natural: i2n

Pode-se ver a rede sem função excitação (fonte de 10 V é curto-circuitada):


4Ω 8Ω

4Ω i2n 1H 10 Ω i2n 1H

i2n = A exp(− 10t )


Resposta forçada: i2f

Olhando o circuito quando i2n = 0, nesta hora o indutor é um curto, onde


4Ω 8Ω

+
10 V
− 4Ω i2f 1
i2 f =
2

1
Portanto, i2 = i2n + i2 f = A exp(− 10t ) +
2
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A constante A é determinada a partir da condição inicial i2(0) = 1:

1 = Ae−10⋅0 +
1
2

portanto, A = 1/2. Assim, a solução é dada por:

1 1
i2 = exp(− 10t ) +
2 2

Obs.: O cálculo de A deve ser feito sempre aplicando a condição inicial à


resposta completa.
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Exemplo: Cálculo de i para t > 0, dado que v(0) = 24 V


6Ω

i
+
1A 4Ω 0,02 F v

i = in + if

in possui a mesma forma de vn, a resposta natural da tensão sobre o capacitor.

A resposta natural de cada corrente ou tensão no circuito tem a mesma forma


de vn, uma vez que nenhuma operação (adição, subtração, diferenciação ou
integração) altera a natureza da exponencial exp(-t/τ).

Constante de tempo no capacitor: τ = 0,2 s, portanto in = A exp(− 5t )


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Regime permanente ⇒ capacitor = circuito aberto


6Ω
resposta forçada, por inspeção: if
i f = 1 [A ] 1A 4Ω

Portanto,
i(t ) = A exp(− 5t ) + 1
1-i(0+)

Para avaliar o valor de A, precisamos encontrar i(0+). i(0+) 6 Ω


+
1A 4Ω v(0+)
Para t = 0+, temos v(0) = v(0+) = 24 V −

Somando as tensões ao redor da malha direita, temos:

( ) [ ( )]
− 4i 0+ + 6 1 − i 0+ + 24 = 0

( )
i 0+ = 3
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Substituindo esta corrente inicial na solução i(t ) = A exp(− 5t ) + 1 , temos:

3 = A +1

Portanto, A = 2 e

i = 1 + 2 exp(− 5t ) [A]
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Exemplo: Determinar i e v.
15 Ω i 10 Ω

+
1H 30 Ω t=0 v 0,15 F 20 Ω 6A

Circuito em regime permanente cc em t = 0− com a chave aberta.

Indutor = curto ⇒ iindutor = i15Ω = i Capacitor = aberto ⇒ v = v20Ω


15 Ω i 10 Ω

30 Ω v 20 Ω 6A


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Por divisão de corrente,


15 Ω i 10 Ω i10Ω

+ i20Ω

30 Ω v 20 Ω 6A

15 ⋅ 30
Req = 10 + = 20 Ω
15 + 30

= 3 [A ] = 2 [A ]
20 30
i10Ω = 6 ⋅ i = 3⋅
20 + 20 15 + 30

Portanto, i = 2 A e i20Ω = 3 A v = 20 × 3 = 60 V
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Então, i(0−) = 2 A e v(0−) = 60 V

Quando a chave é fechada em t = 0, temos:

15 Ω i 10 Ω

+
1H 30 Ω t=0 v 0,15 F 20 Ω 6A

Rede RL sem fontes: Rede RC excitada com:

i(0+) = i(0-) = 2 A. v(0+) = v(0−) = 60 V

i = 2 exp(− 15t ) [A] v = 40 + 20 exp(− t ) [V]


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8.7 Função Degrau Unitário

Funções singulares: funções de excitação que mudam seus valores


abruptamente.

Função degrau unitário:

0 t<0
u (t ) = 
1 t>0

u(t)

0 t
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Fonte de degrau de tensão de V volts:

t=0

+
Vu(t) +
V
− Vu(t)

Fonte degrau de corrente de I ampères:


Iu(t)
t=0

Iu(t) I
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Generalização da função degrau unitário para t = t0:

0 t < t0
u (t − t0 ) = 
1 t > t0

u(t – t0)

0 t0 t
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Exemplo: Pulso retangular

v1(t)

0 t0 t
xt)
V 0 t<0

t t
v1(t ) = V 0 < t < t0
0

0 t > t0
y(t)

t0
t v1(t ) = V [u (t ) − u (t − t0 )]
0
-V
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Exemplo: Trem de pulsos retangulares

v2(t)

0 t0 T T + t0 2T 2T + t0 3T 3T + t0 t


v2 (t ) = V ∑ [u (t − nT ) − u(t − nT − t0 )]
n =0
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8.8 Resposta ao Degrau

É a resposta de um circuito tendo somente uma entrada, que é a função degrau


unitário (tensão ou corrente).

