UFSCar
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
DECiv
Núcleo de Estudos em Trânsito, Transportes e Logística - NESTTRAL
TRANSPORTES CONTEMPORÂNEOS
NOTAS DE AULA
Prof. Dr. Archimedes A. Raia Junior
SÃO CARLOS
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
UFSCar
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
DECiv
Núcleo de Estudos em Trânsito, Transportes e Logística - NESTTRAL
TRANSPORTES CONTEMPORÂNEOS
NOTAS DE AULA
Prof. Dr. Archimedes A. Raia Junior
SÃO CARLOS
2016
O setor de transporte, de maneira geral, acaba respondendo pela maior parte dos custos logísticos,
quer seja em uma empresa, quer seja na participação dos gastos logísticos em relação do produto
interno bruto (PIB) em países desenvolvidos. Por isso, existe uma preocupação contínua para a
redução dos custos de transportes. A integração envolvendo os diversos modos de transportes
Figura 1.2 – Matrizes de transportes de vários países com grandes extensões territoriais
Fonte: Perrupato (2010)
1 Operador Logístico é o fornecedor de serviços logísticos, especializado em gerenciar e executar todas ou parte das atividades logísticas nas várias fases da cadeia de
abastecimento de seus clientes, agregando valor aos produtos dos mesmos, e que tenha competência para, no mínimo, prestar sim ultaneamente serviços nas três
atividades básicas de controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes (Revista Tecnologística, 1999).
No nível mais elevado surge o Governo Federal, no qual existem vários ministérios responsáveis pela
determinação da política nacional de transportes, como será visto nos capítulos seguintes. A maneira
de sua atuação é através da determinação das organizações que deverão ter responsabilidade sobre
setores específicos do sistema nacional de transportes e através da regulamentação e financiamento
das atividades destas organizações.
No caso brasileiro, por exemplo, ao contrário do que existe em muitos outros países, existem vários
ministérios que de alguma forma respondem pelos diversos modos de transportes. Ministério dos
Transportes estabelece as diretrizes para o transporte rodoviário (parte), ferroviário, hidroviário
(parte); o Ministério das Cidades pelo transporte urbano e regulamentação do trânsito; a Petrobrás,
pelo dutoviário, o da Defesa por parte do transporte aéreo e aquaviário. Estes órgãos definem a
forma de atuação de organismos estaduais e locais, quer públicas ou privadas, inclusive o
financiamento de sistemas como rodovias, ferrovias, metrôs, etc. em vários níveis.
O Governo Federal brasileiro possui e opera parte do sistema nacional de transportes – as rodovias
federais, através do DNIT; as ferrovias federais, através da ANTT; os trens metropolitanos, através da
CBTU; os principais aeroportos, através da ANAC, Secretaria Nacional de Aviação Civil e
INFRAERO; etc.
Os governos estaduais ou locais também desempenham papeis proeminentes no contexto dos
transportes, tal como apresentado pela Figura 1.4. A maior parte deles está envolvida em atividades
de planejamento de suas regiões e administram os investimentos em novos componentes sob seu
controle – tipicamente rodovias, sistemas de transporte urbano e, em alguns casos, ferrovias,
aeroportos e hidrovias.
Por razões administrativas, é comum cada segmento estadual ou municipal do sistema de transporte
ser operado por um órgão específico/agências, que também possuem poder de regulamentar a
operação de empresas públicas e privadas que atuam em sua área de jurisdição.
As empresas de transporte formam outra categoria. As empresas de transporte de passageiros ou
cargas de terceiros prestam um serviço em troca de uma remuneração ou tarifa. Nesta categoria se
inserem as empresas de ônibus, companhias aéreas e empresas rodoviárias de transporte de carga,
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 8
que podem ser públicas ou privadas. No Brasil, a maior parte das empresas de ônibus, de transporte
rodoviário, ferroviário e aéreo são empresas privadas, enquanto que a navegação interior e o
transporte dutoviário são basicamente empresas estatais.
Nos capítulos seguintes serão detalhadas as formas de planejamento, operação, e demais detalhes a
respeito de cada um dos principais sistemas de transportes no Brasil.
Para exemplificar o surgimento e o ocaso de diversos sistemas de transportes, a Figura 1.7 apresenta
várias curvas que representam esse fenômeno, destacando-se o ocaso caso da ferrovia tradicional e
o surgimento do sistema ferroviário de alta velocidade MagLev-Trem de Levitação Magnética.
Figura 1.7 - Crescimento dos sistemas de transportes nos USA entre os séculos XIX e XX, e
previsão para o XXI
Fonte: adaptado de Rodrigue et al. (2006)
Desde a introdução dos aviões comerciais a jato, das redes de trens de alta velocidade e os
contêineres nos anos 1960, nenhuma tecnologia impactou significativamente os sistemas de
transportes e cargas. O século XXI é marcado com a dependência do automóvel e caminhões, que
tende a restringir o desenvolvimento de modos alternativos de transportes, já que muitos dos avanços
tecnológicos têm como meta assegurar a dominância do petróleo como fonte de energia. Entretanto,
com a diminuição das reservas de petróleo, o fim do domínio do motor à combustão interna está se
aproximando. Como a produção de petróleo está prevista atingir o seu pico entre 2008 e 2010, a
partir daí deve ocorrer o seu declínio, com os seus preços em alta, disparando a mais importante
transição tecnológica desde o surgimento do automóvel. Dentre as tecnologias mais promissoras,
pode-se destacar: MagLev, sistemas de transportes automatizados e células de combustível.
Aspectos econômicos
O aspecto econômico considerado na pesquisa foi a produtividade do sistema de transporte de
cargas no Brasil. Com relação ao transporte geral de cargas, considerando todos os modos, o
sistema americano é 4,5 vezes mais eficiente do que o brasileiro. Especificamente, o modo rodoviário
de cargas americano é três vezes mais eficiente.
A produtividade global do sistema de transporte de cargas brasileiro é ainda mais baixo do que
aquela encontrada para cada modal individualmente. A explicação é que ao se fazer a opção pelo
uso intensivo do modal rodoviário, intrinsecamente menos produtivo, gera-se um pior desempenho no
sistema como todo.
Oferta de transportes
A análise da oferta de infraestrutura para os diversos modais de transporte de carga foi realizada a
partir de um índice conhecido como densidade de infraestrutura. Este índice é calculado a partir do
número de quilômetros de infraestrutura disponível por cada km 2 de área do País. No gráfico da
Figura 1.8, a densidade é calculada para cada 1.000 km2 de área do País. Verifica-se no gráfico uma
menor disponibilidade de infraestrutura de transporte no Brasil, em todos os modos, quando
comparado com três outros países. Considerando a densidade de transporte rodoviário, o Brasil (17
km/1.000 km2) é inferior a Canadá (39), México (45) e China (18).
Quando se compara a evolução do número de acidentes no Brasil com a dos Estados Unidos,
verifica-se que a distância entre os dois países vem crescendo ano a ano. Enquanto no ano de 1995
o Brasil apresentava 144% de acidentes a mais do que os Estados Unidos, no ano de 1998 este
número já havia crescido para 226%.
Os gráficos da Figura 1.10 apresentam um panorama da dimensão do roubo de cargas no Brasil.
Neles identifica-se o crescimento do número de ocorrências anuais e o prejuízo em milhões
relacionados ao roubo de cargas seguradas. Considerando-se que existem alguns tipos de produtos,
para os quais as seguradoras não aceitam fazer seguro, pode-se concluir que o prejuízo sofrido pelo
setor é ainda maior.
(a) (b)
Figura 1.10 – Roubo de Cargas (a) total de ocorrências anuais; (b) prejuízo em milhões de R$
Fontes: CEL/CNT (2002)
2 Aeronave que deslizava com a própria fuselagem na água, diferentemente do chamado hidroavião, equipado com flutuadores. Ambos , no entanto, são hidroaviões.
Onde: Pax F: Passageiros Pagos (1ª Classe F); Pax Y: Passageiros Pagos (Econômica - Y); Pax
TE: Passageiros Pagos (Tarifa Especial); Pax VT: Passageiros Pagos (Voo de Turismo); d =
distância da etapa em quilômetros.
O transporte aéreo, no Brasil, apresentou grande crescimento nas últimas décadas, pois desde 1970,
tanto o ASK quanto o RPK passaram de aproximadamente 4 bilhões e 2 bilhões, respectivamente,
para 60 bilhões e 40 bilhões, em 2007. Adicionalmente, é fato que o setor aéreo apresenta
considerável elasticidade à renda da demanda. Isso significa que, em períodos de crescimento
econômico, o tráfego aéreo cresce mais do que proporcionalmente à renda (ou PIB), e assim,
reforçando o efeito do próprio crescimento econômico. Historicamente, tem-se a "regra de bolso" de
2:1, ou seja, cada 2% de crescimento do tráfego aéreo, são advindos de 1% de crescimento do PIB
no mesmo período. Esse fenômeno tende a ser ainda mais acentuado em atividades correlatas ao
transporte aéreo. Por outro lado, em períodos recessivos, ele tende também a contribuir mais do que
proporcionalmente com a queda nos indicadores de atividade econômica (Oliveira, 2009).
Crescimento nos mercados internos variou muito em 2010, devido a alterações estruturais, bem como
os ciclos econômicos, quando comparado com o mercado dos Estados Unidos que, tendo atingido a
maturidade e por sofrerem ciclos econômicos fracos, apenas cresceu levemente. O mercado japonês,
por exemplo, encolheu 1,4%. Em contraste, o mercado de passageiros, em rápido crescimento no
Brasil, atingiu o crescimento de 19,3% (IATA, 2011).
O transporte aéreo é considerado o modo de transporte mais seguro, como mostra a Tabela 2.1.
Viajar de automóvel é cerca de 200 vezes mais perigoso do que por avião.
O transporte aéreo é um dos setores da economia que frequentemente são apontados como
estratégicos, tanto pelos governos quanto pelos analistas setoriais. Esta qualificação é, em geral,
devido a algumas de suas principais características econômicas. O transporte aéreo é um verdadeiro
insumo produtivo para centenas de milhares de empresas no Brasil, já que as maiores organizações
o utilizam intensamente para deslocamento rápido de empresários, executivos, técnicos, carga,
correspondência. O deslocamento, nesse caso, significa mobilidade, agilidade, eficiência e, por
decorrência, a indução de negócios, o fechamento de contratos, enfim, o crescimento econômico.
2.3. Infraestrutura
O sistema aeroviário engloba as aerovias, os terminais de passageiros e cargas, e o sistema de
controle de tráfego aéreo. As vias de transporte do setor aéreo são intituladas de aerovias. Em uma
comparação com o transporte rodoviário, as aerovias são as “estradas” por onde as aeronaves
podem circular.
Existem dois principais tipos de aerovias: as superiores, com altitude de voo acima de 24.500 pés
(7.450 m), e as inferiores, com altitude de voo abaixo deste limite. Cada tipo de aerovia é ainda
subdividido em outros níveis, sendo a diferença entre eles também estabelecida pela altitude de voo.
A altitude mínima de voo passível de ser monitorada pelo Controle de Tráfego Aéreo é de 22.000 pés
(6.700 m) e, abaixo desse valor, o voo é considerado visual.
2.4. As aerovias
O espaço aéreo ou aerovia de um país é a porção da atmosfera que se sobrepõe ao território desse
país, incluindo o território marítimo, indo desde o nível do solo, ou do mar, até 100 km de altitude,
onde o país detém o controle sobre a movimentação de aeronaves. A Figura 2.3 mostra um trecho de
uma carta aérea, onde se pode citar como exemplos, as aerovias UN741, UR563, UM788 e 792, etc.
As rotas de navegação aérea são estabelecidas somente no espaço aéreo superior e têm as mesmas
dimensões das aerovias superiores. Cada rota é identificada por um designador que consiste das
letras A, B, G, L, R, W ou Z, seguido de um número, por exemplo, G678. As letras W e Z são usadas
na identificação de rotas domésticas e as demais, nas rotas internacionais. As letras M, N, L e Z são
usadas em particular nos designadores de Rotas de Navegação de Área (RNAV).
Um designador de rota poderá ser acompanhado das letras U, S e K, com os seguintes significados:
U (UPPER): indicando rota pertencente ao espaço aéreo superior; S (SUPERSONIC): indicando rota
específica para voos supersônicos; e K (KOPTER): indicando rota específica para voo de helicóptero.
Figura 2.4 – (a) Equipamento do CTA Pico do Couto; (b) radar; (c) torre de controle.
Fonte: (a) Revista Espaço Aéreo (2010); (b) David Wright/Tecmundo (2011); (c) Tecmundo (2011)
2.5.1. Radares
Os radares são os responsáveis em mostrar aquilo que não se pode enxergar. É por meio deles que,
não só o controlador, mas todos aqueles interessados na segurança e no monitoramento das
aeronaves no ar, se asseguram da melhor rota a ser seguida. Os radares são localizados em pontos
adequados, para que abranjam a maior área possível. Enquanto alguns radares estão perto das
áreas em que o controle aéreo se posiciona, muitos estão mais afastados, em montanhas e
localidades altas, para que nenhum espaço fique sem monitoramento (Tecmundo, 2011).
Na aviação existem dois tipos de radares: i) primários, e ii) secundários. Os primários fazem o serviço
que já se conhece ao enviar um pulso para a atmosfera, que retorna ao bater no veículo e mostra o
local em que se encontra aquela aeronave. Entretanto ele não mede aponta dados como altitude ou
elevação daquele avião. Os radares secundários medem, para o controle de tráfego aéreo,
informações como a altitude das aeronaves. É necessário, no entanto, que o avião possua um
aparelho chamado transponder, que recebe e envia dados entre torre de comando e aeronave. Sem
ele, a aeronave simplesmente não é detectada pelo radar. Por isso, na maioria dos casos, na
aeronáutica nacional e internacional, os aeroportos são equipados com esses dois tipos de radar.
(Tecmundo, 2011).
Existem, adicionalmente, os radares instalados no solo (Figura 2.6), para controlar o deslocamento
dos aviões, principalmente em locais em que as condições climáticas tendem a ser desfavorável,
como no caso de Guarulhos, São Paulo. Há, ainda, outro radar em aeroportos (Figura 2.7), que são
os de precisão (PAR), que levam o avião de um local até a ponta da cabeceira da pista. Usados
também em condições de mau tempo, eles mostram informações completas sobre altitude e distância
(Tecmundo, 2011).
Os controladores também ficam atentos às informações dos satélites para recepção de dados
meteorológicos, além de sensores que recebem informações de temperatura, pressão e umidade
atmosféricas.
2.5.2. Computadores
Os computadores não podem ficar de fora das tecnologias de voo e recebem todas essas
informações. Cada dado é processado e apresentado aos Centros de Controle de Tráfego Aéreo e
para a Defesa Aérea. Os computadores realizam tarefas de estudo e análise de planos de voo,
visualização dos radares para saber o posicionamento dos aviões no ar e muito mais (Tecmundo,
2011).
Toda essa rede é interligada de forma que não haja problemas na troca de informações entre os
diversos centros, o que deixa a viagem aérea muito mais segura. Tanto através de dados ou pelo
rádio, é preciso que a comunicação seja constante e qualquer problema possa ser enviado para os
órgãos rapidamente.
Dessa forma, a comunicação é muito importante antes, durante e após qualquer voo. Para que os
aviões e os locais de controle estejam em contato, o rádio é um instrumento fundamental. A
comunicação se dá não apenas entre piloto e torre de comando, através de dispositivos móveis, mas
também dentro da própria torre, entre controladores. Há também a troca de informações com órgãos
internacionais, para que as informações em relação à aeronave sejam enviadas e recebidas quando
chega ao espaço aéreo internacional (Tecmundo, 2011).
Antigamente, as aeronaves se comunicavam através de ondas de Alta Frequência (High Frequency
ou HF), entretanto, o aumento de companhias e aeronaves no céu foi crescendo. Por esse motivo, foi
necessário preciso organizar melhor o tráfego. A aviação moderna utiliza, atualmente, não apenas a
Alta Frequência, mas também ondas de Frequência Muito Alta (Very High Frequency ou VHF). As
ondas VHF operam em variações de 118 a 138 MHz, através de frequência modulada (em
comparação, uma rádio FM opera entre 87 e 108 MHz no mesmo tipo de frequência modulada).
Todavia, a comunicação em VHF pode ser prejudicada em condições meteorológicas desfavoráveis
ou em locais com muitos edifícios, por exemplo. É preciso que a linha entre torre de controle e
aeronave esteja desimpedida. Por isso, a Frequência Muito Alta é usada em comunicações mais
próximas (Tecmundo, 2011).
Já, a comunicação em Alta Frequência é usada para cobrir grandes distâncias, quando as aeronaves
estão, por exemplo, em alto-mar. Mas, assim como a VHF, a Alta Frequência está fadada a não ser
infalível, principalmente em condições atmosféricas não favoráveis. Nessas condições, a
comunicação pode ter “chiados” e falhas. Por esse motivo, tal como ocorre nos rádios caseiros, os
Centros de Controle possuem várias frequências alternativas que podem ser usadas para uma
propagação melhor do sinal (Tecmundo, 2011).
Figura 2.8 – Aeroportos com mais decolagens, segundo a natureza das operações, em 2010
Fonte: ANAC (2010)
(a) (b)
Figura 2.9 – Movimento dos principais aeroportos brasileiros, Cumbica (a) e Congonhas (b),
segundo as empresas aéreas, em 2010
Fonte: ANAC (2010)
A Tabela 2.2 traz o movimento total de passageiros pagos, transportados por empresas brasileiras
nas 20 principais rotas domésticas no período de 2002 a 2010. Os valores apresentados representam
o somatório dos passageiros transportados nos dois sentidos, ou seja, ida e volta. Vale observar que
o aumento do número de passageiros nas ligações entre Belo Horizonte (Confins) e São Paulo
(Congonhas), Belo Horizonte (Confins) e Brasília, entre o período de 2004 e 2005, pode ter ocorrido
em razão da criação da Portaria 189/DGAC que restringia as operações no aeroporto da Pampulha
em Belo Horizonte. Dessa forma, a maioria das operações de voos regulares passou para o
aeroporto de Confins. Analogamente, a rota Rio de Janeiro (Santos Dumont) – Brasília não teve
A Tabela 2.3 apresenta a variação anual do total de carga paga transportada por empresas
brasileiras nas 20 rotas domésticas com maior quantidade de carga transportada no período de 2002
a 2010. Os valores apresentados representam o somatório de carga transportada nos dois sentidos,
ou seja, a carga embarcada na Localidade A e desembarcada na Localidade B, e carga embarcada
na Localidade B e desembarcada na Localidade A.
