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Poucas pessoas viajam pelo simples prazer de viajar, apesar de alguns modos de
transporte, de facto, provocarem sentimentos de animação, romance ou emoção.
Naturalmente que também há pessoas que empreendem férias de turismo onde a
vista panorâmica dum carro ou autocarro é parte integrante do divertimento.
Contudo, a maior parte dos indivíduos viaja porque deseja tirar benefícios que só
são possíveis através do movimento, tais sejam, benefícios sociais, recreativos,
educacionais, de emprego e outras oportunidades. De igual modo, o transporte de
carga abre oportunidades para uma maior eficiência na produção e permite uma
extensiva especialização geográfica com os benefícios da maior divisão de
trabalho que o acompanham. Dito de modo mais simples, o transporte permite a
redução das desvantagens espaciais.
Com mais detalhe, Thomson1 apresenta sete principais razões porquê as pessoas na
sociedade moderna desejam transportar a si ou as suas propriedades:
1
Thomson, J.M. (1974), Modern Transport Economics, Harmondsworth, Penguin.
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desenvolvimento, marketing em massa, equipamento de construção
específica, etc.
O que se torna aparente nesta listagem é a estreita ligação entre as decisões sobre
as localizações (tanto de pessoas como das firmas) e o sistema dos transportes. É
sobre esta ligação que agora passamos a descrever.
Dum modo geral, as estatísticas mostram que existe uma ligação entre mobilidade
e prosperidade. Quanto mais rica uma nação (pessoa) é, maior é a mobilidade
(expressa como uma combinação de passageiros por milhas por ano de automóvel,
viagem de avião ou comboio, número de camiões, e por ai em diante). Enquanto
que a correlação é aparente, o que é menos claro é a direcção causal envolvida.
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Será que o alto rendimento leva a, ou resulta dos mais altos níveis de mobilidade?
A resposta não é imediatamente aparente.
A maior parte deste curso está preocupada exclusivamente com o sector dos
transportes e com as decisões de viagem de curto prazo. Assume-se
implicitamente que as ligações causais correm do uso da terra para os transportes
e, geralmente, o uso da terra está predeterminado. Contudo, seria pouco apropriado
ignorar por completo a metodologia dos cientistas espaciais daí que passamos a
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apresentar um breve sumário da teoria moderna , fundamentalmente sobre aquele
aspecto da teoria que dão um papel central aos transportes.
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T = a1rA1 + a2rA2 + a3rA3
É fácil ver que se quaisquer dois parâmetros a1, a2, a3 forem superados pelo
terceiro, então a localização da produção é determinada no local associado com a
terceira variável (por exemplo, se a a2 > a1 + a3, então a produção da mercadoria
final deverá ser realizada no local A2). Se nenhum dos locais for dominante, então
podem ser usados métodos gráficos para se encontrar o local que minimiza os
custos. Um segundo triângulo é desenhado com os lados proporcionais a a1, a2 e a3
e medem-se os três ângulos. Denota-se o ângulo oposto a a1 por α1 o oposto a a2
por α2 e finalmente o oposto a a3 por α 3. Estes ângulos então formam a base para
se erguerem triângulos similares em volta do triângulo de localização original (ver
Figura 1). Desenham-se círculos que tocam os pontos de cada triângulo e o local Z
da óptima produção é então encontrado no local onde todos os três círculos se
intersectam (se Z se encontrar fora do triângulo de localização original, então é
fácil provar que uma das soluções de canto, A2, A2, ou A3 é preferível.) Este local
minimiza os custos de transporte tal como é definido na equação anterior.
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Supõe que uma só matéria-prima seja requerida para produzir o produto final (ou
que a gama de matérias-primas requeridas estejam localizadas num ponto único) e
que este esteja no ponto A na Figura 2. Assuma ainda que não haja perda de peso
no processo de manufactura requerido para a produção do produto final que
eventualmente será vendido em M. Ou o sistema de transportes oferece um serviço
completo de A para M custando $10 por ton. Ou, como alternativa, há serviços de
A para um local intermediário B custando $6 por ton., e um de B para M custando
$6 por ton. Uma vez que assumimos a não existência de perdas na produção, o
manufactureiro, ciente do custo, fica claramente indiferente entre A e M mas não
irá escolher o local B (porque AB + BA) > AM em termos de custo).
$6 $6
A B M
$10
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factores que influenciam a localização industrial. Os factores que ainda
influenciam a localização incluem (para além das considerações dos transportes) a
estrutura do mercado, elasticidades de procura, economias externas de
concentração geográfica, expectativas sobre mudanças futuras do mercado e
custos de processamento.
Para além da apreciação de que o transporte não é muitas vezes o factor dominante
na escolha da localização, há agora a crescente visão entre os economistas de que
as firmas nem sempre são motivadas pela noção da minimização do custo. Assim,
mesmo que alguém consiga isolar os factores de interesse para as firmas ainda não
é claro se estes são tratados dentro do quadro da minimização do custo. Muitas
vezes as firmas adoptam políticas de satisfação na selecção do local ao invés de
tentar maximizar o lucro, a receita ou minimizar o custo. Sob estas condições
torna-se quase impossível definir o papel desempenhado pelos custos do
transporte, mas parece provável que uma vez escolhido o local, seria necessário
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uma maior subida nos custos de transporte para ultrapassar a inércia básica que
parece acompanhar o objectivo de gestão.
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