Não existem energias iniciais presentes nos elementos do circuito.

Todas as tensões ou correntes no circuito são zero em t = 0−.


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Exemplo: Resposta v ao degrau no circuito RC.

+
+
vg = u(t) C v
− −

Aplicando Lei de Kirchhoff de correntes:

dv v − v g
C + =0
dt R

dv v − u (t )
+ =0
dt RC
dv v 1
+ = u (t )
dt RC RC
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Para t < 0, temos u(t) = 0, logo


dv v  t 
+ =0 v = A exp − 
dt RC  RC 

Aplicando a condição inicial v(0−) = 0, obtemos A = 0 e portanto v(t ) = 0

Para t > 0, temos u(t) = 1, logo

dv v 1 dv v 1
+ = u (t ) + =
dt RC RC dt RC RC

v = vn + v f

 t  vf =1
vn = A exp − 
 RC 
 t 
v = A exp −  +1
 RC 
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Aplicando a condição inicial v(0+) = v(0−) = 0, obtemos A = −1 e portanto


para t > 0, temos:
 t 
v(t ) = 1 − exp − 
 RC 

Para todo t, temos:


0 t<0

v(t ) =   t 
1 − exp−  t >0
  RC 

  t 
v(t ) = 1 − exp − u (t )
  RC 
t=0 R

+
Circuito equivalente, com v(0−) = 0 para t < 0: 1 V C v

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Exemplo: Resposta v2 ao degrau no circuito RC + op-amp.

C
i
R

+ + +
v1 v2
– –

v
R
dv
Equação nodal: 1 + C 2 = 0
dt
dv2
dt
=−
1
RC
v1 v2 = −
1 t

RC 0
v1dt + v2 0+( )

1 t
v2(t) é proporcional à integral de v1(t) se v2(0+) = 0: v2 = − ∫ v1dt
RC 0

Circuito integrador.
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Seja v1 = Vu(t), então v2(0+) = v2(0−) = 0, Portanto,

v2 (t ) = − V u (t )dt
t
RC ∫0 +

Se t < 0, então u(t) = 0 e v2(t) = 0.

Para t > 0, então u(t) = 1 e v2 (t ) = − V t u (t ) função rampa


RC

v2

t
V

RC
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Exemplo: Cálculo da tensão v(t), dado que i(0−) = 0 e que a função de


excitação é ig (t ) = 10[u (t ) − u (t − 1)] [A]
ig(t)

10

0 1 t

5H
+
ig(t) 3Ω 2Ω v(t)

No instante t = 1 s, ig(t) torna-se zero e a resposta é simplesmente a resposta


sem fontes.
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Solução do problema envolve o cálculo da resposta do circuito ao degrau


para t < 1 [s] para, em seguida, calcular a resposta sem fontes para t > 1 [s].
ig(t)
10
Resposta ao degrau é da forma: v = vn + v f
0 1 i t

 Req   5 
t  = A exp − t  = A exp(− t )
5H
vn = A exp − +
 L   5  ig(t) 3Ω 2Ω v(t)


 3 ⋅ 10 
v f = 2  = 12 (por divisão de corrente e lei de Ohm)
 2 + 3

v = A exp(− t ) + 12

Como i(0+) = i(0−) = 0, então v(0+) = v(0−) = 0 A = −12

0 t<0
v=
12[1 − exp(− t )] 0 < t <1
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ig(t)
Para t > 1, temos: 10

v = B exp(− t )
0 1 t

Em t = 1−, temos: i

( )
v 1− = 12[1 − exp(− 1)] 5H
+
3Ω 2Ω v(t)
como a corrente no indutor é contínua, v(1−) = v(1+). −

( )
v 1+ = B exp(− 1) = 12[1 − exp(− 1)]