As Tabelas 2.4 e 2.5 apresentam, respectivamente, o movimento anual de aeronaves (pousos e
decolagens) e movimento anual de passageiros (embarcados e desembarcados), para o período de
2006 a 2010, considerando voos regulares e não regulares.
As Figuras 2.10 a, b e c mostram, respectivamente, imagens de três dos maiores aeroportos do
Brasil, o Aeroporto Franco Montoro, em Guarulhos, o Aeroporto de Congonhas, na cidade de São
Paulo, e o Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
2.7. Gestão
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) foi criada pela Lei n. 11.182/2005, e substituiu o
Departamento de Aviação Civil (DAC) como
autoridade de aviação civil e regulador do
transporte aéreo no país. O DAC foi um
departamento integrante da estrutura
administrativa do Ministério da Aeronáutica até
1999.
Sustentação – quando uma aeronave se desloca pelo espaço aéreo, ocorre um fenômeno em suas
asas que irá promover uma força direcionada para cima, com sentido inverso ao seu peso. O perfil
das asas possui comprimentos distintos na parte superior (extradorso) e na parte inferior (intradorso)
devido ao seu formato. Este fato permite que duas partículas de ar percorrendo esses dois
comprimentos simultaneamente, possuam velocidades diferentes.
A física explica que o aumento da velocidade de um fluído pelas paredes de um tubo, provoca um
aumento da pressão dinâmica (ar em movimento) e uma diminuição da pressão estática (ar em
repouso), originando uma força. Essa diferença de pressões estáticas será responsável por criar uma
força perpendicular à superfície da asa, denominada resultante aerodinâmica. Ela age no chamado
centro de pressão e tem como sua componente vertical, a força de sustentação. A sequência
mostrada na Figura 2.12 mostra o deslocamento das partículas de ar, partindo do bordo de ataque
(frente do perfil) e chegando ao bordo de fuga (traseira do perfil), resultando em uma força que
compensará o peso da aeronave.
O perfil da asa forma um ângulo imaginário com a direção horizontal, denominado de ângulo de
ataque, que poderá aumentar a força de sustentação e ao mesmo tempo, aumentar a força de
resistência do ar, fazendo com que o avião tenha velocidade menor. Quando se observa um avião
fazendo procedimento de aproximação em aeroportos, eles estão com um ângulo de ataque maior,
com velocidade menor. Na medida em que se aumenta este ângulo, aumenta-se a resistência do ar,
na mesma proporção, reduzindo muito sua velocidade. Isto pode fazer o avião perder
momentaneamente sua sustentação (estol). A Figura 2.13 apresenta o ângulo de ataque da asa.
Figura 2.13 – Ângulo de ataque formado entre asa e linha horizontal imaginária
Fonte: IF/UFRGS (2011)
Peso - O peso está associado com a força da gravidade, que atrai todos os corpos que estão no
campo gravitacional terrestre. Não há nenhuma maneira de alterar esta força, por isso, é necessário
sempre mais promover aperfeiçoamentos nos aviões para que se respeite as leis da física. O peso é
um elemento significativo nos processos de pouso e decolagem. Uma aeronave com muito peso
necessitará maior comprimento de pista para decolar, a fim de atingir velocidade suficiente para que a
sustentação anule o seu peso. Portanto, aeroportos com pistas curtas, muitas vezes, não podem
receber aviões. O mesmo raciocínio pode ser feito com a operação de aterrissagem, onde ser deve
levar em consideração a lei da inércia. Por exemplo, o avião Airbus A-380 não pode operar nos
aeroportos brasileiros.
Tração - A tração é uma força responsável pela impulsão do avião à frente e é produzida por
motores: convencionais (4 tempos) e a reação (turbojatos e turbo-fan). Os motores convencionais
utilizam, de maneira geral, a mesma tecnologia usada em motores dos carros atuais, isto é, o sistema
4 tempos, com um número variável de cilindros. Nele é gerada a energia necessária para movimentar
a hélice que impulsionará o avião à frente. O avanço da tecnologia faz com que alguns aviões a
hélice utilizem um sistema que adiciona uma turbina – como nos motores a reação -, denominados de
turboélice. Os motores a reação funcionam segundo a 3ª Lei de Newton (ação e reação). A ação se
caracteriza pela expulsão dos gases para trás, promovendo a reação do deslocamento do avião para
frente. Os sistemas utilizados são os turbojato e turbofan (mais moderno). A Figura 2.15 mostra o
esquema de funcionamento de uma turbina.
Os aviões de maior porte possuem 2, 3, 4 ou 6 motores a reação. Eles podem atingir grandes
velocidades, em grandes altitudes. Os grandes aviões a jato, com o avanço da tecnologia, estão
sendo construídos com duas turbinas de grande porte, proporcionando economia de combustível. A
Figura 2.16 apresenta exemplos de aviões com motores a hélice (a), turboélice (b), duas turbinas (c),
três turbinas (d), quatro turbinas (e) e seis turbinas (f).
Arrasto - é uma força aerodinâmica motivada pela resistência do ar, e que se opõe ao avanço da
aeronave. Ela depende de alguns fatores, tais como: a forma do corpo e a sua rugosidade, e o efeito
induzido resultante da diferença de pressão entre a parte inferior e superior da asa. Pode-se dividir o
conceito do arrasto em três aspectos: arrasto de atrito, arrasto de forma e arrasto induzido.
O arrasto de atrito está relacionado com as características da superfície (lisa ou áspera). Próxima à
superfície, o ar forma uma camada limite, na qual ele se desloca de forma laminar, se a superfície for
lisa. Se a superfície for rugosa ou áspera, acontecerá um fluxo de ar turbilhonado, provocando um
aumentando o arrasto. As aeronaves modernas são construídas com material mais liso em sua área
externa, para permitir o deslocamento do avião com mais economia e melhor rendimento em voo.
O arrasto de forma está associado com a área, com a qual o ar colide frontalmente, ocorrendo a
desvio do ar devido ao obstáculo (deflexão). A facilidade (maior ou menor) com que um corpo se
desloca no ar denomina-se aerodinâmica. As partes que compõe um avião devem ter cantos
arredondados ou possuírem o efeito de flechas, evitando superfícies retas perpendiculares ao
deslocamento, originando assim uma resistência menor. O arrasto de forma depende de alguns
fatores como, tais como: densidade do ar, velocidade, área frontal do avião. O coeficiente de arrasto
pode ser calculado através da equação 5.
𝒑
𝑫 = 𝑪𝑫 × × 𝑺 × 𝒗𝟐 Equação 5
𝟐
Onde: D = força de resistência (Drag); CD = coeficiente de resistência aerodinâmica da asa; p =
densidade do ar; S = área da superfície da asa; e v = velocidade da aeronave.
O arrasto induzido, por sua vez, está associado com diferença de pressão existente entre a parte
superior e inferior da asa. O ar que está se movendo no intradorso (parte inferior) tende a fluir para o
extradorso (parte superior), formando um turbilhonamento na ponta da asa. Este fato provoca uma
resistência ao avanço do avião e reduzindo a sustentação. No entanto, há determinados dispositivos
desenvolvidos para mitigar este problema: os Winglets. Eles estão localizados nas pontas das asas
de aviões mais modernos e que impedem a passagem de ar de cima para baixo. A Figura 2.17a
procura mostrar o turbilhonamento do ar provocado pelo fenômeno do arrasto induzido, a Figura
2.17b mostra um detalhe do Winglet e a Figura 2.17c, um avião equipado com o dispositivo.
RPA
Há duas categorias diferentes de VANT, segundo DeCEA (2015):
1. RPA (Remotely-Piloted Aircraft, em português, Aeronave Remotamente Pilotada), mais
conhecida. Nessa condição, o piloto não está a bordo, mas controla aeronave remotamente
de uma interface qualquer (computador, simulador, dispositivo digital, controle remoto, etc.).
2. Aeronave Autônoma que, uma vez programada, não permite intervenção externa durante a
realização do voo. No Brasil a Aeronave Autônoma tem o seu uso proibido.
Tratar-se-á, daqui em diante, apenas das RPA, que é a terminologia correta quando se refere a
aeronaves remotamente pilotadas de caráter não recreativo.
2.9.3. Legislação
Muitas são as pessoas que acreditam que não há regulamentação no Brasil para o uso de RPA e até
mesmo para o voo de aeromodelos. Isso esta errado, pois, há uma Circular de Informações
o
Aeronáuticas especialmente dedicada ao tema, a AIC n 21/10 Veículos Aéreos Não Tripulados
(DeCEA, 2010).
Para o caso de aeromodelos, há a Portaria DAC nº 207/STE, que estabelece as regras para a
operação do aeromodelismo no Brasil. Do mesmo modo, no que couber, há ainda o Código Brasileiro
de Aeronáutica, os RBHA (Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica), os RBAC
(Regulamento Brasileiro de Aviação Civil), o Código Penal e a Constituição Brasileira.
O assunto, porém, é novo e, naturalmente, não só o Brasil, bem como o mundo todo, ainda não
dispõe de uma regulamentação detalhada que englobe todos os usos, características, funções,
necessidades, restrições, funcionalidades e riscos da novidade. Esforços estão sendo empreendidos
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 30
para uma regulamentação mais abrangente da atividade no País – que leve em conta a participação
de todos os atores envolvidos.
2.9.4. Premissas básicas do RPA
São as seguintes as premissas básicas da Aeronave Remotamente Pilotada:
Qualquer equipamento que saia do chão de forma controlada, permaneça no ar de forma
intencional e seja utilizada para fins outros que não seja para esporte, lazer, hobby ou
diversão deve ser encarada como uma RPA;
A RPA é uma aeronave e será tratada como tal, independente de sua forma, peso e tamanho;
O voo de uma RPA não deverá colocar em risco pessoas e/ou propriedades (no ar ou no
solo), mesmo que de forma não intencional;
As RPA deverão se adequar às regras e sistemas existentes;
As RPA não recebem tratamento especial por parte dos órgãos de controle de tráfego aéreo;
A designação de uma RPA independe de sua forma, tamanho ou peso. O que o que define se
um equipamento será tratado como uma RPA ou não é o seu propósito de uso;
Exemplo: a atividade realizada com equipamentos não tripulados que utilizam determinada
porção do espaço aéreo, com o propósito exclusivo de uso voltado a hobby, esporte e/ou
lazer, é classificada como aeromodelismo, independente de sua forma, peso ou tamanho.
Para a utilização de aeromodelos, devem ser seguidas as regras previstas na Portaria DAC
o
n 207/STE, já citada anteriormente;
É importante destacar que, mesmo nos casos de uso de aeromodelos, o Código Penal
Brasileiro prevê, entre outras coisas, a proteção da integridade corporal de pessoas, e, em
caso de negligência desta observação, dependendo do caso, as ações poderão ser tratadas
como lesão corporal, ou ainda, no caso de consequências maiores, poderão ser tratadas até
mesmo de forma mais grave, mesmo sem a ocorrência de fatalidades;
Qualquer intenção de operação com propósitos diferentes daqueles voltados ao lazer,
esportes e hobby, deverá ser devidamente analisada e aprovada pela ANAC. Mais uma vez,
o que deve ser analisado é o propósito do voo, independente do equipamento utilizado.
Dados oficiais indicam que são transportadas pelas hidrovias cerca de 22 milhões de toneladas de
carga/ano, das quais 81,4% pela bacia amazônica. Apesar de boa parte dos rios navegáveis estarem
na Amazônia, o transporte nessa região ainda não tem grande peso econômico, por não haver nessa
parte do País mercados produtores e consumidores de peso. Por outro lado, por ter a malha
hidroviária mais extensa da Região Norte, o transporte fluvial tem papel fundamental no
desenvolvimento da Amazônia. Do ponto de vista econômico, apesar de representarem menor
movimentação de carga, os trechos hidroviários mais importantes em operação encontram-se nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil (CNT, 2006).
3.3. As aquavias
O que define uma via aquática navegável como hidrovia é a presença de balizamento nos rios e
manutenção de profundidade mínima ao longo do ano. O balizamento é feito com boias de auxílio à
navegação que demarcam o canal de navegação e de placas colocadas nas margens dos rios para
orientação dos navegantes, como sinalização. Em função dos tipos de balizamento e de sinalização
adotados, as hidrovias interiores podem ser de tráfego apenas diurno, ou também abertas à
navegação noturna.
3.4. Os veículos
O Quadro 3.1 traz diversos tipos veículos do transporte aquaviário (navios e embarcações), usados
por passageiros e cargas, no ambiente fluvial ou marítimo, bem como a sua descrição.
Quadro 3.1 – Tipos e descrição de navios e outras embarcações
TIPO FOTO ILUSTRATIVA DESCRIÇÃO
Navios que transportam vários tipos de cargas, geralmente em pequenos lotes – sacarias,
Cargas em geral
viagens normais, como para cruzeiros turísticos. Possuem uma estrutura voltada ao lazer,
como restaurantes de luxo, cassinos, bares, cinema, boate, lojas, piscina, salão de jogos e
ginástica, etc.
Navios semelhantes aos navios de carga geral, mas normalmente não possuem além de 1
Porta contêiner
Navios para transporte de petróleo bruto e produtos refinados (álcool, gasolina, diesel,
querosene, etc.). São caracterizados por sua superestrutura a ré e longo convés principal,
Tanque
quase sempre tendo à meia nau uma ponte que vai desde a superestrutura até a proa.
Essa ponte é uma precaução para a segurança do pessoal, pois os navios tanques
carregados passam a ter uma pequena borda livre, fazendo com que no mar seu convés
seja "lavado" com frequência pelas ondas.
Navios destinados ao transporte de gases liquefeitos. São caracterizados por
apresentarem, acima do convés principal, tanques típicos de formato arredondado.
Gaseiros
Navios também chamados de RoRo (Roll-on Roll-off), onde a carga entra e sai dos porões
Operação por
soja, minério de ferro, etc. São caracterizados por longo convés principal, onde o único
destaque são os porões.
Navios parecidos com os gaseiros, transportando cargas químicas especiais, tais como:
enxofre líquido, ácido fosfórico, soda cáustica, etc.
Químicos
Navios utilizados para puxar, empurrar e manobrar todos os tipos de navios. Geralmente
Rebocadores
utilizados para manobras de grandes navios na zona portuária e canais de acesso aos
portos. Pode também socorrer navios em alto-mar, rebocando-os para zonas seguras, e
puxar navios encalhados em bancos de areia. Apesar de pequenos, possuem grande
potência de motor.
Navios utilizados pelas Forças Armadas (Marinha) para o transporte de aviões, até a zona
Porta-aviões
principal de atuação dos mesmos. Servem como uma base móvel de operação, inclusive
com pista de pousos e decolagens.
São vários os tipos, além dos porta-aviões. Alguns exemplos: fragatas, submarinos,
contratorpedeiros, balizadores, faroleiro, hidroceanográfico, oceanográficos, hidrográficos,
Militares
São conjuntos de veículos trator (chata) e diversas barcaças, utilizado para o transporte
hidroviária
Balsa, ferry boat ou ferribote é uma embarcação de fundo chato, com pequeno calado,
para poder operar próximo às margens e em águas rasas, e grande boca. Usada no
Balsa
Na análise da movimentação de contêineres, por ano, o porto de Santos ocupa apenas a 42ª
colocação, com 3 milhões de TEUs (quantidade equivalente a um contêiner de 20 metros)
movimentados, em 2012. O Brasil como um todo transportou 8 milhões de TEUs, o mesmo que o
porto de Los Angeles. E, devido aos problemas estruturais, um aumento esperado de 8% na
movimentação para 2013 já teve sua previsão reduzida para 4%.
A razão para esta redução está nos entraves de infraestrutura. Em 2012, o tempo médio de espera
para atracar foi de 16 horas. Em 2013, em alguns períodos, o intervalo chegou a quadruplicar. Em
2013 houve terminais no porto de Santos com tempo de espera de 72 horas. Três dias com um navio
parado acaba com qualquer programa logístico eficiente.
No entanto, os problemas para o comércio global não se resumem à falta de eficiência do porto.
Chegar com a mercadoria e sair com ela, também é um desafio logístico. Um estudo aponta que o
custo do transporte rodoviário para Santos é de 25% a 40% mais caro do que em outros grandes
Os portos privados responderam por 60% do total de carga granel sólida movimentada no Brasil, em
2009. Os terminais privativos de Ponta da Madeira (próximo ao Porto de Itaqui, no Maranhão) e
Tubarão (localizado no Espírito Santo), ambos pertencentes à mineradora Vale, movimentaram
sozinhos 39,4% do total de granel sólido em 2009 ou 170,5 milhões de toneladas (87,7 milhões, em
Figura 3.3 – Localização dos terminais portuários de uso privativo (TUP) do Brasil
Fonte: Fialho (2011)
Figura 3.4 – Quantidade movimentada de carga geral solta e seu percentual de participação
sobre o total nacional, nos principais portos e terminais privativos brasileiros, em 2009
Fonte: ANTAQ (2010)
Em 2009, a movimentação de cargas no longo curso, vinculadas ao comércio exterior, obteve total de
531,3 milhões de toneladas. As cargas exportadas representaram total de 439,8 mil toneladas, e as
importadas, 91,5 mil toneladas. Os TUPs Ponta da Madeira (AM) com 87,7 milhões de toneladas
(20%) e Tubarão (ES) com 82 milhões de toneladas (19%), além do porto de Santos (SP), 53,4%
(12%) são os principais movimentadores de cargas de exportação, como mostra a Figura 3.5.
A Tabela 3.1 apresenta os números de exportação e importação através de portos e terminais
privativos brasileiros, para o período de 2005 a 2009. A Tabela 3.2, por sua vez, traz as quantidades
movimentadas nos portos brasileiros, para cargas a granel sólidas e líquidas, carga em geral e
contêiner.
Figura 3.6 – Quantidade movimentada de carga granel sólida e seu percentual de participação
sobre o total nacional, nos principais portos e terminais privativos brasileiros, em 2009
Fonte: ANTAQ (2010)
O índice de conteneirização, em 2009, atingiu quase 66% das cargas movimentadas nos portos e
terminais de uso privativo brasileiros (Figura 3.8). O índice de conteinerização refere-se à
porcentagem de mercadorias transportadas dentro de contêineres, em relação ao total de carga
geral. A Figura 3.9 traz a quantidade de contêineres transportados pela cabotagem brasileira,
passando de 20 milhares de TEUs3, em 1999, para 662 milhares de TEUs, em 2009, correspondendo
a uma variação de 3.310%.
Tabela 3.1 - Quantidade movimentada de exportação e importação nos principais portos e
terminais privativos brasileiros, de 2005 a 2009
3 TEU - Twenty Feet or Equivalent Unit (TEU) - unidade de 20 pés ou equivalente. Os contêineres possuem, em geral, dois tamanhos: de 20 pés e de 40 pés.
Em 2009, a movimentação total foi de 732,9 mil toneladas. Por natureza da carga, a movimentação
de granéis sólidos foi atingiu 433 mil toneladas (59% do total), granéis líquidos, 198 mil toneladas
(27% do total), cargas em geral, 36,6 mil toneladas (5% do total) e contêineres, 65,4 mil toneladas
(9% do total).
Tabela 3.2 - Quantidade movimentada de exportação e importação nos principais portos e
terminais privativos brasileiros, de 2005 a 2009
Mas, como o Emma Maersk consegue flutuar e navegar, carregado de contêineres, pelos oceanos e
mares sem que afunde? Como é possível que o Emma Maersk seja rebocado sem grandes
dificuldade por pequenos rebocadores, com massas dez vezes menor? Para analisar os motivos que
levam o Emma a flutuar sobre a água, é preciso conhecer mais sobre algumas leis e princípios físicos
que tratam com o estudo de fluidos, ou seja, a hidrostática. As explicações aqui apresentadas são
baseadas nos sites IF/UFRGS (2011b) e Praticando Física (2011).
O filósofo Arquimedes (282 - 212 a.C.), da Grécia Antiga, foi o primeiro cientista a descobrir a respeito
do comportamento de corpos em líquidos. Arquimedes iniciou seus estudos, de acordo com a
tradição, após entrar em uma banheira e intuir que o volume de água deslocado pelo seu corpo era
proporcional ao peso do volume por ele deslocado.
A partir daí estabeleceu o seguinte enunciado: "Todo corpo imerso num fluido sofre a ação de uma
força vertical para cima, chamada empuxo, cujo módulo é igual ao módulo do peso do volume do
fluido deslocado.".
A expressão matemática do empuxo é aquela da equação 6.
E P d l Vld g Equação 6
Onde: E = módulo do empuxo; P = peso do corpo; dl = densidade do líquido; Vld: volume de líquido
deslocado.
Quando o navio está na água, duas forças atuam sobre ele: o peso do corpo dirigido verticalmente
para baixo e o empuxo exercido pela água, verticalmente para cima. A densidade é definida como
sendo o quociente entre a massa e o volume de determinado corpo. Como este resultado é sempre
constante, é possível descobrir o material com o qual determinado produto é manufaturado apenas
conhecendo sua densidade. Portanto, para que o navio permaneça na superfície da água é preciso
que existam algumas condições.
Figura 3.11 - Localização do centro de gravidade (CG), do centro de empuxo (CE) e da força
peso (P) em um navio
Fonte: IF/UFRGS (2011b)
O centro de gravidade CG de um objeto está localizado no centro de aplicação do seu peso. Quando
a distribuição de massa desse objeto é homogênea, o seu centro de gravidade coincide com o seu
centro de massa. Por outro lado, se o corpo não é homogêneo ou tem forma irregular, seu centro de
gravidade não coincide com o seu centro de massa. Já, o centro de empuxo está localizado no centro
de gravidade do líquido deslocado pelo corpo.
No caso de uma embarcação, o centro de gravidade CG não pode coincidir com o centro de empuxo
CE, pois quando o CG coincide com o CE, o corpo imerso fica em equilíbrio indiferente. Isto faz com
que, se qualquer perturbação fizer o corpo se mover lateralmente, ele não retornará à posição de
equilíbrio. Para obter-se maior estabilidade possível, a distribuição de cargas no interior do navio é
feita de tal modo que o centro de gravidade se situa o mais próximo possível do fundo do navio.
3.10.2. O caso do rebocador
Como é possível explicar que um pequeno rebocador, como no caso da Figura 3.13, com massa
dezenas de vezes menor do que a de um grande navio, possa tracioná-lo de forma aparentemente
fácil?
Porque as forças de resistência ao movimento do navio na água são relativamente pequenas. Em
princípio, se não houver resistência ou outra forma de oposição ao movimento, qualquer força, por
menor que seja, pode deslocar qualquer navio. É evidente que, se a massa do navio a ser deslocado
for muito grande, e a força para deslocá-lo muito pequena, o deslocamento pode ser muito lento,
quase imperceptível. Essa relação foi estudada por Isaac Newton (1643-1727), que enunciou as três
leis para o movimento de corpos, denominadas Leis de Newton da Mecânica.
Um pequeno navio rebocador é capaz de tracionar um navio de massa dezenas de vezes maior.
Neste caso, a 1ª Lei (Lei da Inércia) é a que explica como o rebocador consegue puxar o navio. A 1ª
Lei prevê que na ausência de forças resistivas, todo corpo em movimento tende a permanecer em
movimento, e todo copo em repouso tende a manter o seu repouso se nenhuma força é aplicada
sobre este. O atrito na água - a força resistiva que a Lei da Inércia se refere - é nulo, de maneira que,
uma vez em movimento, o rebocador e o navio permanecerão em movimento, até que uma força
resistiva (freios ou algo similar) entre em ação (Praticando Física, 2011).
Figura 4.2 – Total de carga transportada por oleodutos brasileiros, de 1991 a 2007
Fonte: Serafim (2009)
Dados do Relatório Estatístico da ANTT (2007), com dados de 2006, registram a existência de 129
oleodutos, operados pela Transpetro. Eles transportam produtos tais como: petróleo, óleo diesel,
gasolina, álcool, nafta, lubrificantes, etc. As extensões dos oleodutos variam de 964 km, trecho
REPLAN (SP) — Brasília (DF) a 2 km, como por exemplo, no trecho RPBC (SP) — Cubatão (SP).
O total de quantidade de cargas transportadas, em 2006, em todos os 129 trechos de dutovias da
Transpetro, em 2006, foi de 251,3 milhões de metros cúbicos. O trecho de oleoduto Guararema (SP)
— REPLAN (SP) foi o que apresentou maior demanda neste ano, com mais de 20 milhões de metros
cúbicos.
4.4.2. Gasodutos
Os gasodutos são tubulações construídas para conduzir o gás natural, que nele é introduzido sob
pressão, por meio de compressores. Por força do fluxo, há uma perda de energia por atrito e a
pressão vai caindo ao longo da tubulação, sendo necessária uma estação de compressão (de
distância em distância) para elevar a pressão e permitir a continuidade do fluxo do produto. A
operação do gasoduto é feita a distância, sendo monitorada por instrumentos ao longo da tubulação,
seja com a utilização de comunicação por satélites, seja com fibras óticas na faixa de servidão do
gasoduto, as quais são também utilizadas para comunicação de interesse geral. Esta instrumentação
acompanha a evolução da pressão na tubulação (para identificar a eventual perda de gás para a
atmosfera) e também mede o fluxo que passa ao longo dela, inclusive as saídas nos pontos de
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 51
entrega aos distribuidores (city-gates), para fins de faturamento. Nestas condições de medição e
controle de pressão, normalmente não há operadores (GasOcidente, 2011).
Através do sistema de comunicação à distância, tudo é controlado da estação central de
acompanhamento. No caso de um acidente, válvulas automáticas bloqueiam o trecho afetado.
Mesmo assim, continuamente, são feitas inspeções terrestres e aéreas ao longo dos dutos por
pessoal especializado, para constatação de qualquer eventual ação de terceiros que possa colocar
em risco a integridade física das instalações. Também são realizadas inspeções periódicas internas
por equipamentos (pigs), que percorrem toda a tubulação registrando eletronicamente qualquer
anomalia. As operações de recuperação de danos nos dutos são relativamente simples, dependendo
basicamente do acesso à área afetada (GasOcidente, 2011).
As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam, respectivamente, dados sobre a extensão dos diversos gasodutos,
segundo as empresas operadoras, e o volume de cargas transportadas por esses gasodutos,
considerando o ano de 2006.
Tabela 4.2 – Extensão dos gasodutos, por empresa, em 2006
EMPRESA GASODUTO EXTENSÃO (KM)
TRANSPETRO 2.914
Gasodutos do Sudeste (SE) 1.358
Gasodutos do Espírito Santo (ES) 146
Gasodutos do Nordeste Setentrional (NE-SET) 1.011
Gasodutos do Nordeste Meridional (NE-MER) 399
TBG GASBOL (Bolívia — Brasil) 2593
TSB Uruguaiana (RS) — Porto Alegre (RS) 50
GASOCIDENTE Bolívia — Mato Grosso 283
TOTAL 5.840
Fonte: ANTT (2007)
Tabela 4.3 – Carga transportada, em toneladas, por gasoduto, de 2002 a 2006 (x103)
4.4.3. Minerodutos
Os minerodutos aproveitam a força da gravidade para transportar minérios entre as regiões
produtoras e as siderúrgicas e ou portos. Os minérios são impulsionados por um forte jato de água.
Os principais produtos transportados são: sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático. No
período de 1991 e 2007, registrou-se elevação no total de carga transportada pelos gasodutos
brasileiros, com taxa de crescimento anual, de 4,9%, como mostra a Figura 4.3.
Figura 4.3 – Total de carga transportada por minerodutos brasileiros, de 1991 a 2007
Fonte: Serafim (2009)
A Tabela 4.4 apresenta dados sobre as características físicas, por mineroduto, tais como, a empresa
operadora, tipo de cargas transportes, início de operação de cada dutovia e a sua extensão,
Tabela 4.5 – Carga transportada, em toneladas, por mineroduto, de 2002 a 2006 (x103)
4.4.4. Polidutos
Polidutos são dutos que se destinam ao transporte de produtos diversos, que podem manter-se
separados no mesmo por suas características físico-químicas ou por equipamentos especialmente
projetados para este fim e introduzidos entre os mesmos.
Porém, nem todas as dutovias possibilitam o uso de um PIG. Há dois casos principais onde o PIG
não pode ser utilizado: i) quando o PIG não pode passar por algum ponto do duto, onde haja curvas
muito acentuadas, de grande variação de diâmetro ou bifurcações, e ii) quando o duto não foi
projetado para receber um PIG, ou seja, o duto não possui uma estrutura que permita colocar/retirar o
PIG. Essas dutovias recebem a denominação de linhas não-PIGáveis. No caso desse tipo de dutovia,
um dos aparelhos usados para inspeção é o inspetor externo de dutos (IED), um robô que percorre o
exterior de dutos, abraçando-os (Figura 4.5).
PIGs instrumentados, segundo Oliveira e Camerini (2002), têm sido largamente utilizados como uma
das ferramentas básicas de avaliação da integridade de dutos. Os PIGs instrumentados magnéticos
utilizam magnetismo como princípio físico de funcionamento. Um campo magnético é aplicado sobre
a superfície de interesse, sensores colocados na parte central deste campo monitoram de forma
contínua o fluxo magnético e detectam a fuga do magnetismo proveniente de descontinuidades
volumétricas, especialmente devido à corrosão. Estes PIGs normalmente se deslocam no interior dos
dutos de forma autônoma, impulsionados pelo próprio fluido, sendo capazes de armazenar os
registros da operação em curso para análise e avaliação posteriores.
Os PIGs instrumentados são as únicas ferramentas eficientes para a inspeção geral de dutos com
longa extensão que transportam óleo e seus derivados. Esse método de inspeção, não implica no
comprometimento da continuidade operacional do duto. As principais vantagens do seu uso são
localizar e possibilitar o reparo ou o acompanhamento da evolução dos defeitos nos dutos. Isto
representa uma ação preventiva quanto a evitar perdas por vazamentos e também quanto a impactos
ambientais (Redetec, 2011).
Desde sua primeira utilização industrial na Petrobrás, em 1984, seus técnicos identificaram a
necessidade de desenvolver e nacionalizar esta tecnologia. A Petrobrás possui mais de 8 mil km de
dutos e está incorporando novas instalações desde a década de 1990. Considerando o volume de
linhas a serem inspecionadas e que os custos de inspeção estão acima de US$ 2500/km, concluiu-se
que os benefícios resultantes do controle desta tecnologia são evidentes principalmente quanto aos
aspectos econômicos e a disponibilidade do equipamento em âmbito nacional evitando as morosas e
dispendiosas contratações internacionais (Redetec, 2011).
4
Faixa de servidão corresponde à pista de terra constituída para assentar dutos. No caso do Gasoduto Brasil-
Bolívia, a faixa de servidão possui 2.593 km de extensão por 20 m de largura (TBG, 2010).
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 56
TSB - Transportadora Sulbrasileira de Gás S.A.
A Transportadora Sulbrasileira de Gás S.A. (TSB), constituída em 1999, cuja atividade consiste na
prestação de serviço de transporte de gás natural através de gasoduto, de sua propriedade, que
interligará as cidades de Uruguaiana e Canoas no Estado do Rio Grande do Sul. Seus atuais
acionistas são quatro grandes empresas que constituem um expressivo consórcio internacional:
PETROBRAS (GASPETRO), IPIRANGA (CBPI), REPSOL YPF e TOTAL GAS AND POWER BRAZIL
(TSB, 2011).
A primeira fase do gasoduto, Fase I, foi concluída em maio de 2000 e constitui-se de dois trechos de
25 km em cada uma das duas extremidades do gasoduto. Na extremidade oeste, o trecho da TSB
está conectado com o gasoduto da Transportadora de Gás del Mercosur
S.A. – TGM e, na sua extremidade leste, com o gasoduto da
Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. – TBG (TSB, 2011).
A companhia mantém contratos de serviços de transporte com a Sulgás,
distribuidora de gás natural do Estado do RS, no lado de Uruguaiana, para
suprimento à Usina Termelétrica de Uruguaiana e, no lado de Canoas, para transporte do gás
boliviano, destinado ao Polo Petroquímico do Sul (TSB, 2011).
A TSB assumiu o desafio de transportar o gás natural, construindo e administrando o Gasoduto
Uruguaiana – Porto Alegre. O projeto prevê 615 km de dutos no Estado do Rio Grande do Sul, dos
quais 50 km já foram construídos na Fase I. O desafio atual é viabilizar a segunda fase do gasoduto,
Fase II, que contempla a interligação do trecho entre Uruguaiana e o Polo Petroquímico de Triunfo. A
conclusão do gasoduto da TSB proporcionará a interligação das jazidas do Brasil, da Argentina e da
Bolívia, consolidando, assim, à integração do mercado de gás do Cone Sul (TSB, 2011).
O Trecho 1 do Gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre tem início no eixo do Rio Uruguai, na divisa do
Brasil com a Argentina, a cerca de 14 km a jusante da sede do Município de Uruguaiana, até o City
Gate de Uruguaiana. O Trecho 3 tem início no município de Triunfo, seguindo deste ponto ao
Município de Nova Santa Rita. A partir daí, segue para o Município de Canoas, onde se interliga com
o Gasoduto Bolívia-Brasil, da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. (TBG), como
mostra a Figura 4.8.
Figura 4.8 – Mapa com o traçado do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, com destaque para os
trechos 1 e 3
Fonte: TSB (2011)
(a) (b)
Figura 4.9 – (a) Mapa com o traçado gasoduto (no círculo); (b) Faixa de servidão de 30 metros
de largura da GasOcidente
Fonte: GasOcidente (2011)
Duto Encapsulado Hidráulico - Hydraulic Capsule Pipeline (HCP) – se utiliza de cápsulas sem
rodas para transportar cargas através de um duto cheio com água. A água é usada para flutuar e
empurrar a cápsula dentro do duto. O HCP se desloca a uma velocidade de 6 a 10 pés por segundo
(2 a 3,5 m/s) no interior do duto, que é mais lento do que o tipo PCP. Porém, HCP tem capacidade de
transportar muito mais carga com o mesmo diâmetro. Ele também usa menos energia do que o PCP,
o que o torna mais econômico. Consequentemente, o HCP é mais indicado para transportar materiais
como grãos e outros produtos agrícolas, resíduos sólidos municipais e outros produtos de baixo valor.
A Figura 4.11 mostra um esquema de um Duto Encapsulado Hidráulico (HCP).
Duto Hidráulico de Carvão - Coal Log Pipeline (CLP) - esta nova tecnologia é utilizada,
basicamente, para o transporte de carvão através de dutos. Trata se de um tipo especial de HCP,
onde as cápsulas são na forma de um cilindro de carvão compactado, e que podem estar em contato
direto com a água e o duto. No processo do CLP, o carvão da mina é compactado em cilindros com
diâmetro de 5 a 10% menor do que o diâmetro do duto, por onde o carvão será transportado. Como o
sistema usa água, a relação carvão/água no CLP é de 3 a 4, dependendo do comprimento do duto.
Por serem compactados em altíssimas pressões, os cilindros de carvão absorvem muito pouca água
em seu trajeto e não se desmancham.
Por não precisar de receptáculo para o CLP, não há a necessidade de separar um duto para retornar
cápsulas vazias, como é requer os tipos HCP e PCP. O CLP tem o melhor custo efetivo entre os
demais tipos de dutos encapsulados. Porém, seu uso é limitado a carvão, a alguns outros minerais, e
também resíduos sólidos de materiais, tais que, como o carvão, podem ser compactados, e se
tornarem resistentes à água, formando capsulas resistentes. A Figura 4.12 mostra um esquema de
um Duto Encapsulado Pneumático (PCP).
Um documento preliminar de projeto foi publicado em agosto de 2013, que incluiu uma estimativa de
custo preliminar para uma versão somente de passageiros em US $ 6 bilhões (R$ 18,6 bilhões),
enquanto que uma versão transportando passageiros e veículos foi estimada em US $ 7,5 bilhões
(R$ 23,3 bilhões). No entanto, projeções de custos para uma rota estimada na Califórnia foram
questionadas por engenheiros de transporte, em 2013, que acharam que os valores são
irrealisticamente baixos, dada a escala de construção e confiança na tecnologia ainda não
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 61
comprovada. A viabilidade tecnológica e econômica da ideia ainda não está comprovada e este é um
assunto que merece um debate significativo.