12[1 − exp(− 1)]


B= = 12[1 − exp(− 1)]exp(1)
exp(− 1)

Solução para t > 1:


v = 12[1 − exp(− 1)]exp[− (t − 1)] t >1
Solução para todo t :
v = 12[1 − exp(− t )][u(t ) − u(t −1)] +12[1 − exp(−1)]exp[− (t −1)]u(t −1)
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ig(t)

10

0 1 t

v(t)
12 12[1 − exp(− t )]

7,59
12[1 − exp(−1)]exp[− (t − 1)]

0 1 2 3 t
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8.9 Aplicação da Superposição

Aplicação da superposição para a obtenção de soluções de circuitos RC e RL.

Exemplo:
i

5H
+
ig(t) 3Ω 2Ω v(t)

ig = 10u (t ) − 10u (t − 1) ig = i1 + i2

i1 = 10u (t )
i2 = −10u (t − 1)
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5H
+
i1 i2 3Ω 2Ω v(t)

Pelo princípio de superposição, temos como saída: v = v1 + v2

Resposta devida ao degrau de corrente i1: v1 = 12 [1 − exp(− t )]u (t )

Resposta devida ao degrau de corrente i2: i2 é o negativo de i1 atrasado de 1 s,


isto é,
v2 = −12 [1 − exp[− (t − 1)] ]u (t − 1)

Solução geral:
v = 12[1 − exp(− t )]u(t ) − 12[1 − exp[− (t − 1)] ]u(t − 1)
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Exemplo: Circuito com duas fontes independentes, tensão inicial sobre o


capacitor v(0) = V0.
i v −
+

R1 C

V1 + R2 I1
− i

Aplicando Lei de Kirchhoff de tensões na malha esquerda:

(R1 + R2 ) i + 1 ∫0t idt + V0 = V1 − R2 I1 (×K)


C

t
(R1 + R2 )(Ki ) + 1 ∫ (Ki )dt + KV0 = KV1 − R2 (KI1 )
C 0
Note que a resposta de corrente torna-se Ki quando as fontes e a tensão inicial
do capacitor são multiplicadas por K (propriedade da proporcionalidade)
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Empregando o princípio da sobreposição para a determinação de v:

Tensão sobre o capacitor devida somente à fonte de tensão:


v1
+ −

R1 C

V1 + R2

Tensão inicial sobre o capacitor v1(0) = 0, então

  t 
v1 = V1 1 − exp − 
  ( R1 + R2 )C 
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Tensão sobre o capacitor devida somente à fonte de corrente:

v2
+ −

R1 C

R2 I1

Tensão inicial sobre o capacitor v2(0) = 0, então

  t 
v2 = − R2 I1 1 − exp − 
  ( R1 + R )
2 
C
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Tensão sobre o capacitor sem a presença das fontes:


v3
+ −

R1 C

R2

Tensão inicial sobre o capacitor v3(0) = V0, então

 t 
v3 = V0 exp − 
( )
 R1 + R2 C 
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Resposta completa: v = v1 + v2 + v3

  t    t   t 
v = V1 1 − exp −
 
  − R I
2 11 − exp
 − 
 +
 0V exp
 − 
  ( R1 + R2 )C    ( R1 + R2 )C   ( R1 + R2 )C 

 t 
v = V1 − R2 I1 − (V1 − R2 I1 − V0 ) exp − 
 ( R1 + R2 )C 
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Outra solução:

Por inspeção verifica-se que a solução consiste de uma resposta forçada vf e


uma resposta natural vn :

Superposição para encontrar vf: vf = vf1 + vf 2

v1 aberto v2 aberto
+ − + −

R1 C R1 C

V1 + R2 R2 I1

v f 1 = V1 v f 2 = − R2 I1

v f = V1 − R2 I1
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Resposta natural vn :
v3
+ −

R1 C

R2

 t 
vn = A exp − 
 (R1 + R2 )C 

 t 
Resposta total: v = V1 − R2 I1 + A exp − 
 (R1 + R2 )C 
Como v(0) = V0, temos
V0 = V1 − R2 I1 + A ⇒ A = R2 I1 − V1 + V0

 t 
Então, v = V1 − R2 I1 + (R2 I1 − V1 + V0 ) exp − 
 (R1 + R2 )C 

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