A rota estimada vai desde a região de Los Angeles até a Baía de São Francisco (Figura 4.17), em
paralelo com o corredor da Interstate 55, na maior parte de seu comprimento. Análises preliminares
indicaram que essa dutovia pode produzir um tempo de viagem previsto de 35 minutos, o que
significa que os passageiros percorrem a rota de 354 milhas (570 km) a uma velocidade média de
598 mph (962 km/h), com uma velocidade máxima de 760 mph (1.220 km/h).
O sistema de transporte imaginado por Musk poderia levar uma pessoa de Los Angeles a Nova
Iorque em apenas 2 horas e 45 minutos. Em contraste, o mesmo trecho de avião leva mais ou menos
6 horas e 30 minutos. Uma viagem de carro de São Francisco a Los Angeles, que pode levar de 6 a 8
horas, de carro, seria feita em meros 30 minutos com a implementação do sistema. Existe até mesmo
a possibilidade de construir o Hyperloop em trechos urbanos.
4.9.1. Componentes
O Hyperloop consiste em vários componentes distintos, incluindo (Spacex, 2015):
Cápsulas
o Cápsulas seladas transportando 28 passageiros cada (Figura 4.18), que viajam ao
longo do interior do duto, com partida, em média, a cada 2 minutos de Los Angeles
ou São Francisco (headway até a cada 30 segundos, durante as horas pico).
o Um sistema maior também foi dimensionado, que permite o transporte de 3
automóveis, com os passageiros, viajando na cápsula.
o As cápsulas são distanciadas no interior do duto em aproximadamente 23 milhas (37
km), em média, durante a operação.
o As cápsulas são suportadas por meio de mancais de ar, que operam usando um
reservatório de ar comprimido e elevador aerodinâmico.
Dutos
o O duto é feito de aço. Dois dutos são soldados em conjunto, lado a lado, em uma de
configuração que permite que as cápsulas trafeguem em ambas as direções.
o Pilares são colocados a cada 100 pés (30 m) para apoiar o duto.
o Painéis solares cobrem a parte superior dos dutos, a fim de fornecer a alimentação
do sistema.
Propulsão
o Os aceleradores lineares são construídos ao longo do comprimento do duto, em
várias localizações, para acelerar as cápsulas.
o Estatores estão localizados sobre as cápsulas para transferir o impulso de cápsulas
através dos aceleradores lineares.
o O sistema é auto alimentado através de painéis de energia solar (Figura 4.19).
Rotas
o Haverá uma estação em Los Angeles e outra em São Francisco. De Várias estações
ao longo do caminho vai ser possível fazer conexões, com divisões no duto.
o A maioria do percurso seguirá paralelo à I-5.
5 A Interstate 5 (I-5) é uma rodovia interestadual de sentido sul-norte, na região oeste dos EUA, que inicia em San Diego, Califórnia, na fronteira EUA
Figura 4.19 – Detalhes da dutovia do Hyperloop, com destaque para os painéis solares
Fonte: Spacex (2015)
4.10. Gestão
O Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da ANTT, aprovado pela Resolução nº 01, de 20
de fevereiro de 2002, alterada pela Resolução n.º 104, de 17 de outubro de 2002, define como
competência da Superintendência de Logística e Transporte Multimodal (SULOG), em seu artigo 46,
inciso XIII, "elaborar o cadastro do sistema de dutovias e das empresas proprietárias de
equipamentos e instalações de transporte dutoviário”.
É competência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) articular-se com entidades
operadoras do transporte dutoviário, para resolução de interfaces intermodais e organização de
cadastro do sistema de dutovias do Brasil. A ANTT deverá se articular com Agência Nacional de
Petróleo (ANP), visando a criação de Cadastro Nacional de Dutovias, eficiente e seguro, que sirva
para orientar suas ações e projetos.
A lei nº 9.478/1997 dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio
do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo
(ANP). Esta lei confere à ANP a competência para estabelecer critérios para o cálculo de tarifas de
transporte dutoviário e arbitrar seus valores (Brasil, 1997).
A Tabela 5.3 traz uma comparação de custos entre os modos de transportes ferroviário e o
rodoviário, por tonelada de quilômetro útil (TKU), considerando dados de 2009. Considerando os
custos de implantação, manutenção da via, operação e manutenção dos veículos, os dois modos
apresentam valores muito próximos. No entanto, quando se acrescenta custos do meio ambiente, os
custos sobem para, respectivamente, R$ 2,7 bilhões e R$ 5,5 bilhões. Eller et al. (2011) consideraram
os custos ambientais estimados com base na literatura especializada.
A formação dos trens obedece a determinadas regras, para que se obtenha maior eficiência e
segurança do transporte. O trem apenas estará em plenas condições de circular após estar
devidamente equipado com o pessoal e com os elementos necessários à circulação adotada. A
classificação dos trens compreendendo: trens de carga, de passageiros e mistos (Brina, 1983).
Trens de carga – transportam somente mercadorias ou animais.
Trens de passageiros – são compostos por carros para transporte exclusivo de passageiros
e, excepcionalmente, vagões de mercadorias especiais, para transporte direto.
Trens mistos – compõem-se de carros de passageiros e vagões de carga, que ligados à
locomotiva, vindo, após, o carro de correio-bagagem e, por fim, os carros de passageiros.
O percurso do trem é iniciado na Estação Ferroviária de São Luís (MA) com destino a Parauapebas,
no sudeste do Pará, às segundas, quintas-feiras e sábados. Às terças, sextas-feiras e aos domingos,
realiza o percurso de volta. Só não há viagem na quarta-feira, quando é realizada a manutenção dos
carros e locomotivas. Em 2010, o número total de pessoas transportadas foi de cerca de 340 mil. A
Figura 5.7 mostra a evolução de passageiros transportados pela EFC, mês a mês, para os anos de
2008 e 2009.
Figura 5.9 – Movimentação de carga transportada pelas ferrovias brasileiras (milhões de TU)
Fonte: ANTF (2011)
Figura 5.12 – Índice de Eficiência Energética (litros de diesel por mil TKU)
Fonte: ANTF (2011)
A seguir são descritos, sucintamente, os principais elementos das vias permanentes ferroviárias:
Trilho – corresponde à superfície de rolamento para as rodas dos veículos ferroviários. Tem
a função de guiar o veículo no trajeto e garantir a sua sustentação ao mesmo. Trabalham
como viga contínua e transferem as solicitações das rodas para os dormentes da via (Figura
5.14).
Dormentes
Figura 5.15 – Dormentes de madeira
Fonte: Vale (2006)
Lastro - camada de material granular (Figura 5.16), de diversas origens, na qual se apoiam e
se encaixam os dormentes da via férrea. Ele tem como função: transmitir esforços às
camadas inferiores (função estrutural); resistir aos esforços transversais e longitudinais,
através da ancoragem da linha; drenar a via; facilitar a manutenção da via. Para Vilhena
(1974), seu material básico, a pedra britada, deve ter uma elevada resistência ao desgaste
por atrito.
5.5.1. Bitola
Bitola é a distância entre os trilhos (Figura 5.19a) e é uma característica da via. Uma via pode ter
mais de um tipo de bitola (Figura 5.19b), possibilitando que ela seja utilizada por mais de um tipo de
trem. O ideal é que essa medida seja padrão no país inteiro. No entanto, no Brasil, existem três tipos
diferentes: bitola larga (1,60 m), bitola métrica (1,00 m) e bitola mista (1,435 metros). Esta variação,
porém, causa problemas; muitas vezes a carga precisa mudar de trem por este não ser compatível
coma bitola do novo trecho a ser percorrido. Essa diferença não impede, mas dificulta o tráfego
integrado entre os diferentes trechos ferroviários.
É a seguinte a composição das ferrovias brasileiras, com relação às bitolas: i) 81% de bitola métrica;
ii) 17% de bitola larga; e iii) 2% de bitola mista, onde existem três ou mais trilhos, permitindo assim a
conexão de malhas de bitolas diferentes.
Idade média da frota de vagões, em 1990 era de 42 anos; em 2010, 25 anos. Segundo Vilaça (2011),
há uma projeção, baseada em investimentos previstos pelas empresas operadoras (concessionárias),
de que a idade média da frota de vagões, em 2020, caia para 18 anos. A vida útil dos vagões é de 30
a 35 anos.
(a) (b)
Figura 5.21 – (a) Fachada e (b) plataforma da Estação da Luz
Fonte: CPTM (2011); (b) Silvio Tanaka
Além de prover serviços aos passageiros e facilidades para carregamento de cargas, as estações
também podem contar com oficinas de manutenção de locomotivas. Essas oficinas podem contar
com depósitos para armazenamento e reabastecimento de locomotivas e ferramentário para
pequenos reparos. Estações de trem que compartilham o mesmo espaço físico com outros modos de
transporte, como ônibus ou metrô, também são referidas como estações de integração.
5.7.2. Pátios e terminais ferroviários de cargas
O terminal ferroviário de carga é um sistema dinâmico composto de infraestrutura e instalações. Nele
a ferrovia pode realizar o transbordo da carga dos vagões para os meios complementares de
dispersão e concentração, a transferência direta do vagão ao cliente e do cliente ao vagão e o
armazenamento temporário das cargas (Morlock, 1978).
Esses terminais são pontos da via de uma modalidade de transporte em que fluxos significativos têm
origem, destino ou transferência de veículo ou modalidade. Os principais tipos de terminais cargas,
segundo Ratton Neto (2006) apud Vieira (2009), são: i) de carga geral, ii) frigorífico, iii) granéis
sólidos, iv) granéis líquidos, e v) carga unitizada.
Para Robinson (1986), as operações básicas de um terminal ferroviário são aquelas que estão
diretamente relacionadas com as tarefas necessárias para a movimentação da carga. No entanto,
muitos desses terminais operam com cargas e passageiros. Um terminal ferroviário de cargas realiza
as operações básicas:
Carregamento de vagões - abrange atividades de recebimento das mercadorias,
armazenagem para posterior transbordo ou transbordo direto de caminhões ou navios;
Descarregamento de vagões - compreende as atividades de descarga e armazenagem das
mercadorias ou transbordo direto para o caminhão/navio e retirada da carga.
Pátios ferroviários servem de apoio ao sistema de transporte ferroviário e desempenha diversas
funções essenciais para o funcionamento desse sistema. Funcionam, em alguns casos, como locais
de integração com outros sistemas de transporte (Gomes, 1982). A Figura 5.22 mostra o pátio
ferroviário da estação da Quarta Seção da Barra de Rio Grande, a Estação de Passageiros e o Pátio
ferroviário de Bauru.
O pátio ferroviário é um sistema composto de um ou mais feixes de vias, situado(s) entre limites
definidos, que pode(m) estar destinado(s) a desempenhar uma ou mais funções, dentre as quais as
mais comuns são (Gomes, 1982 e Santos, 1989):
Estacionamento de trens ou de seus elementos componentes (locomotivas, carros e vagões);
Carga e descarga de mercadorias;
Transbordo de mercadorias;
Troca ou alargamento de truques devido à manutenção de bitola;
Cruzamento de trens;
Posto aduaneiro;
Ponto de mudança de bitola;
Abastecimento, revisão e manutenção de locomotivas;
Ponto de troca de equipagem;
Regularização de tráfego;
Inspeção e manutenção de locomotivas e/ou vagões;
Pré-classificação ou classificação de vagões.
Essas funções podem ser desempenhadas em diferentes feixes, o que, muitas vezes, torna-se
imprescindível devido ao grande volume de serviço. Quando se dispõe de tráfego e movimentação
inexpressiva de carga e/ou passageiro, realiza-se em um só feixe de vias, o que é mais comum
(Santos, 1989).
6 Atualmente a VALEC realiza processo licitatório de subconcessão para construção do trecho ferroviário Araguaína (TO) - Palmas (TO), com 359 km de extensão, e a
operação comercial do trecho com 720 km entre Açailândia (MA) e Palmas (TO).
7 As duas malhas industriais locais privadas são a Estrada de Ferro Trombetas (EFT) e a Estrada de Ferro Jarí (EFJ), ambas no estado do Pará, as quais atendem a
demanda da indústria de minério e de celulose respectivamente.
8 A Estrada de Ferro do Amapá (EFA), sob controle do Estado do Amapá, realiza o transporte do minério de manganês extraído e beneficiado na Serra do Navio, Estado
do Amapá, que é embarcado para exportação pelo Porto de Santana, em Macapá.
5.9. Gestão
Como quase toda a malha está sob administração da iniciativa privada, a parte correspondente ao
Governo Federal está sob responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e
do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Compete à ANTT, por meio da Superintendência de Serviços de Transporte de Passageiros
(SUPAS), a gestão da atividade referente ao Serviço de Transporte Ferroviário de Passageiros,
realizado na malha ferroviária concedida.
À ANTT cabe a regulação sobre a exploração da infraestrutura ferroviária e sobre prestação do
serviço público de transporte ferroviário de cargas e passageiros.
Por determinação legal, são atribuídas ao DNIT as seguintes responsabilidades na área ferroviária
(DNIT, 2011):
O transporte rodoviário é responsável pela maior parcela na matriz de transporte brasileira. Ele é
utilizado por cerca de 96% do movimento de passageiros e de aproximadamente 60% do transporte
rodoviário de cargas.
O transporte rodoviário em sua maioria é feito por veículos automotores, tais como: caminhões,
automóveis, ônibus e motocicletas. Conforme dados da ANTT, no Brasil existem aproximadamente
130 mil empresas de transporte de cargas, com mais 1,6 milhões de veículos que oferecem trabalho,
diretamente, a pelo menos 5 milhões de pessoas.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (Brasil, 2008), as vias rurais (não urbanas) se classificam em
dois tipos:
Rodovia - via rural pavimentada;
Estrada - via rural não pavimentada.
6.2. Histórico
O Decreto nº 8.324/1910, do Presidente Nilo Peçanha, que aprovou o Regulamento para o serviço
subvencionado de transportes de passageiros ou mercadorias por meio de automóveis industriais,
ligando os estados da União, foi um dos primeiros regulamentos para o transporte intermunicipal e
interestadual no Brasil (Brasil, 2010).
A construção das primeiras estradas brasileiras teve início no século XIX, enquanto que as rodovias
surgiram somente na década de 1920. A primeira rodovia, Rio-Petrópolis, conhecida nos dias atuais
como rodovia Washington Luís, foi inaugurada em 1928. A partir das décadas de 1940 e 1950, a
construção de rodovias obteve um avanço significativo em consequência de três fatores:
A Figura 6.3 traz a evolução da malha pavimentada brasileira, segundo os níveis municipal, estadual
e federal, desde 1955 até 2005, ou seja, um período de 50 anos. No período, a malha estadual
cresceu quase 60%, a federal, 30%, enquanto que a municipal, somente 12%.
De acordo com o PNV-Plano Nacional de Viação (DNIT, 2010), a nomenclatura das rodovias
brasileiras segue um padrão, sendo as rodovias federais identificadas pela sigla “BR” e as estaduais
pela sigla de cada estado. No caso das rodovias federais, o primeiro algarismo indica a categoria da
rodovia. Os principais tipos estão apresentados a seguir, segundo DNIT (2010):
Rodovias radiais - identificadas com o dígito inicial zero (0) - partem de Brasília e seguem
em direção aos extremos do país. Ex: BR-010, BR-020.
Rodovias longitudinais - identificadas pelo dígito inicial um (1) - cortam o País na direção
Norte-Sul. Ex: BR-101, BR-153.
Rodovias transversais - cortam o País na direção Leste-Oeste e são identificadas pelo
dígito inicial dois (2). Ex: BR-262, BR-290.
Rodovias diagonais - podem apresentar dois modos de orientação: Noroeste-Sudeste ou
Nordeste-Sudoeste e são identificadas pelo dígito inicial três (3). Ex: BR-367, BR-354.
Rodovias de ligação - podem seguir qualquer direção, geralmente ligando rodovias federais
ou pelo menos uma rodovia federal a cidades importantes ou às fronteiras internacionais, são
identificadas pelo dígito inicial quatro (4). Ex: BR-493, BR-486.
A Figura 6.4 traz quatro mapas contendo os quatro tipos de rodovias federais: diagonais,
transversais, radiais e longitudinais. A Tabela 6.3 revela o Brasil em posição de destaque, com a 6ª
frota de veículos automotores do mundo, considerando-se apenas os de quatro rodas. Portanto, com
a exclusão das motocicletas, cuja frota tem apresentado crescimento exponencial.
(a) (b)
O Brasil tem sido considerado um país rodoviarista, ou seja, que investe maciçamente e quase que
exclusivamente em transporte rodoviário, por uma série de razões históricas, políticas, econômicas,
etc. Esta realidade pode não ser exatamente verdadeira, ou apenas verdadeira em parte. Na verdade
a realidade é que o país investe muito pouco em infraestrutura de transportes; deste pouco, uma
parcela mais destacada no transporte rodoviário. A seguir apresenta-se uma série de dados e
comparações constantes da tese defendida por Vianna (2007), que apregoa o mito do rodoviarismo
brasileiro.
10
Fonte: IRF (2006) apud Vianna (2007)
A Tabela 6.4 mostra a malha rodoviária total de cada um dos países que compõem os considerados
20 maiores países11. Nele se considera o conjunto das vias existentes (rodovias e estradas) em cada
país. No caso do Brasil, estão compreendidas todas as rodovias federais, estaduais e municipais,
desde as autoestradas de primeiro nível até as rodovias vicinais, pavimentadas ou não. O Brasil
aparece em 4º lugar, tendo à sua frente apenas os Estados Unidos, a Índia e a China. Esta poderia
ser uma notícia excelente, não fossem as constatações que serão feitas, a seguir, a respeito do
baixíssimo porcentual de pavimentação no país.
10 IRF (2006). World Road Statistics 2006: Data 1999 to 2004. International Road Federation.
12
Fonte: IRF (2006) e ANTT (2005) apud Vianna (2007)
Chama a atenção na Tabela 6.5, além da grandeza da rede total de rodovias e estradas dos Estados
Unidos, a situação da Índia, que tem um território 2,8 vezes menor que o Brasil e, não obstante, uma
extensão total de rodovias mais de 2 vezes maior que a brasileira. O Japão tem malha só 27% menor
que a brasileira, apesar de a superfície brasileira ser 23 vezes maior que a daquele país. No entanto,
a situação do Brasil fica um pouco complicada, as partir dos dados da Tabela 21, quando se verifica
que o Brasil é a 9ª ou 10ª maior economia do mundo, que tem a 5ª extensão territorial, a 4ª
população, a 4ª malha total de rodovias e a 6ª frota de veículos, é só o 13º em rodovias
pavimentadas, com cerca de 196 mil km, segundo dados de 2004. Chama a atenção, inicialmente, a
enorme distância que separa o Brasil (11º) dos Estados Unidos (1º), com seus magníficos 4,1 milhões
de quilômetros de rodovias pavimentadas, Índia (1,6 milhões), a China (1,5 milhões) e mesmo a
França e Japão, com mais de 900 mil km.
A Tabela 6.6 mostra a porcentagem de malhas pavimentadas dos 20 maiores países. Ao se
confrontar o total de rodovias pavimentadas com o total de estradas de cada país, pode-se
estabelecer uma relação percentual que indica a que distância cada um está da situação ideal, que é,
naturalmente, chegar a ter 100% da sua malha pavimentada.
Não se trata de uma meta impossível (100%), segundo Vianna (2007), como provam os 6 países que
a atingiram e que, por isso, estão no topo da Tabela: Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Suíça e
Holanda. No entanto, é certo que representa um objetivo bastante difícil de ser alcançado,
principalmente pelos países de grande extensão territorial, como o caso do Brasil. Neste particular,
quem surpreende é a Rússia, com 84,7% de nível de pavimentação, e a China, com 81%. Até os
Estados Unidos sofrem um pouco neste quesito, com apenas 64,5%. A Índia (47,4%), a Austrália
(41,6%) e o Canadá (39,9%) completam o quadro dos competidores diretos do Brasil ou do grupo que
tem características territoriais semelhantes às brasileiras.
12 ANTT (2005). Anuário Estatístico dos Transportes Terrestres. Agência Nacional de Transportes Terrestres.
Segundo Vianna (2007), embora sem qualquer fundamento técnico, na base da pura intuição, não
seria de se surpreender nem de se frustrar se o Brasil apresentasse um percentual próximo de 30%
de pavimentação. Embora muito atrás de todos os outros, isso seria compatível com o grau de atraso
que o país demonstra em outros aspectos. Além disso, um percentual dessa ordem deixaria o Brasil
com cerca de 480 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, o mesmo que tem a Itália que, por
acaso, é a 10ª rede pavimentada. Seria o Brasil, então, a 10ª economia com a 10ª extensão de malha
asfaltada. Não ficaria tão feio, desde que se fosse capaz de fechar o olho para um “pequeno detalhe”:
cabem 29 Itália no território brasileiro. Porém, há de se convir que, só 12,2%, no rodapé da tabela,
chega a ser frustrante.
Os números (análise quantitativa) apresentados anteriormente mostram o Brasil com sérias
deficiências de extensão de malha rodoviária, ou seja, a pavimentada. No entanto, a situação que
parece ruim fica péssima, quando se avalia o fator qualitativo dessa infraestrutura de transportes.
Conforme a Pesquisa CNT de Rodovias 2010 (CNT, 2010), de um total de 90.545 km, 14,7% dos
trechos avaliados foram classificados como ótimos; 26,5% como bons; 33,4% são regulares; 17,4%
estão ruins e 8% péssimos. Em 2009, a Pesquisa CNT de Rodovias (CNT, 2009) analisou 89.552 km.
O percentual de rodovias ótimas foi de 13,5% e de boas, de 17,5%. As regulares somaram 45%. E os
índices de ruins ou péssimas foram de 16,9% e 7,1%, respectivamente (Tabela 6.7).
A Pesquisa CNT de Rodovias avalia a situação das rodovias a partir da perspectiva dos usuários,
tanto sobre o aspecto da segurança como do desempenho. A metodologia baseia-se em normas
técnicas de Engenharia Viária e permite a identificação de elementos necessários ao planejamento
do transporte e também à gerência das rodovias
Tabela 6.7 – Condições das rodovias brasileiras, em 2009 e 2010
Condições 2009 (%) 2010 (%)
Ótimas 13,5 14,7
Boas 17,5 26,5
Regulares 45,0 33,4
Ruins 16,9 14,4
Péssimas 7,1 8,0
Total avaliado da malha (km) 89.552 90.945
Fonte: CNT (2009 e 2010)
Analisando os dados anteriores sobre as condições das rodovias brasileiras, não se pode limitar ao
convencimento de que elas sejam apenas ruins. Elas são muito ruins, é verdade, porém, é necessário
deixar claro que, além disso, elas são poucas, insuficientes, uma fração muito pequena do que
deveriam ser.
Pesquisas indicam que a má conservação das rodovias não somente impacta de forma negativa a
economia, como gera um processo de “anti-economia”, ou seja, o volume poupado em serviços de
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 88
manutenção da qualidade no momento adequado resulta em acréscimos em gastos futuros com
obras de reconstrução e em custos adicionais para os usuários das vias. Estudo realizado pelo
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER)13 e Empresa Brasileira de Planejamento de
Transportes (Geipot) 14 apontaram que uma rodovia degradada representa aumento de 58% no
consumo de combustíveis, de 38% nos gastos de manutenção de veículo, de 50% no índice de
acidentes e de até 100% no tempo gasto nas viagens (Bartholomeu e Caixeta Filho, 2008).
O Programa de Concessões de Rodovias Federais15 começou a ser implantado com a licitação de
trechos das rodovias onde já existiam pedágios cobrados diretamente pelo Ministério dos
Transportes. A Lei 9.277, chamada Lei das Delegações, de maio de 1996, abriu a possibilidade de
estados, municípios e o Distrito Federal solicitarem a delegação de trechos de rodovias federais para
incluí-los em seus Programas de Concessão de Rodovias.
Assim, existem trechos de rodovias federais concedidos diretamente pelo Governo Federal e outros
pelos Governos Estaduais junto com trechos de rodovias estaduais também concedidas. Além
destes, existem ainda rodovias com pedágios cobrados diretamente pelos Departamentos Estaduais
Rodoviários (DERs).
Em 2011, entra-se no sexto período de Governo Federal e quinto de governos estaduais após o início
das concessões de rodovias, um processo que começou em 1993, com as primeiras licitações no
mandato do presidente Itamar Franco, tendo como base legislação específica criada na gestão do
presidente José Sarney. Ao final de 2010, a ABCR-Associação Brasileira de Concessionárias de
Rodovias registra 53 concessionárias associadas e 52 em operação em nove estados brasileiros,
empregando 39.972 colaboradores diretos e indiretos e o tráfego de 4,5 bilhões de veículos que
passaram nas diversas praças de pedágio nos últimos cinco anos (ABCR, 2011). A Tabela 6.10
mostra o número de concessionárias e o total de quilômetros concedidos, para o período de 1995 a
2010.
Tabela 6.10 – Número de concessionárias e o total de quilômetros concedidos, para o período
de 1995 a 2010
Ano Concessionárias associadas ABCR Extensão concedida (km)
1995 4 748
1996 4 748
1997 6 926
1998 31 8.299
1999 31 8.299
2000 35 9.705
2001 36 9.843
2002 36 9.843
2003 36 9.843
2004 36 9.843
2005 36 9.843
2006 37 9.849
2007 38 10.221
2008 46 12.851
2009 52 15.138
2010 53 15.260
Fonte: ABCR (2011)
14 Em 1965 foi criado, através do decreto nº 57.003, de 11 de outubro de 1965, o Grupo Executivo de Integração da Política de Trans portes (GEIPOT), com o objetivo de
coordenar e desenvolver uma série de estudos de transportes. Em 1969, o GEIPOT foi transformado em Grupo de Estudos para Integração da Política de Transportes,
subordinando-o ao Ministro de Estado dos Transportes. O GEIPOT foi transformado em Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes através da Lei nº 5.908, de
20 de agosto de 1973, mantendo-se a sigla GEIPOT. A Empresa foi extinta pela Medida Provisória nº 427, de 9 de maio de 2008.
15 Programa de Concessões de Rodovias Federais teve seu processo de implantação iniciado em 1995 com a concessão, pelo Ministério dos Transportes, de 858,6 km
de rodovias federais.
Muitos dos trechos das rodovias concessionadas, sobretudo no estado de São Paulo, apresentam
qualidade comparável a rodovias da Europa ou Estados Unidos, como pode ser constatado nas fotos
apresentadas na Figura 6.7.
O volume de tráfego nessas rodovias concedidas vem crescendo significativamente. Em 2006 foram
registrados cerca de 657,2 milhões de veículos; em 2010, cerca de 1,36 bilhão de veículos,
representando um aumento de aproximadamente 107% (Tabela 6.11). Com o aumento de tráfego
veio a reboque o aumento dos acidentes (Tabela 6.12). A Tabela 6.13 mostra o tráfego pago e isento
nessas rodovias.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 6.7 – (a) Entroncamento da Rodovia Bandeirantes e Rodoanel; (b) entroncamento da Via
Anhanguera com a Marginal Tietê (c) trevos da Rodovia Anhanguera, em Jundiaí e (d) trevos
da Rodovia Anhanguera, em Campinas
Fonte: CCR Auto BAn (2011)
Tabela 6.12 – Índice de acidentes para cada 10.000 veículos nas rodovias concedidas, para o
período de 2006 a 2010
Tabela 6.13 – Evolução do tráfego pedagiado e isento nas rodovias concedidas, para o período
de 2006 a 2010
1
Seis concessões se encontram em vias de devolução ao Governo Federal
2
Concessão patrocinada (PPP)
Figura 6.8 – Concedentes e número de concessões
Fontes: ABCR (2011)
Figura 6.9 – Participação dos modos em vários países (tonelada x quilômetro útil)
Fonte: CEL/CNT (2002)
Alguns dos fatores que contribuem para o fraco desempenho do modo rodoviário no Brasil são
(CEL/CNT, 2002):
elevada idade media da frota - os cerca de 1,5 milhão veículos de carga possuem, em media,
quase 16 anos;
oferta insuficiente de infraestrutura de transporte rodoviária, tanto em termos de extensão
quanto em termos de qualidade das vias.
Outro aspecto preocupante que envolve o transporte rodoviário de cargas é a questão dos acidentes
de trânsito. Segundo NTC & Logística (2007), os caminhões representam apenas cerca de 5% da
frota circulante, mas participam de 33% dos acidentes. Eles estão envolvidos em 8.500 mortes, sendo
(c)
(a) (b)
Figura 6.11 – Exemplos de caminhões leve, médio e pesado
Fonte: Gomes (2011)
Tal como ocorre com os caminhões, são inúmeras as carrocerias existentes, sendo quase impossível
relacionar todas. Cabe ressaltar que, principalmente os caminhões médios podem ser adaptados a
cargas de modelos pesados. A seguir é apresentada uma relação, dividida por categoria.
Carrocerias para caminhões leves
Furgão de alumínio - utilizadas para transporte de cavalos de raça, manutenção de redes
aéreas, plataformas móveis de veículos de comunicação, adaptada a ambulâncias ou a
furgão frigorífico;
Caçamba basculante – utilizado para a coleta de resíduos sólidos;
Carroceria aberta – construída em aço ou madeira. Pode ser adaptada para equipamentos
de inspeção e manutenção de redes, cabos, etc.
Carrocerias para caminhões médios
Carroceria Basculante – usada para mineração. Pode ser adaptada com pinças para sucata
etc.
Betoneira – equipada com misturador de concreto;
Tanque de aço – usada para o transporte de água (caminhão pipa), combustível e produtos
químicos;
Furgão Sider Lonado – fechados lateralmente com lonas, o que facilita o acesso às cargas
em toda a carroceria;
Coletor compactador – usado para o transporte de resíduo sólido (lixo);
Guindaste com caçamba estacionária – usado para transporte de caçambas de entulhos;
Carroceria aberta – usado no transporte de recipientes de gás;
Plataforma de socorro – deslizante para automóveis (seguradoras)
Carrocerias para caminhões pesados
Canavieira – com dois compartimentos;
Florestal – usado para toras longitudinais;
Semirreboque – em alumínio ou sider lonado;
Tanque isotérmico – indicado para o transporte de produtos alimentícios;
Semirreboque silo – usado no transporte de cimento;
Semirreboque porta-veículos – também chamado de cegonha e é usado para o transporte
de veículos.
A Figura 6.12 traz um resumo, com o perfil de cada tipo de caminhão, segundo os tipos de eixos, o
limite legal de carga que pode ser transportado por cada eixo e a configuração dos eixos.
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 95
Através do RNTRC-Registro Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas16, foi possível à ANTT
estimar a idade média da frota registrada na Agência e usada no transporte rodoviário de cargas.
Verifica-se que a idade média da frota é muito alta, acima de 13 anos, como mostra a Tabela 6.14.
A Tabela 6.15 mostra a quantidade de transportadores registrados na base de dados do RNTRC e o
respectivo total de veículos por categoria. Verifica-se que a maioria dos registros do transporte
rodoviário de cargas é de TAC-transportadores autônomos de cargas (410 mil) e 616 mil veículos. No
entanto, as empresas (ETC), em número de quase 70 mil, possuem 700 mil caminhões. As
cooperativas (CTC), com quase 200 registros, possuem cerca de 10 mil caminhões.
Figura 6.12 – Exemplos de caminhões leve, médio e pesado, segundo o limite de carga por
eixo e a configuração dos eixos
16 A atividade econômica do Transporte Rodoviário de Cargas realizado em vias públicas, no território nacional, por conta de terceiros e mediante remuneração, exercido
por pessoa física ou jurídica em regime de livre concorrência, conforme estabelecido na Lei nº 11.442/2007, depende de prévia inscrição no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas – RNTRC. O RNTRC contempla transportadores cadastrados em três categorias, a saber: as Empresas de Transporte
Rodoviário de Cargas – ETC, as Cooperativas de Transporte Rodoviário de Cargas – CTC, e os Transportadores Autônomos de Cargas – TAC (ANTT, 2011).
O grau de importância desses serviços pode ser medido quando se observa que o transporte
rodoviário por ônibus é a principal modalidade na movimentação coletiva de usuários, nas viagens de
âmbito interestadual e internacional. Em 2008, o transporte rodoviário regular, em comparação ao
aéreo, foi responsável por 71% do total dos deslocamentos interestaduais e internacionais de
passageiros.
Sua participação na economia brasileira é expressiva, assumindo um faturamento estimado
anualmente em mais de R$ 3 bilhões. Atualmente, são 166.404 ônibus habilitados para a prestação
dos serviços regulares pelas empresas permissionárias e autorizatárias em regime especial. No
transporte fretado são 22.870 veículos habilitados, que transportam anualmente mais de 11 milhões
de passageiros e representam mais de R$ 734 milhões anuais em negócios para as empresas
(ANTT, 2008)
Para um país com uma malha rodoviária de aproximadamente 1,6 milhões de quilômetros, sendo
aproximadamente 197 mil asfaltados (rodovias federais e estaduais) (DNIT, 2011), a existência de um
Tabela 6.17 – Relação das 10 rotas com maior movimento (pass.km), em 2007
Figura 7.1 – Viagens por ano, por modo principal, em bilhões de viagens, em 2009
Fonte: ANTP (2010)
Estas quantidades de viagens correspondem a uma mobilidade média de 1,59 viagem por habitante
por dia. Quando esta mobilidade é estimada segundo o porte dos municípios, verifica-se uma grande
17 O número de municípios com mais de 60 mil habitantes, em 2009, era 487. ANTP (2010) utilizou o número verificado em 2003, igu al a 438, para permitir comparações
entre os cinco anos de análise feitas pelo sistema de informação (2003 a 2009).
Figura 7.2 – Mobilidade por habitante, por porte da cidade e modo de transporte, em viagens
por habitante por dia, em 2009
Fonte: ANTP (2010)
A maior parte das viagens é realizada a pé e por bicicleta (41%), seguidos dos meios de transporte
individual motorizado (30%) e do transporte público (29%), como mostra a Figura 7.3.
Quando as viagens são classificadas segundo o porte dos municípios, verifica-se que a participação
do transporte público fica próximo de 20%, à exceção das cidades com mais de 1 milhão de
habitantes, nas quais ela atinge 36%. A participação dos autos é maior nas cidades entre 500 mil e 1
milhão de habitantes (31%), decrescendo com a diminuição da população (Figura 7.4).
As viagens a pé são sempre dominantes, mas na maioria das vezes, têm sua participação diminuída
à medida que aumenta a população. Tanto as viagens de motocicleta como as viagens de bicicleta
aumentam significativamente nos municípios menores. Segundo o enfoque da relação entre
transporte não motorizado e transporte motorizado, constata-se que o primeiro é dominante (mais de
50% das viagens) nas cidades com população entre 60 e 100 mil habitantes.
Quando as viagens das pessoas classificadas por modo principal são decompostas em trechos de
modos diferentes (por exemplo, o trecho andado a pé para chegar ao ônibus ou para mudar do
ônibus para o metrô), obtém-se o número de deslocamentos feitos por elas, que é evidentemente
maior do que o número de viagens. O gráfico da Figura 7.5 mostra que as pessoas fazem 92 bilhões
de deslocamentos por ano, número aproximadamente 63% maior do que o número de viagens
classificadas por modo principal. O valor dos deslocamentos é muito útil para estudar com mais
precisão, por exemplo, a exposição dos pedestres aos riscos do trânsito.
Figura 7.5 – Comparação entre viagens por modo principal e total de deslocamentos feitos
pelas pessoas, em 2009
Fonte: ANTP (2010)
As viagens realizadas pelo grupo de cidades com mais de 60 mil habitantes, em 2009, fizeram uso de
uma infraestrutura viária calculada em 332 mil km, uma frota de 28 milhões de veículos e 32 mil
semáforos instalados, segundo a Tabela 7.1.
Tabela 7.1 – Infraestrutura e veículos usados na mobilidade, em 2009
Considerando o ambiente urbano/metropolitano, há que se citar os transportes feitos por via aquática,
entre cidades de regiões metropolitanas, como são os casos de Santos, Rio de Janeiro, Belém, etc.
Na cidade do Rio de Janeiro, o transporte aquaviário é feito através de barcas, catamarã social e
seletivo. A Tabela 7.2 mostra os dados do sistema aquaviário operado pela Barcas S.A.
No estado de São Paulo, a Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A. opera o sistema de balsas em
nove diferentes linhas. O movimento destas linhas em 2010, para passageiros, veículos e bicicletas é
mostrado pela Tabela 7.3, com dados de 2010. Esses dados apresentam movimentos, em 2010, de
8,6 milhões de veículos na travessia Santos-Guarujá e 4,1 milhões de pedestres na travessia Santos-
Vicente de Carvalho.
Tabela 7.3 – Dados do sistema de transporte aquaviário por balsas da Dersa, em 2010
No semestre de 2006, a avenida Sumaré, em São Paulo, foi utilizada para o projeto piloto de uma
faixa exclusiva para motocicletas. O projeto foi considerado polêmico, pois ao mesmo tempo em que
garantia maior segurança aos motociclistas, diminuiria a fluidez do trânsito na região.
Ademais, o fato da faixa de motos não poder ser ultrapassada por automóveis, mas as faixas de
automóveis podem ser utilizadas livremente pelas motocicletas foi alvo de protestos e ação por parte
da polpulação local, em resposta a Prefeitura desativou provisóriamente as pistas exclusivas das
motos. Em junho de 2010 foi implantada a faixa exclusiva para motos no corredor Vergueiro-
Liberdade. E ela aparece como uma possível solução para a necessária convivência entre motoristas
e motociclistas, que geralmente termina em acidentes. São sete quilômetros - 3,5 km em cada
sentido.
O estacionamento de automóveis, motos e utilitários podem ocorrer na via pública (Figura 7.14a), nas
residências e prédios particulares, em estacionamentos comerciais privados, no nível do solo (Figura
7.14b) e vertical, e públicos, horizontais e verticais (Figura 7.14c).
7.3.2. Terminais
Os terminais mais simples existentes para o transporte por ônibus são os pontos de parada. Os
pontos de parada são locais onde ocorre o embarque e desembarque de passageiros de ônibus. São
localizados, geralmente, em passeios públicos.
A identificação dos pontos de parada pode ser feita com uma simples demarcação nos postes de
energia elétrica, ou com demarcação específica, contendo um poste com identificação. É conveniente
que estas placas indiquem as linhas que param nos respectivos pontos, para facilitar aos usuários. É
conveniente que, na medida do possível, os pontos de ônibus sejam dotados de coberturas, bancos,
lixeiras, etc. A Figura 7.15 traz três exemplos de pontos de paradas de ônibus.
Nos casos dos ônibus operando em linhas troncais, em canaletas exclusivas, as operações de
embarque/desembarque são realizadas em equipamentos especializados, chamados de estações,
com o controle de acesso e pagamento de tarifas sendo realizados fora dos veículos, nas estações.
Estas podem ser das mais diversas complexidades, dependendo, geralmente, da demanda de
passageiros, do número de linhas e a possibilidade de integração dessas linhas. Os terminais podem
ser abertos ou fechados. Quando mais de um modo opera no mesmo terminal, ele se chama terminal
intermodal. Há também os terminais de integração.
Os terminais de integração estão presentes em cidades de porte médio e grande. Os terminais são
sítios onde sua função principal é fazer a interligação das várias linhas de ônibus que compõem o
sistema, podendo também fazer a interligação de mais de um modo de transporte, como por
exemplo, estações de conexão entre ônibus e metrôs. Os terminais de transporte são locais onde as
viagens iniciam e terminam. Quando mais de uma modalidade de transporte é requerida para a
realização de uma viagem, a baldeação, ou a mudança de veículo, ocorre sempre em um terminal. A
Figura 7.16 mostra exemplos de terminais urbanos.
7.3.3. Veículos
Os veículos que transportam sobre pneus podem ser classificados em dois tipos: individuais e
coletivo. Os veículos individuais são: i) motocicletas – uso só de passageiros (Figura 7.17a), uso com
compartimento de cargas (Figura 7.17b) e com side car (Figura 7.17c); ii) automóveis e utilitários.
Os veículos de transporte coletivo são os ônibus, que podem ser subdivididos em: micro ônibus
(Figura 7.18a), convencional (Figura 7.18b), alongado (Figura 7.18c), padron (Figura 7.18d), trólebus,
articulado (Figura 7.18e) e bi-articulado (Figura 7.18f).
Há, também, em algumas cidades, as vans (lotação), que poderiam ser classificadas de maneira
intermediária entre os individuais e coletivos. As vans, em algumas cidades operam
clandestinamente, como por exemplo, em São Paulo e Recife (Figura 7.19a), enquanto que em
outros lugares fazem parte do sistema de transporte coletivo, como é o caso da cidade de Goiânia.
Em São Paulo, Rio de Janeiro e Santos (Figura 7.19b e c), por exemplo, há também as vans que
operam de maneira regular.
Figura 7.20 – Vias férreas exclusivas: a) VLT do Cariri; b) Metrô de Brasília-DF; c) Trem
suburbano de S. Paulo
Fotos: a) Soluções Para Cidades (2011); b) Archimedes Raia Jr.; c) CPTM (2011)
(a) (b)
(c)
Figura 7.21 – Malha ferroviária metropolitana de São Paulo (metrô e trem), Metrô Rio, Metrô-DF
Fonte: (a) CPTM (2011); (b) Metrô Rio (2011); (c) Metrô-DF (2011)
A Companhia Ferro-Carril de Santa Teresa é uma empresa de transporte urbano de passageiros, que
operava na cidade do Rio de Janeiro. A empresa foi fundada em 1872, com a concessão para a
exploração de uma linha. As ruas estreitas e sinuosas por onde passam os velhos bondes, os únicos
que ainda circulam em todo o Brasil, são mais uma peculiar atração do bairro.
Os charmosos veículos começaram a circular no século passado, movidos por tração animal e
posteriormente por eletricidade. Remanescentes de uma época romântica, foram tombados como
patrimônio histórico e ainda passeiam por trilhas perfeitamente preservadas.
O bonde sai do centro da cidade, passa sobre os Arcos da Lapa e segue a rota do tempo no sobe-e-
desce das ladeiras de Santa Tereza. O ponto de partida é a estação no Largo da Carioca. O sistema
transportava entre 25 e 30 mil passageiros por mês. Em 2001, a responsabilidade do Sistema de
Bondes de Santa Teresa, foi transferida da CTC para a Companhia Estadual de Engenharia de
Transportes e Logística (CENTRAL), empresa estatal fluminense responsável pelo transporte de
passageiros.
7.4.2. Terminais ferroviários
Os terminais ferroviários, mais conhecidos como estação (de metrô, trem ou VLT) são facilidades
ferroviárias onde trens regularmente param para carregar ou descarregar passageiros. Geralmente,
consistem de uma plataforma, próxima à via ferroviária e um prédio da estação propriamente dita. Ela
dispõe de serviços como venda de passagens e salas e áreas de espera. Se a estação possui
apenas uma via férrea, usualmente possui um ramal para a ultrapassagem de uma composição em
relação a outra que esteja parada. Podem existir conexões entre o sistema ferroviário (trens) e os
demais modos ferroviários (metrô e VLT), ou ainda com sistemas de ônibus.
As estações de metrô podem ter linhas em vários níveis de solo, onde podem ocorrer integração de
várias linhas do sistema. Um exemplo é a estação Sé do Metrô de São Paulo. Nela há integração da
Linha 1-Azul e Linha 3-Vermelha. Ela é composta por mezanino de distribuição e dois níveis
sobrepostos com duas plataformas laterais e uma central (um conjunto por linha) com estrutura em
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 118
concreto aparente e aberturas para iluminação natural. O principal acesso integra-se com a praça da
Sé, no nível do passeio. Possui capacidade de receber 100 mil passageiros/hora/pico, com uma área
2
construída de 40 mil m . Circulam na estação Sé.
A estação Sé do Metrô-SP é a mais movimentada (Figura 7.24a). Considerando-se as entradas,
saídas e transferências entre as linhas 1-Azul e 3-Vermelha, cerca de, 796 mil passageiros em dia
útil. Por outro lado, a Estação Brás da CPTM (Figura 7.24b) é a mais movimentada destes deste
sistema, com 162 mil, a Estação Faria Lima, recém construída e operada pela ViaQuatro,
concessionária da Linha 4 do Metrô-SP (Figura 7.24c).
Em Brasília, o projeto original do Metrô-DF é composto por 29 estações, das quais 24 estão em
funcionamento. Possui, atualmente, uma frota de 32 trens, e transporta uma média de 160 mil
passageiros ao dia – de segunda a sábado, das 6h às 23h30, e aos domingos e feriados, das 7h às
19h.
Alguns terminais de transportes ferroviários são apresentados na Figura 118, tais como, Metrô de
Brasília (Figura 7.25a), Metrô de São Paulo (Figura 7.25b), Estação Carioca do Bonde Santa Tereza
e Metrô (Figura 7.25c), Estação Flamengo, no Rio (Figura 7.25d), com detalhe do seu bicicletário
(Figura 7.25e), Estação do bonde funicular de Monte Serrat, em Santos (Figura 7.25f) etc.
Figura 7.25 – (a) plataforma metrô de Brasília-DF; (b) plataforma metrô de São Paulo-SP; (c)
Estação Carioca, bonde Santa Tereza, Rio-RJ; (d) estação Flamengo do metrô, no Rio-RJ; (e)
bicicletário na estações do Metrô, Rio-RJ; (f) estação bonde funicular, em Santos-SP
Fotos: (a), (b) e (f) Archimedes Raia Jr.; (c) TGVBR (2011); (d) e (e) Metrô Rio (2011)
7.4.3. Veículos
Os veículos utilizados em sistemas ferroviários são chamados de material rodante, que são
compostos de material de tração e carros de passageiros. O material de tração é composto por uma
ou mais locomotivas. A locomotiva é um veículo impulsionado por qualquer tipo de energia, ou uma
(a) (b)
Figura 7.26 - Material rodante – (a) carro motor MA do Trensurb, Porto Alegre-RS; (b) carro
reboque do Metrô, Belo Horizonte-MG
Fotos: (a) Trensurb (2011), (b) Metrô BH (2011)
A frota de veículos do Metrô de São Paulo é a maior e mais antiga do país. Possui atualmente 900
carros divididos em 150 composições de 6 carros cada, distribuídos em 5 linhas.
7.6. Veículos
Em geral, os veículos usados no transporte coletivo urbano hidroviário são compostos de barcas,
catamarãs e balsas. Os dois primeiros transportam somente passageiros e o terceiro, além de
pessoas, transporta também veículos (automóveis, caminhões e motos). Possuem os mais diversos
tipos, tamanhos e capacidades.
A Dersa possui 7 barcas atuando na travessia Santos Vicente de Carvalho (6) e Cananéia-Ariri (1), e
22 balsas alocadas nas travessias entre São Sebastião-Ilha Bela, Santos-Guarujá, Cananéia-Ilha
Comprida e Juréia-Iguape. As tabelas informam, ainda, o nome das embarcações, a capacidade
(para algumas delas), o ano de construção, para somente 6 embarcações e a travessias em que elas
operam.
Dois dos catamarãs sociais da Barca S.A., o Gávea I e o Ingá II, colocados em operação em 2006,
possuem tecnologia e design italiano. Possuem dupla proa, com capacidade para 1.300 passageiros
(900 sentados e 400 em pé). O catamarã social possui circuito interno de televisão, poltronas
acolchoadas e um moderno sistema computadorizado de monitoramento e navegação.
Há, também, o catamarã Urca III, que segue os mesmos padrões de conforto e segurança dos
catamarãs Gávea I e Ingá II. O quarto catamarã é o Neves V. Da frota faz parte, adicionalmente, a
barca tradicional Itapuca, com capacidade para 2.000 passageiros. A Figura 7.28 mostra alguns
exemplos de embarcações.
(d) (e)
Figura 7.28 – (a) Balsa na travessia de Caiobá-PR; (b) barcas atracadas no porto hidroviário de
Manaus-SM; (c) balsa da Dersa da travessia de Ilha Comprida; (d) píer de atração de balsas em
Cananéia-SP; (e) catamarãs na Barca AS, no Rio
Fotos: (a) e (b) Archimedes Raia Jr.; (c) Dersa (2011) (d) Canal Aberto (2007); (e) Barcas SA
(a) (b)
Figura 7.32 – Transporte fretado: (a) van par transporte escolar, em Vitória; (b) van para
trabalhadores, em Uberlândia
Fotos: Archimedes Raia Jr.
(a) (b)
Figura 7.34 – Mototáxi: (a) em Goiânia; (b) Ponto, em Uberlândia
Fotos: Archimedes Raia Jr.
(a) (b)
Figura 7.35 – Lotação: (a) em Goiânia; (b) clandestina, em Brasília
Fotos: (a) Nova Imprensa (2011); (b) R7 (2011b)
(a) (b)
Figura 7.36 – (a) Elevador da Glória, em Lisboa; (b) bonde funicular Monte Serrat, em Santos
Fotos: Archimedes Raia Jr.
Aeromóvel
Sistema considerado genuinamente brasileiro, inventado pelo engenheiro Oskar Coester. Este
sistema foi implantado experimentalmente em uma linha de Porto Alegre (Figura 7.37a), em e em
uma linha comercial, em 1989, em um parque turístico na cidade de Jacarta, na Indonésia (Figura
7.37b). Em Porto Alegre, foi implantada uma linha do aeromóvel que percorre uma distância de 998
metros, entre a estação de trem metropolitano Aeroporto do Trensurb e o terminal 1 do Aeroporto
Internacional Salgado Filho (Figura 7.37c).
O seu funcionamento é feito a partir do vento gerado por grandes ventiladores que sopram em tubos
ao longo da linha e promove o deslocamento dos comboios através de uma aleta fixada no comboio e
localizada no interior dos tubos. Os ventiladores são acionados por motores elétricos e se localizam
em pontos estratégicos da linha.
Monotrilho
Um monotrilho é uma ferrovia constituída por um único trilho, em oposição às ferrovias tradicionais
que possuem dois trilhos paralelos. Um dos mais antigos monotrilhos do mundo é o de Wuppertal, na
Alemanha, foi construído em 1901 e ainda se encontra em funcionamento (Figura 7.38a). Outro
exemplo é o monotrilho de Sydney, na Austrália (Figura 7.38b).
Existem três tipos principais de monotrilhos: i) os monotrilhos suspensos, onde o veículo está
localizado debaixo do trilho e suspenso pela parte superior do veículo, ii) monotrilho onde o veículo
encaixa-se no trilho, e iii) modelo no qual as rodas são colocadas dentro do trilho.
Os monotrilhos modernos são propulsionados por energia elétrica e têm, em geral, pneus em vez das
usuais rodas de aço. Estes pneus rodam por cima e pelos lados do carril, de forma a fazer
movimentar e estabilizar o comboio.
No Brasil há dois projetos para implantação de monotrilhos, o de São Paulo e o de Manaus. O Metrô-
SP é responsável pelo de São Paulo, cuja linha completa vai da Vila Prudente até o Hospital de
Cidade Tiradentes e terá 27 estações em um trecho de 24,6 quilômetros de extensão. O Metrô estima
que 550 mil pessoas usarão o sistema, com previsão de conclusão é 2016 (Figura 7.38c).
(a)
Figura 7.39 – (a) O-bahn de Adelaide; (b) Monotrilho tipo II, em Sydney-AU;
Fotos: Wikipédia (2011e)
Teleférico
Este sistema de transporte normalmente é utilizado para suplantar dificuldades topográficas naturais,
como é o caso de subir e descer morros. Neste sistema a tração e a sustentação são feita através de
cabos de aço. De maneira geral, são utilizados como atração turística, como são os exemplos do
teleférico do Pão de Açúcar (Figura 7.40a), da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, empresa
privada com capital 100% nacional, fundada em 1909 (Bondinho, 2011), e o teleférico de Lisboa, no
bairro Oriente (Figura 7.40b). Em alguns poucos casos, no entanto, é usado como alternativa de
transporte coletivo, caso do morro do Alemão (Figura 7.40c), no Rio de Janeiro.
Elevador
O sistema de elevadores, parte dos transportes públicos urbanos, pode ser considerado como uma
derivação do teleférico, uma vez que, tanto a sustentação quanto a tração são feitas através de cabos
de aço. O fato do movimento ocorrer na vertical é a principal diferença entre os dois sistemas.
No Brasil, o sistema mais conhecido é o Elevador Lacerda, em Salvador, na Bahia (Figura 7.41a). Um
dos principais pontos turísticos e cartão postal da cidade, este equipamento urbano fica na Praça
Cayru no bairro do Comércio, próximo ao Mercado Modelo, e liga a Cidade Baixa à Cidade Alta. Sua
inauguração se deu em 1873. Após a sua inauguração, passou a ser o principal meio de transporte
entre a Cidade Alta, onde se encontra o centro histórico, e a Cidade Baixa, local de concentração de
atividades financeiras e comerciais em Salvador. Inicialmente, operava com 2 cabines, atualmente,
funciona com 4 modernas cabines eletrificadas, que comportam 32 passageiros cada uma, com um
tempo de permanência de 22 segundos. Cerca de 30 mil pessoas utilizam diariamente o Elevador
Lacerda.
Outro exemplo, em âmbito internacional, é o elevador de Santa Justa, em Lisboa, operado pela
Empresa Carris (Figuras 7.41b e 7.41c). O Elevador de Santa Justa, também conhecido como
Elevador do Carmo, liga a rua do Ouro e a rua do Carmo ao largo do Carmo e constitui-se num dos
monumentos mais interessantes da Baixa de Lisboa. A bilheteria localiza-se por trás da torre, sob os
degraus da rua do Carmo. Os passageiros podem subir ou descer pelo elevador dentro de duas
elegantes cabines de madeira com acessórios de latão. A estrutura do elevador Santa Justa, em
estilo neogótico, foi construída na mudança do século XIX para o XX. Foi inaugurado em 1902.
F2 F1 F1 i F1 1 i P 1 i 1 i P 1 i 2 Equação 11
No terceiro período
F3 F2 F2 i F2 1 i P 1 i 2 1 i P 1 i 3 Equação 12
Ao se generalizar para um número de períodos igual a n, tem-se a expressão geral para cálculo de
juros compostos, dada pela Equação 13.
F P 1 i n Equação 13
A Equação 13 é muito usada e por meio dela pode-se constatar que, para o primeiro período o juro
simples é igual ao juro composto.
9000
4000
2000
0 3
1 2 4
1000
5000
F=?
0 1 2 3 ... n-1
n
A Equação 14 relaciona F a P.
F P 1 i n Equação 14
EXEMPLO 1 - Aplica-se R$ 10.000,00 por 10 anos a juros de 5% a.a. Quanto se terá após os 10
anos?
a) utilizando a Equação 14, tem-se:
0 1 2 3 ... n-1
n
P=?
A Equação 15 relaciona F a P.
F=?
0 1 2 3 ... n-1
n
A A A A A
A Equação 16 relaciona F a A:
FA
1 i n 1
Equação 16
i
EXEMPLO 3 - Nos últimos dias de 2008 e nos dias finais dos anos subsequentes, pretende uma
empresa de transportes aplicar, em cada ano, a importância de R$ 20.000,00, a uma taxa de 12%
a.a., para a compra de um caminhão. Quanto dinheiro a empresa terá na época da 10a aplicação,
momentos após a referida aplicação?
Usando-se a Equação 16:
F A.
1 i n 1 20 .000 1 0,12 10 350 .980
i 0,12
0 1 2 3 ... n-1
n
A A A=? A A
A A A=? A A
0
n
1 2 3 n-1
i.1 i n
AP Equação 18
1 i n 1
EXEMPLO 5 - Um transportadora de cargas deseja aplicar hoje R$ 300.000,00 por 3 anos a uma taxa
de juros igual a 20% a.a. Com quanto poderá contar a transportadora nos instantes finais de cada um
destes 3 anos?
a) com o uso da Equação 18:
A A A A A
0
n
1 2 3 n-1
P=?
O levantamento do valor presente P, uma vez conhecido o valor anual A pode ser obtido pela
Equação 19:
P A.
1 i n 1 Equação 19
i 1 i n
EXEMPLO 6 - Uma empresa transportes de malotes deseja saber quanto deve aplicar hoje, a uma
taxa de juros de 15% a.a., para poder obter receitas nos próximos 7 anos iguais a anuidades de R$
100.000,00?
a) pela Equação 19:
P A.
1 i n 1 100 .000 1 0,15 7 1 416 .000
1 i n 1 0,15 7
1 i 6 1
VPL 30 .000 100 .000 30 .000 4,35521 100 .000 30 .656 ,30
0.10 1 0.10 6
0.10 1 0.10 6
VLAE 50 .000 20 .000 100 .000 30 .000 (100 .000 )(0,22961 ) 7.039
1 0.10 6 1
22000
60000 60000 60000 60000
VPL A 220 .000 700 .000 600 .000 2,8550 80 .000 0,5718 110 .124
A tabela abaixo resume o cálculo do VLP de cada alternativa. A 2a coluna mostra o preço de compra
menos o valor residual descontado para cada máquina, enquanto que a 3a coluna mostra o valor
presente da diferença entre receita anual e os custos anuais de operação. A análise identifica que a
alternativa mais adequada é a C, que possui o VPL maior.
Tipo de Preço ajustado VP da receita Valor presente
robô de compra R$ líquida anual R$ líquido R$
A 174.260 285.000 110.124
B 237.100 399.700 162.600
C 308.510 499.620 191.110
D 365.640 542.450 162.540
i.1 i n
VLAE i VLPi Equação 22
1 i n 1
EXEMPLO 10 - Uma empresa de consultoria em transportes formada por ex-alunos do DECiv fizeram
um contrato de 5 anos para o desenvolvimento de um banco de dados do estado de pavimentos
rodoviários de rodovias estaduais paulistas. Os dados necessários serão coletados através de um
veículo instrumentado que mede rugosidades, resistência e outras características do pavimento. O
contrato rende R$ 1.300.000/ano. A consultora tem duas opções: adquirir o veículo instrumentado ou
aluga-lo. O veículo custa R$ 1.800.000 e seu custo de operação e manutenção é R$ 650.000/ano. Ao
final de 5 anos de uso, seu valor residual é de R$ 150.000. Pode-se também alugar um veículo
similar por R$ 480.000/ano (pagamento antecipado), cujo custo operacional é R$ 560.000/ano. Se a
taxa de juros for de 12% a.a., qual a melhor opção?
Solução:
O valor líquido anual equivalente (VLAE) da primeira alternativa pode ser calculado por:
VLAE1 1.300 .000 1.800 .000 A ,12 %,5 650 .000 A ,12 %,5
P F
VLAE1 1.300.000 1.800.000 0,2774 650.000 150.000 0,1574 212.400
Figura 9.1 – Relação entre o meio ambiente natura, socioeconômico, as atividades humanas e
seus impactos
Fonte: Ribeiro (2001)
18 Boff, Leonardo. Nova era: a civilização planetária. Desafios à sociedade e ao Cristianismo. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1998, p. 73.
Analisando-se os dados da Tabela 9.2, pode-se verificar que o espaço necessário para o
estacionamento e a circulação segundo os 3 modos de transportes considerados (ônibus, bicicleta e
automóvel) traz o automóvel como aquele que requer uma maior quantidade, seguido pela bicicleta e,
por último o transporte coletivo por ônibus. O automóvel consome um espaço cerca de 30 vezes
maior que o espaço necessário para o ônibus e aproximadamente 4,5 vezes maior que o modo
bicicleta. Para se ter uma ideia da diferença de espaço ocupado por grupos de pessoas sendo
transportadas por bicicletas, automóveis e ônibus, a Tabela 9.3 e a Figura 9.2 mostram este fato de
maneira insofismável. Os dados empíricos foram obtidos na cidade alemã de Muenster.
19 VIVIER, J. (1999). Comparaison dês coûts externes du transport public et láutomobile en milieu urbanin. Transport Public International, v.48, n.5, p.36-39.
Figura 9.2 – Espaços ocupados por 3 diferentes modos de transportes: por bicicleta, em
automóvel e por ônibus
Fonte: Muenster (2009)
Algumas pesquisas foram realizadas por IPEA/ANTP (1998) e apontaram como o espaço das vias em
nove cidades brasileiras é repartido entre os diversos usuários, segundo os modos de transportes.
Fica claro, segundo os dados da Tabela 45, que os usuários do automóvel se apropriam de 70 a 80%
do espaço viário. No entanto, quando a ocupação média dos veículos for considerada, os usuários
dos automóveis se apropriam de sete a vinte e oito vezes mais área do que os usuários dos ônibus,
respectivamente para Campinas e Rio de Janeiro.
Tabela 9.3– Espaço viário apropriado por usuários de automóveis e ônibus em 9 cidades
Área viária para Área viária para Relação área viária ocupada por
Cidade autos (%) ônibus (%) usuário automóvel/ônibus (pico tarde)
Rio de Janeiro 74,3 25,6 27,6
Belo Horizonte 77,2 22,7 25,6
Curitiba 79,2 20,7 17,3
Brasília 90,7 9,7 15,1
São Paulo 88,0 11,9 13,1
João Pessoa 87,7 12,2 11,2
Porto Alegre 69,6 30,3 8,7
Recife 84,5 15,4 7,0
Campinas 87,1 12,8 6,7
Fonte: IPEA/ANTP (1998)
Vasconcellos (2006) faz uma observação interessante sobre esses dados, ou seja, que as
características mais negativas dos automóveis é que na maioria das vezes esses veículos ficam
parados entre 20 a 22 horas do dia. Complementa afirmando que o espaço a ser ocupado para o
estacionamento em áreas urbanas pode ser disponibilizado de várias formas, com distintos impactos
sociais:
Proprietário do veículo com espaço disponível em seu imóvel - impactos sociais são
limitados à criação de custos adicionais associados à conformação física da cidade, já que mais
espaço é necessário para cada lote e para serviços públicos (água, esgoto, sistema viário, etc.);
Espaço do estacionamento usado na via – caso mais comum, onde o espaço público é
apropriado ao usuário por longo período sem a cobrança da contrapartida.
Espaço garantido pelo proprietário do estabelecimento destino do cliente ou usuário de
forma gratuita ou paga.
Vasconcellos (2006) enfatiza que um aspecto significativo no momento das análises do uso da
energia nos diversos modos de transportes é que elas devem considerar a energia necessária para a
movimentação dos veículos (energia direta) e outra, energia indireta, associada com a produção da
própria energia antes de sua utilização. São exemplos dos componentes da energia indireta: i)
produção do veículo e da infraestrutura por ele usada; ii) produção e refino da energia utilizada na
sua locomoção; e iii) operação de modos complementares, equipamentos e atividades de apoio.
Citando Wright (1992)21, Vasconcellos (2006) mostra que um veículo elétrico, com energia produzida
na origem por carvão, conseguiria usar apenas cerca de 10% da energia produzida na usina de
origem, para a sua locomoção, enquanto que um veículo à gasolina conseguiria usar apenas cerca
de 7% da energia original saída da refinaria. Dessa forma, as perdas de energia no processo
completo e a análise feita na forma tradicional, desprezaria esta perda, pois consideraria apenas a
energia direta usada. A explicação deste fato poderia ser a falta de dados para o cálculo da energia
indireta.
20 Michaelis, L.; Davidson, O. (1996). GHG Mitigation in the Transport Sector. Energy Police, n.24, p.10-11.
21 Wright, C.L. (1992). Fast wheels, slow traffic. Philadelphia: Temple Univeristy Press.
O cálculo do total de energia consumida pelos sistemas de transportes (coletivo e individual) em uma
cidade permite avaliar a disparidade entre os modos. Toma-se como exemplo os dados da Grande
São Paulo, a partir de pesquisas do Metrô-SP. Pode-se constatar que embora as viagens sejam
repartidas em proporções semelhantes, o consumo de energia (em milhões de toneladas
equivalentes de petróleo) do transporte individual é 3,6 vezes maior que o consumo do transporte
coletivo, como mostra a Tabela 9.4.
Tabela 9.4 – Consumo de energia pelos modos coletivo e individual na Grande São Paulo
Modo de Viagens (%) Energia/dia Energia/dia
transporte (milhões TEP) (%)
Coletivo 50 2,00 21,7
Ônibus (diesel e trólebus) 1,43
trem 0,23
metrô 0,34
Individual 50 7,20 78,3
automóvel 7,20
Total 9,20 100
Fonte: Vasconcellos (2002)
C ab Equação 23
V
Onde: C = consumo de combustível (litros/100 km); V = velocidade (km/h); a, b = constantes
Outra função para avaliar o consumo em relação à velocidade dos veículos pode-se ser encontrada
em IPEA/ANTP (1998), em estudo que avaliou as deseconomias urbanas proporcionadas pelos
sistemas de transportes (Equações 22 e 24, respectivamente para gasolina e diesel).
1.26643
C g 0.09543 0.00029 V Equação 24
V
Cd 0.44428 0.00008 V 2 0.00708 V 0.00107 K Equação 25
Onde: Cg = consumo de combustível gasolina (litros/km); Cd = consumo de combustível diesel
(litros/km); V = velocidade (km/h); K = lotação dos ônibus (sentados e em pé).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 9.5 – Exemplos de quebra de vizinhança: (a) via férrea, em Bauru; (b) grandes avenidas,
Brasília; (c) túneis e viadutos, em Brasília; (d) faixa exclusiva de ônibus, em Goiânia
Fotos: Archimedes Raia Jr.
23 LAMURE, C. (1994) Moyens et difficultés de l´evaluation énergetique de la circulation urbaine. Recherche Transports Securité, n.51, p.13-14.
Figura 9.6– Complexidade das relações entre os espaços de atividades, do automóvel, das
pessoas, da vegetação
Foto: Archimedes Raia Jr.
Pode-se citar dois aspectos importantes no transporte motorizado e que contribui para a quebra de
vizinhança: i) a composição do tráfego, e ii) o volume de tráfego. Estes aspectos impõem
consequências significativas para a segurança, a poluição, o ruído e a vibração nas edificações
adjacentes. A Figura 9.7 mostra um exemplo onde o fluxo e a composição de tráfego, impõem ao
pedestre o uso de passarelas, íngremes e longas para suplantar distâncias de 50 ou 60 metros de
largura de vias.
Para Mouette & Waisman (2004) o efeito barreira é decorrente do fato de que, ao dificultar o acesso
do pedestre ao “outro lado” da via, reduz-se o nível de acessibilidade a todos os locais e
estabelecimentos presentes do lado oposto ao pedestre. A Figura 9.8 dá um exemplo do risco a que
se expõem, muitas vezes, os pedestres para suplantar o efeito barreira. Neste caso, ele fica ilhado no
meio da avenida, impossibilitado de fazer um único movimento de travessia da via, na cidade de
Manaus.
O efeito barreira ou quebra de vizinhança pode ser resultante da implantação de uma nova via, da
alteração do sistema de transporte existente ou simplesmente decorrente do acréscimo de tráfego.
De qualquer modo, a intensidade dos impactos depende das características do tráfego e das vias da
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 152
região afetada, bem como das atitudes e comportamentos dos diferentes grupos populacionais, que
variam de acordo com o meio urbano no qual estão inseridos e conforme a idade e sexo do indivíduo
(Mouette e Waisman, 2004).
(a) (b)
Figura 9.7 – Largas avenidas no Rio de Janeiro (a) e em Manaus (b) impõem aos pedestres
longos e inclinados caminhos para a sobreposição de cerca de apenas 60 metros de via
Autor: Archimedes Raia Jr.
A presença de uma rodovia em zona urbana, por exemplo, tende a estabelecer um conflito entre o
espaço viário e o espaço urbano, com sérios impactos negativos para ambos, que afetam o
desempenho operacional da rodovia e provocam a perda da qualidade de vida dos núcleos urbanos
(Grigolon, 2004). Assim, pessoas moradoras nas margens de uma rodovia estão relativamente
próximas e tão distantes nas possibilidades de relações interpessoais, como mostra a Figura 9.9.
(a) (b)
Figura 9.8 – (a) e (b) Dificuldades impostas para os pedestres suplantarem o efeito barreira, em
avenida em Manaus, expondo-os a extremo risco
Fotos: Archimedes Raia Jr.
(a) (b)
Figura 9.9 – (a) Exemplo de quebra de vizinhança: (a) pela rodovia Washington Luis passando
por trecho urbano na cidade de Mirassol-SP; (b) necessidade de passarela para a sua
transposição
Fotos: Archimedes Raia Jr.
Na ocorrência do fenômeno efeito barreira, pode-se definir três grandes grupos de variáveis: os
elementos causadores, os elementos de influência e os impactos decorrentes.
Elementos causadores - são o tráfego de veículos e as vias de circulação;
Elementos de influência - referem-se às características da população e do meio urbano; e
24
Fonte: Appleyard (1981) apud Vasconcellos (2006)
(a) (b) c)
Figura 9.10 – Diferentes níveis de relações interpessoais para distintos níveis de aglomeração
urbana: (a) cidade pequena, Nova Viçosa BA; (b) cidade média, Bauru-SP; (c) cidade grande,
Belo Horizonte-MG
Fotos: Archimedes Raia Jr.
Os acidentes de trânsito constituem um verdadeiro flagelo para a humanidade, pois de acordo com a
Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004a), eles provocam, anualmente, cerca de 1,2 milhões de
mortes no mundo (mais de 3.250 mortes por dia) e entre 20 e 50 milhões de feridos. Muitos ficam
com lesões permanentes que os tornam deficientes físicos ou mentais.
Estima-se que desde o aparecimento dos veículos motorizados perto de 30 milhões de terráqueos já
perderam a vida por causa dos acidentes de trânsito. O quadro é ainda mais dramático com a
previsão de que esses números devam crescer cerca de 67% até o ano 2020, considerando um
aumento de 83% nos países não desenvolvidos e uma redução de 27% nas nações desenvolvidas.
Os países desenvolvidos têm conseguido reduzir os acidentes e as mortes no trânsito.
No Brasil, estima-se que sejam mais de 32 mil mortos anuais (alguns especialistas chegam a estimar
valores acima de 40 mil óbitos). O número anual de feridos em acidentes é superior a 400 mil, com
cerca de 140 mil ficando com lesões permanentes - muitos com deficiência física ou mental.
A mortalidade no trânsito é um sério problema no país, conforme se depreende da Tabela 9.6, onde
estão relacionadas as taxas de mortes no trânsito de alguns países. A relação entre o número de
mortos no trânsito (mesmo considerando o valor conservador de 32 mil óbitos) e a frota de veículos
no Brasil é muito maior que as observadas nos países desenvolvidos: 7,6 vezes maior que na Suíça e
Suécia, 6,9 vezes maior que no Japão e Reino Unido, etc.
Sob o enfoque de saúde pública, os acidentes de trânsito têm se tornado mais relevantes a cada dia,
no contexto do total de mortes. Tolley e Turton (1995)25, citados por Vasconcellos (2006), afirmaram
ser “inconcebível que o automóvel tivesse sido adotado se tivesse sido conhecido em 1885 o que
agora sabemos – que iria matar entre 15 a 20 milhões de pessoas nos cem primeiros anos”.
Se as condições de segurança viária em países em desenvolvimento já se apresentam em um
patamar extremamente grave, para o futuro deverão ser ainda piores, em função do crescimento
25 TOLLEY, R.; TURTON, B. (1995). Transport Systems, policy and planning, a geographical approach. United Kingdon: Longman.
O acidente de trânsito é e permanecerá como a mais grave externalidade do setor de transportes nos
países em desenvolvimento, conforme previsão de WHO (2004a), a não ser que duras medidas
sejam por eles adotadas.
Quando se considera as mortes segundo a idade das pessoas, deve-se ressaltar que uma parcela
significativa está associada aos jovens com menos de 14 anos, principalmente no Brasil, Tailândia e
Coréia, com quase 20% das mortes. Na Argentina e Índia, fica por volta de 10% (Tabela 9.10).
Transportes Contemporâneos – Prof. Archimedes Raia Jr. Página 158
Tabela 9.9 – Mortes no trânsito, por modos de transportes, em cidades selecionadas
O congestionamento ocorre quando o volume de tráfico ou divisão modal gera uma demanda por
espaço maior do que a capacidade disponível da(s) via(s). Há uma quantidade de circunstâncias
específicas que causam ou agravam o congestionamento, mais do que a redução da capacidade de
uma via em um dado ponto ou em um determinado comprimento, ou o aumento do número de
veículos necessários para uma dada quantidade de pessoas. Em geral, em algumas cidades ou
países, o congestionamento é recorrente e é atribuído ao excesso de veículos na via. No entanto, ele
também pode ser atribuído a um acidente, obras na via ou condições atmosféricas.
Para Thompson & Bull (2002), as causa básicas dos congestionamentos são 3: i) características do
transporte urbano que provocam o congestionamento; ii) o problema é criado principalmente pelos
automóveis; e iii) a condição das vias e as práticas de direção contribuem para o congestionamento.
Alguns veículos geram mais congestionamento do que outros. Na Engenharia de Tráfego cada tipo
de veículo tem atribuída uma equivalência em uma unidade de “veículos de passageiros” denominada
pcu (passenger car unit). Um automóvel tem uma equivalência de 1 pcu, e os demais veículos uma
equivalência que corresponde à sua influência perturbadora sobre o fluxo de trânsito, o espaço viário
que efetivamente ocupam, em comparação com a de um automóvel. Normalmente, se considera que
um ônibus tem uma equivalência aproximada de 3 pcu, e um caminhão, uma de 2 pcu. Estritamente,
o fator pcu varia conforme se trata de uma aproximação a uma intersecção ou de um tramo viário
entre intersecções.
Ainda que um ônibus gere mais congestionamento do que um automóvel, geralmente transporta mais
pessoas. Se o primeiro leva 50 passageiros e o segundo transporta em média 1,5 pessoas, então
cada ocupante do automóvel produz 11 vezes o congestionamento atribuído a cada passageiro do
ônibus. Portanto, nas mesmas condições, o congestionamento é reduzido se aumentar a participação
dos ônibus na participação modal das viagens. Exceto no caso em que eles transportem menos de
4,5 passageiros causam, em média, menos congestionamento que os autos. Não é normal que os
ônibus transportem menos de 4,5 passageiros, porém pode ocorrer, como aconteceu, por exemplo,
em setores de Santiago de Chile até fins da década de 1980, nos horários fora do pico, ou em Lima
dez anos depois (Thompson & Bull, 2002).
O congestionamento de tráfego pode trazer um número significativo de impactos:
Tempo perdido por motoristas e passageiros – como é considerada uma atividade não produtiva
para muitas pessoas, ele afeta a saúde econômica regional;
Atrasos que podem resultar em uma chegada tarde ao trabalho, à uma reunião, à escola, etc.,
promovendo a perda do trabalho, e outros prejuízos pessoais;
Impossibilidade de previsão de tempo de viagem com precisão, levando os motoristas a
alocarem mais tempo para viagem com a consequente diminuição de tempo em atividades
produtivas;
Aumento no combustível gasto, com aumento na poluição do ar e emissão de gás carbônico, o
que ajudar o aquecimento global, devido à aceleração e frenagem frequentes. O aumento no
gasto de combustível pode causar, teoricamente, a elevação do preço dos combustíveis.
Desgaste nos veículos, como resultado da perda de tempo no tráfego, aceleração e frenagens
frequentes, conduzindo a consertos mais frequentes e substituições de peças.
Estresse e frustração dos motoristas, encorajando a ira no comportamento no trânsito e
reduzindo a saúde dos motoristas.
O tráfego bloqueado pode atrapalhar a passagem de veículos de emergência que viajam aos
destinos aonde eles são aguardados.
Efeito migração do fluxo excedente de artérias principais para vias secundárias adjacentes como
rotas alternativas podem impactar o sucesso de certos bairros, podendo gerar desvalorização
de preços de imóveis.
Uma pesquisa realizada em e cidades brasileiras (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte), por FDC (2008), aponta resultados preocupantes. A Figura 9.15 (tempo medido de
congestionamento) e a Figura 9.16 (percepção dos usuários sobre o tempo perdido nos
congestionamentos) apresentam estes dados. A Figura 9.16 deve ser compreendida da seguinte
forma: aumentos dos tempos de congestionamentos (em %), sempre em relação ao ano anterior.
É importante verificar que para todas as cidades, a percepção do tempo de exposição dos usuários
nos congestionamento, em 3 horas, foi superior a 30%, sendo que em Porto Alegre atingiu 42% e no
Rio de Janeiro, 47%.
26
Acidificação é o aumento da acidez do meio resultante da volatilização de diversos compostos, nomeadamente óxidos de
azoto e amônia que contaminam as chuvas, provocando alterações químicas (COFAGRI, 2009).
27
Eutrofização é o processo que favorece o crescimento de determinadas espécies vegetais, incluindo algas e infestantes,
pelo enriquecimento da água em nutrientes, especialmente azoto e fósforo, resultante da contaminação de origem industrial e
agrícola, com efeitos negativos sobre o equilíbrio dos ecossistemas (COFAGRI, 2009).
28 Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE), o qual veio para definir os primeiros limites de emissão para veículos leves e
contribuir para o atendimento aos padrões de qualidade do ar.
29 Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (PROMOT), com o objetivo de complementar o controle do PROCONVE.
O problema da acidificação é causado pela deposição de ácidos que originam das emissões
antropogênicas dos 3 principais poluentes: dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), e
amônia (NH3). A deposição dos ácidos tem um impacto significativo na água, nas florestas e no solo.
Eles causam desfoliação e enfraquecimento das árvores. Mudanças no pH do solo e da água têm um
efeito nocivo nos organismos do solo e aquáticos. Os danos são também visíveis nas estruturas feitas
pelo homem, tais como construções de rocha calcaria e mármore e monumentos. As fontes principais
de emissões de substâncias acidificantes são o carvão e outros combustíveis fósseis usados para a
produção de energia e transporte.
9.6.3. Poluição do Ar Urbano
30 PATOWSKI, A. (2001). Urban sustainability: Transport. (Lecture handouts) Budapest: Central European University.
Ecossistemas aquáticos também sofrem rupturas causadas pela infraestrutura de transportes no solo.
Erosões causam a acumulações de finas partículas de areia nos leitos dos rios, que afetam o habitat
para a desova dos peixes. Alterações no fluxo das águas causadas pelos desvios durante a
construção da obra, muitas fezes têm efeitos negativos no plâncton (comunidade de pequenos
animais e vegetais, que vivem em suspensão na água e servem de alimento para os peixes),
quebrando eventualmente a cadeia alimentar nos ecossistemas. As rodovias podem também cortar
caminho nas rotas de migrações dos peixes, causando ruptura nos ciclos de reprodução.
As atividades proporcionadas pelo setor de transportes causam modificações nos fluxos superficiais e
subterrâneos da água, bem como promove a degradação da sua qualidade. Modificações nos fluxos
de águas superficiais são causadas pelos desvios dos fluxos de água, que contribuem para
alagamentos e erosões do solo que muitas vezes acontecem longe dos locais de desvios e da própria
rodovia.
As águas subterrâneas são muitas vezes afetadas pela construção de rodovias, tais como pela
drenagem e aterros. Mudanças nos níveis d´água afetam negativamente a vegetação, no aumento do
risco de erosão e muitas vezes causam a perda de água potável e da agricultura. Modificações nos
fluxos superficiais e subterrâneos trazem efeitos negativos para os peixes e outros animais.
Os transportes causam poluição dos corpos d’água adjacentes à infraestrutura de transportes. Águas
superficiais que rolam pelas rodovias contém hidrocarbonetos, metais pesados, químicas usadas
A qualidade das fontes de água subterrânea também pode ser afetada pelo gotejamento de
combustíveis armazenados em tanques subterrâneos construídos em postos de combustíveis. O
transporte aquático pode afetar as zonas costeiras através da construção de infraestruturas
portuárias. Navios de grande velocidade podem causar sérios distúrbios em áreas sensíveis dos rios
e mares. O transporte de óleo e produtos químicos, quando de um acidente, põe em risco de poluição
as águas e áreas costeiras.
Os ruídos são, provavelmente, os impactos mais óbvios provindos do setor dos transportes. Níveis
excessivos de ruídos (acima de 65dB(A)) prejudicam a saúde das pessoas e contribuem para
aumentar a pressão do sangue e disfunções cardiovasculares, segundo OECD (2001). Nos países
membros da OECD, cerca de 30% da população fica exposta a ruídos mais altos que 55dB(A).
Os ruídos do sistema viários provem de 4 fontes, de acordo com Tsunokawa & Hoban (1997): i)
veículos (funcionamento dos motores, aceleração e frenagem); ii) atrito entre veículos e o pavimento;
iii) comportamento do condutor (uso de buzina, música ruidosamente alta, grito, paradas repentinas
ou ligar o veículo) e iv) construção e manutenção (maquinário pesado).
Ruídos contínuos, mesmo se em níveis não muito altos, aumentam o nível de estresse pelo
aborrecimento e pela interrupção da comunicação entre as pessoas. Exposição contínua ao ruído
pode levar à debilitação do sistema auditivo e perturbação do sono. O ruído tem efeitos negativos na
vida animal; os animais ficam muitas vezes receosos do ruído e não se aproximam das rodovias, que
podem perturbar seu processo de acasalamento, alimentação e padrões de migração. Outro efeito
negativo é aquele relacionado com o transporte é a sua vibração. A vibração é muitas vezes causada
pelos veículos de transporte de carga e transporte aéreo, é muito prejudicial à estruturas de
edificações leves ao longo da via, bem como aos monumentos do patrimônio cultural. A vibração
pode também provocar impactos negativos às pessoas, causando problemas de sonolência e
distúrbios gerais no padrão normal de vida.
A rodovia deve estar em harmonia com a paisagem. Isto significa que ela não deveria ter controle
sobre a paisagem, mas tentar coexistir com ela. A rodovia deve seguir o relevo e a morfologia da
paisagem tanto quanto possível. É necessário que a rodovia esteja visualmente bem incorporada com
a paisagem; ela não deve bloquear ou isolar a visão que se tem do valor estético, natural, histórico,
cultural ou arqueológico. Construir a infraestrutura de transportes requer cuidados com os cursos
d’água e a vegetação. Quantidades significativas de desvios de água ou desflorestamento deveriam
ser evitadas através de rotas alternativas que proporcionam mais respeito à natureza. O
planejamento urbano e a construção da infraestrutura dos transportes devem ser considerados de
maneira conjunta. Em muitos dos casos, a construção das vias induz o crescimento urbano. Às
vezes, entretanto, este crescimento pode ser indesejável e pode ter impactos estéticos e visuais
negativos.
Outro exemplo é construir uma rodovia passando por uma propriedade rural de um fazendeiro.
Primeiro, o fazendeiro perde uma parte de sua área pela construção da via. Segundo, porque a
rodovia corta a sua fazenda em duas partes, e o fazendeiro precisa investir um considerável esforço
para ir de um lodo a outro de sua propriedade. Nos dois exemplos, o prejuízo está sendo
proporcionado a ambas as partes, que sofrerá a perda do trabalho ou renda e necessitará alterar
seus hábitos, e a economia, já que as mudanças nas rotas das viagens e interação entres as
comunidades inevitavelmente conduzirá à perdas nos setores econômicos.
Até mesmo ampliação das rodovias pode ter impactos negativos nas comunidades e economia.
Usualmente, acostamentos são locais de muita atividade social e negócios (lojas, restaurantes e
cafés). A ampliação das rodovias inevitavelmente conduzirá à perda nos negócios e de clientes para
os proprietários e ruptura nos hábitos de vida de seus clientes. Uma rodovia contornando a
comunidade pode ser muitas vezes uma boa solução. Ela preserva os modos de comunicação local e
não causam perdas para a economia. Entretanto, pode acontecer que, com o intuito de atrair mais
clientes, alguns negócios migram da comunidade em questão para outras áreas mais próximas a
outra rodovia. Neste caso, a comunidade sofrerá perdas. Entretanto, é muito importante ponderar as
duas opções e decidir se é realmente melhor para a comunidade ter o trajeto da rodovia contornando
o bairro. A comunidade deve ser ouvida.
As rodovias contribuem para a poluição do ar nas áreas locais. Elas são também corredores para a
transmissão de doenças entre a população local e os trabalhadores da obra, e também entre plantas
e animais. O período de construção da rodovia é um período de alto risco para a transmissão de
doenças. Os operários muitas vezes adquirem doenças endêmicas, que depois eles transferem para
outras regiões. Os canteiros de obras das rodovias representam grande oportunidade para o
desenvolvimento de doenças transmitidas pelas águas poluídas devido às péssimas condições
sanitárias. Estes canteiros são também um ambiente potencial para a transmissão de doenças
sexuais (Tsunokawa & Hoban, 1997).
Em suma, as rodovias representam uma fonte de ruídos e vibrações, durante a sua construção e
depois durante o seu uso. As infraestruturas de transportes estão associadas com um alto risco de
acidentes e ferimentos. Acidentes viários são o maior problema, causando perdas de vidas e custos
significativos para a economia. As taxas de acidentes estão decrescendo em países desenvolvidos,
porém aumentando no mundo em desenvolvimento (WHO, 2004a). Os grupos mais vulneráveis de
usuários do sistema viário são os pedestres e os usuários de veículos não motorizados (Ferraz, Raia
Jr. & Bezerra, 2008).
10.1. Mobilidade
Para Raia Jr. (2000), mobilidade é a capacidade de um indivíduo ou tipo de pessoa de se deslocar.
Isto envolve dois componentes: o primeiro, depende da performance do sistema de transporte, e que
é afetado por onde a pessoa está, da hora do dia e a direção na qual se deseja deslocar; o segundo
componente depende das características do indivíduo, tais como se ele tem carro próprio,
disponibilidade de pagar táxi, ônibus, trem ou avião; se tem a possibilidade de caminhar ou usar o
transporte público e mesmo se tem conhecimento das opções disponíveis para ele. Em outras
palavras, o primeiro elemento está relacionado com a efetividade do sistema de transporte em
conectar localidades espacialmente separadas, e o segundo elemento está associado com “até que
ponto” um determinado indivíduo ou tipo de pessoa é capaz de fazer uso do sistema de transporte.
Para uma maior compreensão das diferenças entre esses dois conceitos, um exemplo prático pode
ser elucidativo. Em um determinado bairro, devidamente planejado, existem diferentes atividades, tais
como: padaria, mercearia, banco, correio, igrejas, lojas de calçados e confecções etc. Alguém, que
pode andar com facilidade, tem excelente acessibilidade aos bens e serviços, pois o acesso depende
mais da mobilidade do pedestre. No entanto, para que os moradores deste bairro possam assistir a
uma partida de futebol, que se realiza em um bairro distante, eles necessitam, por exemplo, ter
acessibilidade ao sistema de transporte coletivo por ônibus e ter mobilidade para usá-lo. Se uma
pessoa possui deficiência física, muitas vezes, não pode tomar o ônibus, pois ela não tem mobilidade,
embora tenha acessibilidade ao transporte coletivo (Raia Jr., 2000).
Ter uma política de mobilidade urbana, segundo Vaz e Santoro (2005), significa ter um conjunto de
princípios e diretrizes que orientem as ações públicas de mobilidade urbana e as reivindicações da
população. Trata-se, por exemplo, de pensar e propor como será o deslocamento de pessoas e bens
na cidade. Quando não existe uma política de mobilidade urbana, ou quando ela não funciona bem,
Princípios da PNMU
A Política Nacional de Mobilidade Urbana está fundamentada nos seguintes princípios:
1. Acessibilidade universal;
O texto final resultou de 4 projetos que tramitavam na Câmara sobre o assunto, inclusive um do
Executivo. O projeto aprovado pela CI contém 28 artigos distribuídos por 7 capítulos. Quanto às
diretrizes, dispõe sobre a regulação dos serviços de transporte público coletivo; disciplina a
concessão de benefícios e subsídios tarifários, sobre a licitação para concessão e os reajustes de
tarifas. Entre as principais diretrizes a serem observadas segundo a PNMU, destacam-se a
precedência do transporte não motorizado sobre o motorizado e do transporte coletivo sobre o
individual; a priorização de projetos de transportes coletivos estruturadores do território e indutores do
crescimento; a mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos; e o
estabelecimento de uma política tarifária baseada nos critérios de equidade no acesso aos serviços,
de eficiência e de baixo preço.
3. TRANSPORTE AQUAVIÁRIO.................................................................................................. 33
3.1. Introdução ......................................................................................................................... 33
3.2. Infraestrutura aquaviária .................................................................................................... 34
3.3. As aquavias ....................................................................................................................... 34
3.4. Os veículos........................................................................................................................ 35
3.5. Gestão do transporte aquaviário ........................................................................................ 36
3.6. Transporte fluvial ............................................................................................................... 37
3.7. Transporte marítimo .......................................................................................................... 37
3.7.1. Navegação de longo curso ......................................................................................... 38
3.7.2. Navegação de cabotagem.......................................................................................... 38
5. TRANSPORTE FERROVIÁRIO................................................................................................ 66
5.1. Introdução ......................................................................................................................... 66
5.2. Malha ferroviária brasileira ................................................................................................. 67
5.3. Transporte de passageiros ................................................................................................ 69
5.3.1. Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) ................................................................... 69
5.3.2. Estrada de Ferro Carajás (EFC) ................................................................................. 70
5.4. Transporte de cargas ......................................................................................................... 71
5.5. Elementos da via permanente ferroviária ........................................................................... 73
5.5.1. Bitola ......................................................................................................................... 75
5.6. Material rodante................................................................................................................. 76
5.7. Terminais ferroviários ........................................................................................................ 76
5.7.1. Terminal ferroviário de passageiros ............................................................................ 76
5.7.2. Pátios e terminais ferroviários de cargas .................................................................... 77
Figuras
Figura 1.1 – Áreas de conhecimentos relacionados com a Engenharia de Transporte .........................4
Figura 1.2 – Matrizes de transportes de vários países com grandes extensões territoriais ...................6
Figura 1.3 – Cadeia produtiva .............................................................................................................7
Figura 1.4 – Organizações engajadas nas funções dos transportes.....................................................8
Figura 1.5 – Evolução da tecnologia de transporte, entre 1750-2000 ...................................................9
Figura 1.6 - Desenvolvimento da velocidade operacional para os principais modos de transportes, de
1750-2000 (km/h) ..................................................................................................................... 10
Figura 1.7 - Crescimento dos sistemas de transportes nos USA entre os séculos XIX e XX, e previsão
para o XXI ................................................................................................................................ 10
Figura 1.8 – Densidade de transporte (km/1.000 km 2) ....................................................................... 11
Figura 1.9 – Índice de mortes, por 1.000 km de rodovia, em 1996 ..................................................... 12
Figura 1.10 – Roubo de Cargas (a) total de ocorrências anuais; (b) prejuízo em milhões de R$ ........ 12
Figura 2.1 – O avião 14-BIS no Campo de Bagatelle, em Paris, em 1906.......................................... 14
Figura 2.2 – O hidroavião Jahú e seus tripulantes, em 1926 .............................................................. 15
Figura 2.3 – Exemplo de mapa aeroviário ......................................................................................... 18
Figura 2.4 – (a) Equipamento do CTA Pico do Couto; (b) radar; (c) torre de controle. ........................ 19